UM POETA NO ÔNIBUS



UM POETA NO ÔNIBUS[1]

 

Adilio Jr.

 

Foram poucas as palavras trocadas, frases soltas e desconexas

e em meio a versos livres, uma voz quebrava o silêncio

e rompia o barulho das vozes.

 

Ele, um rapaz de feições simples,

Sorriso curto e cabelos negros,

barba falhada e semblante triste.

 

Rios de gargalhadas em um ônibus escolar,

lotado, é bem verdade, mas quantos não dariam tudo para estar lá,

Sei que era bem gostoso nele viajar.

 

Nem o calor escaldante da rodovia,

nem os gritos estridentes do lado de cá faziam ele parar,

pois aquele jovem ali presente continuava a recitar.

 

Alguém gritou um nome:  Fernandes, continue a declamar!

foi ai então que ele me olhou, mesmo sem eu o notar,

ao olhar para ele então, fiz um gesto para não parar.

 

Notei que a alegria em seus olhos,

nem só por um segundo conseguia disfarçar,

o Harlon o cumprimentou e vi todos a sussurrar,

 Quem é este poeta que está a nos agradar?

 

Deixei a emoção ali se soltar,

vi com alegria e assombro,

tantas palavras ele usar.

 

Eu nem sei como tive a sorte daquele rapaz eu encontrar,

mas o mais surpreendente disto tudo

é que eu já estive naquele lugar.

 

Sempre sonhei em ser um poeta,

que leva a vida em agradar as pessoas que o lêem

ou o ouvem a recitar!

 


[1]O poeta Fernandes e eu fomos colegas de sala de aula no primeiro semestre do Curso de Letras da Universidade Regional do Cariri (URCA), no ano de 2003.1. E este poema trata de uma cena que me veio à mente ao me lembrar de uma de nossas vindas no ônibus escolar, juntamente com o grande amigo dele, o Harlon Homem de Lacerda Sousa.

Download do artigo
Autor: Adilio Jr. De Souza


Artigos Relacionados


Disfarce

Sedutora

Abandono

Vento

Crime De Amor...

Ja Ta Na Hora

15 De Outubro