Resultados Finais da Intervenção Arqueológica (Escavação) realizada no âmbito da construção do Hotel Vincci - Rua de São Julião, 47-57/Rua do Comércio, 32-38, Lisboa



1. Introdução

O presente relatório pretende dar a conhecer o resultado da intervenção arqueológica realizada no âmbito da construção do Hotel Vincci, na Baixa de Lisboa, na Rua de São Julião, 47-57/Rua do Comércio, 32-38.
Os trabalhos arqueológicos foram da responsabilidade da Signatária, conjuntamente com C. Coelho, tendo os mesmos sido executados após autorização do Instituto Português de Arqueologia, de acordo com a legislação em vigor; a saber: Decreto-Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro (Lei do Património Cultural) e do Decreto-Lei n.º 270/1999, de 11 de Junho (Regulamento de trabalhos arqueológicos).
Os trabalhos foram executados em duas fases. Uma primeira que decorreu de 18 de Dezembro de 2006 a 23 de Fevereiro de 2007, e uma segunda fase, que decorreu entre Junho e Agosto de 2007 (as duas fases de escavação tiveram um hiato, alheio à equipa de Arqueologia, e que se prendeu com questões de segurança na obra, que obrigaram à execução de micro-estacaria).
O local encontra-se cadastrado com o CNS 21930.

2. Antecedentes

A área por nós intervencionada já havia sido alvo de trabalhos arqueológicos.
Realizados em 2004, sob direcção da arqueóloga Ana Barbosa Madeira, os trabalhos arqueológicos visavam a salvaguarda de eventuais estruturas ou elementos de interesse arqueológico e/ou patrimonial.
Durante a execução dos referidos trabalhos foram identificados vestígios pombalinos e pré-pombalinos. Na sondagem B foram identificada uma estrutura constituída por blocos calcários e tijolo de burro ligados por argamassa, orientada no sentido NW-SE. A arqueóloga responsável admite a possibilidade de se tratarem de estruturas pré-pombalinas, dado que a sua orientação é contrária à comumente usada nas construções pombalinas ( eixo N-S).
A Arqueóloga refere ainda que, numa outra sondagem, designada por sondagem D, foi identificado um esgoto pombalino, ou pós-pombalino.
Foram, também, postos a descoberto numa sondagem de reconhecimento, três estruturas: uma que refere ser o alicerce de um pilar de sustentação de um dos arcos do edifício que, por sua vez, assenta numa outra estrutura argamassada (a cerca de 85 cm do nível da placa de betão do actual pavimento). Ana Madeira refere, ainda, ter identificado um pavimento construído por argamassa e fragmentos de cerâmica de construção, deixando em aberto a hipótese de se tratar de algum tipo de opus que, segundo a mesma, se prolongaria por toda a área de sondagem.

3. Enquadramento
3.1. Enquadramento Geográfico e Geomorfológico

A intervenção arqueológica foi realizada nas Ruas de São Julião, nºs 47-57 e do Comércio, nºs 32-38.
Administrativamente localiza-se na Freguesia da Madalena, Concelho e Distrito de Lisboa.
Insere-se na Carta Militar nº 431 (esc. 1/25.000). As coordenadas geográficas do local são: 38º 42? 34?? N e 9º 08? 09?? W.
Essas artérias da Baixa Pombalina encontram-se em zona nível 1 do Plano Director Municipal de Lisboa.
Do ponto-de-vista geomorfológico tratam-se de depósitos aluvionares que se sobrepõem às terras miocénicas que constituem o substrato geológico.
Insere-se na Folha 34-D da Carta Geológica de Portugal (esc. 1/50.000), referente à região de Lisboa, e cuja Notícia Explicativa nos remete para o seguinte: em termos geológicos, desenvolve-se em depósitos miocénicos, atribuídos às argilas do Forno do Tijolo, e aos calcários de Entrecampos. Estes terrenos ocorrem cobertos por aluviões e por depósitos de aterros de Época Moderna.
A nível inferior os solos aluvionares, com uma profundidade máxima que oscila entre os 7 e os 9 mts, e que se constituem por solos arenosos (cerca de 3 mts de espessura).
Relativamente às argilas do Forno do Tijolo são constituídas por siltes argilosos carbonatados, com fragmentos conquíferos, e de coloração acinzentada.
Os calcários de Entrecampos ocorrem aproximadamente a partir de 7 mts de profundidade na Rua do Comércio. Compõem-se por areias finas siltosas e margosas, com níveis calcários areníticos.
Ao nível hidrogeológico, observa-se a presença de água entre os 2,5 e os 6 mts de profundidade. Estes níveis correspondem ao nível freático local.
Toda a zona da Baixa de Lisboa, assim como as suas imediações, correspondem ao designado "Esteiro da Baixa", actualmente área aplanada, e que se encontra aberta a Sul para o Estuário do Tejo. Lateralmente encontra-se delimitado pelas colinas do Castelo e de São Francisco (Chiado).

3.2. Contexto Histórico-Arqueológico

A intervenção arqueológica foi realizada na Rua de São Julião e na Rua do Comércio, na Baixa de Lisboa, vulgo Baixa Pombalina, por aí ter sido edificada, por ordem do Marquês de Pombal, após o terramoto que assolou a cidade em 1 de Novembro de 1755, notável obra de arquitectura oitocentista, classificada como Imóvel de Interesse Público, através do Decreto 95/78, de 12 de Setembro.
Esta zona da cidade, uma das mais afectadas pela catástrofe, tem vindo a revelar interessantes dados acerca da generalidade das épocas anteriores ao Terramoto de 1755, fruto das intervenções arqueológicas de emergência que aí têm vindo a ser realizadas e que, aliadas à investigação histórica, possibilitam um maior conhecimento sobre a malha urbana antiga ( alguns dos sítios são Mandarim Chinês (entre a Rua Augusta e a Rua dos Sapateiros), aí tendo sido identificadas duas artérias: a Rua dos Esteiras e a Rua/Beco dos Cabriteiros; BCP (foram registadas duas áreas com pavimentação, podendo, presumivelmente, ser atribuídas à Rua dos Carapuceiros e Rua do Chancudo); BNC (aí se detectou a Rua da Confeitaria, paralela à Rua Nova). Todos estes sítios permitiram uma leitura do urbanismo pré-Pombalino).
Pode afirmar-se que a Baixa de Lisboa (entende-se por Baixa de Lisboa a área que vai desde a base da Colina do Castelo à margem esquerda do esteiro do Tejo) teve uma ocupação intensa, desde a Idade do Ferro até aos nossos dias (os vestígios arqueológicos apontam para uma ocupação desde a Idade do Ferro, passando pelo período romano, medieval-islâmico, medieval-cristão e moderno, até à actualidade) em quase toda a sua totalidade, exceptuando nas áreas que foram sendo sucessivamente conquistadas ao Rio.
Dada a sua localização geográfica - situada a meio caminho entre o Norte e o Sul do território -, proximidade com o mar, e a ele ligada pelo estuário do Tejo, a par das excelentes condições naturais, fizeram com que Lisboa fosse, sucessivamente, palco de ocupações antrópicas ao longo do tempo.
Naquilo que concerne à fundação da cidade, escavações arqueológicas realizadas nas proximidades do Castelo de S. Jorge e da Sé de Lisboa apontam para uma fundação pelos Fenícios durante o séc. VII a.C.. A designada Allis Ubo, "Baía calma", estender-se-ia pela colina do Castelo e da Sé, até ao rio (o Daghi, ou Taghi ? "boa pescaria"). Essa colina onde se fixaram era defensável naturalmente, a Norte (por ser íngreme) e a Sul e a Poente (pelo esteiro do Tejo).
Os Romanos ocuparam preferencialmente a encosta voltada para o Esteiro. Durante esse período, cerca de 195 a.C, Lisboa foi elevada a "município", tendo sido incluída na província da Lusitânia.
Em várias sondagens e escavações realizadas na Baixa de Lisboa têm sido postos a descoberto vestígios da presença romana nesta área da actual cidade de Lisboa, entre eles núcleos de preparados piscícolas, nomeadamente as cetárias da Casa dos Bicos, Rua dos Fanqueiros, Rua dos Correeiros e Rua Augusta, denotando a importância do Estuário do Tejo.
Após a queda do Império Romano, sucedem-se invasões, quer germânicas em 500 d.C., quer a árabe em 714 d.C.. Neste período construiu-se a Cerca Moura, muralha circular cujos muros se estendem até à margem do Tejo. Junto ao rio situar-se-iam os artesãos, pescadores e os comerciantes.
Em 1147, com a conquista da cidade por D. Afonso Henriques, dá-se a expansão da cidade além muralhas.
Entre 1373 e 1376 (neste período, dado o crescimento da cidade, a cidade expandiu-se, tendo surgido núcleos habitacionais fora do recinto amuralhado), constrói-se a muralha Fernandina devido à expansão da cidade.
O desenvolvimento de Lisboa sempre esteve relacionado com os interesses do Reino. Durante a segunda metade do século XIII e a primeira do século XIV a cidade conheceu rápido desenvolvimento. Interessado pelo urbanismo de Lisboa, D. Dinis protagonizou a construção de uma rua principal - a Rua Nova dos Ferros. Aí se tratavam de importantes negócios relacionados com o comércio e a finança.
Já durante o reinado de D. Fernando, entre 1373-75, foram alargados os limites territoriais da cidade, protegidos por uma nova muralha, tal como atrás já o referimos.
Também durante o período da expansão portuguesa, no século XV e primeira metade do século XVI, a cidade conheceu, novamente, alargamento do seu espaço, de forma a abrigar novos habitantes. Na segunda metade do século XVI a cidade tinha 24 paróquias. No final da mesma centúria contava já com 34. Em 1704 os registos paroquiais davam conta de 90 mil fogos para cerca de 360 mil habitantes. Cerca de 1729 contavam-se 200 mil habitantes; e cerca de 1755, antes do terramoto, contavam-se 250 mil habitantes, o que perfazia 10% da população do reino.
A cidade, recortada por colinas em frente ao estuário do Tejo, pôde ser dividida em duas partes separadas por um vale, no sentido sul-norte. Essa planície é prolongada por dois vales separados pela colina de Sant?Ana, tomando direcção norte-noroeste (Valverde) e norte-nordeste.
A zona da Baixa foi edificada precisamente na planície, na parte central da cidade.; tendo a nascente o Castelo de S. Jorge e a poente a Colina de S. Francisco.
É através de duas iluminuras que se tem uma noção mais ampla (a mais antiga vista da cidade de Lisboa é do século XIV, e foi dada a conhecer por uma gravura de 1738, onde se reproduziu um selo de 1352. No entanto, foi através de duas iluminuras presentes em dois manuscritos do século XVI que se obteve uma visão mais abrangente de como seria a cidade) de como seria a cidade no primeiro e segundo quartéis do século XVI.
Assim, no ponto mais elevado teríamos o Castelo e o Paço da Alcáçova. No sopé da colina a Sé; em frente ao Castelo o Convento do Carmo.
Na zona baixa o Rossio, a Praça do Povo, o Hospital de Todos os Santos, o Convento dos Dominicanos e o Palácio dos Embaixadores. Os edifícios amontoavam-se pelas ruas, estreitas, sinuosas e nauseabundas (FRANÇA; 1987:22) - A maioria dos autores refere a existência de um espaço urbano de traça muçulmana, de características sinuosas, com ruas tortuosas, estreitas e becos. No entanto, existiriam áreas de modelo radial, modelo com Igreja ao centro, do qual irradiam artérias, modelo comumente identificado com a época medieval-cristã. Distinguiam-se as Rua Nova dos Ferros, onde se arruavam os comerciantes ricos, e a Rua Nova d?El-Rey, mais tarde designada por Rua dos Ourives, uma vez que se fixou esse tipo de comércio. Pela análise à planta de Vieira da Silva ("As Muralhas da Ribeira de Lisboa") é possível observar que na área onde se localiza o edifício actualmente em remodelação, situava-se, em período pré-Pombalino, o antigo Largo do Poço da Fótea, a Travessa do Poço da Fótea e parte da Rua Nova dos Ferros .
Encontra-se, também, representado nessas duas iluminuras o novo Palácio Real da Ribeira, próximo do Tejo, por imposição de D. Manuel, umas vez que era daí que partiam as naus. Diante dele o Terreiro do Paço, que se abria para exercer o lugar de uma enorme praça . A Oeste construíam os fidalgos as suas casas.
Nessa altura, as estruturas medievais da cidade sofreram modificações, sendo que grande parte delas foram abandonadas, dando lugar a construções traçadas ao gosto do Renascimento, facto potenciado pelas riquezas vindas das Índias. Contudo, esse luxo não se traduziu em palácios magníficos e sumptuosos.
Tanto assim é que, em 1571, Francisco de Holanda referiu-se à quase ausência de monumentos em Lisboa. Para além da Catedral, cuja fundação se deu em 1147, pouco mais se contava além dos edifícios manuelinos. Mesmo as casas dos grandes fidalgos eram construídas com arquitectura pouco regular, mostrando-se apenas de grandes dimensões.
Em 1650,João Nunes Tinoco, arquitecto, fez a primeira planta de Lisboa de que se tem conhecimento. Esse plano mostra a extrema esquerda da cidade como uma "rede de ruas cortando-se em ângulos rectos, cujo aspecto é muito diferente do resto da cidade que vimos estender-se sem plano nem lei. É o «Bairro Alto» (...)" (FRANÇA; 1987:27). Essa zona da cidade ainda hoje conserva o mesmo aspecto.
No decorrer do século XVI, com o fenómeno do urbanismo, foram construídos dois novos bairros, entre as margens do Tejo e a Cotovia, em cuja urbanização foi feita de baixo para cima, sendo que os primeiros a serem utilizados foram os terrenos perto do rio. Aí se ergueram casas modestas, de um núcleo de pessoas cuja profissão se relacionava com o mar.
Retomando, ainda, sobre os palácios, tomemos o exemplo do Palácio Corte-Real que, nos finais do século XVI, era o mais importante, a seguir ao Paço real da Ribeira. Apresentava-se em forma de U, forma quadrada, com cerca de 50 mts de lado. Em cada uma das fachadas apresentava 11 janelas por andar (apresentava rés-do-chão, duas sobrelojas e um andar mais elevado: o andar nobre). Este palácio apresentava duas alas de cerca de 37 mts que avançavam ao rio, e que, por sua vez, envolviam um jardim de gosto italiano. O jardim, que se encontrava limitado por um muro do lado do rio, funcionaria como um "pátio de honra", dando para um embarcadouro, a entrada solene da casa. É o exemplo notório do papel que o Rio Tejo desempenhava na vida urbana.
No século XVI, Lisboa torna-se o centro mercantil da Europa. Assim, na zona ribeirinha constroem-se edifícios ligados ao comércio. O Terreiro do Paço, a par com o Rossio, torna-se no centro político e comercial. A cidade cresce junto ao rio. Datam desta altura a Casa dos Bicos, dos Albuquerques; nos arredores, o Convento da Madre de Deus, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém.
Já no século XVII, durante o domínio Filipino, foram erguidos numerosos palácios na cidade, pertença de famílias nobres, mas de arquitectura pouco notável. Assim o serão até às vésperas do terramoto. As casas dos proprietários burgueses, na sua maioria ligados ao comércio, seriam de arquitectura ainda menos notável que as dos grandes senhores nobres. O mesmo aconteceria com as habitações dos altos funcionários públicos e alto clero.
Tudo isto se compreende pois, apesar do fausto das riquezas após a descoberta do ouro no Brasil, e, em seguida, dos diamantes, a situação económica em Portugal continuava em crise, uma vez que se vivia um fausto claramente "de fachada".
Em 1 de Novembro de 1755, no Dia de Todos-os-Santos, pelas 9 horas e 40 minutos, um enorme terramoto sacode a cidade, deixando em destroços a capital que demorara seis séculos a desenvolver. Posteriormente ao terramoto, um maremoto varreu a cidade por completo, e, em seguida ao sismo, um incêndio que deflagrou pela cidade,e que ardeu por 6 dias consecutivos.
Esse sismo, teve o seu epicentro ao Sul do largo de Lisboa, na costa meridional da Península Ibérica e costa norte do continente africano (a oeste do estreito de Gibraltar), e os seus efeitos fizeram sentir-se a larga escala geográfica, sendo mesmo considerado como «o mais extenso que a ciência jamais registou» (PEREIRA DE SOUSA; 1909),ao qual se atribuiu o grau 9, na escala de Richter (FRANÇA; 1987:61).
Essa catástrofe, que abalou a confiança do Antigo Regime, deu abertura ao Marquês de Pombal, então Ministro de D. José I, para impôr a prática de reformas científicas e liberais do Iluminismo. O esforço, célere, permite que se façam demolições, aterros e reconstruções, segundo uma planificação de ruas alinhadas, cujas opções arquitectónicas assentam em regulamentos de construção, atendendo a conceitos de resistência sísmica. Assim, o novo sistema urbanístico obedecia a traçados de eixos de composição em que a simetria era obrigatória, pretendendo-se o destaque, nos extremos, de monumentos ou estátuas. Surgem, então, os exemplos da Rua Augusta como arco triunfal e a Estátua de D. José (no eixo).
Como consequência da alteração da malha urbana da cidade, a Rua Nova dos Ferros desaparece, e, juntamente com ela, todos os bairros residenciais (por exemplo, Gibitaria, localizados no lado Norte da Rua). No seu lugar surgem a Rua de São Julião, e mais a Sul a Rua do Comércio.
O novo plano para a cidade de Lisboa foi de autoria de Manuel da Maia, engenheiro-mor, que discutiu uma série de hipóteses urbanísticas, apresentando cinco soluções para a reconstrução de Lisboa, projectando relativamente à segurança dos edifícios, assim como à higiene das ruas e das habitações. Assim, seriam abertas cloacas no meio das ruas, cuja construção e conservação seriam da responsabilidade dos proprietários das casas.
A reedificação da Baixa teve por base um decreto de Pombal, que decretava a instalação dos comerciantes e das oficinas nos locais da baixa, sendo que cada rua teria a sua especialidade corporativa. Assim, as ruas foram baptizadas com a designação dos ofícios que as caracterizavam (sentido S-N: dos Sapateiros, dos Correeiros, dos Douradores), a designação da tradição religiosa local ( sentido E-O: de S. Julião, da Conceição, de S. Nicolau, etc). Eram as ruas principais a Rua Augusta e a Rua Áurea.
Ao nível técnico, os edifícios apresentam uma solução engenhosa, a "gaiola", composta por estrutura de madeira que, em caso de terramoto, conseguiria suportar os sobrados, aquando do desmoronamento de alvenarias. Tal resistência é-lhe permitida pela sua enorme elasticidade. A "gaiola" é composta por um conjunto de prumos e de travessanhos que, por sua vez, são ligados às paredes por "mãos". O material empregue é o carvalho, ou o azinho.

4. A Intervenção Arqueológica

A intervenção arqueológica, realizada no âmbito da construção do Hotel Vincci teve início em 18 de Dezembro de 2006, na Rua de São Julião, tendo por objecto a escavação integral da parte interna do edifício, já liberto das suas divisórias (apresentando somente as paredes),até à cota de afectação pela empreitada.
Por motivos alheios à equipa de Arqueologia, e que se prenderam com questões de segurança em obra, a escavação arqueológica decorreu em duas fases. A primeira que decorreu entre 18 de Dezembro de 2006 e 23 de Fevereiro de 2007; e uma segunda fase, após a execução de micro-estacaria, e que decorreu entre Junho e Agosto de 2007.
A metodologia de escavação utilizada foi a proposta por E. Harris, com a remoção das camadas por ordem inversa à sua deposição natural, com definição de unidades estratigráficas. A área de escavação foi quadriculada segundo sistema alfa-númerico.
Foi efectuado o registo fotográfico e gráfico, através do desenho arqueológico com as correspondentes coordenadas (X, Y e Z), assim como descritas todas as unidades estratigráficas observadas. O material arqueológico exumado foi acondicionado de acordo com as UE's de proveniência, e registados em ficha de inventário.
A altimetria foi referência nos registos da intervenção, sendo que todas as cotas foram tomadas a partir de um ponto f, fixo (= 0,87), situado na soleira de acesso ao edifício (pela Rua de São Julião).
A escavação arqueológica desta área permitiu-nos atestar a presença de estruturas pré e pós-terramoto de 1755, que se balizam entre os séculos XIV-XV e finais do século XVII-inícios do século XVIII . Na área de escavação foi também posto a descoberto um muro potencialmente mais antigo, que poderá datar dos séculos XI-XII (na sua base foi descoberto um fragmento contendo fundo de taça vidrada a melado, com decoração a manganês, tipicamente datável deste período islâmico).
A escavação arqueológica iniciou-se após a remoção do lajeado pombalino, que cobria toda a área interna do edifício, e constituía-se por lajes, calcárias, rectangulares (final do século XVIII).
Toda a área se encontrava coberta por uma primeira camada de entulho argilo-arenoso, de textura e coloração variáveis, entre o castanho e o amarelado. Trata-se de uma camada pouco característica, que se estende por toda a área da intervenção, e que corresponderá à camada de nivelamento/aterro que antecedeu a reconstrução pombalina. Esta camada apresenta reduzida potência ? CAMADA 1. A camada de aterro/nivelamento da Baixa Pombalina varia de zona para zona, dependendo das cotas a que se encontrem. Na Rua de São Julião verificámos que a camada de nivelamento foi bastante reduzida, apenas se tendo "aterrado" a área, tapando as estruturas pré-existentes. Daí que possamos ter observado a "coroa" de muros pré-terramoto aquando da escavação da camada 1.
Esta camada continha variado espólio, de cronologia variada, composto por material cerâmico, como cerâmica comum, vidrada, faiança e fragmentos de porcelana chinesa, assim como material metálico composto por ferragens e numismas em cobre (muito deteriorados, e que não permitiram leitura).
Foram postos a descoberto, à cota desta camada, muros simétricos e paralelos, no sentido N-SW, de formação regular, mas sem qualquer tipo de revestimento, quer na face interna, quer na face externa (Estruturas 1, 2 e 3). Encontravam-se argamassados com a designada "argamassa pobre", cujo composto maior era a areia, e de coloração esbranquiçada. O material associado remete-nos para a 1ª metade do século XVIII, tendo, inclusivamente, sido recolhido junto à base de um dos muros um numisma ? X Reis. Estamos em crer que se tratam de estruturas construídas entre finais do século XVII-inícios do século XVIII, pouco antes do grande terramoto que assolou a cidade.
Contemporâneas destes muros serão as duas lages calcárias (Q 2/3 C).
A camada 2 compõe-se por terra negra, com a presença de carvões, apresentando espessura variável. Esta camada não foi observada em toda a área de escavação, mas apenas nas quadrículas a NE. Esta camada deverá corresponder ao nível do incêndio que deflagrou após o sismo ocorrido em 1 de Novembro de 1755.
Esta camada apresentava espólio cerâmico, comum e vidrado, assim como faiança, enquadráveis no período oitocentista. Nesta camada foram, também, recolhidos inúmeros fragmentos de cachimbos de caulino, importados (Holanda e Inglaterra).
Foi, também, identificado parte de um piso composto por seixos de basalto (negro) ? Q 3 e 4 A -, datável de finais do século XVI, mas que se encontrava já perturbado, fruto de anteriores remeximentos desta área, como o sejam a abertura de pequenas sapatas para colocação da estrutura metálica que sustenta as paredes do edifício (conforme se pode verificar pela figura 5 onde, no canto superior esquerdo se pode observar uma lage de cimento, que sustenta o pé de uma das referidas vigas metálicas).
Tratar-se-á, provavelmente, de troço de via pré-pombalina ? PAVIMENTO 1.
Este trecho de piso de seixos de basalto encontra-se sobre uma camada argilosa, de coloração castanho-avermelhada, com muita concentração de escória de ferro. Esta camada foi, também, observada noutros contextos escavados na Baixa de Lisboa, tendo sido atribuída ao período de abandono da área pelas ferrarias, entre meados e finais do século XVI.
Esta camada argilosa de coloração castanho-avermelhada (CAMADA 3), cobre, em determinadas zonas da nossa área de escavação, um pavimento composto por piso em tijoleira, vermelha, com cerca de 19x23 cm. Este pavimento não foi observado em toda a área de escavação; mas sim apenas nas Q 1 B/C e 4 D, bem como na área do saguão (sector 2). Deverá datar de finais do século XV-inícios do século XVI ? PAVIMENTO 2. Os materiais arqueológicos recolhidos apontam para esta cronologia, encontrando-se em maior número os fragmentos de cerâmica comum pertencente a loiça doméstica (fragmentos pertencentes a testos, panelas, jarros, pratos, púcaros e tigelas). Foram, também, recolhidos duas peças de jogo (uma malha de jogo em cerâmica comum e uma peça de jogo tipo "xadrez". Encontram-se, também, fragmentos de cachimbos ingleses e holandeses.
À cota deste piso, foi recolhida uma talha e um capitel, que se encontravam dispostos "lado-a-lado", funcionando, muito provavelmente como elementos decorativos.
A par destes elementos, foram, também, recolhidos uma mó e duas ombreiras de porta, de calcário, ambos recolhidos nos níveis de entulho/nivelamento.
Desse mesmo período deverá datar uma estrutura circular identificada na Q 3 A, e cuja funcionalidade não nos foi possível determinar (inicialmente pareceu-nos tratar-se de um poço, mas como não apresentava profundidade suficiente foi posta de parte essa hipótese).
Esta estrutura deverá ser contemporânea das estruturas 1, 2 e 3 (muros).
A camada 4 compunha-se por terra argilo-arenosa, húmida, e de coloração negra, com a presença de muitas conchas de bivalves bastante fragmentadas. Esta camada apresentava uma potência reduzida, e apenas foi observada nas quadrículas a NW. O material recolhido insere-se plenamente no período Moderno. Tratam-se de fragmentos de porcelana chinesa, assim como faiança (maioritariamente pratos e malgas) e também cerâmica comum. Nesta camada foi recolhido um fragmento de fundo em terra sigilatta, descontextualizado. A porcelana chinesa é, maioritariamente, decorada com motivos vegetalistas e, em algumas delas, com motivos zoomórficos, a azul de cobalto. Tratam-se, na sua maioria, de fragmentos pertencentes a taças, sendo que dois deles apresentam marca/selo no seu fundo. Foram consultados vários catálogos sobre esta temática; contudo, não se conseguindo encontrar marca/selo idêntico que nos permitisse estabelecer uma cronologia/Dinastia de fabrico.
Atestou-se a existência de um edifício, composto por restos de paredes, datável do século XIV-XV, e a sua posterior reutilização durante o século XVI e 1ª metade do século XVII, facto atestado pela 2ª fase de construção de uma das paredes. Durante o desmonte desta 2ª fase de reutilização do espaço foi possível observar uma técnica construtiva anti-sísmica, designada por "pregagem". Como se sabe, a cidade de Lisboa foi palco de vários sismos em momentos anteriores a 1755, como o de 1531, seguido do qual se tomaram algumas medidas técnicas construtivas anti-sísmicas. Esta parede (identificada como 2ª fase de utilização do edifício) encontra-se associado à camada 4, de matriz argilo-arenosa, húmida, e de coloração negra-acinzentada.
No interface entre essas duas fases de edificação foram recolhidas duas peças. Tratam-se de dois testos, de perfil troncocónico, datáveis do século XVI.
A par deste tipo de loiça, foram recolhidas grandes quantidades de faiança portuguesa, na sua maioria pertencentes a pratos, taças e malgas, algumas decoradas a azul, outras a azul e morado, remetendo-nos para a ocupação do espaço em período pré-1755. Encontram-se representados em grande quantidade os fragmentos de cachimbos de caulino, peças importadas, e de produção inglesa e holandesa.
Este tipo de material é comumente recolhido em sítios de ocupação Moderna.
A cerâmica comum apresenta-se, também, em grande quantidade. Encontram-se em maioria os fragmentos que contêm porções de asas, bordos e fundos, pertencentes a loiça de uso doméstico. Encontram-se representadas em grande maioria as asas triangulares, pertencentes a frigideiras, assim como os fundos em pé plano.
Neste tipo de material recolhido predominam as pastas de coloração laranja, vermelha e castanha, respectivamente.
A fase mais antiga da ocupação deste espaço, a que corresponderá a parte inferior da parede posta a descoberta na Q 1C, composta por pedras de média dimensão, argamassadas, foi a que menos espólio forneceu. Contudo, alguns fragmentos e duas peças intactas permitiram-nos estabelecer uma cronologia, que se baliza entre o século XIV e o século XV. Trata-se de uma cantarinha e um cântaro, em cerâmica comum, de pasta laranja.
Deste período são, também, os fragmentos de azulejos hispano-árabes, de aresta, e com decoração policroma.
Esta estrutura encontra-se associada à camada 5, camada de matriz argilo-arenosa, bastante húmida e solta, de coloração acinzentada.
Foi, também, observada uma outra camada, que se designou por camada 6, camada composta por areias claras, de tonalidades variantes do bege, contendo pouca quantidade de espólio. Esta camada parece estar associada ao depósito aluvionar.
O espólio recolhido desta camada foi pouco abundante e mostrou-se pouco característico, apresentando algum grau de desgaste.
No extremo NW foi identificado parte de um muro, algo irregular, e composto por pedras de grande dimensão sobrepostas entre si. Em termos materiais não foi recolhido nenhum fragmento na sua base, uma vez que o mesmo assenta já em camada estéril, composta por areias do Tejo. Ainda assim, foi recolhido junto a si um fragmento composto por fundo de taça, vidrada a melado e com decoração a castanho, datável de período islâmico (século XII).
Este muro encontra-se implantado sobre a camada 7, camada arenosa, algo solta, e de coloração castanho-avermelhada. tipo "areão". Sobre ele encontra-se erguida parte da parede SO do edifício pombalino.
De ressalvar que estas duas últimas camadas identificadas, a 6 e a 7, foram de muito difícil escavação, uma vez que, devido ao nível freático, as sondagens ficavam alagadas, sendo necessário o recurso a bombas sugadoras.
Contemporâneo da construção do edifício será a canalização posta a descoberto na zona central da área escavada.
Na Rua do Comércio, os trabalhos arqueológicos tiveram início após o levantamento do piso (em betão), com recurso a martelo pneumático.
Foi esta área de trabalho designada por sector 3.
Subjacente a esse piso encontrava-se uma camada composta por terra pouco compacta, composta por entulhos heterogéneos, na qual se encontrava variado espólio, enquadrável no período moderno. Trata-se da camada de aterro/nivelamento que antecedeu a reconstrução pombalina (camada 1).
Sob esta camada foi possível observar uma outra camada (camada 2), composta por areias finas, de coloração acinzentada, onde foi possível observar alguns restos de madeiras e cinzas.
Subjacente a esta camada uma outra, designada por camada 3, composta por areias soltas, de coloração variante entre os cinzentos e os castanhos, onde se encontravam abundantes materiais arqueológicos, de diferentes períodos, com elevado grau de desgaste (os materiais encontram-se muito rolados), uma vez que esta zona seria afectada pelas marés.
Trata-se, muito provavelmente, de uma zona de despejos, dado que os materiais aí depositados são pertencentes a diferentes períodos cronológicos, desde materiais romanos a medievais (islâmicos) e modernos.

5. Conclusões

A intervenção arqueológica na Rua do Comércio, nºs 32-38 e na Rua de São Julião, nºs 47-57 foi realizada no âmbito da construção de uma unidade hoteleira na zona da Baixa de Lisboa, cujo projecto de construção afectou o subsolo até à cota máxima de ?4,25 mts, após autorização do Instituto Português de Arqueologia, e ao abrigo da legislação em vigor; a saber: Decreto-Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro (Lei do Património Cultural) e do Decreto-Lei n.º 270/1999, de 11 de Junho (Regulamento de trabalhos arqueológicos).
A escavação foi realizada no interior dos prédios pombalinos existentes, e já libertos das suas divisórias internas; sendo que toda a área foi quadriculada, e posteriormente escavada manualmente. A metodologia utilizada seguiu a proposta de E. Harris, com a remoção das camadas por ordem inversa à sua deposição natural, com definição de unidades estratigráficas.
Todo o material exumado foi acondicionado de acordo com a sua proveniência, e, posteriormente, alvo de lavagem, marcação e inventário.
A intervenção permitiu pôr a descoberto estruturas pré-terramoto de 1755, possivelmente pertencentes a compartimentos de uma estrutura (habitacional?), e que, de acordo com as suas áreas de edificação, mostrou tratar-se de um edifício de relativamente grandes dimensões, uma vez que se estende de NE a E, e para NW.
Foi possível observar duas fases distintas de construção numa das paredes postas a descoberto. Assim, apresentava uma 1ª fase, construída com blocos de pedra de média dimensão, sobrepostos entre si. Entre esta 1ª e a 2ª fase foi possível observar uma técnica construtiva, designada de "pregagem", e que se constitui como uma técnica anti-sísmica. Neste "interface" das duas fases construtivas foram, também, recolhidos dois testos, de perfil troncocónico, e de coloração laranja, datáveis do séc. XVI-XVII.
Desse período serão, também, os restos de paredes postos a descoberto, uma vez que apresentam técnica de construção e aparelho idêntico.
As fundações das paredes assentam sobre camada de matriz argilo-arenosa, algo compacta.
A camada estéril, composta por areias do Tejo, de grão médio a fino, surge aos ?3,15 mts de profundidade.
A zona correspondente à caleira técnica (-3,55), assim como os núcleos para o elevador (-4,25 mts) não apresentaram vestígios de ocupação humana, tratando-se de camada arenosa, bastante compacta, de coloração castanha (tipo areão), que se apresentou estéril do ponto-de-vista arqueológico.

6. Bibliografia

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Outros
Base de dados do Endovelico (http//:www.ipa.min-cultura.pt)


Nota: Este texto faz parte integrante do Relatório Final apresentado ao IGESPAR. O referido documento encontra-se aprovado.




Autor: Raquel Caçote Raposo


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