Sustentabilidade : uma questão econômica



Os temas Responsabilidade Social Corporativa e Sustentabilidade, largamente debatidos em toda mídia, criou, seja por alarmismo ou sensacionalismo, um foco específico em temas sócio-ambientais/naturais, como a necessidade de proteção ao mico leão dourado, devastação na Amazônia etc...
Naturalmente que os problemas acima descritos, são temas de importância fundamental, pelos motivos mais do que óbvios.
Porém esse enfoque lúdico, quase poético, desviou, em muito o foco para uma questão absolutamente crucial : decisões econômicas.
A História da Humanidade comprova que todas as catástrofes que se abateram sobre o planeta, foram motivadas direta ou indiretamente por questões econômicas.
Nem o mais sonhador leitor acreditaria que algum país tenha sido invadido para restabelecimento da democracia ou ordem social. Sabemos também que as epidemias da Idade Média, ocorreram por total descaso dos organismos públicos pela saúde da população.
Voltando aos nossos dias, questiona-se porque o tema sustentabilidade, em geral, recebe tanta ênfase nas questões naturais e pouco cuidado no aspecto econômico ? A resposta provável : mudanças em sistemas econômicos, necessitam de dezenas de anos de esforços integrados e em geral são medidas impopulares que os governos protelam ao máximo em tomá-las.
Os EUA, por exemplo, transferiram parte da sua produção para a China, para manter o padrão de consumo norte americano ( quando uma crise já se avizinhava) através de uma produção mais barata, com mão de obra mal remunerada, acusações de dumping e de desrespeito ao meio ambiente. Esta foi a " difícil"decisão diante da pressão da opinião pública por uma produção mais limpa. Transferir para outro quintal.
Saibam os leitores que em 1896 , o Químico sueco Svant Arrhenius alertou que a temperatura do planeta subiria, por conta da emissão de CO2 emitido pelos automóveis e queimadas. Isto significa que há 114 anos, um competente profissional previu que os níveis das águas subiriam e por questões diversas ou pela falta de foco, medidas para conter a urbanização desenfreada não foram tomadas.
O economista inglês, Nicholas Stern, assessor da ONU, que esteve em São Paulo em 2010, estima que serão necessários em 2020 ,até 3% do PIB mundial para se evitar uma catástrofe. Em termos práticos, se o leitor é um empregado que ganha R$ 1.000,00 teria que poupar agora, mensalmente R$ 30,00 ( equivalente a 15 litros de leite mensal) visando compensar no futuro distante.
Outra informação econômica relevante : as chuvas no nordeste no 1.o semestre de 2010 levou o governo federal transferir R$ 614 milhões para atendimento de vitimas e reconstrução. Entre 2004 e 2010 foram consumidos R$ 2,7 bilhões , em verbas, para reconstrução.
Já no inicio de 2011, as cenas se repetiram no Rio de Janeiro . Os veículos danificados na região serrana custará, somente para uma Seguradora, algo em torno de R$ 7 milhões, elevando o custo do seguro para regiões de risco. Naturalmente que estes são os custos " calculáveis" contudo, somente pelas vidas ceifadas seria o suficiente para uma mudança radical de postura.
Então vamos combinar uma coisa, a questão no âmbito econômico é grave e empresários, governos e consumidores terão que fazer a lição de casa.


Autor: Roberto Mangraviti


Artigos Relacionados


Por Que Uma Empresa Faz GestÃo SÓcio-ambiental ?

"enchentes Afetam 100 MilhÕes De Pessoas Na China"

Responsabilidade Sócioambiental Pelo Desenvolvimento Sustentável.

A Desigualdade Regional De Renda No Brasil Precisa Diminuir

Todos Podem E Devem Contribuir Com O Planeta

A Sustentabilidade Em Meio Aos Caminhos Insustentáveis

Sustentabilidade Nas Empresas