Sampa



A menina já acorda agitada.

Aos primeiros sinais do dia abre as portas de seus olhos metálicos e solta seus primeiros sussurros. Aos poucos eles tornam uma animada conversa, levantando seu tom de voz até causar balburdia!

Seus longos cabelos grafite douram com a chegada do sol. É assim que ela desperta para o mundo.

Calçada em sapatos negros, veste-se de vida e sai nas mais diversas cores, rindo sozinha do seu modo de ser.

Caminha com velocidade, absorta em seus pensamentos mais íntimos.

Bem é verdade que muitas vezes ela se entristece, chorando compulsivamente até transbordar. Deve ser por sua mania compulsiva de crescer mais do que devia. Entretanto, atrasada como sempre, logo esquece seus dramas.

Ansiosa por sua total independência ela trabalha como nenhuma outra. E parece que nunca é demais. Ama o dinheiro, mas tem um coração que faz a todos verterem lágrimas com sua benevolência. Coisas só dela!

Ao final de mais um dia ela sempre pára; simplesmente pára! E volta lentamente para sua casa, apesar de nunca esquecer a pressa. Por vezes se torna até agressiva, tamanha sua incoerência!

Chegada a noite enche-se de contas reluzentes, brilhos e mais cores. Perfuma-se, veste seus melhores trajes e, com um charme irresistível, atravessa a madrugada contando suas intermináveis histórias.

No dia seguinte lá está ela, mais uma vez pronta para o seu dia.

Dizem que ela envelheceu muito... que nada! Continua uma criança!

Essa São Paulo não tem jeito mesmo: eternamente 24 horas!

Autor: Alberto Montenegro Siqueira


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