Sem Reclamar



Sem reclamar.

Com a ferocidade máxima, o senhor de tudo passa como vento, assola tudo que existe de forma perfeitamente distribuída. Varre, desde a mais singela forma de vida, ao mais elaborado organismo vivo. É supremo e inabalável em seu seguir ordenado. Dita a forma de pensar daquele que define o pensar coletivo, carrega o caminho individual rumo ao encontro comum em todos os seres que participam do evoluir global.
Com todos os respeitos ao senhor Tempo, dignamente curvado diante de sua imensa potência, lá vou eu à deriva em seu leito maior. Vou rumo ao nível do mar humano, em direção da distribuição uniforme e equilibrada, de tudo que escorre sobre o rio do passar das horas.

Não, não, não e sempre negativo ao sim intocável do comandante geral.
Não. Nunca se deve dizer nunca. Pois o nunca é domínio exclusivo do Tempo.
Não, jamais perder tempo com o pensar sobre o tempo.
Não se atreva invadir idéias tão bem delimitadas e protegidas, de qualquer forma de invasão.
Não. Cem vezes não, será sempre não, devido ao privilégio em mudar a direção que proporciona o pensar não.
Não, esquecer o valor do não.
Não lembrar o preço caro do não.
Não querer, não desejar saber, não gostar de ter, não se interessar por compreender, não fazer questão de ser, não pensar no dizer não pro prazer, não carregar o peso referente ao não dizer.
Não se abalar com o definido rumo que és forçado a percorrer.
Não, não, não e não sucumbir à obrigatoriedade no sim responder.
Não, não, mil vezes não. Graças aos Deuses, conheci a oportunidade de dizer não aqui.
Não se ressentir no advérbio pronunciado, nem tão pouco pagar satisfação por tal negação.

Poder simplesmente negar. Negar o palpável e o impalpável, gritar NÃO isento de qualquer repreensão, negar tudo e todos somente como desabafo. Pensar o negar livre de qualquer forma de justificativa em severa negação.
Não, não só quero e preciso dizer não.
Não concordo, não aceito, não desejo e não preciso não.
Não reclamo, não possuo nenhuma condição de reclamação.
Apenas existe a total necessidade de poder o NÃO dizer,
Permitido unicamente pelo escrever, bendito seja quem me permitiu tal prazer.
Oportunidade igual jamais,
Trabalho e vivo na ânsia de realizar a delícia em desabafar o que quero e da forma gramatical digna de meu expressar.
Fiz questão em tornar rara a oportunidade em se poder negar. Tanto é o medo em banalizar o prazer, devido ao excesso de amor


06 de março de 2010

Autor: Mateus Guimarães Alves


Artigos Relacionados


Apelo

O Seu Olhar

Frederico

Ser

Prova De Amor

Uma Mulher Apenas...

Censura Do Prazer