BENEFÍCIOS DA CONTRA REFERÊNCIA NA ALTA HOSPITALAR PARA EQUIPE DA ATENÇÃO BÁSICA



PETRUCI, F.R; Benefícios da Contra Referência na Alta Hospitalar para Equipe da atenção Básica. Monografia apresentada à INDEP Instituto de Ensino e Capacitação e Pós Graduação , como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista em Saúde Pública com ênfase em Estratégia de Saúde da Família. Assis-SP, 2010

Resumo
Na pratica por diferentes motivos operacionais raramente ocorre o plano de alta e no momento em que o paciente recebe a alta hospitalar o enfermeiro se depara com a difícil tarefa de orientar o paciente á família e também de fazer contra referência para a unidade básica que acompanhara o paciente a partir de então. Mais uma vez a pratica nos mostra que é pouco comum o enfermeiro da área hospitalar realizar a contra referência á unidade básica. Devido a estas considerações este estudo justifica-se pela importância que a contra referência significa para o paciente e família considerando a continuidade do cuidado e considerando que o enfermeiro é o profissional habilitado capaz de fazer a contra referência. Nessa direção de tentarmos entender as principais concepções do sistema de referência e contra referência foram estabelecidos como objetivos deste estudo descrever os benefícios da contra referência na alta hospitalar do paciente hospitalizado na continuidade do cuidado em diferentes níveis. Para este estudo utilizou-se na revisão bibliográfica. Foram consultadas as bases de dados Medline (National Library of Medicine, EUA), Lilacs (Literatura latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e daBiblioteca Virtual em Saúde, e Scielo além de artigos referenciados neste estudo.Restringiu-se às publicações em língua inglesa, espanhola e portuguesa, entre os anos de 1981 a 2010. Foram encontrados 17 artigos, 05 periódicos. Todo material encontrado foi lido na tentativa de atender aos objetivos deste trabalho. Conclui que se faz necessário um aprimoramento do sistema de referência e contra referência para facilitar o trabalho dos profissionais da saúde, principalmente neste momento de total acesso a tecnologia. Devem ser desenvolvidos também métodos de conscientização e de capacitação profissional para que este importante meio de comunicação entre profissionais se torne eficaz e seja utilizado coerentemente com os preceitos da integralidade e qualidade da assistência.



Descritores: Alta hospitalar; Contra Referência; Atenção Básica.
SUMÁRIO


1. INTRODUÇÃO ................................................................................ p.8
2. OBJETIVO....................................................................................... p.10
3. METODOLOGIA.............................................................................. p.12
4. REFERENCIAL TEORICO............................................................... p.14

5. CONCLUSÃO.................................................................................... p.41
6. REFERÊNCIAS.................................................................................. p.28




























______________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO
Assegurar a continuidade do tratamento, a brevidade das internações hospitalares e evitar reinternações têm sido uma grande preocupação no momento do planejamento da alta hospitalar. (PEREIRA, 2007, p.40)
Contudo o afastamento do convívio familiar, as mudanças de rotinas, e os procedimentos invasivos, muitas vezes geram consequências biopsicossocial em um individuo durante a internação hospitalar, assim devendo esta ser estruturada em seu começo, meio e fim com intuito de gerar menos danos ao individuo. (SILVA, 2009, p. 11)
Segundo estudo de Juliani (1999,p. 330) só se torna real os cuidados e as orientações após a alta hospitalar onde a família se adapta a nova realidade, sendo possível com estruturação do sistema de referência e contra referência aos diferentes níveos de atenção.
Pensar na alta hospitalar é uma atividade que o enfermeiro / equipe interdisciplinar deve pensar desde que o momento em que o paciente é internado.
Sobre início da alta hospitalar, MADEIRA, (1994, p. 25) pressupõe:
O sucesso do plano de alta, independente do quadro da criança, vai depender dos profissionais envolvidos e, principalmente, do momento de seu início. Concordamos com os autores que dizem que a alta e, obviamente, o plano de alta deve ter início na admissão da criança. É neste momento que a equipe multiprofissional inicia um relacionamento de confiança com a família, obtendo e fornecendo informações sobre a criança.

Pereira (2007, p.42) descreve que devido à ansiedade de ir para a casa, as orientações realizadas pela equipe podem ser ignoradas sem questionamento ou duvidas o que compromete o tratamento.
Na pratica por diferentes motivos operacionais raramente ocorre o plano de alta e no momento em que o paciente recebe a alta hospitalar o enfermeiro se depara com a difícil tarefa de orientar o paciente á família e também de fazer contra referência para a unidade básica que acompanhara o paciente a partir de então. Mais uma vez a pratica nos mostra que é pouco comum o enfermeiro da área hospitalar realizar a contra referência á unidade básica.
Conforme Juliani (1999, p. 328) descreve o enfermeiro em condição de educador da equipe e o profissional que realiza o encaminhamento, estima como precário o funcionamento do sistema contra referência.
Oliveira (2007, p.28) também observa, "No cotidiano das unidades de saúde, a referência e contra-referência não ocorre de forma sistemática, ficando o usuário solto no sistema, sem possibilidades de acompanhamento do seu estado de saúde de maneira integral."
Hoffmann ( 2008, p. 35) aponta que a construção do sistema de referência e contra referência, em diferentes cenários com diversos profissionais incluindo o enfermeiro, tem sido um grande desafio, sendo necessário prioritariamente a conscientização de cada papel.
Na revisão da literatura observaram-se poucas publicações sobre contra referência, sob a perspectiva do enfermeiro da atenção terciária direcionada para a atenção básica. Onde necessita uma adaptação do enfermeiro e compreensão para com o sistema de contra-referência.
Devido a estas considerações este estudo justifica-se pela importância que a contra referência significa para o paciente e família considerando a continuidade do cuidado e considerando que o enfermeiro é o profissional habilitado capaz de fazer a contra referência.
Nessa direção de tentarmos entender as principais concepções do sistema de referência e contra referência foram estabelecidos como objetivos deste estudo descrever os benefícios da contra referência na alta hospitalar do paciente hospitalizado na continuidade do cuidado em diferentes níveis































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2. METODOLOGIA
Para este estudo utilizou-se na revisão bibliográfica as seguintes palavras-chave: alta hospitalar, contra referência, atenção básica. Foram consultadas as bases de dados Medline (National Library of Medicine, EUA), Lilacs (Literatura latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e daBiblioteca Virtual em Saúde, e Scielo além de artigos referenciados neste estudo.Restringiu-se às publicações em língua inglesa, espanhola e portuguesa, entre os anos de 1981 a 2010. Foi dada especial atenção, desde o primeiro levantamento, por selecionar as referências que abordam ou fazem interface com o objeto de estudo. Foram encontrado 17 artigos, 05 periódicos. Todo material encontrado foi lido na tentativa de atender aos objetivos deste trabalho. Posteriormente foram discutidos e são apresentados no próximo capitulo.

A revisão de literatura abordou três pontos: um primeiro referente ao Sistema de Referência e Contra referência, segundo O Papel do enfermeiro na contra referência e por fim os Benefícios e Vantagens da referência e contra referência































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3. REFERENCIAL TEORICO
Na perspectiva deste estudo, selecionamos alguns conceitos considerados fundamentais para construção teórica do objeto da pesquisa, partindo do pressuposto que forneceram maiores subsídios e visibilidade aos caminhos da construção deste estudo.

3.1 REFERÊNCIAS e CONTRA REFERÊNCIA

A Historia da Saúde Publica no Brasil, distinto modelos assistenciais vem se organizando em diferentes práticas, em momentos voltados para o controle de doença na coletividade, ora focados na atenção de assistência individual, mas toda a assistência oferecida se deu pelo âmbito das instituições hospitalares e ambulatorial. (MARCELINO, 2000 apud LOPES, 2008, p. 28) No contexto destas reflexões a alta hospitalar deve se, ser primordialmente preparada desde admissão do paciente para internação hospitalar.
Observa-se na pratica clínica, que á alta hospitalar é orientada de forma mecânica e sem orientações sobre continuidade do tratamento, ou muitas orientações em um mesmo momento, com o agravante á ansiedade, e prejudicando a compreensão e proporcionando erros.
Sendo referenciada por Marra (1989, p.124) "... alta é a condição que permite a saída do paciente do Hospital. A alta é um procedimento que engloba todas as maneiras pelas quais o paciente pode deixar o hospital..."
Conforme contradiz o dia-dia a literatura preconiza o planejamento da alta hospitalar desde o inicio da internação. ( HUBER, 2003 p.205). Sendo um grande desafio para o enfermeiro com tantas atribuições, mas se fazendo necessária uma atenção pautada em competência técnica ? cientificas.
Diante de tantas mudanças e novas tecnologias, o sistema de atendimento a saúde necessita se adequar para proporcionar melhor assistência. Dentro deste modelo se insere o sistema de referência e contra referência, onde será necessário fundamentação teórica considerados nucleares para o desenvolvimento deste.
. O Ministério da Saúde destaca o conceito para os Sistemas de Referência e Contra-Referência, sendo ele um:
Modo de organização dos serviços configurados em redes sustentadas por critérios, fluxos e mecanismos de pactuação de funcionamento, para assegurar a atenção integral aos usuários. Na compreensão de rede, deve-se reafirmar a perspectiva de seu desenho lógico, que prevê a hierarquização dos níveis de complexidade, viabilizando encaminhamentos resolutivos (dentre os diferentes equipamentos de saúde), porém reforçando a sua concepção central de fomentar e assegurar vínculos em diferentes dimensões: intra-equipes de saúde, inter-equipes/serviços, entre trabalhadores e gestores e entre usuários e serviços/equipes (BRASIL, 2008a).

Sob a lógica da hierarquização o sistema de saúde no Brasil, conforme descreve Saito (2004, p 69.), se organiza partindo do nível básico da atenção para níveis terciários de maior complexidade, sendo criado para facilitar o acesso a todos os níveis de assistência sem burocracia. E ainda, conforme a mesma autora, para viabilizar a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) com determinante da integralidade é necessário a aplicação do sistema de referência e contra Referência.
O Ministério da Saúde definiu (1990 b) que a referência:
... é como o ato de encaminhamento de um paciente atendido em um determinado estabelecimento de saúde para outro de maior complexidade.já contra-referência como o ato de encaminhamento de um paciente para o estabelecimento de origem, que referiu, após resolução da causa responsável pela referência.
O mesmo autor aponta que o que o sistema de referência e contra referência foi criado para direcionar os serviços de saúde através de dois fluxos de usuários: o interno e externo. O interno onde o usuário realiza sua assistência em um mesmo serviço de saúde com o mínimo de recurso sendo sustentável ou seja sua entrada e saída. Já o externo proporciona assistência integral através da utilização de recurso de outros níveis de atenção como o sistema de referência e contra referência.
Seguindo a mesma ótica Vieira (2009, p. 75), coloca a inexistência do serviço de referência e contra referência da unidade hospitalar para a Unidade Básica de Saúde-UBS, onde os profissionais da atenção básica não têm conhecimento dos paciente que recebem altas. Portanto os profissionais deveriam se conscientizar da concretização do serviço nas diferentes instituições de saúde.
Na mesma linha Maeda (2007, p.) aponta que "O processo de referência e contra-referência constitui-se num conjunto de ações políticas, econômicas e técnicas fundamentais ao fortalecimento do princípio da integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS)".
Ainda neste entendimento Fratini (2008, p. 67) expressa que os conceitos de referência e contra referência em saúde "que apesar de se constituírem como uma das bases da mudança almejada para o setor, ainda se encontram num estágio de pouco desenvolvimento...".
Lopes (2008, p.21) enfatiza que o sistema de referência e contra referência deve ser direcionado a todos os pacientes de uma forma ou outra que necessitam de suporte e acompanhamento da assistência na atenção básica após alta hospitalar, não somente aos pacientes que excederam o tempo de permanência.
Segundo Oliveira (2007, p.32) para evitar "furos" nos serviços de saúde e no acompanhamento de pacientes é necessário estabelecimento de fluxos de referência e contra referência garantindo a população a integralidade, acesso e ações de saúde de acordo com as necessidades de saúde. Através de uma organização horizontal dos serviços atuando com os mesmos propósitos. Autora também coloca que referenciar implica em transferir paciente a um atendimento ou estabelecimento especializado e em contra partida deve ocorrer também à comunicação no sentido oposto através da contra referência.
Segundo registros de Rocha (2008) apud Silva (2009,p. 24) vários estabelecimentos apontam dificuldades encontradas para o estabelecimento de um sistema de referência e contra-referência.Seguindo a mesma ótica Silva (2009,p.22) descreve que para estabelecer um sistema de referência e contra referência funcionante, é necessário mais que um fluxo e contra-fluxo de pacientes e de informações gerenciais e tecno-científicas, mas reconhecer que neste sistema deverão ser difundidos conhecimentos necessários para a melhoria da qualidade do atendimento no sistema local de saúde.
O sistema de contra referência, para que seja utilizado em sua plenitude conforme os preceitos do SUS, precisa ser implementado métodos de conscientização e capacitação dos profissionais, principalmente nesta reforma onde os sistemas de informação estão sendo cada vez mais utilizados na atenção básica.
Cujo este método de demonstra eficaz na vinculação e acompanhamento do fluxo dos usuários, assim facilitando o trabalho dos profissionais. (OLIVEIRA, 2007, p.30)
Witt (1992, p 57) também cita em seu estudo o contexto que nos faz compreender a articulação do sistema de referencia e contra referência:
"... constitui-se na articulação entre as unidades acima mencionadas, sendo que por referência compreende-se o trânsito do nível menor para o de maior complexidade. Inversamente, a contra-referência compreende o trânsito do nível de maior para o de menor complexidade."

Corroborando nesta temática, Brasil (1981), a resolução nº 03 Ciplan, 25/03/81, refere que o ato formal de encaminhar um paciente que foi atendido em estabelecimento de saúde a outro de maior complexidade se define referência, e deve ser feita após a constatação da falta de resolução do local de origem. Seguindo a mesma resolução o ato formal de encaminhar o paciente ao estabelecimento de origem após a resolução mínima da causa pela referência se denomina contra referência, devendo ser acompanhada de informações necessárias ao seu segmento e restabelecimento. Seguindo esta lógica de entendimento, se faz necessário ter registrado toda a trajetória clínica dos pacientes e dependentes, de forma clara e objetiva entre as diversas equipes interdisciplinar a fim de uma assistência de qualidade. (LOPES, 2008 p. 33)
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde-CONASS (2006, p.) coloca que: "As redes de atenção à saúde devem ser integradas por sistemas, sustentados por potentes tecnologias de informação. A ausência de sistemas adequados é que faz com que a referência e contra-referência no SUS sejam um discurso reiterado, mas sem possibilidade de concretização".
Após vários conceitos analisados, sobre sistema de referência e contra-referência fica claro que sua finalidade é garantir acesso e a continuidade do atendimento conforme a lógica da complexidade e integralidade assistencial. Porém, conforme por Juliani (1999, p. 324) o sistema de referência e contra-referência é totalmente ignorado pelos profissionais, não se inserindo racionalmente dentro do SUS. E a mesma também ressalta que é exigido das unidades básicas as guias de referência para atendimentos de alta complexidade na atenção terciária, mas não ocorre contra referência das internações e consultas direcionadas a unidade básicas.


3.2 Papel do Enfermeiro na Contra Referência


A alta hospitalar do paciente deve ocorrer de forma sistemática, devendo ser o enfermeiro o principal envolvido, por serem responsáveis pela avaliação do atendimento, orientações de autocuidado, o tratamento e assegurar a continuidade para reabilitação. (CAMACHO, 2002 p. 230)
O enfermeiro em seu papel e coordenador tem a responsabilidade de proporcionar o elo entre os profissionais da atenção básica e paciente em sua alta hospitalar, visando o bem estar e os recursos necessários para garantir a segurança e continuidade da assistência ao paciente em sua residência. Sendo necessário que o enfermeiro entenda a complexidade e importância do processo de alta hospitalar, pois, trabalhar em equipe interdisciplinar na saúde é imprescindível cooperação, competência e compromisso. (PEREIRA, 2007 p. 40)
Segundo estudo de Silva (2009, p.12) a atribuição do enfermeiro é promover a continuidade da assistência do hospital ao domicílio, com uma assistência integrada e comprometida com a saúde do paciente, e para que este processo seja positivo necessita de integração entre estes dois níveis de atenção: atenção hospitalar e atenção básica.
Pereira (2007, p.54) também ressalta que a responsabilidade ética, sendo do enfermeiro, implica no processo de ensino ao paciente no momento de orientar intervenções que lhe assegurem o autocuidado, sendo necessário e cuidadosamente encontrar o momento em que estarão pronto para aceitar e utilizar as orientações.
Nas ações educativas, no momento da alta e no desenvolver da assistência, o enfermeiro deve levar em consideração as perspectivas e culturas do paciente e família que podem diferir das perspectivas dos profissionais de saúde. (DANTAS, 2002 p. 346)
Demonstrado através do estudo de Pereira (2007, p.346) realidade que necessita ser alterada, como 72,08% dos pacientes entrevistados relatam que não houve a participação do enfermeiro no processo de orientação para alta. E que 81,40% dos informantes respondeu que as orientações para alta foram realizadas por outros profissionais como médicos.
Juliani (1999, p.130) em seu estudo, demonstra o relato de enfermeiros que avaliam o sistema de referência e contra referência como precário em seu funcionamento, sendo o enfermeiro o gerente das unidades de saúde e educador da equipe em condições de viabilizar o encaminhamento.
Para maior compreensão da equipe interdisciplinar Chuang (2005, p. 118) descreve roteiro mínimo do que se deve conter na contra referência a unidade básica pós alta hospitalar:

"Um roteiro de planejamento de alta do cliente, constituído de atividades de ensino, informações necessárias à manutenção da saúde e serviços disponíveis na comunidade, pode ser utilizado com a finalidade de facilitar a transição do cliente para o domicílio e em condições para uma vida mais independente. Em resumo conciso e instrutivo sobre as informações fornecidas deve ser preparado pela equipe de saúde e entregue ao cliente/membro da família ou ao enfermeiro da unidade básica de saúde na ocasião da alta hospitalar."


De grande importância como roteiro e de função cooperativa os registros das atividades se tornam fundamental no sistema de contra referência, onde todo o profissional de saúde possa ter acesso às ocorrências durante o tratamento, evitando assim repetições de informações, o que as tornam cansativas ao paciente e facilita a continuidade do cuidado. (PEREIRA 2007, p. 41)

É observado através da revisão que ocorre uma lacuna entre a orientação de alta e a contra referência, sendo estas atividades realizadas podem evitar dificuldades enfrentadas pelo paciente /família e equipe da unidade básica que muitas vezes tem que se reportarem até unidade hospitalar para conhecimento do caso ou por relato dos pacientes quando mesmo é orientado. Portanto os benefícios são inúmeros como diminuir o custo do cuidado na residência e reduzir o numero de reinternações.

3.3Benefícios e Vantagens da Referência e Contra Referência

Descrito por Juliani e Ciampone (1999) que: "... na década de 80 já havia estudos que referiam problemas na organização do Sistema de Referência e Contra-referência, dentre eles a comunicação dos diferentes níveis de atenção à saúde". E os autores ainda contemplam que com o sistema precário pode não ocorrer a continuidade da assistência, gerando também aumento dos custos.
Seguindo esta ótica Saito (2004, p.125 ) coloca que a não funcionalidade do sistema de referência e contra referência gera superlotação dos serviços de saúde, principalmente no serviço terciário.
Corroborando nesta temática Oliveira (2007, p.23) expõe que para assegurar a continuidade dos serviços de saúde, é necessária uma racionalização do atendimento através do mecanismo de referência e contra referência assim garantindo um fluxo ordenado e permitindo com que as necessidades de saúde fossem atendidas com tecnologias e ambientes adequados, e com o maior objetivo o acompanhamento até a resolução dos problemas.
O sistema de referencia e contra referencia é fundamental para que se concretize o direito dos usuários á integralidade que norteia os processos de trabalho e as praticas profissionais, proporcionado qualidade de vida a população. Onde esta ação assegura a finalização da assistência através dessa rede de serviço. (OLIVEIRA, 2007 p.22 )
Pompeo (2007, p.347) descreve que o sistema de referência e contra referência como a principal ação que contribui para diminuir despesas na assistência em saúde, evita re-internações, assegura a continuidade da assistência e garante maior esclarecimento para paciente e família.
É perceptível também que o preparo da alta hospitalar se viabiliza através do sistema de referência e contra referência proporcionando uma melhor qualidade de vida ao paciente junto aos seus familiares e sua realidade, permanecendo menos tempo internado evitando infecções hospitalares. Portanto atende as necessidades com medicamentos de alto custo, acompanhamento e avaliação com equipe interdisciplinar que se fizer necessário. E ainda, conforme a mesma autora pressupõe:
"... que o sistema de referencia e contra referencia é a garantia da continuidade do tratamento aos usuários, pois as demandas por continuidades da assistência não são poças. Aqui poderíamos abrir parêntese e entende-la enquanto um espaço horizontalizado onde os atores se comunicam para que as demandas não sejam pontuais, nem fragmentadas, mas sim dêem conta de trazer resolutividade aos usuários a partir das suas necessidades." (LOPES, 2008 p.53)



Segundo SILVA (2009, p.98) os trabalhadores da atenção hospitalar do estudo reconhecem que o cuidado integral executado durante a internação é interrompido no momento da alta hospitalar, não alcançando a integralidade em sua intensidade potencial. Também ressalta que atenção integral se concretiza com a atuação interdisciplinar e da família e comunidade.
Também descrito por Fratini (2007, p. 29) que é preciso haver um sistema de referência e contra referência dentro dos serviços de saúde que informe sobre o estado de saúde, doença e tratamento do paciente, mas que ainda é uma mudança almejada para a saúde e se encontra em um estagio de pouco desenvolvimento, tanto na sua efetivação quanto na divulgação.
O sistema de referência e contra referência é considerado por Fratini (2007, p. 32) um método de complemento da assistência que proporciona uma integração das equipes, garante acesso aos usuários e contempla os princípios do SUS.Com o funcionamento além de garantir o acesso também garante qualidade na assistência, o que carece avaliar os serviços envolvidos.
Para que ocorra a integralidade do cuidado é necessária a existência efetiva do sistema de referência e contra-referência com um coeso processo de articulação entre a equipe da unidade hospitalar e a equipe de Estratégia Saúde da Família, bem como a integralidade do cuidado. Com este processo atuante é possível conhecer todas as trajetórias dos pacientes, e não só quando os pacientes/familiares procuram o serviço de saúde para alguma informação, onde favorece a ruptura da assistência. (SILVA, 2009p. 14)
Seguindo a lógica da complexidade e a integridade da assistência o sistema de referência e contra referência deveria garantir o acesso com qualidade a todos. (SILVA, 2009 p.13)
Para garantir acesso aos usuários nos diferentes níveis de complexidade com definições de fluxos e percursos compatíveis com a demanda de cada região é necessário o sistema de referência e contra referência. Contudo com a imprescindível existência de registros ou uso da comunicação pessoal ou por telefone e instrução de todos os envolvidos, assim promovendo a integralidade. (FRATINI 2007, p. 34)

































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4. Conclusão
Refletir e compreender o paciente de forma holística é fundamental para o seu acolhimento e direcionamento. Podendo ser através de um método eficaz de vinculação e acompanhamento do fluxo do usuário.
Contudo, se faz necessário que os enfermeiros consigam se posicionar para propiciar um atendimento sistematizado e de qualidade proporcionando acesso e suporte aos pacientes pós alta hospitalar e minimizando a falta de adesão ao tratamento. O que implica na mudança de atitude aos profissionais, atuando de forma sistematizada entre equipe interdisciplinar e com ensino desenvolvido para a reabilitação em domicilio.
Leva-nos a pensar, o motivo que leva aos profissionais de saúde a não utilizarem o sistema de referência e contra referência tão importante na articulação dos serviços. Podendo deduzir por falta de organização do trabalho, por não estarem bem orientados quanto ao trabalho que executam e sua importância, por falha no gerenciamento do sistema pelos órgãos administrativos que faz com que isso não seja interpretado com a seriedade que lhe é imprescindível. Portanto contribui para a persistência de sérios problemas no sistema de saúde.
Se analisarmos pela ótica da realidade vivida na prática, nos deparamos também com a falta de comunicação entre profissionais dos diferentes níveis de atenção até mesmo através da via de comunicação telefônica e muito menos presencial. E isto reforça a problemática da articulação entre Atenção Terciária e Atenção Básica, sendo necessária uma revisão.
Com isso não se dá a atenção necessária ao sistema de referência e contra-referência dos usuários. E não sendo uma atividade rotineira nos serviços terciários, não ocorre a articulação formal com a atenção primária.Onde implica sobre a qualidade da assistência nas unidades de pronto atendimento.( OLIVEIRA, 2007p. 30) Devido a alta demanda que poderia ser suprida pelo acompanhamento do tratamento na atenção básica se referenciado pelos profissionais de instituição terciária á instituição primaria ou vice e versa, e não comumente por familiares de paciente ou pelos mesmos.
Desta maneira, os serviços especializados mantêm demandas cativas, já que não os contra-referenciam, sendo que estes usuários poderiam muito bem ser acompanhados na atenção primaria.
O não cumprimento dessa norma implica sobre a qualidade da assistência prestada e gera uma batalha individual de cada paciente, e não garante a integralidade da assistência por todo o tratamento que é de responsabilidade de todos os níveis de atenção e profissionais da área da saúde.(OLIVEIRA,2007 p.28)
Há necessidade de se ter uma articulação entre os diferentes serviços de saúde através de uma relação de eficiência para resolução de problemas de saúde. Onde o sistema de referência e contra referência possibilita uma reabilitação ou educação em saúde, evitando danos e restabelecimento dos mesmos. Portanto a referência e contra referencia tem papel fundamental para que o processo ocorra efetivamente e assim garantindo a integralidade da assistência.
Considera-se importante registrar que encontram-se poucos estudos referentes a essa temática.
Contudo se faz necessário um aprimoramento do sistema de referência e contra referência para facilitar o trabalho dos profissionais da saúde, principalmente neste momento de total acesso a tecnologia. Devem ser desenvolvidos também métodos de conscientização e de capacitação profissional para que este importante meio de comunicação entre profissionais se torne eficaz e seja utilizado coerentemente com os preceitos da integralidade e qualidade da assistência.






































___________________________________________________________________ 5 . REFERÊNCIAS
BRASIL.ministério da saúde. Resolução nº Ciplan 03 de 25 de março de 1981. Brasília: ministério da saúde, 1981. Disponível em: . Acesso em: 27 out 2010
BRASIL. Lei Nº 8.142,de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do sistema Único de saúde SUS e sobre as tranferencias intergovernamentais de recursos financeiros na área de saúde e dá outras providencias. Diário oficial união, Brasília, 1990 (b) Seção 1

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Autor: Fernanda Ribeiro Petruci


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