O Vigia



Ele sempre teve um ar superior!

Desde o dia em que o conheci olha os outros de cima, quase os esmagando de tão pequenos que se tornam ao seu lado.

Em algumas de minhas incursões cheguei até mesmo a questionar-me; Como pode ser tão indiferente?

Aproximam-se dele velhos e crianças, jovens e adultos. Alguns lamuriosos como que a lhe pedir milagres, outros maravilhados e ruidosos buscando ao menos uns poucos minutos de glória ao seu lado.

Ele, no entanto, permanece incólume. Mantém, de todos, uma certa distância; aquela que faz com que pareça igualmente reservado, intangível. E, ao mesmo tempo, abre os braços a quem quer que venha lhe fazer uma visita.

Quem o conhece fica atônito com sua onipresença. Alguns, mais entusiasmados comentam, depois que voltam para os seus lares, ser ele o próprio modelo da benevolência humana. E o fazem sempre passando a impressão de que se tornaram seus íntimos.

Esteja chovendo, um calor insuportável, ventando muito, como é comum em sua morada, nada o faz mudar sua expressão. Nem mesmo após ouvir os contos de Drummond ou os poemas de Vinícius, ela muda; continua tranqüila, muito embora nunca tenha o visto sorrir. E lá se vão anos!

Tenho certeza que adora a aurora e o pôr do sol, pois sempre os acompanha. E passa noites e noites sozinho...

Talvez pelo seu tamanho, fruto de uma descendência européia, ele seja assim; respeitável...

Sua permanência aqui nos trópicos mudou ao menos uma coisa; sua tez, outrora alvíssima, pareceu-me pela última vez amarelada. Acho que ele está pegando a cor do Brasil.

E em tempos de violência, como os que vivemos, rogo em cada visita:

- Cristo Redentor, "vigia" o Rio!


Autor: Alberto Montenegro Siqueira


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