Síntese sobre o processo histórico da Psicologia Social



Tecendo um pensamento em relação à construção da Psicologia Social, é salutar buscar nas suas origens como esta se desenvolveu enquanto ciência e enquanto prática.
Devido à Segunda Guerra Mundial muitos acadêmicos, professores e cientistas europeus migraram para os Estados Unidos. Com isso o debate entre a teoria cognitivista da Gestalt x Behaviorismo foi essencial para se desenvolver a Psicologia Social. A partir daí vários cursos de doutoramento em Psicologia Social foram sendo criados nas universidades. Que tinham como interesse os estudos das massas e mudanças de atitudes, isto estava vinculado muito ao espírito capitalista, no que se fazia necessário para os Estados Unidos se expandirem e mantivessem sua hegemonia no mundo.
Assim sendo, pensadores como Robert M. Farr em seu livro Raízes da Psicologia Social Moderna, 2000, dizia que "apesar da Psicologia social ter suas raízes na Europa, as flores são essencialmente americana". Foi nesta última onde esta se desenvolveu e posteriormente exportada para outras partes do mundo. Isso se deu pelas reconstruções das universidades da Europa e do Japão. É interessante mencionar que os formadores eram todos formados nos Estados Unidos, desta maneira, toda a base de conhecimento era feita a partir do ponto de vista americano, da experiência americana e do contexto americano, sem mencionar que as questões eram sequer ressignificadas pra o contexto cultural desses países.
Esta mesma influência aconteceu nas universidades da América Latina, pois os professores faziam suas formações de pós-graduação nos Estados Unidos, trazendo consigo todo um embasamento de uma psicologia mais psicológica do que social. Onde se leva em consideração tudo o que era prático, só que não se levava em consideração o homem como um ser histórico, ativo; de tal formar que muitas das pesquisas feitas e corroboradas nos Estados Unidos eram impossíveis de se reproduzirem aqui (na América Latina).
No início dos 60 a Psicologia Social entra no momento crítico, pois só a Psicologia Social americana não respondia a muitas questões no tocante aos comportamentos sociais. Deu-se início a um resgate das teorias psicanalíticas, e daí é feita várias críticas à Psicologia Social norte-americana pelo fato dessa ser muito ideológica reprodutora dos interesses da classe dominante, e produtos de condições históricas especificas, o que invalida a transposição tal e qual deste conhecimento para outros países, em outras condições histórico-sociais.
A América Latina logo se viu no direito de construir uma Psicologia Social que se aplicasse a seu contexto, procurando recuperar o individuo na interação de sua história de vida com a história de sua sociedade, compreendendo assim o homem como produtor da história. E isso, foi feita através de vários congressos, de tal sorte que hoje já existe o Conselho Latino Americano de Psicologia Social.
A Psicologia Social não nega que o homem é condicionado por vários fatores ambientais e psicobiológicos. Contudo, esta enfatiza que esse mesmo ser humano é dotado de vontades, que é um ser em plena evolução, e que está no processo de construção de si, mas tudo isso é realizado dentro de um contexto histórico-social-economico-cultural.
Faz-se necessário desvincular as informações errôneas tecidas pela teoria positivista e mecanicista de homem estático, condicionado pelo ambiente, pois o mesmo é subjetivo, sua capacidade cognitiva é ilimitada e indecifrável. Nesse sentido a Psicologia Social preocupa-se em conhecer como o homem se insere neste processo histórico, não apenas em como ele é determinado, mas como ele pode transformar a sociedade em que vive. Na sociedade onde existem normas, papeis socais estabelecidos, grupo especifico é onde o homem esta inserido, e é na interação com o outro e com as regras sociais é que o mesmo constrói sua historia de vida e sua identidade própria.

Referências
ROBERT M. Farr. Raízes da Psicologia Social Moderna, RJ: Editora Vozes 8ª Ed. 2000.

Autor: Ueliton Santos De Andrade


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