FEMINIZAÇÃO DA VELHICE



Lima e Bueno 2009, descrevem que devido às mudanças demográficas que ocorreram no Brasil a partir das décadas de 40 e 60, que incluem queda na taxa de mortalidade infantil e natalidade, o Brasil passa por um fenômeno conhecido como envelhecimento populacional.
O envelhecimento é um processo progressivo de declínio das capacidades física e mental, assim como o aparecimento de doenças crônicas. Isso acontece por herança genética, pela diminuição do nível hormonal adequado para manutenção do metabolismo e por estresse oxidativo. Estes fatores acabam acarretando uma diminuição da reserva funcional, seguida da diminuição da resistência às agressões e, conseqüentemente, há diminuição progressiva de eficiência das funções orgânicas (biológicas).
Alguns fatores juntamente com maus hábitos são determinantes para a aceleração do processo de envelhecimento, tais como, tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, obesidade, entre outros. Esses fatores são determinantes para acelerar processos que vêm naturalmente com a idade, como pressão alta, colesterol alto, rugas, falta de memória, reposta menos eficiente do organismo no combate aos radicais livres, entre outros.
Salgado 2002, como resultado da desigualdade de gênero na expectativa de vida, existe uma maior proporção de mulheres do que de homens com idade avançada. Os problemas e mudanças que acompanham essa etapa de vida são predominantemente femininos, pelo que se pode dizer que a velhice se feminilizou. As mulheres são discriminadas por preconceitos sexistas e gerofóbicos: não só por serem mulheres, mas também por serem velhas.
Neri ( 2001 ) Qualidade de vida na velhice e feminização da velhice são fenômenos que chamam a atenção de demógrafos, geriatras e gerontólogos sociais. No domínio da pesquisa está crescendo o interesse pela caracterização das variáveis que determinam uma boa qualidade de vida na velhice nos domínios físico, social e psicológico, bem como pela identificação das noções vigentes sobre qual o significado desse conceito entre a população. No âmbito da intervenção aumenta a consciência de que é importante identificar e promover condições que permitam a ocorrência de uma velhice longa e saudável, com uma relação custo- benefício favorável aos indivíduos e às instituições sociais, num contexto de igualdade quanto à distribuição de bens e oportunidade sociais.
NERI, 2001, No âmbito da saúde, da funcionalidade física e da saúde percebida, gênero é um fator de risco mais importante do que idade, na medida em que as mulheres idosas são mais frágeis e se percebem como mais frágeis do que do que os homens idosos. Conclusão subsidiária é que, quando os efeitos da fragilidade física somam-se aos efeitos de variáveis sócio- demográficas, tais como escolaridade menor, viver só, ter que cuidar, e precisar de cuidados a qualidade de vida das mulheres tende a declinar.
Na velhice avançada as mulheres são mais negativamente afetadas em suas possibilidades de envolvimento social por causa de sua maior longevidade e do risco aumentado de dependência. Elas tendem a sofrer mais de isolamento e solidão. Têm auto-imagem mais negativa, bem como uma visão da velhice e dos outros velhos mais negativa do que os homens idosos. As mulheres idosas que são doentes terminais são mais afetadas pelos efeitos da sua doença sobre os outros, enquanto os homens são mais afetados pela dependência, pela dor e pelos efeitos da doença sobre o exercício de papéis sociais , Anita 2001 cita Kimmel, D (1994.
A longevidade, a morbidade e a incapacidade são os principais focos de interesse das pesquisas que comparam homens e mulheres idosos quanto à saúde e à funcionalidade física. É universal que mulheres vivem mais que os homens. Estudos epidemiológicos mostram que a maior longevidade das mulheres significa mais risco do que vantagem, uma vez que ela é física e socialmente mais frágil do que os homens.
O fenômeno da feminização da velhice é visto como um problema médico-social. Por outro lado, as taxas de doenças crônicas são muito maior entre os homens idosos do que nas mulheres idosas, embora este fato deva mudar nas gerações futuras, uma vez que as mulheres contemporâneas estão expostas ao mesmo tipo de fatores de risco que os homens na atualidade.
A feminização da velhice também é indicada pelo crescimento relativo da taxa de mulheres idosas que são chefes de família e que fazem parte da população economicamente ativa, o que significa que por outro lado os jovens não estão dando conta de prover suas próprias necessidades.
As mulheres idosas são um destaque na sociedade e nos estudos gerontológicos não só porque são mais numerosas, mas também porque têm se envolvido na busca do envelhecimento ativo e saudável, inserindo em espaços sociais que permitam o alcance da velhice bem-sucedida.
Portanto, é de suma importância identificar e promover condições que permitam uma velhice longa e saudável favorável aos indivíduos num contexto de igualdade de distribuição de bens, de promoção de saúde e de oportunidades culturais e sociais.
O principal fator de risco para mortalidade continua sendo a própria idade. Quanto mais se vive maior é a chance de morrer. A maioria dos estudos longitudinais com idosos residentes na comunidade parece concordar que, além da idade, o sexo do indivíduo pode ser determinante do risco morte, com os homens apresentando um risco maior do que as mulheres (Jagger et al., 1993; NCHS, 1985). Todas as demais variáveis são dependentes de uma complexa interação entre o indivíduo e o meio ambiente,que, por sua vez, varia de cultura para cultura e de tempos em tempos.
Mesmo o fator sexo pode vir a ter sua relação de risco alterada no futuro, com a evolução social promovendo um aumento significativo de mortes por DCV entre as mulheres, agora mais expostas do que antes aos fatores de risco ocupacionais e ambientais, devido a sua progressiva incorporação à população economicamente ativa.
REFERENCIAS
LIMA,L.C.V. E BUENO,C.M.L.B. ENVELHECIMENTO E GÊNERO: A VULNERABILIDADE DE IDOSAS NO BRASILRevista Saúde e Pesquisa, v. 2, n. 2, p. 273-280, mai./ago. 2009 - ISSN 1983-1870.

MOREIRA, Morvan de M. Envelhecimento da População Brasileira. Belo Horizonte: CEDEPLAR-UFMG, 1997, Tese de Doutorado.

NERI,Anita Liberalesso . ENVELHECIMENTO E QUALIDADE DE VIDA NA MULHER, GERP 2001



Autor: Daisy De Avilela Mestranda Do Inset


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