Metodologia do ensino da religião



O que discute a disciplina Metodologia do Ensino da Religião


A disciplina Metodologia do Ensino da Religião tem como objetivo discutir as diversas fases históricas da educação religiosa no Brasil, caracterizar os sujeitos do espaço escolar, identificar os diversos métodos e técnicas que contribuem no melhoramento da prática docente e no reconhecimento de planejamentos para os vários níveis de ensino.
O ensino religioso nas escolas sempre tem sido alvo de controvérsias. Seria o mesmo uma continuação do que se aprende nas igrejas, pelo motivo do seu próprio surgimento conturbado.
Entre 1500 a 1800, o ensino religioso no país estava integrado entre escola, igreja, sociedade política e econômica. O objetivo dessa época era fazer com que os alunos integrassem aos valores da sociedade. Percebe-se, que o projeto religioso da educação não conflitava com os interesses dos reis e da aristocracia.
O que prevalecia no ensino religioso era a evangelização da religião oficial, ou seja, da Igreja Católica e não dos protestantes, judeus, espíritas, entre outros.
Em 1800 se estendendo até 1964, a educação estava ligada ao Estado-Nação, pois a escola seria pública, gratuita, laica para todos.
A burguesia tomou o lugar da hierarquia religiosa e a educação manteve vinculada ao projeto da sociedade.
Em 1890 a 1930 o ensino religioso passou por grandes controvertidos questionamentos, uma vez tomado como principal impedimento para a implantação do novo regime em que a separação entre Estado e Igreja se deu pelos ideais positivistas. Mesmo com a existência da laicidade do ensino nos estabelecimentos oficiais, o ensino da religião permaneceu ligado aos ensinamentos do catolicismo.
De 1930 a 1937 o ensino religioso é de caráter facultativo, pois as aulas são ministradas conforme os princípios da confissão religiosa do aluno, manifestadas pelos pais e responsáveis. O ensino religioso seria uma disciplina ministrada nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais.
Mais adiante, os escolanovistas foram contrários ao ensino religioso pelo motivo da laicidade. Obrigatoriedade e gratuidade do ensino público.
No Estado Novo (1937-19450) o ensino religioso deixou de ser obrigatório para os alunos. Sendo que no terceiro período republicano (1946-1964) o ensino religioso foi contemplado como dever do Estado para com a liberdade religiosa do cidadão que freqüenta a escola. A laicidade do Estado é legítima, mas não excludente do tipo de educação pleiteado pelo cidadão que freqüenta a escola pública.
A partir de 1964 a 1996 ocorreram transformações profundas, a escola deixou de ser um espaço unitário e coerente de um grupo privilegiado e muitas contradições da sociedade foram trazidas para as escolas. Depois da hegemonia do catolicismo, do Estado sobre a escola e a educação, atualmente a Igreja e o Estado deixaram de manipular a educação.
Durante o quarto período republicano (1964-1984) o ensino religioso passou a ser obrigatório para a escola, pois o aluno poderia decidir em fazer ou não, no ato da matrícula, o ensino religioso.
De 1986 a 1996, o ensino religioso buscou a sua redefinição como disciplina regular do conjunto curricular. O Ensino Religioso passou a ser facultativo, sendo uma disciplina dos horários normais das escolas públicas do ensino Fundamental.
No Brasil, existem grandes esforços pela renovação do conceito do ensino religioso, da sua prática pedagógica, da definição de seus conteúdos, natureza e metodologia adequada ao universo escolar.
Partindo para os sujeitos do espaço escolar, é importante enfatizar que a educação é importante para o desenvolvimento do ser humano e da sociedade. Os dois principais personagens que fazem parte deste desenvolvimento são: o professor e o aluno.
Na década de 1970, o professor deveria ser preparado, em seu curso de formação, para lidar com imprevistos de sua carreira, inovando sempre o seu cotidiano. Esta mesma postura também servia para o professor de Ensino Religioso, já que o mesmo faz parte do processo de transformação que a educação determina.
O professor de Ensino Religioso, no exercício de sua prática pedagógica, precisa ser o mediador que envolva e leve o aluno interagir com o conhecimento religioso de maneira transparente, assim aceitando as desigualdades. Percebe-se que o aluno é o sujeito desta práxis educacional e está em interação com o outro e a mesma contribui para a construção de seu arabouço cultural. Todas as disciplinas devem participar desta interação, inclusive o Ensino Religioso.
Para ocorrer tal interação, a escola deve promover situações de aprendizagem que favoreçam o desenvolvimento das dimensões afetiva, física, intelectual, social e religiosa do aluno. A última é responsável pelo diálogo religioso, mostrando ao aluno uma nova forma de pensar e viver dentro da pluralidade religiosa existente nas escolas, nas ruas, nas próprias famílias, ou seja, no seu habitat.
Identificar os vários métodos e técnicas que contribuem para o melhoramento da prática docente é de suma importância para a análise. Apesar de todos os conhecimentos serem passados pelo professor, os alunos recebem as informações, porém, não precisam ser passivos nas aulas, também podem realizar suas atividades de forma independente, coletiva e conjunta, mas isto não impede a orientação do professor.
As técnicas de ensino podem ser desenvolvidas em forma de discussão, onde os pequenos grupos debatem um determinado assunto, pois todas as idéias são aceitas e analisadas sob diversos ângulos, podendo ocorrer nessas discussões conflitos com qualquer regra previamente adotada.
Os alunos juntamente com o seu professor, podem realizar diversos outros trabalhos expositivos, como o trabalho de discussão circular, de cochicho, Phillips 66, grupo de verbalização e de observação, seminários, entre outros.
Esses trabalhos mencionados podem ser desenvolvidos em todas as disciplinas, como por exemplo, no Ensino Religioso. Sua função é fazer com que os alunos reconhecem suas próprias capacidades e disposição para desenvolvê-las com dedicação, tomando a consciência das necessidades básicas do ser humano, reconhecer que todos possuem os mesmos direitos e deveres, respeitar as datas especiais como momentos de alegria e maior aproximação entre as pessoas, entre outros.
O Ensino Religioso tem como objetivo favorecer a discussão em torno do contexto social existente e do desenvolvimento do censo crítico possibilitando a descoberta do diferente em nosso meio, evidenciando situações em que se manifeste a inexistência da ética e criando uma nova forma de convivência afim de que possamos viver como irmãos no exercício da cidadania. A disciplina em foco também propõe a viabilização e a reconstrução de uma ética no espaço escolar, comprometida com o seu projeto político-pedagógico, visando capacitar o educando para participar como sujeito e artífice da sua própria formação buscando liberdade e na responsabilidade a dimensão ética na construção do ser e na revitalização de uma sociedade justa e solidária.

Autor: Ademar Alves Da Silva


Artigos Relacionados


O Ensino Religioso No Processo De Formação Do Aluno: Contribuições E Lacunas.

Ensino Religioso E A Interface Com O Currículo Da Educação Básica.

O Perfil Do Profissional Do Ensino Religioso Em Dianópolis

Educação Do Campo, Currículo E Práticas Sociais Nas Comunidades Do Campo Em Medicilândia/pa

A Educação Para Jovens E Adultos

A EducaÇÃo Inclusiva

A Relevância Da Pesquisa Científica Ligada As Ciência Das Religiões