Vivendo assim como...



Vivendo assim como...

Pela janela do quarto ele via a vida lá fora. A vida que era de todos, menos
dele, que se encarcerara sem ao menos saber por quê. Isolara-se de tudo. Dos amigos, dos familiares, das festas que tanto gostava, das compras, do futebol aos sábados, dos bate papos no elevador. Talvez se sentisse melhor assim, sem ter com quem falar, absorto em seus pensamentos. Poucas eram as visitas e quase nenhum os telefonemas. Entenderam que ele queria assim. Desistiram. Pensavam-no um esquizóide, tão diferente daquele que já fora. Alegre, cheio de vida, muitos amigos, pronto para tudo. Quem passasse por sua casa, na maior das vezes o veria à janela, a barba por fazer e com aquele olhar distante, olhando o nada ou o tudo, quem sabe... Quem sabe o que olharia. Talvez nem ele o soubesse.Quem o conhecia dizia que... Não sei o que pode ter acontecido, pois apesar de extrovertido, não comentava nada de sua vida. Ele sumiu de repente... Não quis atender mais ninguém. Quem não o conhecia, imaginava mil coisas a seu respeito. Teria sido traído? Fragmentou-se sob algum estresse emocional? Seu ego estaria danificado? Estranho... Outros diziam que... Outros ainda o imaginavam... E assim o tempo foi passando e cada um passou a cuidar de sua vida, esquecendo-se do rapaz à janela. Passaram-se primaveras, verões, outonos e invernos. Houve enchentes, terremotos, furacões e ele continuava lá, na sua impassibilidade. Deixou de ser atração, mas continuou a ser aquele que se prendeu em vida, numa
prisão sem grades, num ostracismo total, vivendo sua vida numa exclusão
defensiva. Defensiva... De quê? de quem?...
Coisas da vida.

Heloisa/ 10-02-2011

Autor: Heloisa Pereira De Paula Dos Reis


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