Poemas Esparsos!



                               A FADA!


O espelho das águas
Reflete o teu olhar,
Os musgos das margens
Acalenta o teu pisar.

O sereno da madrugada
Ameniza o teu desfilar
Abrindo as cortinas
Para te deixar entrar!


O cenário do riachinho
Recebe da manhã à luz!
Enquanto tu, de mansinho:
Ao riacho doma e seduz!

Os seixos no fundo d’ água
Colidem com insistência
Querendo fazer pirâmides
Pra verem a tua inocência.


As gavinhas dos cipós
Desenrola-se pelo chão
Querendo ornar o teu pé
Com adornos de afeição.

A água flui mansamente
Tilintando na margem,
Retardando o prosseguir
Domada por tua imagem!


Saltitando na ramagem,
Pássaros fazem gorjeios,
Disputando bons lugares
Sem terem de ti receios.

Nas arestas do alcantil
O sol aparece radiante
Trazendo maiores luzes
Àquela cena inebriante!


O restinho da madrugada
Sai do cenário pesaroso,
Recua pra noite findante
Deixando-te... Lamentoso!

Curvada sobre as águas
Fazes vênia à natureza
E, essa... Embevecida!
Vai refletir a tua BELEZA!
                                                                                           

O BEIJO

Como é ameno o desejo
No trespasso do enleio
Da doçura de um beijo
Na curvatura do seio.
             
O beijo não tem cor
Nem sabor definido,
Varia conforme o amor
Ditado pelo sentido.


A duração dum beijo
Não tem marcação,
Depende do ensejo
E amor no coração.


Beijar e abraçar
São atos de amor,
Beijar é néctar,
Abraço é... Calor!


Um beijo com castidade
Na fronte de um filho
É pureza / serenidade,
Amor / paz e estribilho!


O ósculo paterno
É doce redenção,
Seu par é materno
Seu Éden... O coração!


Um beijo conjugal
É um lacre de amor,
Eliminando todo o mal
Num coração sofredor.

 
O BANHO


Doçura do querer,
Afagos matinais,
Langor de viver
Nas margens ideais.


Sereno da cascata,
Brisa em profusão,
Coração em serenata
No dorso do ribeirão.


Água fria, envolvente!
Corpos numa imersão
De amor absorvente
Nas águas da emoção.


Emergir em diapasão
Do meandro cristalino
Do regato da ilusão...
Olhos doces, sorrindo!


Na face, gotículas e rubor,
Cabelos soltos ao vento,
Arfante, o peito em amor...
Amantes, amando lento!


O sol devora a manhã,
Vapor sobe das águas,
O par, em esperança vã,
Pensa esquecer mágoas.


A água não retornará
De seu curso original
Dos amantes levará...
Um retrato sensual!


A M O R


Sinto o perfume da flor
No sorriso do inocente
Espelhando pureza e amor
No fundo da alma da gente.


Um afago de criança,
Em alegria sem freio,
É o mel da bonança
No côncavo do seio.


Gorjeio de beija-flor
Na fofura da grama,
Complacência do amor
Na alma de quem ama.


Peregrino é o amor
No âmago do vivente,
Quando puro é ardor,
Sendo falso, é ausente!


Uma estrela a brilhar
Piscando na imensidão,
É como o lacrimejar
Da saudade no coração.


O verdadeiro amor
Só é visto no infante
Que, não cobra favor,
Do adulto farsante.


Amar é multiplicar
Parcelas de afeição
Diminuindo o penar
Na soma da ilusão!


A COMPARAÇÃO


Quando o mal for vencedor
Nos combates sem iguais,
Recolhas ao nicho do amor
Deixando fora os animais!

Quando o racismo imperar
Humilhando a raça crioula,
Lembre o teu bucho ovular
Com tanta bosta e cebola!


Quando a dor for triste
Não fujas do lamento:
Finjas que ódio existe
Navegando no tormento!

Quando a doença chegar
Não evites e sofrimento,
Lembre de o verbo amar
Conjugando-o para curar!


Quando a pobreza é vil
Não perjures a miséria:
Lembre do céu cor de anil
Sobre o limo da matéria!


NÃO MATARÁS... CRIANÇAS!


Não macule o teu ventre,
Santuário de doce harmonia!
Deixe que em teu âmago entre
A pura alma... Da cor do dia!


Não lacres à vida a porta
De um ente que não conheces,
O futuro só a Deus importa
Tu, só ganhas o que padeces!


Não sepultes na latrina
O fruto da tua concepção,
Seja antes uma maestrina
Em regência de devoção!


Não abortes a vida futura
Sob tua tutela ingente,
Deixe viver a criatura...
Pedaço de ti inerente!


O mundo está poluído
Com tanta maldade insana:
A cada feto destruído
A escolha é menos soberana!


Não és tu quem vai gerir
A vida em teu ventre a nascer,
A ti, cabe apenas... Parir!
A Deus: fazê-los...crescer !


Se não podias dispor da vida
Quando no seio da tua genitora,
Por que, agora... Irrefletida!
Quer da morte ser tutora!


A maldade no mundo atual
Não vem de crianças vadias
E, sim, do adulto irracional:
Mestre de vícios e orgias!


O número de filhos num lar
Onera a subsistência falida,
Mas, fazer do útero um lagar,
É a morte de tua alma e vida!


RÉQUIEM PARA UM SUICIDA!


Oh! Deus dos perdões impossíveis!
Retire de nós o martírio dos castigos
Causados por nossa carne perecível
E secionada por nossa vontade vilã.


Deposite no éter às nossas obras,
Porém, não pese o nosso desatino,
Na mesma balança de eqüidade
Da benfazeja alma que desgarra!


Separe do joio o trigo puro
Crescido da mesma rama afim,
Mas, não jogue na fogueira,
O teu filho pelo gesto impuro!


Se alguém, em momento de angústia,
Separa a alma do corpo carcereiro,
Terá como acusador mais ferrenho
O seu passado do gesto derradeiro.


A alma sai do corpo violentado
Levando consigo ao julgamento
Toda bondade que o âmago emana
 Pela fluidez do bem antes praticado.


Só será castigado o suicida
Que tiver a alma enlameada
Por más ações praticadas
Durante a vida desregrada.


Se até o carvão gera a luz.
Do lodo nasce também o lírio,
Por que o suicida não irá a Jesus
Apenas por um erro de delírio?



Sebastião Antônio BARACHO
[email protected] 


Autor: Sebastião Antônio Baracho


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