DERMATOVIROSES MAIS PREVALENTES NA AIDS - REVISÃO



DERMATOVIROSES MAIS PREVALENTES NA AIDS - REVISÃO

Autores: Adriana Carvalho Bezerra¹; Fernanda Carvalho Bezerra².

INTRODUÇÃO


No adulto, muitas viroses são transmitidas pelo contato íntimo ou sexual. Cerca de 70% dos adultos com mais de 40 anos são soropositivos para HSV-1 e muitos o excretam, mesmo quando assintomáticos. A transmissão é por contato pessoal, próximo ou íntimo. A transmissão do HSV-2 é por contato sexual. Estima-se que 20-50% dos adultos com vida sexual ativa sejam portadores do vírus e podem transmiti-lo mesmo quando assintomáticos. Embora o HSV-1 esteja mais relacionado à gengivoestomatite, ao herpes orolabial e ao herpes cutâneo, e o HSV-2 mais ao herpes genital, ambos os vírus podem causar qualquer das manifestações. O sexo oral é geralmente o responsável pelo herpes oral por HSV-2 e pelo herpes genital pelo HSV-1.











O vírus varicela-zóster (VZV) causa dois tipos de doenças no ser humano: varicela e herpes zóster. O paciente acometido pelo herpes-zóster refere dor em queimação na área do dermátomo acometido, por vezes associada à febre e dias depois aparecem as lesões.




O citomegalovírus (CMV) infecta e permanece latente nos leucócitos, podendo ser reativado quando a imunidade celular está deprimida. Em ensaios ao redor do mundo, 50% a 100% dos adultos demonstram anticorpos anti-CMV no soro, indicando exposição prévia. A transmissão do CMV pode ocorrer via transplacentária, através de secreções vaginais no nascimento, do leite materno, da saliva durante os anos pré-escolares, por via venérea e iatrogênica. O CMV causa uma infecção do tipo mononuclear ou assintomática em indivíduos saudáveis, mas infecções sistêmicas devastadoras em neonatos e imunocomprometidos.


O molusco contagioso é uma doença viral comum da pele e é transmitido pelo contato próximo interpessoal, sendo mais comum em crianças e adolescentes. Pode também ser transmitido por via sexual. Clinicamente, múltiplas lesões podem ocorrer na pele e nas membranas mucosas, com uma predileção para o tronco e área anogenital. As lesões individuais são pápulas umbilicais firmes, freqüentemente pruriginosas, róseas a cor-da-pele. Um material semelhante à coalhada pode ser extraído da parte central umbilical. Espalhando-se este material em uma placa de vidro e corando-o com reagente Giemsa, freqüentemente evidencia-se o diagnóstico de molusco.










O Papilomavírus Humano (HPV) são vírus de DNA. Existem mais de 100 tipos de HPV. Alguns HPVs causam papilomas (verrugas), tumores benignos de células escamosas sobre a pele, outros HPVs estão associados a verrugas que podem evoluir para malignidade, particularmente, carcinoma de células escamosas do cérvice e da área anogenital. Os papilomavírus são transmitidos pela pele ou por contato genital.
A verruga genital é a doença venérea mais comum, causada na maioria das vezes pelos tipos 6 e 11 de HPV, de baixo risco oncogênico. Aproximadamente 80% das pessoas sexualmente ativas serão portadoras do vírus em algum momento de suas vidas. A maioria dos indivíduos infectados e que elimina o vírus do condiloma não apresenta lesões e não sabem que está infectado. A melhor maneira de prevenir é reduzir o número de parceiros sexuais.










Vírus Eptein-Barr (EBV) é de distribuição universal e agente etiológico da leucoplasia pilosa oral. Aproximadamente 80% dos pacientes com leucoplasia pilosa foram infectados com o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV).


HERPES SIMPLES EM PACIENTES COM AIDS


As manifestações das infecções pelo vírus do herpes tipo 1 e 2 nos pacientes com AIDS costumam ser freqüentes. Infecções pelo herpesvírus humano tipo 2 (HSV-2) podem agir como facilitadora da infecção pelo HIV e ainda promover a ativação e replicação viral. Úlceras crônicas em região perianal devem sempre levantar a possibilidade de infecção pelo vírus do herpes e de imunossupressão associada ao HIV.
O diagnóstico é clínico, o exame histopatológico pode ajudar revelando acantólise intraepidérmica e dermatite vesicular com alterações características das células epiteliais. A confirmação pode ser feita através do teste de Tzanck, cultura viral ou detecção do antígeno. O tratamento clássico com aciclovir é recomendado, com opções do famciclovir e do valaciclovir. Recidivas são habituais e já há relatos de cepas de herpes resistentes ao aciclovir em 5% dos pacientes HIV positivos. A droga alternativa é o foscarnet, porém seu uso é limitado devido aos efeitos colaterais, especialmente toxicidade renal.


HERPES ZOSTER EM PACIENTES COM AIDS


O aparecimento de herpes zoster é muitas vezes a primeira manifestação da síndrome, podendo ocorrer com CD4+ ainda normal ou começando a se alterar, usualmente em torno de 250 células/mm3. Aproximadamente 25% dos pacientes com AIDS apresentam um episódio de herpes zoster, sendo considerado um indicativo de infecção por HIV em pacientes de risco.


CITOMEGALOVÍRUS EM PACIENTES COM AIDS



A infecção pelo CMV(betaherpesvirianae/HHV-5) em pele não tem um quadro bem definido e pode ser representada por úlceras rasas levemente dolorosas, com fundo granuloso piossanguinolento, em região perianal, acompanhando quadro gastrointestinal. Podem também surgir lesões pápulo-crostosas crônicas ou ulcerações rasas inespecíficas. Costuma estar associada à contagem de CD4+ abaixo de 100 células/mm3. Tratamento sistêmico inclui ganciclovir ou foscarnet.



MOLUSCO CONTAGIOSO EM PACIENTE PORTADOR DE HIV



As lesões de molusco contagioso são causadas por um DNA vírus. As lesões de molusco contagioso devem levantar a suspeita de uma imunossupressão quando acometem adultos. Na AIDS costumam ser múltiplas, em área genital, face, pescoço, áreas intertriginosas e são de difícil tratamento. O diagnóstico diferencial deve ser feito com criptococose e histoplasmose em pacientes imunodeprimidos.
É recomendável que diante de uma lesão moluscóide atípica em paciente com HIV/AIDS realizar-se a biópsia de uma lesão, antes de se instituir as medidas terapêuticas.


HPV EM PACIENTE PORTADOR DE HIV



As verrugas de todos os tipos são bastante freqüentes no paciente com infecção pelo HIV em todos os estágios da doença. HIV é associado à alta prevalência de infecção por HPV resultando em lesões genitais e não-genitais. Doença extensa costuma ocorrer quando as células CD4+ estão abaixo de 500 células/mm3. É bem estabelecido que os HPV 16, 18, 31 e 33 são associados ao carcinoma cervical e anal. Recentemente tem sido demonstrado que a infecção pelo HPV facilita a expressão gênica do HIV.




LEUCOPLASIA ORAL PILOSA EM PACIENTE PORTADOR DE HIV




Ocorre a presnça de placa branca fixa ondulada, com aspecto papilomatoso, em uma ou nas duas bordas laterais da língua, mas não de forma simétrica. Sua presença em indivíduos onde nãose conhece o status sorológico para o HIV é fortemente sugestiva de infecção pelo HIV. Nos indivíduos HIV- positivos ocorre entre 10 a 28% deles, denotando uma deterioração do estado imunológico. Faz diagnóstico diferencial com a Candidíase oral. Ao contrário desta última, as placas brancas não saem com a espátula.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


1. KASPER, D. L; et al. Harrison: medicina interna. 16. ed. Rio de Janeiro: Mc Graw-Hill, 2006.
2. ABBAS, A. K.; KUMAR, V; FAUSTO, N. Robbins e Cotran Patologia: bases patológicas das doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.
3. http://www.emmanuelfranca.com.br/doencas/doencas153_AIDS acesso em 21/01/11.
4. http://www.emmanuelfranca.com.br/doenca/ doencasdermatologicas acesso em 21/01/11.





1. Estudante de medicina da Faculdade Christus. 2. Estudante de medicina da Universidade Estadual do Ceará.





Autor: Adriana Carvalho Bezerra


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