Estudos das Concepções de Classe Hospitalar nos Tcc's da UEPA



Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Sociais e Educação
Curso de Pedagogia







Aline dos Santos Carneiro
Paulo André de Oliveira Costa









Estudo das Concepções sobre Classe Hospitalar nos Trabalhos de Conclusão de Curso e Monografias do Centro de Ciências Sociais e Educação da UEPA














Belém
2010




















Aline dos Santos Carneiro
Paulo André de Oliveira Costa















Estudo das Concepções sobre Classe Hospitalar nos Trabalhos de Conclusão de Curso e Monografias do Centro de Ciências Sociais e Educação da UEPA









Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia, da Universidade do Estado do Pará. Orientadora: Profª Roseane Fernandes.












Belém
2010
Aline dos Santos Carneiro
Paulo André de Oliveira Costa










Estudo das Concepções sobre Classe Hospitalar nos Trabalhos de Conclusão de Curso e Monografias do Centro de Ciências Sociais e Educação da UEPA







Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Pedagogia, Universidade do Estado do Pará. Orientadora: Profª Roseane Fernandes










Data de Aprovação: _____/_____/_____

Banca Examinadora:

_____________________________________ Orientador
Profª Roseane Fernandes.
CCSE/UEPA.

_____________________________________ Banca Examinadora
Profº Evaldo Rodrigues



RESUMO

CARNEIRO, Aline dos Santos. COSTA, Paulo André de Oliveira Estudo das Concepções sobre Classe Hospitalar nos Trabalhos de Conclusão de Curso do Centro de Ciências Sociais e Educação da UEPA. Belém, 2010. (Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Pedagogia) - Universidade do Estado do Pará. CCSE.

A presente pesquisa tem como finalidade o estudo das concepções sobre classe hospitalar nos Trabalhos de Conclusão de Curso do Centro de Ciências Sociais e Educação da UEPA, analisando as literaturas já existentes sobre o tema. A pesquisa foi do tipo exploratória conduzida dentro de uma abordagem qualitativa, realizada por meio de uma pesquisa bibliográfica e documental. Como fonte de nossa pesquisa utilizou os trabalhos de conclusão de curso de pedagogia, sobre classe hospitalar que falam das suas novas experiências tanto em Belém quanto no Brasil. Para a síntese das informações, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo e destacaram-se quatro sub-temas assim determinados : Principais concepções de classe hospitalar encontradas nos trabalhos de conclusão de curso da UEPA, metodologias abordadas nos trabalhos de conclusão de curso, divergências e convergências encontradas nos trabalhos de conclusão de curso, experiências práticas encontradas nos trabalhos de conclusão de curso. Conclui-se que essas produções apontaram uma inquietação em realizar uma boa fundamentação sobre os temas abordados, abrangendo o universo que a pedagogia hospitalar e as concepções de classe hospitalar passam no Brasil. Além de sempre mostrar as conquistas realizadas e as dificuldades ainda encontradas, as pesquisas sempre conduziam para o ponto mais crucial de toda sua fundamentação, que é recuperar o aluno-paciente através da socialização e do processo de inclusão.



Palavras chave: Classe hospitalar; Educação; aluno-paciente.



















ABSTRACT

CARNEIRO, Aline dos Santos. COSTA, Paulo André de Oliveira. Study of Conceptions of Class Hospital in Completion of course work at the Center for Social Sciences and Education UEPA. Belém, 2010. (Work Completion Bachelor of Education) - University of Pará State CCSE.


This research aims to study the concepts of class hospital in the work of completion of the Center for Social Sciences UEPA, analyzing the existing literature on the subject. The research was conducted within an exploratory qualitative approach, accomplished through a bibliographic and documentary research. As a source of our research used the work of completion of education, hospital class who speak about their new experiences in both Belém and Brazil. To summarize the information, we used the technique of content analysis and highlights are four sub-themes characterized as follows: Key concepts of class hospital found in the work of completion of UEPA, methodologies discussed in the work of completion, differences and similarities found in the work of completing the course, practical experiences encountered in the work of completion. We conclude that these films showed a concern in making a good foundation on the topics covering the universe that the hospital and teaching the concepts of class hospital are in Brazil. In addition to always show the achievements made and difficulties encountered yet, the polls always led to the most crucial point of all his reasoning, which is to recover the student-patient through the process of socialization and inclusion.



Words Key: Hospital school, Education, student-patient.






















LISTA DE TABELAS

Tabela ? 1. Ambiente Físico das Classes Hospitalares...........................................30
Tabela ? 2. Formação Acadêmica dos Professores.................................................32
Tabela ? 3. Profissionais Atuantes no Projeto Prosseguir.......................................35
Tabela ? 4. Professores Atuantes por Nível..............................................................35










































LISTA DE ABREVIATURAS

CCSE ? Centro de Ciências Sociais e Educação
HOL ? Hospital Ophir Loyola
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
MEC ? Ministério da Educação
NEP ? Núcleo de Educação Popular Paulo Freire
SEDUC ? Secretaria de Educação e Cultura
SEESP ? Secretaria de Educação Especial
TCC ? Trabalho de Conclusão de Curso
UEPA ? Universidade do Estado do Pará
UEPG ? Universidade Estadual de Ponta Grossa


























AGRADECIMENTOS

À minha família por estar sempre ao meu lado, pela força, coragem e perseverança em todas as fases da minha vida e pela possibilidade de chegar até o final desta etapa, independente das barreiras enfrentadas.
Em especial ao meu Pai, in memória, que mesmo no céu, sempre está perto de mim, sendo o meu grande incentivo.
Aos meus avós que foram os responsáveis pelo meu crescimento e minha formação como cidadã.
À minha mãe, um exemplo de persistência e coragem, que sempre acompanhou o meu desenvolvimento.
À minha única irmã, Alana Carneiro, minha amiga, companheira, que sempre me ajudou, e sempre chama minha atenção quando preciso.
Aos meus tios em especial à minha tia Zuza que me acolheu como filha, me ajudando em todos os sentidos.
Ao meu namorado Lucas Menezes, pelo amor, amizade, conselhos, paciência nos momentos que precisei e por me incentivar a correr atrás dos meus objetivos.
E por fim, a todos que indiretamente, contribuíram para a realização de mais esta etapa de minha vida.

Aline dos Santos Carneiro



















AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por todas as graças alcançadas, por me iluminar e por cumprir na hora certa suas promessas.
Aos meus pais, Paulo Adilson e Ana Léa Costa por todo suporte e amor a que tem me dedicado todos esses anos.
À minha amada esposa Mayara Lima que me ensina todos os dias a amar cada vez mais.
Ao meu amado e querido filho Gabriel Rouve Costa por todos os dias trazer sentido e razão à minha vida.
À minha avó Ana e ao meu Tio Charles por todo apoio, incentivo e carinho que me dá forças para seguir com determinação na busca dos meus objetivos.
Aos meus irmãos Junior e Afonso Costa por sempre estarem do meu lado.
E por fim, a todos que indiretamente, contribuíram para a realização de mais esta etapa de minha vida.

Paulo André de Oliveira Costa.
























SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPITULO I: CLASSE HOSPITALAR E SUAS DIVERSIFICAÇÕES 13
1.1. CONCEPÇÕES SOBRE CLASSE HOSPITALAR 13
1.2. ASPECTOS PEDAGÓGICOS 17
1.3 ASPECTOS LÚDICOS 21
CAPITULO II: ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE CLASSE HOSPITALAR ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DA UEPA 24
2.1 PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE CLASSE HOSPITALAR ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DA UEPA 24
2.2 METODOLOGIAS ABORDADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO 25
2.3 DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO. 26
2.4 EXPERIENCIAS PRÁTICAS ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO 31
3. CAPITULO III: RESULTADOS E DISCUSSÕES 34
3.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 34
CONSIDERAÇÕES FINAIS 36
REFERÊNCIAS 38



















INTRODUÇÃO

A educação é um direito de todos, e mesmo com a enorme quantidade de pesquisas na área a educação, a mesma ainda está longe de ser perfeita, pois é um processo que requer muita dedicação das classes dos profissionais do eixo educativo e das pessoas que compõem a sociedade. Assim, quando argumentamos sobre educação, estamos debatendo mudanças e possibilitando melhorias para o ser humano e isto, significa falar de cidadania. Entendemos que não podemos definir educação de uma forma precisa, pois requer análises diversificadas e organizadas em decorrência de diversidades de abordagens e de temas que ela engloba, além do suporte em diversas outras ciências. Portanto, a busca pela melhoria da educação faz com que as pessoas procurem novas idéias, novas propostas metodológicas e novas técnicas de ensino. A educação vai além dos muros das escolas formais, sendo assim para ensinar, e para constituir o ato pedagógico, não existem fronteiras, a ação educativa pode acontecer em qualquer lugar, ruas praças, hospitais, igrejas, etc.
Entendendo que a educação se faz em diversificados ambientes, o profissional de educação no atual contexto, deve estar preparado para o desafio de educar em ambientes empresariais, sociais e hospitales. E por perceber essa necessidade de compreensão da formação do pedagogo, emerge a motivação principal desta pesquisa, que vêem com a intenção de compreender as concepções de classe hospitalares nos trabalhos de conclusão de curso de pedagogia do Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE) da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e sua importância para a evolução da educação hospitalar no estado do Pará, e quais contribuições para o tratamento dos alunos pacientes.
Entendemos que a classe hospitalar pode proporcionar mudanças significativas no quadro clínico de um aluno-paciente, através da continuidade escolar e estimulando a auto-estima, segurança, aceitação da doença, continuidade do seu desenvolvimento psicossocial, pois este profissional instiga seus alunos-pacientes a dar continuidade no seu desenvolvimento escolar, a criar, brincar, sentir, socializar, pensar, trocar experiências e tudo isso não deve ser interrompido em função de uma internação.
A relação pedagógica, ou seja, o ato educativo, não mais se encontra entre as quatro paredes da escola. Ela advém nas diversas relações sociais, tanto no plano local, quanto no plano global.
Portanto esse trabalho tentará mostrar um panorama dos trabalhos de conclusão de curso presentes na biblioteca do CCSE tentando demonstrar as convergências, divergências, abordagens e como os alunos que concluíram o curso de pedagogia da UEPA, pensam e quais foram suas experiências sobre classe hospitalar.
Acreditamos que o estudo das concepções de classe hospitalar contidos nos trabalhos de conclusão de curso CCSE da UEPA será de muita importância para os profissionais de pedagogia, pois contribui muito para a difusão e para esclarecimentos acerca deste importante espaço educativo além, de proporcionar reflexão sobre a atuação do pedagogo em ambientes não-escolares. Desta forma visa contribuir com a sociedade atendendo essa nova demanda existente para os profissionais da saúde e da educação. O estudo pode possibilitar em relação ao meio acadêmico, a expansão de pesquisas voltadas ao tema, como também para formação de profissionais especializados em pedagogia hospitalar, pois ainda há carência de estudos nessa área.
A pesquisa vem mostrar a importância da classe hospitalar para o paciente e para o hospital, pois além de oferecer assessoria ao atendimento emocional, atende também o cognitivo e especializado de forma que sua caracterização se dá através de atividades diversificadas, a fim de recuperar a socialização através do processo de inclusão, dando continuidade a sua aprendizagem, ou seja, a classe hospitalar é uma garantia que o aluno-paciente possui para exercer seu direito à escolarização.
Portanto, temos como objetivo identificar se os trabalhos acadêmicos de pedagogia hospitalar dos alunos do CCSE da UEPA nos trazem de forma esclarecida as concepções e as práticas sobre classe hospitalar.
Considera-se que o estudo que pretendemos realizar, trará uma discussão sobre o que os futuros profissionais de educação pensam, pesquisam e produzem, sobre essa nova perspectiva do trabalho pedagógico no ambiente hospitalar, sendo assim, criou-se a motivação de pesquisar e analisar as produções que os concluintes do curso de pedagogia realizam sobre classe hospitalar, e sobre o papel que o profissional de pedagogia exerce nas experiências citadas nos trabalhos.
O pedagogo nessa perspectiva pode assumir um papel de pesquisador trazendo para a sua prática pedagógica e para a produção de referenciais para essa temática de classe hospitalar, que ainda é escasso. Barbier (2002) sobre o ato de pesquisar nos diz:

O pesquisador desempenha, então, seu papel profissional numa dialética que articula constantemente a implicação e o distanciamento, a afetividade e a racionalidade, o simbólico e o imaginário, a mediação e o desafio, a auto-formação e a heteroformação, a ciência e arte (p. 18).


As produções científicas dos cursos são importantes para registros dos conhecimentos que a academia anda produzindo sobre classe hospitalar, por isso nosso estudo sobre os trabalhos de conclusão de curso é importante na tentativa de nortear novas práticas e hábitos de pesquisa nos alunos do CCSE.




















CAPITULO I: CLASSE HOSPITALAR E SUAS DIVERSIFICAÇÕES

1.1. CONCEPÇÕES SOBRE CLASSE HOSPITALAR

Com o avanço de pesquisas sobre as novas atribuições do trabalho pedagógico, observou-se que o pedagogo poderia de forma competente exercer funções em ambientes diversificados, que extrapolasse o ambiente escolar. Novas configurações começaram a se delinear e uma delas é o atendimento educacional especializado em ambiente hospitalar. Nessa perspectiva o hospital virou espaço educativo e de aprendizagem, onde as necessidades intelectuais de crianças e jovens hospitalizados poderão passar a ser supridos com metodologias e técnicas educativas organizadas por profissionais qualificados. Esse espaço citado passou a ser chamado de classe hospitalar.
A leitura ampla dos espaços de ação pedagógica é corroborada pela resolução nº 1, de 16 de maio de 2006, do Conselho Nacional de Educação por meio de seu Conselho Pleno, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia. Nº art. 5ª, inciso IV, dessa resolução, encontramos definidas dentre as aptidões do pedagogo: "trabalhar, em espaços escolares e não escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo" (BRASIL, 2006). E o hospital configura um ambiente extra-escolar de ação educativa, onde o pedagogo passou a exercer atividades mais formalizadas dentro do espaço terapêutico.
Denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde. É uma modalidade de educação especial que permite a continuidade do processo educacional.

Segundo a política do Ministério da Educação (MEC), Classe Hospitalar é um ambiente que possibilita o atendimento educacional de crianças e jovens internados que necessitam de educação especial e que estejam em tratamento hospitalar (Brasil, 1994, p.20).


Para aquelas crianças e adolescentes que estão afastadas da escola por motivo de enfermidade, a classe garante ao aluno-paciente o acesso á educação, a fim de evitar a evasão ou repetência escolar durante e após a internação, para que não haja comprometimento de sua aprendizagem, pois prima basicamente à escolarização, seguindo o padrão das escolas regulares com algumas peculiaridades adaptadas ao hospital. A classe contribui também além na melhora da qualidade de vida, integração social, emocional, resgata a auto-estima, ameniza o sofrimento e a dor através de propostas pedagógicas humanizadas.
Ao longo de sua aprendizagem, qualquer aluno pode apresentar alguma necessidade educacional especial, temporária ou permanente, sendo assim, a classe hospitalar vem suprir uma necessidade educacional das crianças e adolescentes hospitalizados.
Apesar de ser na Política Nacional de Educação Especial (MEC/SEESP, 1994/1995) que a educação em hospital aparece como modalidade de ensino e de onde decorre a nomenclatura, conclui-se que: esta oferta educacional não se resume ás crianças com transtornos de desenvolvimento, mas também ás crianças em situação de risco ao desenvolvimento como é o caso da internação Hospitalar.
O objetivo de oferecer acompanhamento curricular deve prever que todas as áreas do conhecimento sejam contempladas. Por conta disto, o processo de ensino-aprendizagem de conteúdos promovidos nas enfermarias e classes, possui um caráter individualizante.
Trabalhar junto a crianças e adolescentes hospitalizados é um desafio que implica em descobrir estratégias diferenciadas e adaptáveis à realidade e necessidade de cada um, por exemplo, como abordar e provocar neles interesse em aprender, diante de uma doença grave.
A pedagogia hospitalar procura proporcionar assessoria, atendimento emocional e humano tanto para o doente como para o familiar que, muitas ocasiões, apresentam dificuldade de ordem psico-afetiva que podem prejudicar na adequação no espaço. Ela acontece quando crianças ou adolescentes ficam internados por um extenso período perdendo aulas. O pedagogo organiza o conteúdo e, dentro do próprio hospital, desempenha as atividades propostas de forma adequada a cada paciente, para que o fato de estarem hospitalizadas não seja ainda mais dolente e acabe prejudicando tanto sua saúde quanto seus estudos.

A criança por ser um ser/cidadão em desenvolvimento manifesta necessidades intelectuais próprias de seu desenvolvimento psíquico e cognitivo, organizados através de vivencias próprias, que interferem em sensações corporais, no momento em que se deparam com relações de convivência, pelas oportunidades sócio-interativas e de exploração intelectual dos ambientes de vida (CECCIM,1999).

A classe hospitalar transcende a escolarização, ela acaba assumindo outros papéis dentro de seu funcionamento, é nela que os alunos pacientes encontram refúgio no hospital, suprindo suas necessidades educacionais e intelectuais, e exercendo seus direitos de cidadão. Dessa forma a educação nesse ponto assume propriedades, e prioridades terapêuticas, pois suprir necessidades educacionais e desenvolver-se cognitiva e afetivamente trazem saúde aos alunos pacientes, e a educação constrói nesse ponto uma abordagem terapêutica. Sobre esse papel da classe hospitalar Ortiz (1999) nos diz que: "A classe hospitalar é uma abordagem de educação ressignificada como prioridade, ao lado do tratamento terapêutico". Essa ressignificação da educação na classe hospitalar é que forma uma das peculiaridades da mesma.
O atendimento na classe hospitalar em alguns casos é por um tempo curto devido à internação não ser muito longa, e pode parecer não significar muito para a criança que está inserida na escola regular, mas para o aluno paciente por mais curto que seja é muito importante (FONSECA, 2003), por isso a classe hospitalar é uma peça chave na recuperação de muitas crianças. É na classe hospitalar que muita das vezes a criança consegue se sentir inclusa e no pleno exercício do seu direito à educação.
CECCIM (2000) destaca o hospital como um ambiente tecnificado e impessoal. Sendo assim a classe hospitalar com sua ação pedagógica, vem transformar o espaço de tratamento de saúde mais humanizado. Essa atribuição da classe é notória quando adentramos em uma enfermaria infantil, e o trabalho está em curso.
A classe hospitalar vem como uma ferramenta pedagógica, que permite as crianças hospitalizadas uma continuidade nos seus estudos. Em muitos casos a classe hospitalar é o primeiro contato que a criança tem com a escola, por isso muita das vezes após a alta muitas crianças permanecem na classe, devido dificuldades de serem inseridas na rede regular, por isso classe deve ter o objetivo principal de construir um currículo integrado com o sistema educacional da rede nacional de educação. Crianças que passam por um período muito longo de internação se beneficiam da ação pedagógica proposta oficialmente pela classe hospitalar se assemelhando aos moldes das escolas oficiais.

Essas crianças, por passarem muito tempo internadas, acabam tendo um contato muito próximo com os professores hospitalares, o que faz com que, as atividades escolares nesta instituição, com estas crianças, tenham uma maior regularidade e se assemelhem muito aos moldes das escolas oficiais, muito embora, em alguns momentos, estas crianças, mesmo que no hospital, sintam-se indispostas e não possam acompanhar as programações escolares. (PAULA, 2002, p. 13).

Entendemos que as crianças hospitalizadas possuem suas dificuldades para ter uma assiduidade nas classes, acontece que devido seu tratamento, elas por vezes se encontram debilitadas e acabam tendo dificuldades para acompanhar as atividades. É importante que os professores hospitalares encontrem saídas diárias para todas essas particularidades, se o aluno não puder ir até o espaço da classe, a classe deverá ir até ela.
As classes encontram algumas dificuldades, por mais que exista uma regulamentação e uma preparação de profissionais de educação para trabalhar nesse espaço, existe certo descaso do estado e muita das vezes a implantação de classes se dá de forma improvisada.

Em alguns hospitais públicos existem as chamadas classes hospitalares. São anexos das escolas públicas municipais que, na verdade, utilizam espaços que deviam estar ocupados por mais leitos pediátricos, laboratórios e consultórios e não estão por descaso das autoridades com a saúde pública. Essas classes sofrem um problema de identidade: sendo anexos de uma escola da rede municipal, não fazem, de fato, parte de escola alguma; por outro lado, embora funcionem dentro do hospital, não fazem parte dele. (...) O que precisamos mesmo é olhar a enfermaria pediátrica de modo novo, um modo de olhar que talvez possa ser apreendido na pedagogia clínica, quando a pedagogia clínica existir. (TAAM, 2000, p.75).

Esse novo olhar que precisamos construir em relação às classes hospitalares, como um espaço inclusivo e necessário para a afirmação dos direitos das crianças e adolescentes hospitalizados.
A classe hospitalar é um ramo da educação que proporciona à criança e ao adolescente hospitalizado uma recuperação mais aliviada, através de atividades lúdicas, pedagógicas e recreativas. Além disso, previne o fracasso escolar, que nesses casos, é originado pelo afastamento da rotina escolar. Pretende integrar o doente no seu novo modo de vida tão rápido quanto possível dentro de um ambiente acolhedor e humanizado, mantendo contatos com o meio exterior privilegiando as suas relações sociais e reforçando os laços familiares.
Sendo assim, é importante se ter a idéia do hospital como espaço de educação para as crianças hospitalizadas, uma vez que neste ambiente também podem ocorrer práticas que propiciam o desenvolvimento da mesma. Além disso, a educação não é um fenômeno, exclusivamente escolar, pois:
Ninguém escapa da educação. Em casa, na igreja, ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante (BRANDÃO, 1981, p. 7).
1.2. ASPECTOS PEDAGÓGICOS

Segundo Libâneo (op. cit., p. 96), a "Pedagogia é a teoria e prática da educação". A formação do pedagogo, portanto, deve permitir a sua atuação em vários campos educativos para suprir as necessidades sócio-educativas de tipo formal, não formal e informal da sociedade atual.
Diante disso, o pedagogo:

É o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica (LIBÂNEO, 2005, p. 96).

O pedagogo, desta forma, tem a possibilidade de atuar em outros lugares, que não a escola, já que seu objetivo é a formação humana. Dessa forma o professor segundo o (MEC) e a (SEESP):

Deverá ter a formação pedagógica preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de Pedagogia ou licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educandos e as características delas decorrentes, sejam do ponto de vista clínico, sejam do ponto de vista afetivo. (BRASIL, 2002, p. 22).

A melhoria da qualidade da educação no Brasil não depende só de uma boa formação do pedagogo, longe de querer passar essa ideia, mas é inegável o papel relevante que tem esse profissional no processo ensino-aprendizagem dos que estão nos sistemas de ensino. Os pedagogos especialistas poderão proporcionar às escolas ajuda no sentido do pensar sua função social, definir os objetivos, as capacidades, as competências, as habilidades, o currículo, as metodologias de ensino, a gestão de sala de aula, entre outros.
Exige-se que o pedagogo acompanhe as mudanças, os avanços das novas teorias científicas capazes de fundamentarem a ação pedagógica. Moraes (2003) afirma que,

Uma nova epistemologia implica em uma nova concepção de trabalho científico, em uma nova concepção do conhecimento, como também uma compreensão mais adequada da realidade e do mundo em que vivemos.


Morin (2000) destaca que,


Como humanidade, não podemos esquecer que necessitamos de novas bases teóricas e de novas práticas pedagógicas que favoreçam não apenas o desenvolvimento da inteligência humana, mas sobretudo, que colaborem para uma reforma do pensamento humano.


Ampliar o conceito de educação implica em repensar as consequências da ação pedagógica, e a formação profissional implica num repensar os processos de aprendizagem, na qual o pedagogo se insere. LIBÂNEO (2000) destaca que,

O que se quer ressaltar é a efetiva ampliação do conceito de educação, a diversificação de atividades educativas e, em consequência, da ação pedagógica em múltiplas instâncias. (...) Para tanto, repõe-se a necessidade de formação geral e profissional implicando o repensar dos processos de aprendizagem e das formas do aprender a aprender. (LIBÂNEO, 2000, p. 144)

As atividades e processos que o pedagogo inicia dentro das classes passam por uma ressignificação da prática pedagógica, para os alunos pacientes a aprendizagem e o seu desenvolvimento pleno são elementos que suavizam seu estado dolente, ocasionando uma possibilidade terapêutica no processo pedagógico.
De acordo com Fontes (2006, p. 6): A abordagem pedagógica pode ser entendida como instrumento de suavização dos efeitos traumáticos da internação hospitalar e do impacto causado pelo distanciamento da criança de sua rotina, principalmente no que se refere ao afastamento escolar.
Devido longos tratamentos, é muito difícil para o aluno paciente estar de bem consigo mesmo, pois seu afastamento do mundo externo ao hospital é muito traumático.
Desse modo, o processo de internação e o espaço hospitalar passa a ter um novo sentido e redimensionados por meio de atividades educativas que propiciem o prosseguimento da rotina própria da infância e a ligação com a vida fora do hospital.
Por meio de implementação das classes hospitalares, nome dado pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Secretaria de Educação Especial ao atendimento educacional de crianças e jovens hospitalizados, o pedagogo poderá desenvolver uma prática educativa que envolva atividades lúdicas e recreativas, através de jogos e brincadeiras; atividades com artes, usando formas diversificadas de expressão: desenho, pintura, música, colagem, recorte e modelagem; atividades literárias a partir da narração, leitura e dramatização de história e contos infantis; atividades de escolarização onde o conteúdo curricular é trabalhado, permitindo a continuidade do processo ensino-aprendizagem.
A Classe Hospitalar, através das práticas pedagógicas e a ludicidade busca socializar o paciente humanizando o seu tratamento, para que estabelecido possa se reintegrar ao mundo exterior se adaptando com maior facilidade após o processo de internação. Esse aspecto levantado por Amaral e Silva (2007:1), identifica que,

Educar significa utilizar práticas pedagógicas que desenvolvam simultaneamente razão, sensação, sentimento e intuição e que estimulem a integração intercultural e a visão planetária das coisas, em nome da paz e da unidade do mundo. Assim, a educação além de transmitir e construir o saber sistematizado assume um sentido terapêutico ao despertar no educando uma nova consciência que transcenda do eu individual para o eu transpessoal."

Entretanto, toda proposta e ação pedagógica que se pretenda desenvolver no espaço hospitalar, deverão respeitar a singularidade desse ambiente, as potencialidades e possibilidades da criança que se encontra em estado de debilidade física. Nessa perspectiva, o pedagogo trabalhará com experiências e situações educacionais que ofereçam atividades possíveis de serem realizadas pela criança, mesmo estando doente, de forma que não aguce a frustração e o medo, mas resgate a normalidade da vida.
Ao conhecer e desmitificar o ambiente hospitalar, re-significando suas práticas e rotinas como uma das propostas de atendimento pedagógico em hospital, o medo da criança, que paralisa as ações e cria resistência, tende a desaparecer, surgindo, em seu lugar, a intimidade com o espaço e a confiança naqueles que ali atuam.
Atualmente as equipes de atendimento multidisciplinar começam a olhar o paciente como indivíduo que necessita ser cuidado de forma integral, considerando seus aspectos biopsicossociais. É nesse contexto que se destaca o papel do professor de classe hospitalar, que busca dar um novo sentido à prática educativa e ao ambiente educacional.
Esse atendimento se dá de maneira direcionada e individual, sempre respeitando a criança, seu quadro clínico, a gravidade da enfermidade, suas emoções entre outros aspectos. Seu atendimento poderá ser desenvolvido não somente na classe hospitalar, pode ser na enfermaria, no leito ou no quarto de isolamento.
O professor deve ser bastante flexível, pois a realidade dentro do hospital é vasta, várias são as situações encontradas, estágios de doenças, aspectos escolares, resistência, a prática pedagógica nesse espaço exige um maior esforço variado, pois requer compreensão, planejamento e temas geradores.
É preciso que tenha um planejamento junto com a equipe da área da saúde isso deve ser imprescindível, pois serão os mesmos que irão dizer se o paciente está em condições para fazer as tarefas.
Durante o tempo de hospitalização, o volume de informações a que as crianças e seus acompanhantes estão submetidos precisa ser trabalhado de modo pedagógico num contexto de atividades de socialização das crianças e de seus conhecimentos, sejam eles escolares, informais ou hospitalares (no caso das crianças reincidentes ou com maior tempo de internação).
A criança aprende a criar mecanismos para minimizar a sua dor, e esses mecanismos podem ser socializados e até utilizados por outras crianças. Essa também é uma prática educativa, mediada pelo indivíduo mais experiente da cultura. O importante é perceber a criança e seus familiares como seres pensantes que, quando chegam ao hospital, já trazem histórias de vida, conhecimentos prévios sobre o que é saúde, doença, e sobre sua ação nessa dinâmica. A atuação do professor deve proporcionar uma articulação significativa entre o saber do cotidiano do paciente e o saber científico do médico, sempre respeitando as diferenças que existem entre ambos os saberes.
1.3 ASPECTOS LÚDICOS

Quando pensamos no lúdico, é comum nos remetermos a uma fase do desenvolvimento humano que é a infância já que nesta fase ele se manifesta com maior intensidade. Werneck (1997) nos fala que a infância representa uma fase da vida que deve ser aproveitada e vivida da melhor maneira possível, abrindo possibilidades diferenciadas de lidar, de forma crítica, criativa e prazerosa, com o próprio corpo, com o corpo do outro e com o corpo do mundo, ampliando o universo gestual.
Brincar é uma necessidade, é um prazer, é uma forma de treinamento para futuras situações da vida adulta. Brincar é um fator de proteção, de liberação de angustia, de aprendizagem, de regras, de relações sociais e de auto-estima.
Desta forma, o redimensionamento do lúdico ao ambiente hospitalar configura-se como fonte fundamental para o resgate da auto-estima e do prazer de ensinar aprender de todos os sujeitos da instituição hospitalar trazendo benefícios incontestáveis ao processo educativo e de recuperação.
Assim pode-se perceber que a vivência do lazer em instituições hospitalares é de extrema importância, pois ele além de ser amenizador de conflitos e de tensões permite ao ser identificar-se enquanto portador de vontades e de habilidades para desenvolver as atividades que estiverem ligadas aos seus interesses.
Estimular a brincadeira no hospital, segundo OLIVEIRA, (2003) acelera a recuperação da criança e ajuda a lidar com algo importante, que é o fato de elas sentirem a doença ou a hospitalização como castigo para algo errado que tenham feito, custando a associar a hospitalização à cura da doença. Concordamos com Werneck (2003) quando afirma que o lúdico é uma das essências da vida humana que instaura e constitui novas formas de fruir a vida social, marcadas pela exaltação dos sentidos e das emoções, misturando alegria e angústia, relaxamento e tensão, prazer e conflito, liberdade e concessão etc. O que acontece quando a criança brinca no hospital?
Pelo brincar ela se expressa, mostra o que sente e quem é, aparecendo como sujeito, com vontades, e não mero objeto de cuidados. A classe hospitalar constitui-se numa oportunidade de ensaiar novas abordagens do ensino e pode representar um espaço de renovação pedagógica, especialmente quando ludicamente inspirada, quem sabe até conferindo novos sentidos ao conceito de escola e aprendizagem e contribuindo, assim, para reconciliar a criança com a vida escolar.
Contudo, brincar no hospital não deve servir para distanciá-la da realidade, distraindo-a, tal como uma manobra diversionista, mas deve auxiliá-la a vivê-la: desenvolvendo seu raciocínio, sua capacidade de expressão, melhorando seu ânimo, a criança reúne forças e instrumentos intelectuais para compreender a realidade em que vive.
Esses fatores agem positivamente na recuperação das mesmas, de forma que existe uma "fuga" do momento difícil, passando a ser um momento agradável, podendo gerar também algumas modificações fisiológicas que colaboram com a efetivação e o tempo de tratamento.
Neste contexto, a promoção de atividades lúdicas no ambiente hospitalar apresenta-se como uma possibilidade de atenção integral à criança e seus anseios possibilitando a ela mesmo ocupando grande parte de seu tempo nesse espaço, apropriar-se de elementos próprios da cultura lúdica e ter atendido seu direito e necessidade de brincar, já reconhecidos por lei (CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1995).
Além disso, esta sensibilidade à criança enquanto sujeito, pode proporcionar uma vivência mais favorável desta fase, prevenindo ou reduzindo a ocorrência de traumas em função do próprio tratamento.
Exemplos dos resultados da abordagem lúdica no hospital são eloqüentes testemunhos da melhora da criança hospitalizada.
Dentro do que tange os limites de uma classe hospitalar, não podemos esquecer uma das finalidades do trabalho pedagógico desenvolvidos com os alunos pacientes, que é a possibilidade de uma recuperação humanizada, inclusiva, trazendo uma possibilidade de a criança no período de sua recuperação estudar e desenvolver atividades educacionais lúdicas para que ela possa dar continuidade no seu desenvolvimento, mesmo estando na condição de enfermo.
Sendo assim podemos visualizar que uma porta se abre na prática educacional desenvolvida nas classes hospitalares. A classe se torna um espaço que pode propiciar uma melhor recuperação ao aluno paciente, pois entendemos que através de práticas educacionais bem comprometidas e planejadas com atividades que possam lhes dar prazer, a brincadeira, o lúdico, o "descobrir" dentro da classe, pode proporcionar um atendimento pedagógico humanizado e terapêutico.
O lúdico como forma terapêutica é entendido como restabelecimento, restauração, recuperação que concilia a diversão e a terapia através de atividades e dinâmicas estabelecidas conforme a necessidade de cada paciente, tornando a passagem pelo hospital menos traumática. E através de sua prática trás resultados relevantes como a melhora na qualidade de vida dos pacientes, uma maior aceitação da doença e do tratamento médico, uma diminuição considerável do nível de abandono do tratamento, facilitando a integração do paciente ao ambiente hospitalar e uma melhor readaptação ao meio social de origem.
O brinquedo na abordagem lúdica funciona como escape da criança, é no brincar que ela transporta para o meio externo seus traumas suas angustias e etc. Na sua abordagem psicoterapêutica, o papel da intervenção lúdica como facilitadora do dialogo e do encontro afetivo com a criança, pois o brincar favorece a construção do eu, para fortalecer as condições de contato proporcionar experiências de renovação e conscientização de si mesma, por meio da assimilação e uso do intelecto.
"no ponto de vista pedagógico, vale salientar que a ludicidade facilita a aprendizagem sobre efeitos naturais e relacionados, e estimula o desenvolvimento neuro-psicomotor e cognitivo, e, portanto indispensável no processo de socialização. Os jogos com regras e brincadeiras próprios da infância, estimulam mudanças significativas nos processos psíquicos permitindo a expressão da subjetividade". (KISHIMOTO, 1994, p. 4).

O brincar neste contexto se insere como recurso terapêutico e pedagógico, tão importante quanto a prescrição médica, ou seja, destaca o papel do brincar enquanto recurso indispensável capaz de transformar o ambiente hospitalar, proporcionando a melhoria das condições psicológicas de crianças em face da incapacidade da mesma de compreender a situação de hospitalização e todas as privações dela decorrentes, em especial as limitações das possibilidades lúdicas.


CAPITULO II: ESTUDO DAS CONCEPÇÕES DE CLASSE HOSPITALAR ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DA UEPA

2.1 PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE CLASSE HOSPITALAR ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO DA UEPA

As coletas de dados feitas nas monografias mostram as mais recentes pesquisas sobre as concepções sobre classes hospitalares. Selecionamos quatro trabalhos produzidos no período de 2006 a 2009, a critério de organização e de preservação da identidade dos pesquisados nos reportamos da seguinte forma: primeiro segundo, terceiro e quarto, para compreender as bases dos conceitos de classe hospitalar.

Iniciaremos com a concepção de que a classe hospitalar é a continuidade do processo educacional vivenciado pela criança ou adolescente, que por motivos de doenças que levam as intervenções hospitalares, tiveram este processo interrompido. [...] O objetivo das classes hospitalares o de dar continuidade ao processo de desenvolvimento e de aprendizagem dos alunos matriculados em escolas da educação básica, contribuindo para o seu retorno e reintegração ao grupo de origem (FONTES, 2005 apud LOPES p. 16).
Em oura perspectiva a classe hospitalar consiste em uma modalidade de atendimento da educação especial, conforme postula a Política Nacional de Educação (1994), que em linhas gerais preocupa-se com o acompanhamento escolar das crianças hospitalizadas, ou seja, pretende dar continuidade à aprendizagem dos conteúdos sistematizados. [...] Sendo assim, a classe hospitalar é responsável pela articulação de ações educacionais em ambiente hospitalar, para alunos pacientes internados e ambulatoriais, tendo em vista a prevenção da defasagem de aprendizagem das crianças e adolescentes, estando estes hospitalizados ou em domicílio.
Outra concepção é a de que a classe hospitalar é um atendimento pedagógico educacional em ambiente hospitalar é uma modalidade de atendimento especial de ensino, prevista em lei, que ampara crianças e adolescentes hospitalizados que precisam ausentar-se da escola por razão de suas enfermidades. Prevê o acolhimento didático-pedagógico no próprio ambiente hospitalar, contribuindo para a continuidade da escolaridade básica, evitando a evasão escolar durante a internação e após a alta hospitalar, possibilitando que o desenvolvimento e aprendizagem do educando não sejam tão comprometidos pelo trauma da internação.
Esse atendimento prima basicamente pela escolarização das crianças e jovens atendidos, e segue o padrão de modelo da escola regular de ensino, incluindo alguns aspectos de sua dinâmica, mas respeitando as especificidades do ambiente hospitalar.
E um último conceito retrata uma modalidade da educação especial que visa ao atendimento pedagógico das crianças e adolescentes que por condições especiais de saúde, encontram-se hospitalizadas, garantindo aos educandos a acesso á educação para manter e atualizar suas necessidades educacionais e sociais e também contribuir para a melhoria de seu quadro clínico.
Os objetivos da classe hospitalar são oferecer às crianças e adolescentes hospitalizados, de acordo com os limites e prescrição médica, uma melhor qualidade de vida, integração social e emocional, de modo a permitir a continuidade das atividades escolares. Além disso, a classe hospitalar também tem como finalidade proporcionar às crianças hospitalizadas o direito ao ano letivo e conseqüentemente evitar a evasão, repetência escolar e a exclusão social. Também tem como função resgatar a auto-estima, amenizando o sofrimento e reduzindo o tempo de internação das crianças e adolescentes.
2.2 METODOLOGIAS ABORDADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO

Percebemos que todos os trabalhos utilizam um referencial teórico parecido, mas as metodologias diferentes entre si. Dessa forma iremos detalhar a metodologia de cada um deles para que possamos entender e analisar a relevância dos conteúdos dos mesmos.
O primeiro realizou um levantamento bibliográfico sobre as classes hospitalares e em seguida adotou um levantamento documental das classes em campo numa experiência de classe em Belém do Pará.
Os recursos metodológicos adotados foram entrevistas semiabertas com a coordenação da classe em que foram a campo atuar, e observações das atividades no espaço da classe. A análise feita pelos pesquisadores foi qualitativa, destacando as definições e legislações acerca das classes, além do desenvolvimento das observações realizadas em campo de pesquisa.
O segundo trabalho escolhido realizou uma pesquisa documental e bibliográfica destacando o papel do pedagogo em ambientes hospitalares, destacaram também aspectos legais e pedagógicos da pedagogia hospitalar e objetivou a produção de conhecimento na área abordada devido o pouco conteúdo acerca do papel do pedagogo em ambientes hospitalares.
Fizeram uma análise qualitativa dos dados e descreveram as dificuldades do trabalho pedagógico nesse ambiente em questão e levantaram um referencial teórico bem abrangente com bastante conteúdo e lógica entre as concepções.
Já o terceiro é uma monografia que aborda a concepções de classe hospitalar e sobre o atendimento em uma classe de um projeto em um hospital.
O trabalho em questão foi baseado em uma análise fenomenológica considerando o aspecto cientifico e analisando o fenômeno de forma qualitativa. Utilizou um levantamento bibliográfico através de livros e da internet, aplicação de entrevistas no campo de pesquisa, e observações por um período de tempo dentro da classe.
E o quarto fez um levantamento bibliográfico sobre os caminhos da pedagogia hospitalar, legislação sobre o trabalho educacional em hospitais e alguns registros de experiências no Estado do Pará.
A pesquisa foi de cunho qualitativo, com análises abrangentes sobre pedagogia hospitalar, e descrições sobre algumas classes e salas de recreação de alguns hospitais paraenses.
2.3 DIVERGÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO.

Sabe-se que a classe hospitalar é reconhecida como modalidade de educação especial e atualmente a realidade nos mostra algumas divergências e convergências nessa nova modalidade de ensino, que mesmo buscando uma melhoria no atendimento e na qualidade, ainda se encontra alguns entraves.
Os dados pesquisados apontam algumas divergências pautadas nas dificuldades que as classes têm para se firmar nos hospitais e realizar o seu papel de acordo com os seus princípios. Em nossa pesquisa verificamos que existem divergências bem específicas, as quais só estão presentes pelo fato de que os projetos realizados são mal executados e também pela falta de políticas públicas.
A primeira divergência é em relação à abordagem pedagógica quanto ao seu padrão de atendimento, ainda que o objetivo da classe hospitalar seja a escolarização e se reconheça também que neste ambiente o seu cunho pedagógico é importante, mas não é o principal. Digo pelo fato de que as pesquisas realizadas nos trabalhos de conclusão de curso mostram que a classe hospitalar está mais ligada com a saúde e a vida do aluno-paciente do que em relação à aprendizagem. Nesta perspectiva pode-se dizer que a classe hospitalar deve adaptar o seu currículo dependendo do estado biopsicossocial em que o aluno-paciente se encontra. Portanto apesar da classe ter sua autonomia, é subordinado ao contexto hospitalar.
Sabemos que a classe hospitalar trabalhe com propostas de educação, mas não podemos afirmar que exista um referencial teórico de atuação próprio, para o atendimento em classe hospitalar, pois somos conhecedores que ainda se busque um padrão de atendimento, a psicopedagogia é um possível referencial teórico enquanto instrumento à práxis, pois o objeto de seu estudo específico é a aprendizagem humana.
Por isso que provavelmente um dos problemas para a consolidação da abordagem pedagógica seja a falta de políticas públicas específicas para esse atendimento. E por esse fato essas divergências acabam desencadeando uma série de fatores, inclusive sobre a própria identidade do profissional que atuam nesses espaços.
A segunda divergência nos mostra um fator bastante problemático que é a falta de espaços nos hospitais destinados às classes hospitalares, algumas se dividem em espaços como, refeitórios, salas de espera, espaços adaptados ou emprestados por um período, o que torna prejudicial à própria abordagem pedagógica.
A pesquisa de FONSECA 1999 mapeia dados referentes a esses espaços físicos das classes hospitalares, mostrando no quadro a seguir:



TABELA-1 AMBIENTE FÌSICO DAS CLASSES HOSPITALARES
DESCRIÇÃO QUANTIDADE %
Salas de aula 5 17%
Salas de aula e secretaria 3 10%
Salas de aula secretaria e depósito* 2 7%
Atendimento nas enfermarias 6 20%
Sem Informação** 14 46%

FONTE: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP)
*Espaços em geral compartilhados com outros ambientes, para serem a sala de aula.
**Secretarias Estaduais e ou municipais de Educação que não disponibilizaram tais informações à pesquisa.
O quadro acima revela que na verdade os espaços utilizados para o atendimento pedagógico hospitalar, seja ele para a utilização de salas ou coordenação pedagógica, secretaria ou sala dos professores, na sua totalidade não foi criado para esse fim, daí a problemática de estrutura física ser algo constante no atendimento.
Um terceiro ponto que diverge, é quanto à formação dos professores que atuam nesses ambientes, verificou-se que muitos docentes não têm formação apropriada para exercer a práxis em ambientes hospitalares, são professores licenciados em cursos distintos, mas sem especialidades para trabalhar em ambientes hospitalares.
Ao desenvolver uma dinâmica no hospital o pedagogo deve ser de seu conhecimento que irá se deparar com inúmeras situações, e que o seu envolvimento com seus alunos-enfermos é bastante acalorado, onde há uma ampla interação não só com o hospitalizado, mas também com a família, sendo importante estar preparado para lidar inclusive com a morte.
Ortiz (apud NETTO e SILVA 2008, p. 31) destaca que é indispensável ao educador ter o conhecimento das patologias mais frequentes na unidade hospitalar em que atua para saber dos limites clínicos do paciente-aluno.
De acordo com documento expedido pelo Ministério da Educação MEC (apud NETTO e SILVA p. 29):

O professor deverá ter a formação pedagógica preferencialmente em Educação Especial ou em cursos de pedagogia ou Licenciaturas, ter noções sobre as doenças e condições psicossociais vivenciadas pelos educando.


Por suas peculiaridades e características, a pedagogia hospitalar, situa-se próxima da medicina embora seus objetivos específicos se diferenciem de forma significativa. E pedagogia enquanto constitui um conjunto de meios postos em ação para proceder à educação e é hospitalar enquanto se realiza neste contexto. (ibidem)
Medicina e pedagogia, obviamente são muito diferentes por suas finalidades, no entanto ambas servem ao núcleo central de um mesmo trabalho, a cuidado com o paciente, apesar de suas diferenças e precisamente, coincidem e se completam. SIMANCAS E LORENTE 1990 (apud, NETTO e SILVA p. 31).

O perfil docente divulgado na pesquisa de Fonseca 1999 revela a formação dos professores atuantes em classe hospitalar:

TABELA-2 FORMAÇÃO ACADÊMICA DOS PROFESSORES
DESCRIÇÃO QUANTIDADE %
Educação de Nível médio 15 19%
Educação de nível superior 26 33%
Pós-graduação 11 14%
Sem informação* 28 34%




FONTE: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP)
* Classes hospitalares ou Secretarias Estaduais ou Municipais de Educação que não forneceram a informação à pesquisa.
Um fator indispensável à prática docente em contexto hospitalar é o conhecimento das práticas hospitalares, e principalmente das enfermidades que acometem as crianças. Conhecer a patologia de cada doença, ou pelo menos ter uma pequena compreensão de quais os sintomas no corpo da criança, quais as limitações, quais as reações e modificações provocadas pelo organismo pelas medicações. Essas informações e conhecimentos sobre as patologias são essenciais para se ter uma melhor compreensão das limitações e possibilidades da criança.
Uma divergência que também se encontra instalado nas classes hospitalares é a falta de interação entre a equipe médica e a pedagógica, isso resulta uma série de desconhecimentos no quadro clínico dos alunos-enfermos, interferindo assim no planejamento das atividades. Fonseca defende:

O professor, com a participação do acompanhante e as contribuições dos profissionais de saúde, detém condições ótimas de demonstrar que o atendimento pedagógico-educacional no ambiente hospitalar em muito colabora para que a criança não se sinta presa no hospital e possa {...} manter ou estreitar os seus laços com o mundo fora do hospital (FONSECA: 2003 apud NORONHA e PEREIRA p. 30).

A parceria entre os pedagogos e os profissionais da área da saúde é imprescindível para o sucesso do trabalho sócio-educativo a ser utilizado. Sem esta interação fica comprometida a atuação dos educadores. (Ibidem).
Nossa pesquisa aponta para algumas convergências, uma delas é entre a classe hospitalar e a classe regular, mesmo alicerçada em uma dinâmica diferente da sala de aula comum, a classe hospitalar ainda mantém algumas características da classe tradicional, assim como na classe regular a classe hospitalar ainda não é capaz de seduzir totalmente os educando ao conhecimento, ao querer aprender.
Assim como nas escolas públicas, a classe hospitalar converge em outro aspecto, há carência de recursos financeiros, contando assim, com o auxilio de voluntários, com a promoção de projetos universitários e doação de empresas privadas.
Outra convergência são as disciplinas regulares cursadas na classe hospitalar, com conteúdos programáticos e currículo embasado pela SEDUC/MEC, específicos para cada faixa etária.
2.4 EXPERIENCIAS PRÁTICAS ENCONTRADAS NOS TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO


O primeiro mostra as experiência práticas do Projeto Prosseguir, que funciona em um espaço da Clínica Pediátrica e no setor de Quimioterapia do Hospital Ophir Loyola (HOL). Localizado na AV Magalhães Barata, 992, Bairro São Brás, em Belém do Pará.
Na classe hospitalar do HOL, há programas educacionais como assessoramento pedagógico à escola regular, mantendo a mesma dinâmica escolar facilitando seu acesso e permanência nas escolas de origem [...].
Há também apoio pedagógico, além do aluno internado, às crianças e adolescentes que não estão internados, mas que se encontram na fase de controle de doença, onde são submetidos ao tratamento de quimioterapia entre outros, e não podem apresentar assiduidade escolar, o que é exigido pelas escolas regulares embasadas em suas diretrizes [...].
Além das disciplinas regulares cursadas na classe hospitalar, com conteúdos programáticos e currículo embasado, pela SEDUC\MEC, específicos para cada faixa etária, assim como nas classes regulares do Estado do Pará, o HOL oferece recreação, com atividades lúdicas, proporcionando alegria, socialização, bem estar físico e emocional, resgatando a auto-estima da criança [..].
A morte consiste em tema que não deve ser esquecido no ambiente da classe hospitalar, sendo trabalhado junto às crianças, principalmente quando estas percebem a falta de um colega na sala da classe hospitalar. Por isso o atendimento no HOL conta com a disciplina Religião, a qual trabalha com temas que dificilmente são abordados em classes do sistema regular. ( LOPES, 2007 p. 33-36).

No segundo, as práticas não foram encontradas, pois o trabalho é uma pesquisa de cunho bibliográfico não apresentando assim os dados relacionados à nossa análise.
A terceira experiência nos mostra as práticas desenvolvidas no Projeto Prosseguir do Hospital Ophir Loyola.
O projeto Prosseguir conta hoje com um total de 12 profissionais que atuam diretamente no projeto e um profissional cedido pela SEDUC para auxilio no grupo de estudos que os professores desenvolvem todas as sextas-feiras. O atendimento é feito pela parte da manhã e tarde, sedo que pela manhã o trabalho é com o ensino fundamental de 1ª à 4ª séries e educação infantil, e pela parte da tarde com o ensino fundamental de 5ª à 8ª séries, bem como a alfabetização de jovens e adultos. Pode-se melhor compreender esse atendimento através da tabela abaixo que ilustra melhor os profissionais atuantes e as funções:

TABELA-3 PROFISSIONAIS ATUANTES NO PROJETO PROSSEGUIR
DESCRIÇÃO QUANTIDADE %
COORDENADOR (SEDUC) 1 8%
COORDENADOR (HOL) 1 8%
PROFESSORES 8 67%
RECREADORES\ BRINQUEDISTAS 2 17%


TABELA-4 PROFESSORES ATUANTES POR NÍVEL
DESCRIÇÃO QUANTIDADE %
PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 2 25%
PROFESSOR NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL 6 75%
(NEVES; SANTOS 2006 p. 37).

Segundo Noronha; Pereira, (2009) no Hospital de clínicas da Universidade Federal do Paraná UFPR atua com um projeto com o nome "A literatura e o lúdico na pedagogia hospitalar: a mediação entre o texto, jogo e brincadeira". Este projeto é realizado nas enfermarias pediátricas e que tem como público crianças de 3 a 15 anos que ficam internadas.
Os temas são antecipadamente planejados, o eixo principal a leitura de livros, são promovidas atividades que proporcionam as crianças desenvolverem trabalhos a partir dos textos abordados, uso de recortes, colagens, pinturas, produção de mosaicos e dobraduras.
Esse projeto permite realizar trabalhos diversificados, pois os textos podem ser explorados de forma interdisciplinar e envolve a literatura infanto-juvenil com o enfoque lúdico.
Encontramos na Clínica Infantil Pinheiros e Hospital da Criança João Vargas de Oliveira - UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) existe um projeto que viabiliza campos de estágios para os alunos do 4º ano de Pedagogia e atende à demanda de crianças e adolescentes hospitalizados que precisam dar continuidade aos estudos.
Nesse projeto são proporcionadas diferentes atividades, que vão de acordo com o nível de escolaridade e idade. O predomínio de atividades lúdicas que envolvem histórias com fantoches, jogos, músicas, brincadeiras e peças teatrais, são destinadas aquelas crianças com pouca idade.
Há também uma proposta diferenciada com crianças de seta anos em diante, que consiste em realizar atividades como: leituras e interpretações, resoluções de problemas matemáticos, estudos de disciplinas de história e geografia e outras necessidades relacionadas ao currículo escolar.
Outra experiência é relacionada à Classe Hospitalar do Pavilhão São José ? UEPA (Universidade do Estado do Pará), onde funciona um projeto de Extensão do NEP (Núcleo de Educação Popular Paulo Freire), os trabalhos desenvolvidos são praticados por meio de ensino das artes, fantoches e lendas amazônicas com cunho pedagógico, expressão corporal, pinturas, passeios, teatro.






3. CAPITULO III: RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

Dentro de todos os questionamentos e experiências registradas e relatadas sobre as concepções e sobre a importância das classes hospitalares para o desenvolvimento e para a manutenção dos diretos de crianças e adolescentes hospitalizados, percebemos enquanto escrevíamos e pesquisávamos esse trabalho, diversas contribuições para a melhoria da educação, além do pleno exercício de cidadania em espaços onde antes não era contemplado de forma inclusiva o ato pedagógico.
Encontramos relatos diversos sobre as condições das classes hospitalares no Brasil, e constatamos que existe uma falta de estrutura para o funcionamento ideal das classes, tanto no âmbito político-econômico, quanto no âmbito pedagógico. Com a crise da saúde e da educação no nosso país, as classes acabam sofrendo com os impactos de ambas as crises, fazendo muita das vezes com que seu funcionamento dependa doações de empresas privadas e de projetos desenvolvidos por alunos universitários. A precariedade do funcionamento das classes resulta numa falta de identidade do trabalho pedagógico realizado dentro dos hospitais, dessa forma a classe na maioria das vezes não assume uma regularidade nem uma formatação adequada aos anseios dos alunos pacientes, o que salva é a prática quase que heróica dos profissionais que lá estão situados.
Visualizamos uma pouca difusão sobre essa temática na sociedade, isso fortalece de forma geral uma dificuldade para que nossa sociedade entenda a importância das classes hospitalares, mantendo cada vez mais anônimos os problemas e os interesses de quem depende da classe, devemos lembrar que as mudanças acontecem quando existe força e esperança para lutar, acreditamos que é necessária essa difusão sobre o tema para que haja um atendimento cada vez mais inclusivo e humanizador dentro das classes.
Sendo assim com um compromisso ético estamos diante dessa nova perspectiva que o atendimento pedagógico assumiu. Precisamos trabalhar incansavelmente como profissionais da educação que somos, para mostrar o quanto que é importante atendimentos educacionais inclusivos e comprometidos com o desenvolvimento de nossa sociedade, em todos os âmbitos.
O trabalho realizado nas classes hospitalares traz essa contribuição para a melhoria de nossa sociedade, e de exercício dos nossos direitos independente da nossa classe social, de nosso estado físico e mental, de nossas limitações, etc., precisamos ter essa consciência para que, mais justa e inclusiva seja nossa sociedade. O poder público deve ter essa preocupação e deve olhar de forma mais atenciosa e voltar políticas públicas para que o atendimento educacional e da saúde seja cada vez mais justo e igualitário sempre resolvendo os anseios do cidadão de bem.
























CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa mostrou alguns trabalhos de conclusão de curso de pedagogia do CCSE da UEPA, essas produções mostraram uma preocupação em realizar uma boa fundamentação sobre os temas abordados, abrangendo o universo que a pedagogia hospitalar e as concepções de classe hospitalar passam no Brasil.
Observamos de forma clara um comprometimento por parte dos alunos com as pesquisas, que representam de forma significativa e panorâmica sobre essa temática na universidade.
O papel do pedagogo sempre foi abordado nas pesquisas de forma reflexiva, e as práticas pedagógicas que evidenciamos nos trabalhos que analisamos, se davam sempre com o intuito de beneficiar os alunos pacientes. E mais importante de tudo, evidenciou-se uma necessidade de lutar para garantia dos direitos de cidadão dos alunos frente às dificuldades infinitas encontradas.
Aspectos lúdicos e terapêuticos foram citados sempre com referenciais atualizados e contextualizados com a verdade que evidenciavam. Todo momento aspectos sociais, pedagógicos, políticos e humanos eram colocados em discussão e reflexão.
Com as enumeras dificuldades que os profissionais de educação enfrentam no ambiente hospitalar, com a pesquisa que realizamos, podemos evidenciar no desenvolvimento desse trabalho que vez ou outra eram colocados problemas a serem solucionados, como a falta de infraestrutura, formação dos profissionais, resistência da equipe médica frente à equipe pedagógica, entre outras dificuldades.
A falta de difusão sobre a temática muita das vezes dificulta o trabalho realizado pelas classes, por mais que a classe seja regulamentada por lei, ainda são escassos os recursos para a sua manutenção e aprimoramento, causando uma imensa dificuldade no processo de evolução da educação em ambiente hospitalar.
Nossa pesquisa foi realizada com bastante preocupação com a ética, e com muito respeito aos colegas que dentro de sua graduação de pedagogia produziram conhecimento sobre a pedagogia hospitalar e sobre as classes hospitalares. Analisando seus trabalhos podemos entender a importância dos trabalhos de conclusão de curso para a formação do graduando e para a produção cientifica dentro da universidade.
O desfecho da pesquisa que realizamos, por meio desse trabalho, ainda esta longe de se encerrar. A todo o momento, como em um movimento gradual, novas perspectivas e novos conceitos vão se formando sobre as concepções de classe hospitalar, trazendo novas problemáticas sobre o tema. Entendemos que novas metodologias e novas visões sobre o tema possam se formar de forma mais evoluída, mas nossa pesquisa se insere em uma gradual preocupação sobre as produções acadêmicas acerca das classes.
Esperamos sinceramente que cada vez mais novas contribuições científicas possam fazer parte desse movimento de expansão da ação do pedagogo na sociedade, esperamos que cada vez mais, esse profissional esteja preparado para as novas demandas sociais que vão se formando com o passar dos anos.
Um dia alguém chegou à conclusão de que dentro de um hospital, existe espaço para que o processo educativo seja semeado, e dentro disso as classes conquistaram uma importância e um espaço de exercício de cidadania.























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Autor: Aline Dos Santos Carneiro


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