A Inclusão de alunos deficientes na escola regular



Isabela Ferreira dos Santos¹

RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de expor a real situação enfrentada diariamente por alunos e pais desses considerados especiais por manifestarem alguma deficiência, sendo esta de ordem mental, visual, auditiva, etc. Tanto na escola quanto ambiente de desenvolvimento intelectual e social, sendo ela a interlocutora da formação do individuo quanto na própria sociedade ao qual ele está inserido enquanto cidadão e parte do Sistema vigente e precário para educação em geral.
A priori foram usados textos de Werneck (1992) e Aquino (1996), na construção da base de aprofundamento e compreensão da questão educacional no Brasil. Seguido de relatos da internet enquanto difusora de novos diálogos e livros ligados direta ou indiretamente com a inclusão desses jovens alunos e a junção de todas as pesquisas durante o 1º semestre do curso de graduação na Licenciatura Plena em História completam o alicerce para confecção desse artigo que enfatiza a inclusão de alunos com necessidades especiais.
O destaque para o preconceito e a falta de formação especializada aos mestres para que estes possam atuar de forma satisfatória com crianças que venham a apresentar deficiência, o trabalho tem o objetivo maior de demonstrar que a freqüência desses alunos é fonte enriquecedora na formação continuada do cidadão e das diversidades que se apresentam durante toda fase humana.




Palavras-chaves: inclusão, sociedade, alunos, diferenças.






Isabela Ferreira dos Santos¹ é aluna do curso de Licenciatura Plena em História na UNEB, Campus IV de Jacobina-Bahia.
A sociedade reservou um lugar marcado pela discriminação, para alunos de baixa renda e essa descriminação se multiplica quando falamos de deficientes. Esses padecem por não atenderem às exigências dos padrões sociais e culturais existentes e organizados no âmbito da sociedade civil que atende a expectativas de pessoas consideradas normais pela verdade apregoada desde séculos arcaicos.
Na escola, o preconceito sempre acompanhado pelo desrespeito é continuo. A escolarização desses alunos de fato dificultada pela falta de materiais e profissionais especializados constroem uma ampla contradição entre o que se faz e o que se propaga na sociedade na difusão da igualdade, nas propagandas governamentais disseminadas em toda mídia falada e impressa do país. A bandeira fortemente levantada pela sociedade e pelo governo de "Educação para todos!" e de que "Todos são iguais" é excludente a partir do momento ao que se classificam quem é normal ou não, e fazem dessa classificação um muro de separação deixando à margem os portadores de deficiências especificas impedindo que estes freqüentem a escola regular, estadual pública e de qualidade.
Esse discurso encontra-se universalizado de onde se reflete a necessidade de aprimoramento do sistema educacional no país em sua totalidade. A chamada educação inclusiva teve origem nos Estados Unidos e aqui no Brasil é criticada por precisar de uma análise mais profunda por usar métodos diferentes dos "normais". Esse discurso, no entanto, é exclusivo daqueles que estão ligados e envolvidos com o assunto a exemplo dos pais, os movimentos sociais e alguns profissionais da educação, suas ações muitas vezes são marcadas por assistencialismo e não se fixam nas possibilidades concretas de aprendizagens desses alunos.
No Brasil a educação inclusiva veio como método para a renovação da escola, o processo inclusivo é a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular com uma reestruturação da cultura, das práticas e das políticas vividas pelas escolas para atender às diversidades existentes entre os alunos, a abordagem do individuo e suas singularidades devem visar e objetivar o crescimento da inclusão social na sociedade atual. O reconhecimento de que todos podem aprender com respeito às diferenças, pode ser encarada como estratégias para promover uma sociedade inclusiva em constante evolução sem alunos restringidos e limitados por salas numerosas e limitantes pela falta de estrutura e recursos necessários para educação completa das crianças.
Esse processo inclusivo visa à incorporação de grande porte de alunos tendo como maior obstáculo o preconceito social que corta todas as tentativas cabíveis de esclarecer a sociedade como seria o processo educacional em conjunto. A escola denominada regular encontra alunos portadores de deficiências físicas e mentais há algum tempo, entretanto, pouco são os avanços desses alunos nos níveis escolares, porque a escola não consegue levar uma educação igualitária e objetiva para essas crianças como as outras denominadas de "normais". A reflexão desses aspectos que congelam esses alunos como as políticas educacionais, adaptações curriculares e a própria formação dos profissionais na educação, se faz necessária entre a sociedade e os responsáveis por fazerem a educação brasileira.
Uma verdadeira invisibilidade ao redor dos portadores de necessidades específica onde a própria sociedade impede o livre arbítrio dessas pessoas, o meio urbano e os valores sociais são excluidores limitando aos portadores espaços privados e/ou familiares o que se torna pouco estimulante para o desenvolvimento de habilidades e das variadas relações sociais que deviam ser apreendidas e incorporadas no âmbito social por qualquer criança.
A produção de uma imagem incompleta e defeituosa como um produto de mercado ao qual olhamos com diferença está claramente nos olhos da sociedade que propaga a incapacidade desses alunos aprenderem no ensino regular. O desenvolvimento da personalidade desses alunos a educação tem papel de suma importância a partir do momento em que essa personalidade é vastamente ampliada em meio à escola "normal", a política educacional incorporou princípios da educação inclusiva, significando dizer que a educação quando seguida de métodos e profissionais eficientes não vê limitação, ou seja, a educação considerada especial não precisa ser diferenciada ao ponto de separá-los espacialmente, tendo em vista que o processo de aprendizagem é semelhante e como em qualquer outra situação escolar existem aqueles que desenvolvem habilidades tardiamente e são considerados normais. Não obstante, é preciso estar ciente e entender suas especificidades no âmbito da realidade, a necessidade de admitir a interação das diferenças entre os indivíduos quando a experiência de conviver em constante contato uns com os outros é estendida e superada no campo social, a experiência que essa convivência proporciona desde que se respeitem as diferenças podendo essa ser de qualquer origem é de extrema importância para o crescimento do aluno.
Todas as concepções que norteiam a educação especial tornam se pertinentes por sabermos que as representações desses indivíduos geram diferentes visões no entendimento e compreensão, onde se estabelece interações entre alunos no interior da escola, todavia, a realidade é outra completamente contraditória a escola. A formação sobretudo é viabilizada pelas práticas pedagógicas escolares, apesar das condições precárias encontradas hoje principalmente nas escolas publicas, no entanto, é nesse espaço que encontra-se o favorecimento para atuar, mesmo em condições precárias.
O preconceito é antes de tudo um pré-conceito ignorante daqueles que não têm noção básica de como lidar com essa questão, este está entrelaçado na formação docente. Os direitos sociais nesse ponto se tornam relativos onde às crianças se tornam preocupações para os educadores e estes por sua vez não são treinados a atenderem necessidades únicas, mesmo cada aluno sendo dono de uma capacidade específica sendo ele portador ou não de necessidades específicas.
Para se defender do preconceito o aluno desenvolve de maneira defensiva alguns sentimentos subjetivos como a tentativa de se anular de tudo que se passa ao seu redor, na tentativa de evitar sofrimentos maiores causados pelo pré-conceito da sociedade em geral, todavia, não é sempre que conseguem evitar uma adaptação dolorosa, já que são sempre eles que precisam se adaptar ao sistema.
A sociedade em si desencadeia um processo de aspecto preconceituoso porque esses alunos são encarados como frágeis e inseguros rotulados com uma identidade que não é verídica e acaba se tornando desfavorável aos envolvidos. Os pesquisadores da área de educação recorrem ao tema de igualdade e afirmam que é possível identificar a mudança na temática escolar esse interesse é ressaltado possivelmente por elementos que realçam as diferenças a exemplo do aumento populacional, má distribuição de renda e etc.

"As diferenças são definidas nos paramentos da sociedade, visto que não existe diferença sem um aruno social já formado que é o que lhe dá sentido..."
(Lucilene Maria da Silva. Diferenças Negadas. p.31).

Entendemos que as diferenças existem e só poderão deixar de existir numa esfera favorável e propicia a mudanças, porém, ainda reduzimos as possibilidades de resistência de contradições e conflitos da sociedade. As diversidades se destacam com rapidez e a velocidade de informações se coloca a favor dos segmentos marginalizados socialmente ou simplesmente diferentes. Os movimentos sociais asseguram os direitos principalmente nos grandes centros urbanos que são verdadeiros labirintos para os deficientes, a presença de uma banalização da diferença relacionada com a ausência de reflexão sobre tal banalização faz com que o deficiente se sinta excluído socialmente e por mais que ele tenha uma escola e a frequente e conclua todas as etapas ditadas por ela ficará sujeito a lidar com o estereotipo e vagas criadas ilustrativamente para amenizar os diálogos que favoreçam a diversidade.
Para a escola enquanto instituição subordinada torna-se difícil seguir por caminhos divergentes dos já impostos socialmente a subordinação ao qual são engajados é um dos maiores entraves para que a inclusão ocorra de fato e direito. Apesar de estarmos sempre subordinados a algo o Sistema (governo) esse que não desenvolve práticas educacionais suficientemente necessárias para minimizar o preconceito dentro e fora do âmbito escolar. Exigir do governo que se acabe o preconceito sabemos que se faz impossível, porém podemos exigir deste que crie e faça valer políticas publicas que enfatizem e valorizem as diferenças.
Os mais conservadores usam das relações de poder e procuram nas ciências, na natureza e mesmo na cultura respostas para as mais variadas manifestações de preconceito seja ela étnica de gênero ou dos portadores de necessidades especiais. Essa manifestação preconceituosa é marcada diariamente por discursos críticos e equivocados, desarticulando possibilidades de ação e condições deterministas.
A igualdade não elimina a diferença ou vice-versa, sendo assim, a frase não passa de um discurso que é problematizado a partir do momento que não se afirma na pratica. Engraçado como propagamos que somos todos iguais, se ao mesmo passo apelamos para que reconheçamos nossas diferenças, uma eterna contradição necessária no campo social.
Muitas vezes notamos que o preconceito não é com os considerados diferentes, mas sim com o conceito de desigualdade ou um elemento social regresso, o medo, de lidar com a especificidade de cada indivíduo. As políticas afirmativas impõem a idéia de justiça social, para pessoas com "atributos" diferenciados, um paradoxo já que as condições doadas para esses alunos não permitem relações justas e respeitosas.
A escola é um ambiente de transformação social, sendo nela que ocorrem as diversidades de pensamento, onde a construção do conhecimento ajuda o homem a viver em sociedade adquirindo conhecimento a cerca do mundo, das ciências e tecnologias devendo assim obter recursos para compreender e transformar o ambiente ao qual vive. A instituição em si acarreta um corpo degradado e desfavorável para acolher os alunos, salas pequenas e cheias de limitações se tornam inviáveis para construção do saber em qualquer individuo, a precariedade do sistema educacional com falta de funcionários e profissionais qualificados e para lutarem contra as diferenças na sociedade atual é maioria no país.
A discussão de políticas pública ao qual já citamos para contextualizarmos e englobarmos as diferenças na educação vem aumentando a promoção da arte e da cultura como restauradora do ambiente escolar, na perspectiva da construção de uma identidade que valorize a vida privilegiando as diversidades e singularidades de cada um. Intensificar o papel da escola e aprimorar seus métodos apresenta preposições favoráveis não só no acolhimento das pessoas com necessidades especificas, mas também nas diferenças de gêneros, raças, etnias etc. A escola é um órgão acolhedor, cria uma visão diferente tanto para os alunos quanto para o profissional escolar, a elaboração desses como centro múltiplo de oportunidades onde as diferenças são notadas e apresentadas com respeito a elas.
A idéia de justiça social que circunda os grupos desfavorecidos é difundida incorretamente na sociedade. O que entendemos como diferenças é a sociedade continuar sendo dominada e responderem por uma existência irracional, devemos sempre reafirmar a dependência entre sociedade e individuo. A sociedade caracteriza o homem e seus limites, se na escola os campos das possibilidades se integram e interage livremente o meio social ao qual pertencem as diferenças são superadas, chega a ser até mesmo hilário é que essa mesma sociedade é fortemente marcada pela diversidade física, religiosa não se encaixa adequadamente aqueles que não estão dentro dos padrões de normalidade física e/ou mental, o meio determina como agirá o deficiente.
De nada valerá o individuo conviver e adaptar-se na escola, concluir etapas com normalidades nos cursos propostos enquadra-se num grupo social e estar sempre passando pelas aplicações das leis para terem espaços garantidos em empresas por exemplo. Será que somos mesmo todos iguais?Creio que não!A atual sociedade afirma a idéia que os grandes centros urbanos não foram projetados para suportar os possíveis deficientes.
O ser humano está em constante adaptação, à trajetória desses alunos com deficiências os campos sociais ao qual está condicionado, ou seja, há uma transformação em um ser inadaptado aos padrões "normais" da sociedade, mesmo com um vasto universo entende-se que há uma limitação real, no campo das relações sociais que se caracterizam no preconceito, as regras e normas sociais se configuram de modo a restringir o sentido de normal.
Um dos maiores problemas enfrentados hoje pelos deficientes na escola é a veracidade dos fatos, o olhar especifico na deficiência muitas vezes é atribuído o fracasso da escola, a ele aluno, quando este problema possivelmente está atrelado à escola. Há um apelo social para que haja uma reparação se assim pudermos chamar pelo tempo de sofrimento durante anos na ocupação de lugares inferiorizados marcados pela dependência e discriminação aí entram as políticas de afirmação ou afirmativas para compensarem o abuso e os prejuízos sociais e culturais sofridos durante todos esses anos.
Vários autores concordam que o preconceito é fruto das relações sociais, num contexto de privações onde predomina relações desiguais. O portador na necessidade tende a se dedicar em sala por estar ciente dos problemas que precisam enfrentar ao longo da vida, a idéia de deficiência se caracteriza como negação social, pois as diferenças são ressaltadas como faltas e impossibilidades sendo ele impossibilitado para viver numa sociedade que espera dele o uso intensivo da força de mão de obra que faz crescer.
A resistência à inclusão dos alunos no ensino regular pode ser identificada como medo do desafio, por se encontrarem desprezados por se tratarem de tais situações sem contato com métodos especiais e as novas tecnologias que englobam a inclusão como método eficaz, concluímos que os homens se educam ente si, e as diferenças são um apoio para que os métodos de aprendizagem sejam qualitativos em todas as divergências entre os indivíduos, a partir do momento em que a sociedade permite que se crie em conjunto a participação efetiva desses alunos tanto no campo escolar quanto na sociedade em seu todo, porque a importância do convívio comum para esses alunos se engajarem de fato e de direito é imprescindível.














Referências:

AQUINO, Júlio Groppa. Confrontos na sala de aula. Uma leitura institucional da relação professor-aluno. SP: Sum mus, 1996.160 p.

Folha de São Paulo, As raízes da crise na educação. São Paulo, 18/01/2004. Tendências/Debates.

IKEDA, Daisaku. Proposta educacional: Algumas considerações sobre a educação do século XXI: São Paulo. Editora Brasil seikeijo, 2006.

SILVA, Lucilene Maria da. Diferenças negadas.P.31.

WERNWCK, Hamilton. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo: Petrópolis, RJ: Vozes, 1992, 20ªed.

___________Assinei o diploma com o polegar, Petrópolis, RJ: Vozes, 1995, 2ªed.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005, 42ªed.

Autor: Isabela Ferreira Dos Santos


Artigos Relacionados


O Papel Do Professor Na Educação Inclusiva

Educação Especial

Educação Inclusiva: Uma Perspectiva De Mudança No âmbito Escolar.

A EducaÇÃo Inclusiva

A Educação Para A Diversidade E A Formação De Professores

Pedagogia Das DiferenÇas: Um Olhar Sobre A InclusÃo

Nova Perspectiva De Inclusão