Prevenido das horas




O tempo se arrasta,
Crava as unhas no solo
E não solta ; com ele conversa.
A agonia do rebentar da voz em grito
Chega doer os ouvidos.
Desespero!

Chego a ter dó,
Pena de quem espera no findar da noite,
Esperançoso, se livrar do açoite na pele machucada:
o dia.
É como esperar o nascer de mais uma criatura sem futuro
Condenada a sorrir sem ter alegria.

E, ainda observo o passo,
Cansado em sua musculatura,
De quem vai, transgride.
O corpo frouxo em espécie viva, sem valor.
Num esforço de quem não pode mais,
De quem nem se sustenta;
E cai num suspiro vão,
Esquecido.

O tempo age, comendo cada pedaço
E deixa o papél amarelado, o rasura.
É tão estranho seu efeito
Que chego a ver beleza
Na passagem.
Contra ele quase nada pode,
Nem mesmo a poesia com todas as sua histórias,
Mas nela me escondo,
Ando prevenido das horas.


Autor: Wison Mozzer M.


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