Teotihuacan



Por volta do primeiro século depois do nascimento de Cristo, surgia aos poucos o que hoje é conhecido como a maior cidade pré-hispânica da Mesoamérica, situada ao norte da Cidade do México, com uma área territorial aproximadamente de vinte e dois quilômetros quadrados, Teotihuacan já apresentava as características de uma cidade propriamente dita.
A população era agrupada em bairros de acordo com origem, parentesco ou ocupação, por sua vez os bairros eram constituídos de casas comuns e de palácios bem decorados, as casas abrigavam as pessoas comuns e os palácios eram habitados por poderosos sacerdotes. Pode-se perceber a significativa organização urbana dessa população quando observado que já naquela época as avenidas e ruas da cidade eram pavimentadas e eles desfrutavam de um sistema de drenagem bem planejado, sem contar que era uma sociedade onde já existia a divisão do trabalho, um exército competente, um comércio organizado e uma agricultura que não era voltada apenas para a subsistência.
Foi a primeira cidade planejada das Américas, seus admiráveis edifícios foram construídos ao longo da "calçada dos mortos" ou também da "avenida dos mortos", que é assim denominada pelos arqueólogos devido a grande presença de enterramentos às suas margens, possuindo cerca de dois quilômetros de extensão.
Destacam-se como as principais construções da cidade: a Pirâmide do Sol, construída no século I d.C. com sessenta metros de altura; a Pirâmide da Lua com data de construção entre 100 e 200 d.C. com quarenta e dois meros de altura e por fim o Palácio de Quetzalcóatl datado de 200 d.C.
Entre os anos 200 e 400 d.C. Teotihuacan passa a ter uma população muito grande, com algo em torno cinquenta mil habitantes. Devido esse grande aglomerado urbano, surge a necessidade de mais construções, sobretudo no âmbito residencial, são construídos (agora em bem maior número) os conjuntos multifamiliares, que tem como objetivo principal acomodar essa imensa população.
Não se sabe ao certo qual era o tipo de governo adotado nessa região, pois pode-se perceber a ausência de um único centro político na cidade, além da ausência também de reis e linhagens. Acredita-se que a cidade tenha sido governada por sacerdotes que pregavam a ideia de um estado utópico, governado pelos deuses, como instrumento de dominação com a intenção de controlar a mão-de-obra e o comércio da região.
Muitos foram os fatores, que combinados, poderam contribuir para o colapso da sociedade teotihuacana, a população crescia cada vez mais à medida que as dificuldades para manter o abastecimento dessa população também cresciam, havia uma excessiva exploração da população pela classe dominante e as lutas pelo poder entre as diferentes etnias também se faziam presentes, além do descontentamento da população com os "deuses governantes" que não conseguiam conter as crises.
Uma grande revolta ocorreu por volta do ano 600 d.C. onde a população insatisfeita com as condições de vida e com as demasiadas explorações, ocasionaram um imenso incêndio na cidade, destruindo altares e imagens dos deuses. Fato que acelerou o processo de decadência da cidade e por consequência da cultura teotihuacana.
Por volta do ano 700 d.C. a cidade foi abandonada e destruída, não se sabe ao certo o que provocou tal fenômeno, mas alguns fatores somados aos já mencionados são de fundamental importância para o entendimento do declínio dessa cultura, são eles acontecimentos naturais e também de cunho político. A pouca chuva poderia ter causado um colapso na produção agrícola e a constante possibilidade de ataque por parte de povos vindos do norte que admirados com tamanha beleza e sofisticação da cidade teriam resolvido dominá-la.
Diante do que foi exposto, pode-se perceber a notável importância de Teotihuacan para o entendimento dos povos pré-colombianos, onde por volta do século III d.C. já se fazia possível encontrar uma sociedade tão bem organizada, além de uma cultura de extrema relevância, capaz de influenciar povos e ajudar a entender o contexto histórico inserido na região da Mesoamérica.

Autor: Geovan Sobrinho


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