Gil, ministro da Economia!?



Edson Silva

Acredito ser importante esclarecer o maior número de pessoas sobre cultura. Por isso, vez ou outra, busco músicas e poemas de talentos brasileiros, seja para homenageá-los ou apenas para lembrá-los às novas gerações. Não se trata de falta de imaginação ou plágio, só uma forma de tentar levar conhecimentos gerais. Pois bem, quem não conhece o talentoso cantor e compositor Gilberto Gil? Sim, aquele que foi ministro da Cultura no governo do ex-presidente Lula, um dos símbolos do movimento musical chamado Tropicália, nos anos 60. O mutante hippie, afoxé, reggae, enfim, um músico eclético...

Mas alguém sabia que ele trabalhou em fábrica de produtos químicos de Valinhos, na Região Metropolitana de Campinas(RMC)? De terno e gravata, Gil podia ser confundido com os demais escriturários ou executivos da empresa. E alguém já imaginou Gil, o tão estimado amigo do mano Caetano, dando aula das mais completas de economia? Não!? Mas Gil fez isso e da maneira que mais sabe, cantando.

Foi no disco Parabolicamar, de 1991, com a música "Um Sonho", que vocês podem conferir a seguir. Não confundam o talento do homem, que bem poderia ser a fala de algum tecnocrata da economia ou de um jornalista especializado da área econômica, com suas teorias frias e análises concretas, palpáveis e pouco palatáveis a maioria da população, pelo menos em outros tempos.

"Eu tive um sonho / Que eu estava certo dia/ Num congresso mundial/ Discutindo economia/ Argumentava/ Em favor de mais trabalho/Mais emprego, mais esforço/ Mais controle, mais-valia/

Falei de pólos/ Industriais, de energia/Demonstrei de mil maneiras/ Como que um país crescia/ E me bati/ Pela pujança econômica/ Baseada na tônica/ Da tecnologia/ Apresentei /Estatísticas e gráficos/ Demonstrando os maléficos/ Efeitos da teoria/ Principalmente/ A do lazer, do descanso/Da ampliação do espaço cultural, da poesia/

Disse por fim/ Para todos os presentes/ Que um país só vai pra frente/ Se trabalhar todo dia/ Estava certo/ De que tudo o que eu dizia/ Representava a verdade /Pra todo mundo que ouvia/ Foi quando um velho/ Levantou-se da cadeira/ E saiu assoviando/ Uma triste melodia/ Que parecia/ Um prelúdio bachiano/ Um frevo pernambucano/ Um choro do Pixinguinha/

E no salão/ Todas as bocas sorriram/ Todos os olhos me olharam/ Todos os homens saíram/ Um por um/ Fiquei ali / Naquele salão vazio / De repente senti frio/ Reparei: estava nu/ Me despertei /Assustado e ainda tonto / Me levantei e fui de pronto/ Pra calçada ver o céu azul/ Os estudantes/ E operários que passavam/ Davam risada e gritavam:/ Viva o índio do Xingu!"

Quem assina a palestra econômica no sonhado congresso é Gilberto Passos Gil Moreira, para nós brasileiros, simplesmente Gilberto Gil, talento nordestino da Bahia, assim como tantos outros. Para citar alguns: João Gilberto, Caetano, Bethânia, Família Caymmi, Gal, Raul Seixas, Simone, Tom Zé e uma infinidade de grandes nomes de nossa Música Popular Brasileira.

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré
[email protected]

Autor: Edson Terto Da Silva


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