Como tudo começou.



Sou formada em Computação ? Sistemas de Informação, mas só prestes a concluir meu curso me dei conta de que não era minha vocação ficar sentada à frente de um computador criando e decifrando códigos mirabolantes, calculando, medindo, nada disso. Ao final de meu curso, no dia da apresentação de minha Monografia, ouvi de meus queridos orientadores:
- Você tem o dom de ensinar!
Naquele dia, eu estava com muito medo, pois já havia ouvido falar muito da temida banca de avaliadores de Trabalhos de Conclusão de Curso, tinha medo de não agradar aos professores, de falar errado ? é, porque gosto de explicar as coisas do jeito que eu entendo ? de falar demais ou de menos e, no final de tudo, fiquei muito feliz ao perceber que minha missão havia sido cumprida além de minhas próprias expectativas. Não me esqueço da empolgação que percebi nas palavras de meu orientador.
Quando comecei a estudar, não pensava muito a qual profissão iria me dedicar, na verdade, não me importava muito com isso, achava que qualquer coisa que se fizesse e de onde se pudesse tirar algum dinheiro já era suficiente. Depois de um certo tempo, quando me dei conta de que não bastava apenas ganhar dinheiro, era preciso ter uma profissão, já passei a me preocupar com que profissão seguiria, o que gostava de fazer. Foi quando fiz meu cursinho de informática básica ? aquele de Word, Excel, Power Point ? e "decidi": vou ser Analista de Sistemas. Matriculei-me em um curso profissionalizante de Informática e, um ano depois, estava fazendo faculdade de Computação. Achava o máximo ver meus inteligentíssimos professores desvendando linguagens de programação, criando códigos, ganhando bem. E já me via caminhando pelos corredores da IBM, Microsoft, ganhando muito dinheiro, de carro importado, uma executiva importante.
Com o tempo comecei a ver que é, sim, muito bom chegar a uma posição de status dentro de uma multinacional e realizar todas as idéias citadas acima, mas nem por isso fácil de ser alcançado. Todo objetivo exige esforço, batalha, sacrifícios.
Mas, passada a emoção da Monografia e da Formatura, uma frase insistia em meus pensamentos ? Você tem o dom de ensinar!
Quando fiz o Ensino Fundamental, formei-me em Magistério. Na ocasião dizia que havia feito este curso por falta de opção e, depois de ter feito o estágio curricular, dizia que jamais entraria em uma sala de aula, que aquilo deixa qualquer um louco, os meninos dão muito trabalho etc. Daí é que surgiu a imagem da executiva.

Depois de ouvir de meus professores de graduação, aqueles que tanto admiro até hoje, palavras tão sugestivas de encorajamento a trilhar o caminho do magistério, deixei de lado a roupa de executiva, a multinacional e passei a me imaginar em uma sala de aula, a minha sala de aula, a minha turma, ensinando, transmitindo o que sei para crianças, jovens ou adultos ...
Com o passar do tempo percebi que gosto mesmo é de ensinar, explicar os detalhes de uma atividade, seja ela como fazer uma letra bonita ou uma matéria mais complexa e como deve ser gostoso ver uma turma dando seus primeiros passos rumo à leitura, ou aprendendo uma matéria, tirando boas notas, e ao final de tudo olhar pra trás e dizer "Eu contribui no aprendizado destes meninos".
Ensinar é também aprender. Na trajetória de um professor, quantas pessoas cruzam seus caminhos, quantas histórias, quantas maneiras de ser diferentes, e aí aprende-se a respeitar o outro em suas limitações, a ouvir, a ser mais terno no falar, a ser paciente, tolerante.
Tenho um filhinho de cinco anos. Ele está na fase de alfabetização e sou eu quem o ajuda em suas tarefas. Como mãe, peco um pouco ao querer que ele seja sempre perfeito em tudo que faz, brigo cobro, mas aos poucos vou aprendendo que é preciso ter paciência. Assim como o ensinar, o aprender também deve ser prazeroso, deve ser aquela coisa que quando termina se está ansioso pelo momento de começar tudo de novo, um dia de cada vez!


Autor: Eliane Alves Do Carmo


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