IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA CRIAÇÃO DE SUÍNOS



IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELO USO IRREGULAR DE DEJETOS DE SUÍNOS NO SOLO


Resumo
A suinocultura norte-americana se destaca no contexto mundial pelo desenvolvimento e aplicação de tecnologias para otimizar a cadeia produtiva da suinocultura, porém enfrenta o mesmo problema que suinocultores de outros países no tocante à questão do descarte e acúmulo excessivo dos dejetos dos suínos em suas instalações. Este fato ocorre devido à adoção de práticas irregulares para descarte desses resíduos, como exemplo podemos citar o uso direto destes dejetos no solo, sem qualquer tratamento.
Este estudo tem por objetivo mostrar que os dejetos de suínos, mesmo contendo componentes químicos necessários e/ou benéficos para o solo, podem provocar grande impacto ambiental. O uso destes dejetos no solo deve ser realizado de forma adequada, mediante análise do solo e dos dejetos, considerando que o solo possui características físicas e químicas diferentes de um local para outro. É necessário que se faça um estudo detalhado do solo e também um tratamento dos dejetos antes que sejam utilizados nas lavouras.

Palavras-chave: dejetos de suínos, impactos ambientais, suinocultura norte-americana.

Introdução
Uma das atividades que vem se desenvolvendo cada vez mais é a suinocultura, por ser uma das carnes mais consumidas mundialmente, porém a atividade de suinocultura é considerada um dos grandes produtores de poluição, devido ao risco de contaminação do ar, solo e água.
Bley Júnior (1997) concluiu que o problema crucial na criação de suínos reside no apreciável volume de dejetos produzido e na sustentabilidade da sua produção, acrescentando ainda que o lançamento indiscriminado de dejetos não tratados em rios, lagos e no solo podem provocar doenças (verminoses, alergias, hepatite), trazer desconforto à população (proliferação de insetos e mau cheiro) e, ainda, provocar impactos no meio ambiente (morte de peixes e animais, toxicidade em plantas e eutrofização dos cursos d?água) constituindo, dessa forma, um risco à sustentabilidade e expansão da suinocultura como atividade econômica (BLEY JUNIOR, 1997).
Os dejetos de suínos são resíduos orgânicos constituídos de elementos químicos que adicionados ao solo podem fornecer nutrientes para o desenvolvimento das plantas, o que favorece a cultura de diversos alimentos, entre eles o milho (COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO RS/SC, 1995).
O impacto ambiental ocasionado por estes dejetos é decorrente da utilização do insumo em grande quantidade e por um longo período de tempo, ocasionando excessivo acúmulo de nutrientes no solo (BURTON, 1997), provocando impacto ambiental, gerando conseqüentemente desequilíbrios químicos, físicos e biológicos no solo, além da poluição dos recursos hídricos (BLEY JUNIOR, 1997).
Entende-se por impacto ambiental "qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais" (CONAMA, 1986).

Metodologia
Este estudo foi realizado em uma fazenda no estado de Minnesota nos Estados Unidos (Figura 1), no período de abril de 2006 à novembro de 2008. A fazenda possui uma maternidade com 1.200 matrizes e 42 barracões de engorda, contendo 650 porcos cada unidade. A fazenda possui também 1.500 hectares de terras onde é plantado milho para fabricação de ração para os suínos.


Figura 1- Vista parcial da fazenda

Para obtenção das informações necessárias à realização do estudo, foram feitas entrevistas com alguns funcionários da fazenda.
Foram realizadas visitas técnicas em áreas de plantio de milho onde são utilizados os dejetos de suínos em períodos que variam entre 2 a 9 anos.

Resultados e Discussão
Os funcionários entrevistados relataram que em média são produzidos 21 milhões de litros de dejetos de suínos por ano e a maneira que a fazenda encontrou para descartar estes dejetos acumulados em grande quantidade nos barracões é o seu uso como fertilizante agrícola, que são jogados nas lavouras de milho sem qualquer tipo de tratamento.
Como se pode observar na Figura 2, os dejetos são agitados dentro dos próprios barracões de suínos, depois retirados e colocados nos tanques (com capacidade para 21.600 litros) dos tratores (Case International, modelo 7240). Logo em seguida são jogados diretamente nas lavouras de milho, sem qualquer tratamento, processo realizado durante alguns anos. O trator ara o solo e ao mesmo tempo joga os dejetos diretamente no solo, tornando sua coloração muito escura, devido aos componentes químicos presentes nos dejetos. O odor destes dejetos é muito forte, principalmente próximo aos pontos de lançamento.




Figura 2 ? Processo de destinação dos dejetos da fazenda

Nas lavouras de milho visitadas, os funcionários responsáveis pelo controle do plantio e colheita relataram que as plantações que recebem os dejetos há mais de 9 anos começaram a ter uma diminuição no seu desenvolvimento. No início elas apresentavam grande desenvolvimento, mas agora, devido ao excesso de nutrientes no solo, é notório que comecem a sofrer as conseqüências, diminuindo assim a sua qualidade e produtividade. Isto ocorre devido ao uso irregular dos dejetos jogados diretamente no solo


Figura 3 ? Lavoura de milho com 2 (A) e 9 (B) anos de plantio

Na área A, onde estão sendo utilizados dejetos de suínos há 2 anos, a quantidade de milho colhido foi em torno de 11.700 Kg/ha e a altura em torno de 1,80m, já na área B onde já se usam estes dejetos por aproximadamente 9 anos a média de milho colhido foi de 8.120 Kg/ha com altura de 0,70m, sendo que os dois solos possuem as mesmas características físicas e químicas.

Conclusão
A solução para este problema seria, portanto, tratar os desejos a serem lançados ao solo, observando principalmente a concentração dos componentes químicos e apenas após este controle utilizar estes dejetos como fertilizantes nas lavouras de milho, pois os dejetos apresentam quantidades desproporcionais destes componentes ao contrário dos fertilizantes que possuem os componentes químicos necessários para cada tipo de solo e cultura, evitando assim um impacto ambiental do solo.

Bibliografia
BLEY JUNIOR, C. Instalações para tratamento de dejetos. In: Ciclo de Palestras sobre dejetos de Suínos, Manejo e Utilização do Sudeste Goiano, 1, 1997, Rio Verde. Anais... Rio Verde: Fundação do Ensino Superior de Rio Verde, ESUCARV. 1997. p. 48-68.

BURTON, C.H. Manure management; treatment and strategies for sustainable agriculture. Wrest Park: Silsoe Research Institute, 1997. 181 p.

COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO-RS/SC. Recomendações de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3.ed. Passo Fundo: SBCS ? Núcleo Regional/Embrapa-CNPT, 1995. 223p.

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente. Legislação Ambiental, Resolução
n0001, de 23 de janeiro de 1986.

Autor: Rodrigo De Almeida Silva


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