Educação Patrimonial



EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Essas são algumas considerações sobre Educação Patrimonial.
Aqui alguns fragmentos de pensamento elaborado com o intuito de debater educação patrimonial. Reflexões que nos levam a pensar a educação no Brasil. Aqui apenas alguns trechos desenvolvidos a partir dessa visão da educação patrimonial.

A educação patrimonial busca capacitar o individuo para exercer a cidadania, conhecendo, se apropriando e valorizando a sua cultura para que com isso venha a compreender o meio sócio cultural que se encontra inserido.
Muitas vezes nos referimos como patrimônio algo que recebemos de herança ou até mesmo pensamos na arquitetura da cidade, os prédios antigos, mas patrimônio também pode ser representado por fotos, objetos com ou sem valor comercial com uma carga emocional afetiva elevada. Também podem ser mais abrangente, como elementos necessários à sobrevivência do ser humano, como a água, elementos pertencentes à natureza.
Conforme Funari " O patrimônio individual depende de nós, que decidimos o que nos interessa", a eleição do que é patrimônio é uma opção de cada individuo de acordo com seus interesses políticos e econômicos e o patrimônio coletivo depende das reflexões que a própria comunidade realiza para determinar os interesses comum à todos.
A casa, a rua, a escola, a família podem contribuir para o inicio dessa compreensão, entendendo como o individual que depende de nós, um fragmento, partindo para o coletivo, envolvendo assim uma comunidade, uma associação de bairro, condomínio, gerando multiplicidade. O que é patrimônio para uns, não é para outros, mas é dever de todos, na coletividade, preservar. Horta nos orienta ele descreve como dever patriota preservar recursos materiais, ambientais e o saber brasileiro.
Nesse processo de valorização e preservação da cultura e do patrimônio histórico, todas as ações se fazem necessárias para auxiliar o individuo na construção da sua própria identidade, reconhecendo e aceitando diversidades culturais, na qual a educação patrimonial oferece a possibilidade para o educando utilizar sua capacidade intelectual com o intuito de perceberem a importância do patrimônio.
Como futuros educadores, necessitamos provocar no educando um processo continuo de pensar a educação patrimonial como forma de ativa de valorização e capacitação do passado para usufruir de nossa identidade cultural no presente.
Com o olhar no passado através do patrimônio histórico e arquitetônico, estruturalmente estável, possível de estudo, analise e contemplação e outro olhar no futuro do adulto em processo de busca de reconhecimento desse passado, da sua identidade cultural, para que tenha condições de agir no presente, é inevitável a preocupação com a criação e aplicação de técnicas com qualidade e principalmente com a formação do profissional especializado comprometido com o a educação gerada no percurso escolar.
Com essa visão, procuramos encontrar a metodologia mais adequada paar que a educação patrimonial possa acontecer.A oficina pedagógica demonstra ser a forma de pratica educativa mais democrática e dialética.

Trabalhar com a abordagem patrimônio material e imaterial que podem ser de grande ou pequeno valor, com o patrimônio espiritual que são os ensinamentos passados de geração para geração, os saberes domésticos, constitui prioridade para o desenvolvimento da educação patrimonial.

O individuo é também constituído de memória natural, baseado nessa afirmação, buscamos provocar interesse no educando para abordar o assunto patrimônio. A memória proporciona ao ser humano armazenar o conhecimento seja esse conhecimento consciente ou inconsciente, a assimilação se acomoda e passa a fazer parte do aprendizado de um individuo.
Partindo dessa premissa, um simples objeto do cotidiano como uma foto, um quadro, uma casa, um caminho, poderá representar as bases da elaboração do conceito patrimônio. Sendo assim, propomos partir do fragmento casa, lembranças e objetos para então dar continuidade com a comunidade, escola, cidade.
O intuito foi de direcionar e ampliar o olhar para que ao valorizar o fragmento possa estar preparado para aceitar o conjunto maior, ou seja, os prédios históricos , um lugar desconhecido por muitos alunos e não pertencentes a sua realidade.


"Como posso aceitar-me e respeitar-me se estou aprisionado no meu fazer (saber), porque não aprendi um fazer (pensar) que me permitisse aprender quaisquer outros afazeres ao mudar meu mundo, se muda meu viver cotidiano? [...]" (MATURANA, H., 1998. 31).?

Refletindo sobre essas afirmações, incentivar a produção criativa, com base em relatos do cotidiano, seja essa realidade, campo, cidade, praia, sem negar suas origens, apenas o dia-a-dia da criança expresso através do processo criativo poderá contribuir para a formação de um sujeito cidadão.
Partindo do fragmento casa/bairro que é algo próximo ao estudante, o conhecimento do patrimônio pessoal, do seu cotidiano, para então explicar o que é patrimonio.
A ação do fazer, do desenhar, do pintar ou qual seja a técnica usada para estimular o interesse, vem contribuir para o sucesso ou o fracasso da oficina, por causa disso é necessário uma observação e um diálogo com a direção da escola e com a turma para reconhecer o processo mais adequado à realidade do educando.

Segundo Zélia Cavalcanti, através da interação com informantes e informações do meio, seu fazer artístico fica alienado da produção cultural, o que acaba por empobrecer o desenvolvimento do indivíduo. A partir dessas informações, cuidadosamente exploramos o uso das habilidades de cada um, respeitando a cultura individual, porque percebemos que em cada turma, existe a manifestação de pequenos grupos sociais com identificação próprias, hábitos e costumes singulares.

Falar de patrimônio não é tão simples assim, ainda mais com a realidade do educando nessa escola especificamente, em função da vulnerabilidade em que vivem socialmente e economicamente.

Em outro momento buscamos no jogo de infância a motivação para o exercício do pensar e fazer procurando uma linguagem diferenciada, através da aparente brincadeira buscou-se construir uma situação real e dinâmica.
A finalização com esses materiais estabelece um vínculo com varias linguagens das artes, envolve fotografia, pintura, desenho e colagem e insere o educando no patrimônio maior de convivência diária: a escola.

O educar se constitui no processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro no espaço de convivência (Maturana, 1998b, p. 29).


O reconhecimento do que é patrimônio, amparada pela teoria e com as praticas pedagógicas , a busca pela apreensão do conhecimento tornou-se mais prazerosa e mostrou-se eficaz.
Partindo do fragmento individual chegando ao patrimônio arquitetônico, com o envolvimento dos estudantes em todas as atividades, estabelecemos diálogos dos estudantes com meio em que vivem, buscamos organizar o pensamento, e nesse processo de encontro e desencontro, adaptações, verificamos com satisfação o empenho dos jovens na elaboração dos trabalhos.

Concluo que sempre é possível provocar situações para que o educando possa pensar, e pensando, tornar-se autônomo e realizador de ações de auto-estima como cidadão.
O futuro professor no ensino das artes e de outras disciplinas, poderão incentivar ações envolvendo família, comunidade, escola, para incentivar a preservação e valorização do patrimônio cultural.

Referencias

CAVALCANTI, Zélia . A Arte na sala de aula. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FUNARI, Pedro Paulo de Abreu e PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

HORTA, Maria de Lourdes Parreira. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Museu Imperial, 1999.

LEMOS, Carlos A. C.. O Que é Patrimônio Histórico. São Paulo: Brasiliense, 2006.

MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Ed. UFMG, 1998.

Trajetória e políticas para o ensino das artes no Brasil: anais da XV CONFAEB/ José Mauro Barbosa Ribeiro (organizador)- Brasília: Ministério da Educação, 2009











Autor: Cristina Pastore


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