Como os Gregos Antigos e as Crianças de todas as épocas



A civilização grega esteve tão à frente de seu tempo no quesito educação que até hoje nos assombramos quando olhamos para traz e vemos o seu legado.
Os gregos antigos possuíam uma sede enorme de conhecimento a qual não se saciava em qualquer fonte. Mas sim naquela fonte em que garantia a maior proximidade com a verdade, a sabedoria.
Pertencer a este mundo ? naquela época ? era estar no centro de uma cultura estupenda que buscava evoluir de modo pleno por via do conhecimento. Aristóteles no principio de sua "Metafísica" exemplifica um pouco desta visão do homem que eles, os gregos, já possuíam naquele período. Dizia ele que, "todos os homens tem, por natureza, desejo de conhecer..." (Aristóteles, 1979, pag. 11). Ou seja, o ser humano é um ser aberto ao conhecimento do ainda não conhecido e isto é inerente a nossa natureza.
Os gregos antigos eram muito diferentes de nos hoje. Basicamente porque eles não tinham medo de conhecer. Ao que parece mantinham mesmo na sua maturidade a obsessão de saber que possui uma criança. Aliás, a figura da criança é o símbolo perfeito do ideal de um ser humano aprendiz.
A criança por não ter ainda muito tempo de existência nesta realidade e conseqüentemente não possuir muitas experiências acaba por se tornar um ser em constante perguntar-se. Ela exprime com sua sinceridade os mais variados e tradicionais porquês sobre todas as coisas que estão no foco de seu pensamento no momento.
Parece fundamental hoje, sermos em nossa sociedade uma síntese dos gregos antigos e das crianças de todas as épocas. Onde em comum se encontra a paixão pelo saber o que está do outro lado do muro. Pelo desvelamento das coisas que nos vem.
A vida desde seu principio até o seu natural declínio é cheia de mistérios e nesta realidade podemos optar em deixar a vida nos levar sem nunca nos perguntar. Ou podemos nos arriscar diante do desconhecido com nossas humildes mais sinceras perguntas. Alias perguntas estas que com o passar do tempo tendem a fortalecer e edificar a constituição ética e moral de nossas personalidades.
A pergunta foi para os gregos é para as crianças e deve ser para nós como um fortificante, uma vitamina do espírito. Onde em cada dose nos tornamos mais e melhores seres humanos.
Lembre-se: perguntar não mata conhecimento não ocupa lugar. No entanto, o que nos aniquila é o "sedentarismo intelectual" que torna as pessoas "obesas de conformismo".
Não se deve ter medo de ser o que nascemos para ser, eternos perseguidores da verdade!

Referencia:
VALLANDRO, Leonel; BORNHEIM, Gerd. Aristóteles II: Ética a Nicômaco. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

Autor: Ricardo Valim


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