O conhecimento pela observação empírica das práticas sociais: o exemplo do Status
Sem envolver a física, a matemática, a geometria, ou qualquer ciência positivista, que sempre assumem a característica de irrefutáveis, darei o exemplo observável da discriminação e do preconceito, um assunto que pode parecer complexo, multifacetado e questionável, mas proporá uma fonte de conhecimento observável por meio de um método indutivo. Soares (2011) postula que na atualidade neoliberal e hiper-consumista, o único preconceito que existe é o social/financeiro, nem a homofobia, racismo, etnocêntrica, nada se compara ao preconceito ao pobre, pode ser negro, homossexual, feio, baixo, de diferentes crenças, que o indivíduo será respeitado se for detentor de posses ou valores observáveis e aceitáveis como sociais. Segundo Botton (2003) ter status, ou seja, ser detentor de tal condição social, significa a legitimidade de receber o amor social, por isso é tão disputado. Não ter status, ou não ter qualidades observáveis, significa que o indivíduo não é merecedor do amor do mundo, ou como disse Botton (2003), "não ter virtudes". Pois os bens consumíveis que conferem status a determinado indivíduo, é revestido de uma virtuosidade imagética, ou seja, quando se possui, essa posse lhe confere status.
Resumindo, o rico é virtuoso por ser rico, ou representar pelo menos três virtudes básicas: Perspicácia, perseverança e coragem. Mesmo sabendo que sua riqueza pode ser proveniente de negócios ilícitos, ou de herança, e apadrinhamentos (como é muito comum na política brasileira).
É plenamente observável o tratamento que o pobre recebe da sociedade, dos familiares e do mundo. Isso pois, segundo uma relação de valores observáveis, o pobre não tem nenhum, é um problema. Assim que este mesmo pobre (em uma situação hipotética) fique rico, os olhares sociais vão percebê-lo como um individuo virtuoso, cheio de valores observáveis e então merecedor das adulações e respeito do mundo.
Em suma, tendo esse exemplo da contradição de valores que o mundo contemporâneo vive, edifica-se um conhecimento observável e momentâneo que se alicerça no empirismo, ou seja, na simples observação das subjetivas relações sociais.
Referência
BOTTON, Alain. Desejo de Status, Rio de Janeiro: Rocco, 2003.
SOARES, Frederico Fonseca. O desejo de Status para o Marketing: Uma reflexão filosófica, Revista Filosofia Capital: Brasília, Vol. 6, Edição 12, Ano 2011.
Autor: Frederico Fonseca Soares
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