Censurar B.O.s é burrice antiga



Edson Silva

A polêmica, principalmente, na região de Campinas sobre censura (oficial ou não) à imprensa em relação aos Boletins de Ocorrências, populares de B.O.s, está sendo tratado como assunto novo, mas podemos afirmar que a situação existe faz mais de 25 anos. Lembro-me, ao iniciar no Jornalismo, em 84, como repórter policial de rádio, em Campinas, de tantas e tantas vezes que dependíamos do humor de algum delegado plantonista ou do grau de amizade com uma fonte para ter informações, que em situação normal seria tranqüilo, pois os jornalistas poderiam consultar livremente a pasta de B.O.s e garimpar notícias.

Lógico que, dependendo do grau de responsabilidade dos profissionais, podia haver excessos, tanto da parte da Polícia, interessada em divulgar ou omitir um fato ou preservar ou expor uma vítima ou acusado; como da parte da Imprensa, pois lembro de absurdos praticados, tais como um grande jornal divulgar nome completo de vítima de estupro e outro estampar (na capa) policiais "grampeando" casa de vítima de seqüestro. Mas, no geral, a maioria dos repórteres não cometia este tipo de irresponsabilidade.

Quanto a ter mais informações sobre envolvidos na ocorrência é importante para apurar melhor os fatos e isto não quer dizer que nomes, endereços ou algum detalhe que possa comprometer vítimas serão publicados. Recordo, por exemplo, que um dos jornais em que trabalhei passou a se preocupar com questões como não dar foto de casa de vítima (muito menos endereço); evitar foto chocante de acidente ou de local de crime; e, na época, começamos valorizar ilustrações gráficas, com uso do chamado "storyboard".

Houve situação em que o fotógrafo que me acompanhava flagrou caso de seqüestro, com uma vítima baleada e outra levada para cativeiro, e nos comprometemos (e cumprimos) a só divulgar fotos quando a vítima fosse libertada. Por isso, creio que não adianta censurar. É preciso relação de confiança e obviamente profissionais de caráter em qualquer atividade, quanto mais na Polícia e na Imprensa. A censura é burra, o diálogo inteligente. Se há 25 anos era difícil esconder informação, imagine agora com avanços de informática e telefonia?

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

[email protected]

Autor: Edson Terto Da Silva


Artigos Relacionados


Atenção, Farsa Pode Ter último Ato!

Insensato Coração

Crack "e A Cegueira Da Visão"

O Companheiro, Geraldo Vandré

"tira Bom De Tiro"

Furo Com Barriga Não Vale!

Imparcialidade: Chuvas Não Mataram Em Sp E Rio?