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A filosofia aos domingos existe?

 

Aos domingos, a ‘família brasileira’ se reúne para apreciar dois programas de TV de excelentes valores culturais. ‘Domingão do infeliz e o dada Gugu’. O que se vê neles?

Ao pegarmos o controle terremoto, vemos apresentadores incríveis, um, não deixa nenhum entrevistado completar uma frase se quer, (isso dá ibope).  Fala-se muito em… ‘porra meu!’. Perdão leitor. Outro é movido a apelações fúteis! Vou mudar de canal? Adianta? Agora sim, neste programa os profissionais que filmam costumam enfiar a câmera nas nádegas das belas dançarinas. Elas são pagas para isso! O guri de dez anos sai da sala. Vai ao banheiro. Parece que está com um problema estomacal.

Leva-se uma pessoa com pouco poder aquisitivo, conhecimento e, dá-se um presentinho, chora-se um pouco, conta umas mentiras. E esse moleque não sai do banheiro! Ainda bem que não tem mais o ‘quadro da banheira’. Mudo de canal. Agora sim, vai começar ‘as vídeos cacetadas’: corre amor vem vê! O guri sai do toalete aliviado. Minha sogra acaba de chegar. Convido-a para vermos e rirmos das desgraças alheias. Ou nunca percebestes que vídeo cacetada é isto?

Um guri de três anos cai da escada e quase quebra o pescoço. Todos riem. Um idoso senta-se mal na cadeira e cai. Todos riem. Uma arquibancada de um circo desmorona. Mais risos. Somos uma família feliz. Adoramos rir das desgraças dos outros aos domingos. É o melhor momento da TV. Nesta, vemos bundas, palavrões, bundas, etc. Visto a roupa de dança da ‘Carla Pêra’ em minha filha de seis anos. Ela gosta. É só uma criança. Será que a Carla vai colocar a réplica da roupa dela na filha dela? Ah!

Meu filho de idade mais avançada, disse certo dia que nossa ‘linda família’ precisa ler e compreender o mito da caverna de Platão. ‘E, eu sei lá que qui é esse tal de ‘pratão’? Nunca cumi num deles! Em caverna também num lembru de te cumido tamém’. Ele fala que as pessoas que tem mais poder aquisitivo, também deviam compreender esse pensador. Na verdade, este filho, precisa é de um razoável psiquiatra. ‘Não fala coisa com coisa’. Eu já nem falo mais para ele isso. Ele sempre me pergunta: o que é que é coisa? Eu não suporto. Eu já falei para ele parar de ler revista pornô. Platão é pornô? Se for, eu já nem lembro mais. Esta é a vantagem do casamento. Isso quando a ‘cumadi’ não está meio brava. Aí, ‘tome’, Domingão do infeliz e dada Gugu. Ela assiste comigo. E as pessoas que enviam os vídeos, seriam eles seres pensantes? Um bom veterinário teria sérias dúvidas! Se é que vocês me entenderam. Vai um domingo aí?

 

E, é assim, “… que a gente se torna o que a gente é”. (Friedrich Nietzsche. Ecce Homo) 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor: Bessani, Dinaldo

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