O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO COMO UM DOS INSTRUMENTOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA



O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO COMO UM DOS INSTRUMENTOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA


Nathaly Caldas Gonçalves da Costa*



RESUMO
O presente estudo tem como objetivo principal apresentar alguns elementos pertinentes ao processo de construção do Projeto Político-Pedagógico, tomando-o como um dos muitos instrumentos que permite definir a identidade da instituição de ensino, além de possibilitar a concretização do planejamento escolar.
Para construir esse Projeto é necessário, antes, ter conhecimento das metodologias que norteiam as práticas pedagógico-administrativas no ambiente escolar, bem como ter ciência da realidade sócio-econômico-cultural onde esse Projeto será desenvolvido.
Sendo assim, primeiramente, será apresentada a definição de Projeto Político-Pedagógico, tendo em vista a importância sócio-administrativa desse documento para o contexto escolar. A seguir, serão elencadas as etapas de planejamento e implementação, observando o atendimento das necessidades dos agentes envolvidos nas ações - alunos, professores, funcionários e pais. Por fim, será discutido o modelo de avaliação do andamento desse projeto e o estudo - superficial ? do modelo de avaliação das Escolas de Referência em Ensino Médio de Pernambuco, a estrutura do Projeto e as condições para a sua operacionalização .

Palavras- chave : Planejamento.Projeto Político-Pedagógico.Gestão Democrática. Avaliação.












* Graduada em Letras Português-Inglês ? Faculdade de Psicologia do Recife ?FAFIRE, 2004
Pós-graduanda em Gestão Educacional ? Universidade Católica de Pernambuco ? UNICAP
Tutora do curso a distância de Letras ? FTC EAD

INTRODUÇÃO

O norteamento desse estudo consiste em refletir sobre a investigação do processo de construção do Projeto Político-Pedagógico, tido como documento fundamental para a organização e bom andamento da escola.
Cada vez mais contando com a participação dos atores do ambiente escolar, o Projeto Político-Pedagógico tem permitido aos gestores escolares uma aproximação maior não só da equipe docente, com quem divide metas e planos, como também dos alunos, quem uma vez agentes participativos, contribuem decisivamente com a busca de resultados. Assim, a gestão democrática, além de potencializar as ações planejadas, permite a visualização da escola que se tem e a que se quer conquistar, estimulando todos a cumprirem o que foi pensado coletivamente.

Projeto Político-Pedagógico: conceitos gerais

Projeto Pedagógico [...] é um instrumento teórico-metodológico eu visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição.
(VASCONCELLOS,1995,p.143)

Conceituar o Projeto Político-Pedagógico ( PPP), é uma tarefa um tanto complexa, haja vista a enorme quantidade de definições existentes na literatura educacional. Entretanto, considerando a linha de raciocínio de Vasconcellos, que coloca o PPP como um documento organizado de forma sistematizada, refletida e consciente, será mais fácil entendê-lo de forma mais ampla.

Em linhas gerais, o Projeto mostra a visão geral do que a escola é, do que ela pretende ser em termos de referência educacional, assim como as metas e estratégias adotas para atingir os objetivos idealizados conjuntamente pelos atores envolvidos no processo. Na construção do Projeto Político- Pedagógico são contempladas, forma coletiva, as finalidades e necessidades dos docentes, discentes, funcionários e a comunidade escolar.
Dessa forma, deve-se perceber que o Projeto não se trata de mais um documento para constar nos arquivos da escola; ele é, antes, o agente provedor de mudanças e adequações constantes no contexto escolar durante o ano letivo, sendo passivo de revisão e readequação à necessidade da população atendida.
Todavia, ainda que devidamente planejado, coletivamente articulado, imprescindível que o PPP seja posto em prática todos os dias, como defende BETINI:

[...] A questão principal do planejamento é expressar a capacidade de se transferir o planejado para a ação. Assim sendo, compete ao projeto político-pedagógico a operacionalização do planejamento escolar, em um movimento constante de reflexão-ação-reflexão.
(BETINI, 2005, p.37)

Se entendido como um compromisso coletivo de melhoramento das ações pedagógicas e administrativas, a vivência do PPP será percebida no bom andamento da Instituição escolar. É claro que essa vivência deve contemplar a realidade sócio-econômica na qual a escola está inserida, haja vista a intencionalidade de ter resultados positivos decorrentes do planejamento adotado. Nesse sentido, vale destacar o pensamento de AGUILAR acerca dessa adequação sócio-econômico:

Para consolidar a relação entre instituições educacionais e sociedade é necessário conhecer os determinantes que condicionam sua organização no âmbito econômico e político. Esses determinantes devem ser contemplados se queremos responder seguinte pergunta: que indivíduos estamos formando para viver nessa sociedade?
(AGUILAR, 1997,p.7, grifos do autor)


Logo, partindo da premissa que define o projeto político-pedagógico como a "identidade das instituições de ensino", como defende Batista (2010, p.114) torna-se extremamente necessário o entendimento do porquê de o Projeto ser considerado tanto na esfera política como na pedagógica. Nessa direção, Veiga explica assim essa consideração do projeto :

Chamamos de político porque reflete as opções e escolhas de caminhos e prioridades na formação do cidadão, como membro transformador da sociedade em que vive. Chamamos de pedagógico porque expressa as atividades pedagógicas e didáticas que levam a escola a alcançar os seus objetivos educacionais.
(VEIGA, 2002,p.13-14)


Sendo assim, assimilado na sua totalidade, o processo de planejamento e a execução do PPP possibilita a apresentação de resultados satisfatórios nos campos pedagógicos e administrativos, obtidos por meio de constantes avaliações, a fim constatar o sucesso das ações empreendidas em ambos os campos.

Etapas de planejamento e da construção do PPP

O processo de construção do Projeto Político- Pedagógico apresenta-se complexo e demanda a participação de todos os agentes das escola. Nesse sentido, tomando como ponto de partida a metodologia orientada por GANDIN ( 1986) e levando em consideração as etapas que AGUILAR (1997) enumera em seu estudo, será possível observar quatro momentos de fundamental importância para o início da atividade. O primeiro momento , identifica-se como "ato situacional". Nele, é necessário identificar o contexto onde a ação será desenvolvida, ou seja, a dimensão Estrutural e Conjuntural da sociedade em seus aspectos sociais, econômicos e políticos, como pontua Aguilar.
No segundo momento, conforme apontamentos de Aguiar (ibid., p8), é necessário estabelecer os valores a serem desenvolvidos para a construção e valorização do Projeto Político- Pedagógico.É de fundamental importância a escola ter registrado o seu perfil ético, especialmente porque ele norteia a formação cidadã dos alunos. Sendo assim, vale destacar o que diz BIZERRA (2001)

(...) a escola deve pensar o que pretende, do ponto de vista do seu papel primordial: a produção e a socialização do conhecimento, na perspectiva da formação do aluno para compreender a realidade em que vive, sendo capaz de transformá-la.
(BIZERRA, 2001, p.58)

Nesse sentido, o planejamento e a consolidação do Projeto Político- Pedagógico só são possíveis com a definição da filosofia do trabalho que será construído, com o envolvimento e a dedicação de todos que trabalham na escola e pela a escola. Ainda que o entorno escolar não possibilite ao alunado a assimilação dos valores que o Projeto Político- Pedagógico pretende desenvolver em sua execução, são de extrema importância o exemplo e a interação que os funcionários e a gestão possam demonstrar, reforçando o discurso valorativo. Dessa forma, Aguilar chama atenção para alguns pressupostos que contribuem de forma decisiva para a formação de que trata o PPP , quais sejam: tolerância radical ? que demonstra preocupação com o outro e coloca-se contra o individualismo; a moralidade-cívica ? que retrata a coragem de lutar pelo que se julga justo, correto; solidariedade e justiça, que demandam espírito de irmandade e norteamento para a valentia e solidariedade, respectivamente.

No terceiro momento, é necessário analisar a realidade interna de onde vai se desenvolver o projeto. Como ressalta Aguilar (ibid, p.9) "resgatar o passado, desvelar o presente e projetar o futuro" facilita a percepção de que as ações desenvolvidas no passado certamente deixam lições, devendo ser consideradas para adequações do que estiver falho no presente. Analisar essa realidade é respeitar, antes de tudo, a identidade da instituição.
Por fim, o último elemento a ser considerado, conforme apontamentos de AGUILAR (1997) é o conhecimento. É importante estabelecer quais conhecimentos serão socializados e produzidos pela escola ao longo da vivência do Projeto.. Certamente o processo de construção do conhecimento partirá do que foi estabelecido pelos Paramentos Curriculares Nacionais (PCNS), que regulamentam os conteúdos didáticos a serem desenvolvidos pela escola. Nesse sentido, perceber o andamento do Projeto de modo dinâmico e complexo, possibilita a compreensão do porquê levar a apredizagem para além da sala, deixando que ele seja realizado em todas as atividades que envolvem o ambiente escolar.
Dessa forma, ratificando esse aspecto dinâmico e aberto que é o conhecimento, AGUILAR defende que

Sistematizar um projeto pedagógico em um contexto institucional cria espaços para que os agentes do processo educativo definam o conhecimento a ser produzido e socializado, assim, como as metodologias mais apropriadas para seu desenvolvimento.
(AGUILAR,1997,p10)


Da implantação à avaliação ? revendo o processo

Até o presente momento, esse texto enumerou as etapas que precedem a prática do Projeto Político- Pedagógico. Para tanto, buscou teorias que embasassem e reforçassem a participação de professores, alunos e comunidade juntos com a direção escolar a fim de promover uma gestão efetivamente democrática.
Dessa forma, dar continuidade às etapas de construção do Projeto, ou seja, diagnosticar o contexto sócio-cultural-político do entorno escolar em que se atuará definir os valores a serem desenvolvidos, proporcionam o respaldo necessário para a implantação do Projeto Político- Pedagógico. É importante entender que, uma vez em andamento, não se encerram as ações de acompanhamento e avaliação que deverão ser constantes durante todo o processo vivência do Projeto.
Essas atividades aplicadas de forma combinada, possibilitam a verificação e a reparação das ações que não surtem efeito, bem como prover recursos financeiros e humanos para a execução do que tiver sido previsto. Sendo assim, vale salientar que

É nesse processo de troca de experiências, envolvendo intenções e ações, que se abrem perspectivas para a construção permanente do Projeto Político- Pedagógico e, conseqüentemente, para um movimento de reflexão e discussão dos problemas da escola
(VEIGA, 2007,p.166)

Outro elemento que deve ser considerado nessa implantação é a intervenção administrativa, meio pelo qual se alcançam objetivos e resultados traçados. Administrar o processo de construção e implementação do Projeto Político- Pedagógico, considerando todas as dificuldades de ordem pedagógica e financeira - que inevitavelmente surgem nessa etapa e são pertinentes aos sistemas da sociedade - bem como os conflitos que advêm da atividade de gerir pessoas, dificultados, principalmente porque devem ser uma tarefa encarada sem autoritarismo, buscando o coletivo sempre. O foco principal deve ser sempre a busca pela qualidade, pelo desenvolvimento profissional e resultados positivos.
Nesse sentido, no decorrer da implementação do projeto, o aspecto mais relevante e merecedor de destaque é a avaliação. Em consonância com Luckesi, acredita-se que

A avaliação poderia ser compreendida como uma crítica de percurso da ação, seja ela curta, seja ela prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões. [...] a avaliação como crítica de percurso é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como é no redimensionamento da direção da ação.
(LUCKESI, 1998, p.116-118)

Dessa forma, o processo avaliativo não fica restrito ao acompanhamento das ações previstas no planejamento; na verdade, ele estende-se, ao andamento da escola de um modo geral:, incluindo a produção do pessoal administrativo, os resultados dos professores, o relacionamento com a gestão e até o envolvimento da comunidade no desenvolvimento da escola. É chamado de Avaliação Institucional, ou avaliação interna, o momento em que serão analisadas todas essas questões, a fim de constatação de resultados satisfatórios das ações programadas.


Parâmetros de avaliação do Projeto Político- Pedagógico

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), no seu artigo 24, inciso V, considera o processo de construção do conhecimento contínuo e progressivo, prevalecendo os aspectos qualitativos sobre os quantitativos; Torna clara a possibilidade da aceleração dos estudos para alunos com atraso escolar; Admite o avanço do aluno em série seguinte, mediante verificação de aprendizagem; Assegura que o saber trazido pelo aluno, construído fora ou dentro da escola, deve ser reconhecido e aproveitado pela Instituição.E, por fim, confere ao aluno com baixo rendimento , o direito à recuperação, preferencialmente paralela ao período letivo em curso.Sendo assim, a avaliação do Projeto Político-Pedagógico torna-se a ferramenta que possibilita aos atores envolvidos no processo de construção verificar o andamento do que está sendo construído na escola.
Nesse sentido, vale salientar o que SOUZA (2007) defende a respeito do papel da avaliação escolar:

(...) Sua função central é a de obter informações sobre os avanços e as dificuldades de cada aluno, de modo a permitir ao professor planejar e replanejar o processo de ensino-aprendizagem. Como tal, deve ser instrumento de estímulo e promoção da aprendizagem, cabendo ao professor interpretar qualitativamente o conhecimento construído pelo aluno, considerando que esse conhecimento abrange as áreas cognitiva, afetiva e social.[Disponível em http://www.moodle.ufba.br .Grifos da autora. Acessado em 09.08.2010]

Dessa forma, esse mecanismo passa a ser considerado como um "compromisso com a aprendizagem de todos", numa perspectiva de "práxis transformadora" (VASCONCELLOS,1998), e como "compromisso com a mudança institucional". Esse é o momento de se colocar em evidência o Projeto Político-Pedagógico e discutir os referenciais e as concepções pedagógicas, especialmente porque o tema da avaliação põe em evidência não só as políticas educacionais como também as razões que fundamentam a construção do Projeto.
Numa perspectiva generalizada FERREIRA (2010) defende que a avaliação não deve ser "burocrática, punitiva ou puramente quantitativista". Ela deve , sim, respaldar a adequação constantes das práticas adotadas , a partir da captação dos pontos frágeis detectados, com vistas para elevar o desempenho da instituição ante os compromissos sociais assumidos.

Modelo de avaliação ? Uma experiência nas Escolas de Referência em Ensino Médio de Pernambuco

O modelo de avaliação adotado no estado de Pernambuco, mais especificamente para Escolas de Referência em Ensino Médio pertencentes ao Programa de Educação Integral , faz uma avaliação não só do próprio Projeto Político- Pedagógico como também dos resultados que ele dá ao longo da sua vivência.
Certamente, com um projeto bem articulado e administrado, a avaliação refletirá o sucesso das ações empregadas. O modelo que o Programa Integral adota é multifacetado e enquadra-se como uma avaliação externa, já que todos os atores envolvidos no entorno escolar, além dos coordenadores de Educação Integral respondem aos questionários enviados pelo órgão : pessoal administrativo, alunos, professores pais e gestores. Num sentido crescente, os alunos avaliam as práticas pedagógicas aplicadas pelos professores, o trabalho feito pela coordenação pedagógica e pela gestão, bem como os serviços prestados pelo pessoal de secretaria. Por sua vez, os professores avaliam suas próprias práticas em sala de aula ? e também nos laboratórios e outras localidades da instituição; a coordenação e a gestão também fazem essa auto-avaliação. Os pais avaliam a escola como um todo: ambiente, uso de dependências das escolas (como laboratórios, bibliotecas e outros espaços que proporcionem aulas extraclasses); avaliam, ainda, o trabalho dos professores e da equipe administrativa. Por fim, a própria equipe administrativa avalia seu auto-desempenho, seu envolvimento e participação no andamento do Projeto Político- Pedagógico, assim como o dos professores.
Com os resultados dessa avaliação externa, é possível confrontar dados obtidos a partir dos questionários aplicados nas escolas com a auto-avaliação feita por elas em dois momentos: n fim do primeiro semestre e no fim do segundo semestre. Assim, em conjunto e sob orientação dos gestores escolar e do Programa Integral, é que se traçarão metas de intervenção, se for o caso. Desse modo , FREITAS (2004) afirma que "A peça chave na questão da avaliação institucional é o Projeto Político- Pedagógico da escola e suas relações com a gestão escolar." Sendo assim, o Projeto , entendido como uma ferramenta aceita e articulada pela coletividade, tem como objetivo final cumprir seus compromissos sociais firmados entre a comunidade interna e todo o entorno escolar. O processo avaliativo torna-se, nessa perspectiva, o dispositivo mais concreto para mostrar o feedback das ações frágeis ou eficazes resultantes da implantação do PPP.



As estruturas do projeto Político Pedagógico

Toda a proposta pedagógica de uma escola, elaborada coletivamente ? como elencada até aqui ? precisa ser documentada, na forma do Projeto Político-Pedagógico (PPP), para que circule e seja analisada constantemente pela própria unidade escolar, bem como deve ser encaminhada para os órgãos competentes da educação quer nas esferas municipais, quer nas estaduais.
Assim, conforme orienta VASCONCELLOS (2002), a estrutura de um PPP abrange três dimensões: o marco referencial, diagnóstico e programação. São três partes de um todo que não funciona dissociado. Numa linguagem metafórica, seria como um tripé, cujo equilíbrio depende da presença das três "pernas".
No Marco Referencial, trabalha-se com a finalidade.As interrogações que norteiam essa estrutura é "o que se quer alcançar? , Como a sociedade se apresenta? Que aspectos devem ser transformados? Com quais concepções de educação, de ensino-aprendizagem e de avaliação se quer trabalhar?.
Já no Diagnóstico, a dimensão trabalhada é a realidade.Nesse contexto, SOUZA (2007) , em consonância com VASCONCELLOS (2002) , elenca as seguintes questões para nortear a construção dessa etapa: "que características (sociais, econômicas, culturais) têm a comunidade, a escola e a clientela a que a escola atende? Como se apresenta à realidade da escola hoje? Que características tem a gestão da escola? Como se dá a participação da comunidade na gestão da escola? Que formas de organização escolar são adotadas? ".O diagnóstico deve ser descritivo e analítico, pois vai identificar necessidades de mudanças, para responder à questão crucial: "o que falta para se alcançar o que se quer?"
Por fim, discute-se a Programação, cuja dimensão trabalhada é projeto, a mediação e a construção coletiva do desejo. Nessa esfera, define-se o que será feito e os recursos para superar as dificuldades que surgirem, buscando apresentar a qualidade em educação que a escola se dispõe a oferecer, conforme lembra SOUZA (2007). Nesse momento fica definido o perfil do que possível e viável de executar para diminuir a distância entre o que a escola é o que pode ser. A aplicabilidade do Projeto pode ser anual, bienal ou outra estabelecida pelo grupo organizador.





Condições para a operacionalização do Projeto Político-Pedagógico

Para fins de consolidação do Projeto Político-Pedagógico, faz-se mister lembrar que não só as atividades burocráticas ou formais serão suficientes. É de fundamental importância salientar as condições que as equipes gestoras devem viabilizar não só para a construção, como também para a execução, o acompanhamento, a avaliação e readequação do Projeto. A seguir serão enumeradas algumas dessas condições.
Em seus estudos, SOUZA (2007), elenca três pontos norteadores dessa discussão: "Delimitação e organização do tempo para a discussão, elaboração e acompanhamento do projeto", "Estabelecimento de possibilidades e de limitações do trabalho da escola e definição de prioridades" e "Acompanhamento da execução da proposta pedagógica". No primeiro ponto, defende-se a importância de estabelecer um "tempo próprio" para que seja incutido na realidade da escola o costume de acontecer encontros, reuniões e a realização de tarefas pertinentes a contexto escolar. Superlotar a carga horária de professores, por exemplo, impedindo que eles se encontrem para discutir questões pedagógicas, é uma forma de dificultar esse tempo de encontro.Cabe à gestão vencer essas dificuldades e desenvolver um meio de reunir docentes, funcionários e os pais - que normalmente são convidados para ir à escola somente para resolver questões disciplinares ou de notas ? criando, assim, uma conduta sistemática de acompanhamento dos pais sobre a vida escolar de seus filhos, bem como acerca das práticas pedagógicas desenvolvidas.
O segundo ponto mostra a necessidade de se detectar com clareza quais os pontos críticos, bem como as devidas soluções para se alcançar os patamares mínimos de educação. Nesse sentido, SOUZA (2007) mostra que

(...) algumas questões se colocam. As soluções levantadas são viáveis? Como elas serão encaminhadas? O que precisa ser feito, para que elas se tornem operacionais? Quais os recursos necessários e como buscá-los? Tais questões, entre outras, irão ajudar a definir quais as possibilidades e limitações concretas da escola nesse primeiro momento, sempre tendo em mente que, no decurso do trabalho, essas possibilidades poderão ser ampliadas. Considerada a complexa tarefa de dar uma nova qualidade à escola, é preciso definir, no rol das possibilidades levantadas, as prioridades para que haja economia de tempo e de esforço. Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo. Assim, as metas definidas devem ser claras, viáveis e representativas das necessidades básicas da escola e devem ser postas numa perspectiva de gradualidade, ou seja, devem ser distribuídas por etapas, ao longo de um tempo razoável para a sua consecução.[Disponível em http://www.moodle.ufba.br]


O último ponto reitera toda a argumentação - até aqui defendida - sobre acompanhar e avaliar o andamento do Projeto. Uma combinação de ações administrativas desenvolvidas pelo coordenador pedagógico permite que o documento passe da fase de construção para os resultados. Na esteira de SOUZA (2007), entre outras estratégias, elenca-se a criação de mecanismos que permitam acompanhar os planos de trabalho dos professores, verificação do desempenho dos alunos, identificando pontos nesse desempenho que precisam ser melhorados e que precisam ser discutidos, supervisão da qualidade dos recursos didáticos disponíveis, observando sua variedade, sua adequação ao número de alunos e aos objetivos e conteúdos curriculares da proposta pedagógica e reunião periódica com toda a escola e com os pais dos alunos para avaliação e replanejamento do projeto político-pedagógico e do plano de trabalho da escola.



























CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto ao longo desse texto, é possível perceber a complexidade que perpassa a construção de uma proposta pedagógica. É complexa e árdua a tarefa de se conduzir essa construção se levados em conta todos os fatores tratados, como a influência da comunidade, os aspectos sócio-culturais o entorno escolar, bem como a implicação pedagógica e administrativa do material humano ( os atores do PPP) nesse processo.
Sabe-se que em muitos estados não há uma fiscalização efetiva e nem acompanhamento ou orientações para o desenvolvimento desse Projeto Político- Pedagógico. O consolo é saber que em virtude dos altos índices de inadequação das escolas aos PCNS, medidos por avaliações nacionais como A Prova Brasil e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb),além da A Provinha Brasil - que é uma avaliação diagnóstica aplicada aos alunos matriculados no segundo ano do ensino fundamental - os órgãos competentes estão se mobilizando e buscando estar mais perto das escolas, firmando parcerias e buscando a consolidação de uma educação de qualidade.
Sendo assim, em consonância com SOUZA
(2007) " é importante considerar permanentemente, com a comunidade escolar, se o projeto político-pedagógico, que é o plano global da instituição, está efetivamente sendo cumprido e quais as reformulações que precisam ser feitas para que o seu cumprimento represente, de fato, a construção de uma escola de qualidade acadêmica e social".















REFERÊNCIAS

AGUILAR, L.E. A gestão da educação: seu significado a partir de propostas pedagógicas institucionais. Texto apresentado no III Congresso Latino-Americano de Administração de Administração da Educação ? 21-25 de julho de 1997. Unicamp ? São Paulo, Brasil.

BATISTA, Keila Cristina.Projeto Político-Pedagógico: na construção do ideal e s embates com o real. São Paulo: Artigo publicado na revista Unioeste, 2007.

BETINI, Geraldo Antônio. A construção do Projeto Político- Pedagógico da Escola.São Paulo.Revista Pedagógica Unipinhal,v.01,n.03,jan/dez,2005.

BIZERRA,Maria da Conceição. O projeto Político-Pedagógico da escola como elemento articulador da política educacional : a experiência do Rio Formoso. Artigo publicado na Revista Educação ? Teorias e Práticas, ano 1, n1, dez.2001. Unicap ? Pernambuco, Brasil

FREITAS,L.C.et AL. Dialética da inclusão e da exclusão : por uma qualidade negociada e emancipadora nas escolas,IN: Escola viva: elementos para a construção de uma educação de qualidade social. GERALDI,C.MG; RIOLFI, C.R.; GARCIA,M.F. Campinas: Mercado de Letras Edições e Livraria Ltda., 2004.

GANDIN, D. Planejamento como prática educativa.São Paulo: Loyola, 1986.

LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. 7ed. São Paulo: Cortez Editora1998.

VASCONCELLOS, C.S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e Projeto Educativo. São Paulo, Libertad, 1995.
_______________________Avaliação da aprendizagem: práticas de
mudança. São Paulo, Libertad, 1998.
______________________. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. São Paulo: Libertad, 2002.

VEIGA, Ima Passos Alencastro (org).Quem sabe faz a hora de construir o Projeto Político Pedagógico. 1ª Ed.São Paulo: Papirus,2007.
_______________________________. Projeto político-pedagógico: uma construção coletiva. In: VEIGA, I. P. A. (Org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 15.ed. Campinas: Papirus Editora, 2002.

REFERÊNCIAS DIGITAIS
CARDOSO, Ary Carlos Moura - Do Projeto Político-Pedagógico Escolar (PPP).Publicado em 2006. Disponível em http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/289628. Acessado em 10.08.2010

FERREIRA, Renata del bianco Ritzdorf. Avaliação Educacional e Projeto Político pedagógico. Disponível em http://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/avaliacao-educacional-projeto-politico-pedagogico.htm Acessado em 10.08.2010

LDBEN - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acessado em 12.08.2010

SOUZA, Adriana.A Construção do Projeto Político-Pedagógico da escola.Publicado em 2007. Disponível em http://www.moodle.ufba.br/mod/book/view.php?id=14550&chapterid=10912, Acessado em 11.08.2010


Autor: Nathaly Caldas Costa


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