O ESTADO DA ARTE DA ADMINISTRAÇÃO COM ENFOQUE NA SUSTENTABILIDADE



O ESTADO DA ARTE DA ADMINISTRAÇÃO COM ENFOQUE NA SUSTENTABILIDADE
A eficácia dos indicadores de sustentabilidade

Resumo
O objetivo desta pesquisa é verificar a existência da eficácia nos indicadores de sustentabilidade que são utilizados pelas instituições governamentais e não governamentais no Brasil. É objetivo também, comparar o resultado da pesquisa anteriormente explicitada com os resultados obtidos por agencias ou organismos internacionais verificando, desta forma, sua aplicabilidade e embasamento teórico/prático retido pelas partes envolvidas no processo evolutivo e continuo de sustentabilidade. A metodologia empregada para o levantamento coleta e analise dos dados explorados é o da netnografia. Ainda que de maneira preliminar seja possível observar a existência de indicadores econômicos, sociais, ambientais, como fonte de estudo. Ainda: os resultados parciais apontam para a constatação de que tais indicadores advêm de variações da própria Agenda 21, onde em sua quase totalidade aborda aspecto econômico/financeiro ou social/ambiental de maneira fragmentada, desprovidos de qualquer sinergia entre ambos, o que pode deixar de gerar, por conseqüência, o atendimento ao multisistema como um todo.
Autores:
Edson Jr. Dos Santos ¹
Aluno do curso de Tecnologia em Marketing ¹
Universidade Nove de Julho - UNINOVE
Professor MS. Leandro Petarnella ²
Docente do Depto de Ciências Gerenciais ²
Universidade Nove de Julho - UNINOVE
Abstract: The goal of this research is to verify the existence of effective sustainability indicators that are used by governmental and nongovernmental institutions in Brazil. It also aimed to compare the outcome of the research outlined above with results obtained by checking agencies or international bodies, thus, its applicability and theoretical / practical retained by the parties involved in the evolutionary process and continued sustainability. The methodology for the survey collection and data analysis explored is the netnography. Although the primary way you can observe the existence of economic indicators, social, environmental, as a source of study. Still: partial results point to the fact that such indicators are derived from variations of their own Agenda 21, which almost entirely covers the economic / financial or social / environmental in a fragmented manner, devoid of any synergy between them, which stops cause, consequently, the multisystem care as a whole.
Palavras chave: eficácia, indicadores, sustentabilidade, netnografia, aplicabilidade.
Keys words: effectiveness, indicators, sustainability, netnography, applicability.
Introdução: Sabemos que é de extrema relevância utilizar os recursos naturais sem comprometer as gerações futuras e ainda permitir que a mesma se desenvolva plenamente, este é o conceito mais simples de sustentabilidade. A mesma tem por base três pilares que são, econômico, social, ambiental.
Apesar de Bellen (2002) afirmar que exista cerca de 160 definições ou interpretações para o termo desenvolvimento sustentável, o fato é que a partir deste conceito chegou se a conclusão da necessidade de se desenvolver indicadores, com a finalidade de avaliar e antecipar condições e tendências, além de se fazer uma comparação destas tendências em relação as metas e objetivos, fornecendo sistematicamente, informações para tomada de decisão, tanto de instituições governamentais quanto as não governamentais podendo, assim assegurar a continuidade das futuras gerações tanto na dimensão econômica como também na social ambiental e ecológica. Sendo assim pesquisamos pelo método da netnografia qual a forma e quais métodos são empregados na constituição dos indicadores e quais os critérios usados na concepção dos mesmos.
Objetivos: O objetivo desta pesquisa é verificar a existência de eficácia nos indicadores de sustentabilidade que são utilizados pelas instituições governamentais e não governamentais no Brasil. É objetivo também, comparar o resultado da pesquisa anteriormente explicitada com os resultados obtidos por agencias ou organismos internacionais verificando, desta forma, sua aplicabilidade e embasamento teórico/pratico retido pelas partes envolvidas no processo evolutivo e continuo de sustentabilidade.
Metodologia: A metodologia empregada para o levantamento coleta e analise dos dados explorados é o da netnografia. Analisando literaturas e trabalhos acadêmicos disponíveis na Web fazendo comparações entre os mesmos, contextualizando-os no tempo/mundo contemporâneo.
Desenvolvimento: Inicialmente determinamos algumas máximas que tais indicadores devem apresentar. Os indicadores não devem conflitar com os interesses e necessidades da humanidade, pelo contrario deve complementar e apontar caminhos para que seja solucionado da melhor forma os problemas de demanda de recursos naturais requeridos para a continuidade da humanidade garantindo assim a sustentabilidade do multisistema.
Tais indicadores devem estabelecer um padrão tal, que possa ser aplicado em qualquer parte do planeta, independente da necessidade de adaptação das unidades de medida, e ainda apresentar flexibilidade para que possa ser modificado e aprimorado a medida da dinâmica da realidade.
E finalmente os indicadores devem estabelecer conexão com o multisistema de uma forma a harmonizar todos os itens a serem avaliados.

Os critérios aqui tende a sintetizar mesmo que de forma muito simples os princípios de Bellagio, porém de uma forma prática para que possa ser entendida ao menos preliminarmente a necessidade da constatação da eficácia nos principais indicadores de sustentabilidade, servindo de estimulo para os demais pesquisadores e instituição governamental ou não a investirem cada vez mais na busca e pesquisa de indicadores com mais solides, a fim de garantir a sustentabilidade do desenvolvimento em todas as esferas.
As ferramentas avaliativas mais importantes e reconhecidas de âmbito internacional são "Ecological Footprint", o "Dashboard of Sustainability" e o "Barometer of Sustainability", são tidas como os principais indicadores de sustentabilidade segundo (Bellen, 2005). A partir da análise destas três ferramentas verificaremos a real eficácia em ambos de poder mensurar o grau e a direção do desenvolvimento sustentável, e como ela se consolida no contexto de contribuir no embasamento teórico, prático e empírico absorvido pelas entidades envolvidas no processo.
Compreende se que os indicadores de sustentabilidade não podem ser ferramentas estáticas visto a dinamicidade da realidade, tais indicadores devem acompanhar a evolução sistêmica do multisistema como um todo, apesar de as ferramentas aqui apresentadas possuírem particularidades avaliativas, não é considerado um obstáculo, mas sim um diferencial, mesmo cada indicador se propondo a avaliar o mesmo tipo de ambiente sua abordagem é de forma bem particular, mas nada impede de se poder até mesmo vislumbrar uma utilização em conjunto abrangendo assim o multisistema com maior equidade.
Em geral os indicadores de sustentabilidade são fragmentados, devido a abordagem de construção advir da Agenda 21, porém tal fato não onera de forma alguma a sua capacidade de mensuração da sustentabilidade do desenvolvimento. Muito pelo contrario, contribui ainda mais, pois cada indicador foi concebido por diferentes grupos, logo cada qual estabeleceu uma visão diferenciada de sustentabilidade, contemplando mais detalhes, que talvez um ou outro não tenha observado, mas sem fugir do contexto primordial do conceito.
Uma vez verificada sua eficácia fica compulsoriamente comprovada a sua aplicabilidade já que a eficácia tange a entrega do proposto por sua ferramenta, hora visto que pelo contrário sua aplicabilidade é nula.

DS - Dashboard of Sustainability - O Painel da Sustentabilidade
Com a missão de promover a coordenação, cooperação entre instituições e indivíduos, o Wallace Global Fund com a participação de diversos especialistas criou o Consultative Group on Sustainable Development indicators em1996.
Grau de sustentabilidade e direção do desenvolvimento, através destes dois parâmetros foi desenvolvido um sistema conceitual para trabalhar com os parâmetros acima descritos, ficou conhecido anteriormente como O Compasso da Sustentabilidade, e durante o ano de 1998 foi aprimorado. (Bellen, 2004)
Em 1998 este instrumento foi integrado aos Princípios de Bellagio, dessa integração nasceu o Dashboard of Sustainability, Painel de Sustentabilidade, esta ferramenta interliga os seguintes blocos, social econômico e ambiental e tem por objetivo mensurar o desempenho de cada um deles, podem se valer deste instrumento tanto instituição governamental ou não e até mesmo um país inteiro e seus subambientes.
Considerado por Hardi (2000) uma metáfora do painel de um automóvel, o Dashboard of Sustainability é uma apresentação atrativa e concisa da realidade e que pode chamar a atenção do público-alvo. A motivação para o seu desenvolvimento foi uma ferramenta robusta de indicadores de sustentabilidade, que ganhasse a aceitação pela comunidade internacional (Bellen, 2004).
O Painel da Sustentabilidade consiste de três mostradores cada um com uma seta que indica um valor que traduz o estado atual do sistema, enquanto que um gráfico mostra as mudanças de desempenho do sistema, há também um medidor que indica o quanto de recursos naturais em estado critico ainda restam.
A base de avaliação do Dashboard of Sustainability "Painel de Sustentabilidade" consiste em formar agrupamento de indicadores dentro de cada um dos mostradores, segundo os pesquisadores o fato de os indicadores estarem agrupados ajuda no uso de medidas que estão acima de fatores meramente econômicos, mas também ecológico e social. Por ser um índice agregado de indicadores, a partir do calculo destes índices obtém-se o resultado final de cada mostrador, há também como se obter a média destes mostradores para se ter uma amostra do índice global de sustentabilidade.
Aqui podemos perceber que a sinergia citada anteriormente começa a se caracterizar, pois este indicador procura integralizar, se não todas, ao menos as mais relevantes dimensões da sustentabilidade, segundo Hardi (2000) os agrupamentos mais discutidos das dimensões da sustentabilidade são:
02 - dimensões - bem estar humano e bem estar ecológico;
03 - dimensões - bem estar humano ecológico e econômico;
04 dimensões - riqueza material e desenvolvimento econômico, equidade e aspectos social, meio ambiente e natureza, democracia e direitos humanos.

Notamos que o Dashboard of Sustainability "Painel de Sustentabilidade" atende as máximas acima citadas estando assim em conformidade com os requisitos que confere a ele eficiência e eficácia.

O Barômetro da Sustentabilidade
O Barometer of Sustainability "Barômetro da Sustentabilidade é destinado, a segundo seus autores, às agências governamentais e não governamentais tomadores de decisão e pessoas envolvidas em questões relativas ao desenvolvimento sustentável, em qualquer nível do sistema, do local ao global (Prescott- Allen, 1997). O Barometer of Sustainability "Barômetro da Sustentabilidade utiliza-se de escalas de desempenho combinando diferentes indicadores de sustentabilidade, sendo assim seus resultados se dá através de índices, e esta mesma combinação favorece uma visão geral do estado do meio ambiente e da sociedade.
Sobre o Barômetro da sustentabilidade:
1. ESCALA DE PERFORMANCE
Entendemos a escala de performance como um método que iguala as medidas, não importando de qual indicador se trata, a fundamentação esta em poder estabelecer um parâmetro de análise igualitário, como em uma equação onde tem que se igualarem os sinais dos multiplicadores para se obter ao final um produto linear e compreensivo.
Ex: Um avião leva em média 45 minutos de São Paulo até o Rio de Janeiro enquanto que um automóvel leva em media 3 horas, mas cada um se propôs a atingir o mesmo objetivo, porém por meios diferentes, se o avião fez o seu percurso sem problemas ou desvios, e falhas seu desempenho e performance é tido como ótimo, e o automóvel da mesma forma, se completou o seu percurso sem avarias mecânicas, e mesmo que tenha de ter feito uma parada dês de que voluntária, sua performance e desempenho é considerada igualmente ótima. Desde que o fator ou dimensão que esteja sendo analisado seja se mover do ponto A, para ponto B e sua relevância hierárquica.



2. HIERARQUIA DO SISTEMA
O método hierarquizado pode garantir que um grupo de indicadores aponte de forma correta o estado do meio ambiente e da sociedade, isto pode significar que tais indicadores são agrupados de acordo com a sua relevância dentro da definição do sistema e da meta determinada.
3. COMBINAÇÃO DE INDICADORES
O Barômetro da Sustentabilidade é tido como uma ferramenta combinatória de indicadores apontando cocientes através de índices.
Tais índices facilitam em muito o entendimento, e visualizar a situação efetiva do estado do meio ambiente e sociedade como um todo.
Os indicadores de sustentabilidade devem estabelecer correlação entre si, sempre dentro da hierarquia e relevância, pois a sua análise separadamente causaria grande dificuldade de mensuração da sustentabilidade como um todo.
No entanto certa temeridade pode ser percebida que, enquanto uma dimensão dentro de um conjunto de indicadores pode ser considerada sustentável, outra não, mesmo estando dentro do mesmo conjunto de indicadores, daí ocorrer à ofuscação da identificação de insustentabilidade de um sistema ou subsistema porque isto pode ocorrer na gama de mais de cinco indicadores agrupados, por exemplo, e um ou dois dentro deste cinco estar figurando como insustentável fica assim um sistema correndo o risco de se extinguir.
O barômetro da Sustentabilidade utiliza uma forma bem clara índices vão do bem estar social ao ecológico, vislumbrando a nosso ver a harmonização entre meio ambiente e o homem, procurando delinear até onde a exploração dos estoques naturais são sustentáveis ou não, no entanto alguns indicadores tendem a mascarar outros estando eles dentro de uma mesma dimensão por isso o sistema de hierarquização deve ser empregado de forma muito criteriosa e norteada frente a relevância dos indicadores. Pois ai prevalecerá o indicador de maior importância dentro da meta e escala estabelecida.

O Ecological Footprint Method

O Ecological Footprint Method é uma ferramenta que indica ações compensatórias para cada parcela de recurso natural apropriado por um país, estado, município e ou instituição governamental ou não.
Pegada Ecológica, o livro lançado por Wackernager & Rees (1996), Our Ecological Footprint Method, um trabalho ousado a respeito desse sistema utilizado tanto para metrificar como para divulgar o desenvolvimento sustentável.
Hoje é sabido que a sociedade vive em um estado de interdependência em relação ao ecossistema embora muitos afirmarem que se trata de dependência.
E se pudéssemos calcular quanto de extensão de terra teríamos de repor em relação ao que consumimos de energia por ano, qual seria a forma mais adequada de fazermos esta reposição?
Talvez deste tipo de questionamento surgira esta ferramenta capaz de mensurar o espaço ecológico correspondente para sustentar um determinado sistema ou unidade, Wackernager & Rees (1996).
Em meados da década de 80 a pegada humana atingiria o ápice de sua suficiência de utilização de recursos naturais, quer dizer que a partir desta década todos os recursos naturais já teria se esgotado e que a continuidade de sua utilização conduzia o mundo à insustentabilidade.
O Worldlife Fund for Nature (WWF) (2002) informou que a pegada mundial em 1999 era cerca de 2,29 hectares globais por pessoa enquanto que a biocapacidade por pessoa era de 1,9 hectare o que representava um déficit de 20%.
A partir destes dados fica bem claro que o Ecological Footprint Method é de longe uma das ferramentas mais bem elaborada para se mensurar em que grau de sustentabilidade o sistema ecológico se encontra, e quais medidas regulatórias são mais aceitáveis para que se possa garantir um real desenvolvimento com sustentabilidade, sistêmica e praticável.

No entanto existe uma linha que teimamos em cruzar, sempre que os estoques de recursos naturais tendem a se tornar escasso, nós logo o substituímos por outro equivalente, e só então tratamos de amenizar o impacto ambiental causado pelo que já consumimos e as vezes muito que tardiamente, deixando assim de atender o principio básico da sustentabilidade do desenvolvimento.

Os indicadores aqui apresentados consolidarão sua eficácia quando comprovadamente estabelecerem sistemas práticos de apresentação de seus resultados e relatórios, uma vez visto que tais cálculos são demasiadamente complexos e não é de domínio público, sendo desta forma o modo como deve ser apresentado ainda é uma incógnita, visto que ao menos por enquanto não se tem noticia de uma ferramenta unificadora para a divulgação pública dos relatórios conclusões e resultados obtidos através das ferramentas avaliativas que são por enquanto apenas de domínio do meio científico e institucional.








Referências:
Ambiente & Sociedade, jan.-jun, ano/vol. 7 numero 001 pp.67-87. Hans Michael van Bellen, Desenvolvimento sustentável: Uma descrição das principais Ferramentas de Avaliação.
Ambiente & Sociedade. vol.11 no. 1 Campinas Jan./June 2008. Espaço emocional e indicadores de sustentabilidade. Gerada Paulista; Gregório Varvakis; Gilberto Montibeller-Filho
Indicadores de sustentabilidade: Uma Análise Comparativa: Hans Michael van Bellen, (2005) FGV.
Desenvolvimento Sustentável no Brasil: uma analise a partir da aplicação do Barômetro da sustentabilidade. Denise Maria Penna Kronenberger, Judicael Clevelário Junior, José Antonio Sena do Nascimento, José Enilcio Rocha Collares. Luiz Carlos Dutra Silva.
Estratégia para construção de indicadores para avaliação da sustentabilidade e monitoramento de sistemas: Deponti, Cidonea Machado; Eckert, Córdula; Azambuja, José Luiz Bortoli de
Os indicadores do desenvolvimento sustentável para a formulação de políticas publicas na visão do estado, sociedade civil e empresas privadas: complementares ou antagônicos: Aline Mary Fonseca¹; José Renato Machado Specht²; Julio Cesar de Oliveira de Andrade³; Thalita M. Sugisawa Okazaki.
Engenharia sanitária ambiental: Indicadores para o monitoramento da sustentabilidade em sistemas urbanos de abastecimento de águas e esgotamento sanitário: Aline Branco Miranda; Bernardo Arantes do Nascimento Teixeira
Engenharia Sanitária Ambiental: Juliana Pellegrino Cezare; Tadeu Fabrício Malheiros; Arlindo Philippi Jr
Pegada ecológica instrumento de avaliação dos impactos antrópicos no meio natural: Renata da Costa Pereira Jannes Cidin; Ricardo Siloto da Silva.



Autor: Edson Junior Dos Santos


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