Revisão de aluguel



Revisão de aluguel


Clemente parou na porta de uma loja e prestou atenção na conversa de um comerciante com um cliente.
Ele dizia não entender muito bem esse negócio que regulamenta aluguéis, que permite aumentos anuais, este tal de percentual, índice autorizado publicado nos meios de comunicação.
É permitido aumentar os aluguéis, de acordo com índices oficiais. Isto acontece no primeiro, segundo, terceiro ou quinto ano, até que o proprietário resolve pedir uma revisão. Neste momento os alugueis vão a valores insuportáveis para os pequenos comerciantes.
Fala-se em acordos, mas isto não é bem assim, quando o proprietário pede revisão, o inquilino já fez o trabalho duro de divulgação, aplicou horas em seu negócio. Fez sua clientela. Investiu suas economias em reformas, decorações e estoques.
É geralmente neste momento crítico das economias do comerciante, que o proprietário reivindica revisão, sem possibilidade de acordo.
É quando o lado mais fraco se vê obrigado a abandonar seu sonho ou pedir financiamento e partir para outra nova e arriscada aventura, para ter, na maioria das vezes, o mesmo final.
Na conversa ele enfatizou o fato de muitos comércios serem tocados pelos proprietários, esposas e filhos.
Pequenos negócios não acumulam riquezas, servem para sobrevivência da família.
O comércio cria facilidades para clientes que não precisam se locomover para outros bairros ou para o centro da cidade, gerando economia de tempo além de diminuírem os grandes congestionamentos.

Ele resignou-se ao ouvir o cliente dizer que esta era a lei. Se adéque quem puder quem conseguir. Neste caso também vence o mais forte.
Clemente agarrou-se a sua valise, retornou ao colégio, sem entender os motivos que levam alguns a quererem muito mais do que o necessário.
Lembrou dizeres de seu pai que considerava o milagre da multiplicação dos pães, como um dos maiores de Jesus e o interpretava a sua maneira:
"Se todos colaborarem, haverá muito para todos, com sobra".
"Mateus 14:20. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos cheios".





Autor: Antonio Ribeiro


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