Hipertensão E Tabagismo



HIPERTENSÃO E TABAGISMO: UM ESTUDO COM USUÁRIOS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE JI-PARANÁ-RO

Ana Patrícia Paiva Calil Köhler

Antonio Francisco Versari

Claudionor Couto Roriz

Soraya Nedeff de Paula

RESUMO: A Hipertensão Arterial Sistêmica - HAS é uma doença perigosa, crônico- degenerativa, conhecida como doença silenciosa, pois seus sintomas são difíceis de serem percebidos e quando associada ao tabagismo aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Este estudo tem como objetivo geral, investigar a incidência de hipertensos tabagistas e o conhecimento sobre as conseqüências do hábito de fumar para sua saúde e como objetivos específicos: descrever o perfil socioeconômico dos hipertensos tabagistas; verificar se os hipertensos fumantes recebem informação sobre os danos causados pelo fumo à sua saúde, verificar o conhecimento dos hipertensos quanto a importância das orientações recebidas sobre o tabagismo unidade e identificar se já houve tentativa pelo usuário em deixar o tabagismo. A metodologia utilizada foi uma abordagem descritiva, com análise quantitativa dos dados realizada com usuários hipertensos tabagistas com idade entre 30 e 60 anos, cadastrados no Programa HiperDia na UBS Nova Brasília, no município de Jí-Paraná-RO. A coleta dos dados foi realizada através de um questionário de pesquisa com perguntas fechadas sem indução a respostas a todos os usuários hipertensos tabagistas cadastrados no HiperDia. Através do estudo foi possível observar que: 75% dos usuários são do sexo feminino; 75% casados, 37,5% tem o 1º grau incompleto, 62,5% tinham como ocupação as atividades do lar, 50% tinham renda familiar de 2 a 3 salários mínimos, 37,5% fumavam entre 11 e 15 anos, 87,5% fumavam mais de 25 cigarros dia; 87,5% receberam informações sobre os malefícios do cigarro durante a vida e; 75% afirmaram ter recebido informações sobre os malefícios do cigarro durante o acompanhamento na Unidade Básica de Saúde, 50% acham importante os esclarecimentos sobre os malefícios do cigarro 62,5% já tentaram deixar o tabagismo. A partir dos dados coletados, sugerimos um acompanhamento que vise identificar a dificuldade do usuário em parar de fumar, através das consultas com profissionais da UBS, palestras, encontros de tabagista e principalmente visitas domiciliares, pois permitirá um maior conhecimento sobre a realidade de vida de cada tabagista facilitando assim o planejamento das ações da equipe de PSF no controle e diminuição do consumo do cigarro.

Palavras Chave: Hipertensão arterial, Tabagismo, Conhecimento.

ABSTRACT: Cystematic Hipertension – HTN is a dangerous cronic degenerative desease known as the silent killer, since the simptoms are difficult to detect and when associated with tabacco smoking the risk elevates to cardiovascular deseases. The general purpose of this study is to investigate the incidence of hypertension among smokers and the knowledge of the habit of smoking related to their health and by way of specific objectives: describe the socio economic profile of the those with hypertension and whosmoke; to check whether or not those who smoke and have high blood pressure receive information about the damage associated to their health caused by smoking and to check the overall awareness of those who suffer from hypertension in relationship to the importance of the orientations received concerning tobacco smoking. The method used was a descriptive approach, with a quantitative analysis of the datum realized by the hypertension smokers enrolled in the HiperDia program at the BHU, Basic Health Unit of Nova Brasília, in the municipality of Jí-Paraná, RO. The gathering of the datum was accomplished by means of a research questionnaire asking open and closed questions without inducing answers to all high blood pressure tobacco users enrolled in the HiperDia. The study made it possible to observe that: 75% of the tobacco users are women; 75% married, 37.5% have completed Elementary School, 62.5% are housewives, 50% have a family income of 2 to 3 minimal salaries, 37.5% have been smoking between 11 and 15 years, 87.5% smoke more than 25 cigarettes a day; 87.5% receive information about the harming affects of smoking during the accompaniment at the Basic Health Unit, 50% found the warnings and information about the harmfulness of tobacco important. From the datum collected, we suggest a continual accompaniment which focuses on identifying the difficulty that the user faces in trying to stop smoking, through consultations with professionals at the Basic Health Unit, through lectures, tobacco user meetings, and mainly by way of house calls, this would allow a greater understanding about the reality of life of each tobacco user facilitating planning actions of the PSF (Family Health Protection) team in controlling and minimizing the use of tobacco.

Key Words: Hypertension, Tobagism

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, as mudanças na área da saúde quanto à prevenção de doenças nunca foram tão discutidas quanto hoje. Cada vez mais se fala em prevenção, ressaltando a sua importância em relação ao tratamento de doenças visando com isso melhoria no tocante a qualidade de vida saudável.

A ciência tem incorporado aos seus estudos a tecnologia, buscando aplicá-los em benefício da coletividade. Em decorrência desse processo científico, a medicina tem se mostrado cada vez mais poderosa e eficiente em relação às doenças. A tendência atual da ciência médica é o emprego de medidas que visem evitar o comprometimento inicial da saúde de uma pessoa e suas conseqüências futura. O estado de saúde de um indivíduo é o que determina o fator mais importante relacionado à qualidade de vida. Atualmente, o uso do tabaco representa um agravante e um elevado índice de mortes no mundo. No Brasil, doenças cardiovasculares tem se destacado como um dos maiores coeficientes de mortalidade no país (BRASIL, 1996).

Segundo SMELTZER E BARE (2002), a hipertensão arterial, mas popularmente chamada de "pressão alta", está relacionada com a força que o coração tem que fazer para impulsionar o sangue para o corpo todo e é fator de risco importante que está associado à ocorrência das doenças do sistema cardiovascular. Estudos demonstram que o hábito de fumar aumenta os riscos ao organismo, tornando-se responsável por um número elevado de óbitos na população.

Segundo BRASIL (2002), as doenças do aparelho circulatório, são apresentadas como uma das principais causas de morte no Brasil. Em 2000, corresponderam a mais de 27% do total de óbitos, ou seja, neste ano 255.585 pessoas morreram em conseqüência de doenças do aparelho circulatório. Estatisticamente a Hipertensão é a doença que ataca milhões de pessoas em todo o mundo, independente da idade, desenvolvendo problemas cardiovasculares seguidos de morte.

Com dados estatísticos tão graves e por observarmos, como profissionais de saúde, o grande número de internações por usuários hipertensos tabagistas, decidimos investigar a incidência de hipertensos fumantes inscritos no programa HiperDia na Unidade Básica de Saúde Nova Brasília no município de Jí-Paraná, bem como as conseqüências do hábito de fumar para sua saúde.

O estudo torna-se relevante, não por trazer inovações, mas por nos permitir verificar se os hipertensos tabagistas conhecem e recebem orientações sobre os riscos do tabagismo possibilitando dessa forma questionar e melhorar o serviço de atendimento ao usuário hipertenso na unidade de saúde.

TABAGISMO

Segundo FILHO (2006), o tabagismo representa um dos mais graves problemas de saúde pública, configurando uma epidemia que compromete não só a saúde como também a economia do país e ao meio ambiente. “Já está provada a relação causal entre o uso de cigarro e doenças graves como câncer de pulmão (60% dos casos), enfisema pulmonar (80%), bronquite crônica e derrame cerebral (40%) e infarto do miocárdio (25%)”. O autor acrescenta ainda que estima-se que no país morram 80.000 pessoas a cada ano devido ao tabagismo, o que representa cerca de 10 brasileiros que morrem por hora por causa do cigarro.

As pessoas fumam principalmente influenciadas pela publicidade maciça do cigarro nos meios de comunicação de massa. Pais, professores, ídolos amigos também exercem uma grande influência. A publicidade sabe aliar demandas sociais e as fantasias dos diferentes grupos ) adolescentes, mulheres, faixas economicamente mais pobres etc.) ao uso do cigarro fazendo crer que ao fumar, esses desejos serão realizados, aumentando o consumo do tabaco entre as pessoas mais facilmente influenciáveis (FILHO, 2006).

O tabaco é a maior mistura de substâncias tóxicas introduzidas voluntariamente no organismo humano em forma de: charuto, cachimbo e cigarro; destaca-se a nicotina por estar relacionada ao infarto e ao câncer tendo como principal papel à promoção da dependência obrigando o indivíduo a fazer uso contínuo do fumo (BRASIL, 1996).

De acordo com SMELTZER e BARE (2002), a nicotina causa a diminuição do volume interno das artérias, provocando endurecimento das artérias ou arteriosclerose além da aceleração da freqüência cardíaca e consequentemente a hipertensão. Em união com o monóxido de carbono, provoca diversas doenças cardiovasculares, problemas pulmonares como câncer, mas é igualmente nocivo para outros órgãos como estômago, a garganta, o coração, úlcera gástrica, e de desencadear a liberação de toxinas no pulmão, podendo provocar enfisema pulmonar.

A modernidade conduz o homem a hábitos alimentares desfavoráveis à saúde, a uma vida sedentária, a exposição a condições estressantes e a aquisição de hábitos que geram prazer, como o tabagismo, mas que do ponto de vista fisiológico agridem o organismo.

A faixa em que o indivíduo encontra-se em fase de construção de sua personalidade é antes dos 21 anos e muitos jovens iniciam o consumo do tabaco antes desta idade. O número constante de crescimento de adesões ao tabagismo é expressivo, e o maior prejudicado é o ser humano fumante afetando ainda os não fumantes, considerado tabagismo passivo. A fumaça que sai direto da ponta do cigarro contém maior concentração de substâncias tóxicas do que a fumaça filtrada pelo cigarro que é inalada pelo fumante. Um cigarro aceso, já é suficiente para poluir um determinado ambiente (FILHO, 2006).

Segundo FILHO (2006), muitas pessoas morrem, em grande parte, por conseqüências de doenças relacionadas ao tabaco e outros que alertados sobre os males causados pelo fumo abandonam o mesmo. Para isso é preciso muita informação e muita força de vontade para mudar. O cigarro passa a ser um vício atrelado a qualquer mudança de comportamento do indivíduo, seja ela de alegria, tristeza, ansiedade, medo. Ele através da mídia é fortalecido sendo que o principal alvo é conquistar o consumidor através de um ciclo onde o aumento de consumo traz lucro para a indústria de tabaco e para os canais de publicidade, e assim, sucessivamente atraem mais clientes.

As empresas simplesmente advertem “fumar é prejudicial à saúde” através da obrigatoriedade de legislação da Saúde Federal. A publicidade contrária, ainda é muito tímida, considerando inclusive interesses ou até mesmo não possuir meios que possam coibir ou diminuir o número de fumantes. Campanhas em escolas, redes de saúde, meios de comunicação escritos e falados são as ferramentas utilizadas para divulgar, educar, prevenir e orientar quanto ao grave problema causado pelo fumo (FILHO, 2006).

O Departamento de Saúde, Educação e Bem-Está dos Estados Unidos da América, estimou a diminuição da expectativa de vida para pessoas com 25 anos de idade em 4,6 anos para fumantes de 1 a 9 cigarros por dia, 5,5 anos para fumantes de 10 a 19 cigarros por dia e 6,2 anos para fumantes de 20 a 39 cigarros por dia e 8,3 anos para fumantes de 40 ou mais cigarros por dia (NEIVA, 2007)

Um dos grandes avanços do Brasil no âmbito do controle do tabagismo foi a publicação da Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) n.º 46 que a partir de 31 de janeiro de 2002 passou a proibir as companhias de cigarros de utilizarem qualquer denominação que possa induzir o consumidor a uma interpretação equivocada quanto aos teores contidos nos cigarros brasileiros, tais como: ultra baixo(s) teor(es), baixo(s) teor(es), suave, light, soft, leve, teor(es) moderado(s), alto(s) teor(es), em embalagens ou material publicitário dos cigarros (BRASIL, 2006).

Podemos ainda lembrar que o fumo não provoca somente problemas patológicos, mas problemas sociais como citado anteriormente. Segundo NEIVA (2002), juntos, o tabaco e a pobreza criam um círculo vicioso. Na maioria dos países, o consumo de tabaco tende a ser maior entre os pobres. As famílias pobres, por sua vez, gastam uma proporção maior de sua renda em tabaco. O dinheiro gasto com tabaco não pode ser gasto em necessidades humanas básicas como alimentação, abrigo, educação e cuidados de saúde. Em termos globais, 84% dos fumantes vivem em países em desenvolvimento ou de economia em transição.

Na comparação entre ricos e pobres, NEIVA (2002), diz que a metade dos pertencentes ao primeiro grupo obteve sucesso na luta contra o vício. Do segundo grupo, apenas um terço. Em relação ao grau de escolaridade, 75% das pessoas com diploma universitário conseguiram ficar livres do cigarro. Entre as que não completaram o ensino médio, 47% chegaram ao mesmo resultado. A falta de recursos financeiros restringe o acesso aos tratamentos. E, quanto menor a instrução, menor o acesso à informação sobre os perigos do cigarro.

Segundo NEIVA (2007), para uma grande parcela das mulheres, tabagismo não é apenas inalar nicotina. Por trás do vício químico, há também uma dependência afetiva e psicológica.

Os homens possuem maior facilidade em parar de fumar e ao deixar o cigarro, não sofrem alterações de peso. Já para as mulheres existe o temor que muitas têm de engordar se pararem de fumar, a imagem de modernidade e independência que o marketing da indústria tabagista ainda consegue transmitir. Elas retomam o hábito e, em pouco tempo, começam a emagrecer. É verdade que a nicotina aumenta a queima de gordura (NEIVA, 2003).

OBJETIVOS

Identificar a incidência de hipertensos tabagistas na faixa etária de 30-60 anos, cadastrados no Programa HiperDia.

Descrever o perfil socioeconômico dos hipertensos tabagistas

Verificar se os hipertensos fumantes recebem informações sobre os danos causados pelo fumo.

Verificar a importância das informações recebidas

Identificar se houve tentativa por parte do usuário para deixar o tabagismo

METODOLOGIA

Estudo de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. O estudo foi desenvolvido na Unidade Básica de Saúde Nova Brasília localizada no Bairro Nova Brasília município de Jí-Paraná – RO. A UBS atende a população de Ji-Paraná e desenvolve programa idoso, pré-natal, bolsa família, PACS, PSF e HiperDia.

A população compreendeu 08 usuários devidamente cadastrados no Programa HiperDia da UBS Nova Brasília no município de Jí-Paraná-RO, fumante, com idade entre 30-60 anos, de ambos os sexos moradores tanto da zona rural como da zona urbana, e aceitarem participar da pesquisa espontaneamente. Os dados obtidos através de pesquisa em prontuário, junto ao Centro de Saúde Nova Brasilia totalizou 216 pessoas inscritas no programa HiperDia onde 04 pacientes são apenas diabéticos e 212 são hipertensos. Foram identificados 65 usuários hipertensos e tabagistas, porém dentro da faixa etária de 30-60 anos apenas 22 foram selecionados.

Do total de 22 usuários, apenas 36% (08) foram entrevistados. Usuários não encontrados totalizaram (06) 27%, (05) 23% referiram não fumar mais e (03) 14% não quiseram participar da entrevista. Aos usuários que aceitaram participar da pesquisa foi aplicado questionário (ANEXO III), com perguntas fechadas, sem indução a resposta, referente a aspectos socioeconômicos, conhecimentos sobre hábito de fumar para a saúde e informações recebidas sobre tabagismo. A coleta foi realizada no mês de dezembro de 2007, no período diurno pelos próprios pesquisadores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

TABELA 01 – Distribuição dos usuários tabagistas pesquisados, segundo sexo, estado civil, escolaridade, profissão e renda familiar, na faixa etária entre 30 e 60 anos, inscritos no HiperDia, da UBS Nova Brasília do município de Jí-Paraná, em 2007.

Variáveis

Quantidade

%

SexoFeminino675,0

Masculino225,0

Total8100,0

Estado civilSolteiro--

Casado675,0

Viúvo225,0

Separado--

Total8100,0

Escolaridade1º Grau completo225,0

1º Grau incompleto337,5

2º Grau completo225,0

2º Grau incompleto112,5

Superior completo--

Total8100,0

ProfissãoDo lar562,5

Caminhoneiro112,5

Doméstica112,5

Autônomo112,5

Total8100,0

Renda familiar< Salário Mínimo--

1 Salário Mínimo225,0

2 a 3 Salários Mínimos450,0

4 a 5 Salários Mínimos225,0

> 5 Salários Mínimos--

Total8100,0

Na TABELA 01, referente ao item sexo, encontramos (06) 75%do sexo feminino e (02) 25% do sexo masculino, concordando com pesquisa anterior do Instituto Nacional de Câncer, que revelou que, do total de iniciados no tabagismo, 54% eram do sexo feminino e 41%, do masculino (BRASIL, 1996).

Segundo NEIVA (2007), para uma grande parcela das mulheres, tabagismo não é apenas inalar nicotina. Por trás do vício químico, há também uma dependência afetiva e psicológica.

Os homens possuem maior facilidade em parar de fumar e ao deixar o cigarro, não sofrem alterações de peso. Existe ainda o temor que muitas têm de engordar se pararem de fumar, a imagem de modernidade e independência que o marketing da indústria tabagista ainda consegue transmitir. Elas retomam o hábito e, em pouco tempo, começam a emagrecer. É verdade que a nicotina aumenta a queima de gordura (NEIVA, 2003).

Com relação ao estado civil, temos um total de (06) 75% de pessoas casadas e (02) 25% viúvos.

Referente à escolaridade, (02) 25% o primeiro grau completo, (03) 37,5% o primeiro grau incompleto, (02) 25% o segundo grau completo, (01) 12,5% o segundo grau incompleto. Nenhum dos pesquisado tem nível superior, concordando com NEIVA (2002), que em pesquisa observou que são os pobres que tendem a fumar mais. Em termos globais, 84% dos fumantes vivem em países em desenvolvimento ou de economia em transição.

Na comparação entre ricos e pobres, NEIVA (2002), diz que a metade dos pertencentes ao primeiro grupo obteve sucesso na luta contra o vício. Do segundo grupo, apenas um terço. Em relação ao grau de escolaridade, 75% das pessoas com diploma universitário conseguiram ficar livres do cigarro. Entre as que não completaram o ensino médio, 47% chegaram ao mesmo resultado. Quanto menor a instrução, menor o acesso à informação sobre os perigos do cigarro.

Ao analisarmos a profissão, encontramos (05) 62,5% que não trabalham fora, sendo caracterizadas como “ocupação do lar”, (01) 12,5% é caminhoneiro, (01) 12,5% é doméstica e os outros (01) 12,5% é autônomo. Isso faz relação direta com o item analisado, renda familiar, onde (02) 25% ganham um salário mínimo, (04) 50% ganham de dois a três salários mínimos e os outros (02) 25%, ganham entre 4 e 5 salários mínimo.

Em muitos países, especialmente naqueles em desenvolvimento, a maioria das pessoas que consomem tabaco são pobres e mal podem se permitir gastar a escassa renda familiar em tabaco. Mas sua dependência da nicotina os leva a gastar dinheiro com tabaco, desviando recursos cruciais que poderiam ser gastos em necessidades vitais (DUCAN, 2004).

TABELA 02 – Distribuição dos usuários tabagistas pesquisados, referente às informações sobre o hábito de fumar, na faixa etária entre 30 e 60 anos, inscritos no HiperDia, da UBS Nova Brasília do município de Jí-Paraná, em 2007.

Variáveis

Quantidade

%

Tempo que os usuários fumamMenos de 5 anos225,0

De 5 a 10 anos112,5

De 11 a 15 anos 337,5

De 16 a 20 anos225,0

Acima de 20 anos--

Total8100,0

Quantidade de cigarros fumados pelos usuários ao diaMais de 25 cigarros ao dia787,5

Menos de 25 cigarros ao dia112,5

Total8100,0

Conhecimento dos usuários sobre os danos causados pelo fumoSim675,0

Não225,0

Total8100,0

De acordo com a TABELA 02, (03) 37,5% dos usuários afirmaram fumar entre onze e quinze anos, (02) 25% a menos de cinco anos, (01) 12,5% entre cinco e dez anos e (02) 25% entre dezesseis e vinte anos.

Referente à quantidade de cigarros fumados ao dia pelos pesquisados, (07) 87,5%, responderam que fumavam mais de 25 cigarros por dia e (01) 12,5% menos de 25 cigarros ao dia. Comparando com pesquisa do Departamento de Saúde, Educação e Bem-Está dos Estados Unidos da América, que estimou a diminuição da expectativa de vida para pessoas com 25 anos de idade, nossa população pesquisada, possui uma estimativa de vida de 6,2 anos a menos devido ao tabagismo (NEIVA, 2007).

Ainda na TABELA 02, observamos que o conhecimento dos usuários sobre os danos causados pelo fumo é representado por (06) 75% dos entrevistado que afirmaram ter conhecimento dos danos causados pelo fumo enquanto (02) 25% dizem não ter esse conhecimento.

TABELA 03 – Distribuição do conhecimento, segundo informações sobre problemas hipertensivos, intervalo entre as verificações da P.A. e uso de medicamentos dos usuários inscritos no HiperDia, da UBS Nova Brasília do município de Jí-Paraná, em 2007.

VariáveisQuantidade%

Tempo que sofre de problemas hipertensivosMenos de 1 ano--

De 1 a 2 anos--

De 2 a 3 anos112,5

Mais de 3 anos787,5

Total8100,0

Uso de medicamentos controladosSim8100,0

Não--

Total8100,0

Intervalo de tempo em que faz verificação da P.A.Diariamente--

Semanalmente450,0

Mensalmente450,0

Total8100,0

A TABELA 03 mostra que o tempo que os usuários sofrem de problemas hipertensivos, (07) 87,5% foi de mais de 03 anos e (01) 12,5% sofre de problemas hipertensivos entre dois e três anos.

Pesquisas mostram que, a maioria das pessoas começa a fumar muito jovens, por influência da mídia, pais e amigos, passando a serem dependentes do tabaco, o que torna a dependência muito mais difícil de ser interrompida (FILHO, 2006). Os usuários (100%), afirmaram fazer uso de medicação controlada. A hipertensão é uma doença que não tem cura, mas, pode-se através de tratamento, manter controlados os níveis da pressão arterial.

O intervalo em que os pacientes fazem verificação da pressão arterial é representado por 50% dos usuários que afirmaram verificar a pressão arterial semanalmente, enquanto 50% verificam mensalmente o que contradiz INTROCASO (2007) e SMELTZER e BARE (2002), que afirmam o ideal, como sendo a verificação da pressão arterial semanalmente e em alguns casos, diariamente, pois o estudo cíclico da elevação de pressão poderá prevenir as conseqüências da doença.

Estudos isolados mostram que a falta de controle da hipertensão gira em torno de 30% a 40%, podendo chegar ao grau mais elevado, que é o abandono do tratamento, com índice de 56% e que taxa de abandono é crescente conforme o tempo decorrido após o início da terapêutica (IV Diretriz Brasileira de Hipertensão, 2002).

TABELA 04 – Distribuição dos usuários sobre conhecimento dos malefícios do cigarro, na faixa etária entre 30 e 60 anos, inscritos no HiperDia, da UBS Nova Brasília do município de Jí-Paraná, em 2007.

Variáveis

Quantidade

%

Informações recebidas pelo usuário sobre os malefícios do cigarro durante a vidaSim

7

87,5

Não112,5

Total8

100,0

Informações recebidas pelos usuários sobre os malefícios do cigarro na unidade básica da saúdeSim675,0

Não225,0

Total8100,0

Importância das informações recebidas sobre os malefícios do cigarro pelos usuários

Importante esclarecimento450,0

Repetição do que já sabia337,5

Não achou relevante112,5

Total8100,0

Na TABELA 04, referente às informações recebidas pelos usuários sobre os malefícios do cigarro durante a vida, (07) 87,5% dos usuários afirmaram já ter recebido tais informações e (01)12,5%, disse não ter recebido nenhuma informação. (06) 75% disseram já ter recebido informações sobre os malefícios do cigarro na Unidade de Saúde, (02) 25% disseram que não receberam nenhum tipo de orientação.

Ainda na TABELA 04, (04) 50% acharam importante receber informações sobre os malefícios do cigarro, (03) 37,5% acharam que essas informações são mais uma repetição do que já sabem e (01) 12,5% não achou relevante as informações.

O hábito de fumar representa um grande risco, tão forte é o seu poder sobre as pessoas. Apesar de conhecerem os danos causados pelo cigarro e perceberem que o fumo eleva a pressão, os fumantes não conseguem livrar-se do vício. (FILHO, 2006)

TABELA 05 – Distribuição segundo as variáveis referente as informações recebidas sobre tabagismo , na faixa etária entre 30 e 60 anos, inscritos no HiperDia, da UBS Nova Brasília do município de Jí-Paraná, em 2007.

VariáveisQuantidade

%

Problemas de saúde causados pelo cigarro nos últimos três mesesNunca337,5

Uma ou duas vezes225,0

Diariamente112,5

Semanalmente112,5

Mensalmente112,5

Total8100,0

Concorda que fumar contribui para a elevação da P.A.Sim562,5

Não337,5

Total8100,0

Tentativas de controlar, diminuir ou parar de fumarNunca337,5

Sim, nos últimos três meses112,5

Sim, a mais de três meses450,0

Total8100,0

Na TABELA 05 apresenta a distribuição segundo as variáveis referente a informações sobre tabagismo, onde (03) 37,5% nunca tiveram problemas de saúde em função do consumo do cigarro nos últimos três meses; (02) 25%, referiram ter tido problemas de saúde, uma ou duas vezes nos últimos três meses; (01) 12,5% teve problemas de saúde mensalmente nos últimos três meses; (01) 12,5% afirmou ter tido problemas de saúde semanalmente nos últimos três meses e (01) 12,5% referiu ter problemas de saúde diariamente nos últimos três meses.

De acordo com SMELTZER e BARE (2002), o fumo não provoca somente doenças pulmonares como o câncer, mas é igualmente nocivo para outros órgãos como o estômago, a garganta, o coração e as artérias. O fumo provoca o endurecimento das artérias ou arteriosclerose, e com isso força o coração a trabalhar com mais esforço e freqüência, levando ao aumento da pressão. Além disso, o fumo aumenta o risco de infarto no miocárdio e a sua gravidade.

Quando foi perguntado se fumar eleva a PA., encontramos um total de (05) 62,5% que acharam que fumar eleva a PA,outros (03) 37,5% disseram que não.

Durante entrevista, notamos que (05) 62,5% acharam possível fazer controle da PA fazendo uso do cigarro enquanto (03) 37,5% disseram que não acham possível esse controle.

Uma porcentagem de (03) 37,5% dos entrevistados disse nunca ter tentado parar, diminuir ou mesmo abandonar o cigarro enquanto 50% (04) disseram já ter tentado há mais de 3 meses. Apenas (01) 12,5 relatou já ter tentado nos últimos três meses.

Por trás de um hábito, existe um grande negócio das empresas que simplesmente advertem “fumar é prejudicial à saúde” através da obrigatoriedade de legislação da Saúde Federal. A publicidade contrária, ainda é muito tímida, considerando inclusive interesses ou até mesmo não possuir meios que possam coibir ou diminuir o número de fumantes. Campanhas em escolas, redes de saúde, meios de comunicação escritos e falados são as ferramentas utilizadas para divulgar, educar, prevenir e orientar quanto ao grave problema causado pelo fumo (FILHO, 2006).

CONCLUSÃO

Considerando os resultados obtidos com os (08) usuários inscritos no programa HiperDia, fumantes, hipertensos, com idade entre 30 e 60 anos, que aceitaram participar da pesquisa, concluímos que:

75% são do sexo feminino;

75% dos usuários são casados;

37,5% dos usuários possuem apenas o 1º grau incompleto;

Referente à profissão dos usuários pesquisados, a pesquisa apontou 62,5% de usuários “ ocupação do lar”;

A renda familiar mais citada foi a de 2 a 3 salários mínimos representados por uma porcentagem de 50% dos usuários;

Em relação ao tempo de uso do tabaco, a pesquisa identificou 37,5% dos usuários fumam entre 11 e 15 anos;

A pesquisa apontou um percentual de 87,5% dos usuários fumam mais de 25 cigarros ao dia;

87,5% dos usuários entrevistados confirmaram ter recebido informações sobre os malefícios do cigarro durante a vida;

75% dos entrevistados afirmaram ter recebido informações sobre os malefícios do cigarro durante o acompanhamento na Unidade Básica de Saúde;

Sobre a importância das informações recebidas na UBS para o entrevistado, observou se que 50% acharam importantes os esclarecimentos sobre os malefícios do cigarro;

62.5% concordaram que o hábito de fumar contribui para a elevação da PA.

62,5% já tentaram deixar o tabagismo.

A partir dos dados coletados, sugerimos um acompanhamento que vise identificar as dificuldades do usuário em parar de fumar, através das consultas com profissionais da UBS, palestras, encontros de tabagistas e principalmente visitas domiciliares, pois permitirá um maior conhecimento sobre a realidade de vida de cada tabagista facilitando assim o planejamento das ações da equipe de PSF no controle e diminuição do consumo do cigarro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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______. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Manual de Orientações. Tabaco: mortal sobre todas as formas e disfarces, 2006. Disponível e,: http://www.datasus.gov.br,acesso em 17 de abril de2008.

________.Ministério da Saúde. Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis (DAnT). Brasília (DF): Secretaria de Vigilância em Saúde, 2002. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/svs/area.cfm?id_area=448 Acesso em 31 out. 2007.

________.Plano de Reorganização da Atenção á Hipertensão arterial e ao Diabetes mellitus. Manual de Hipertensão e Diabetes, Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

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Autor: Ana Patricia Calil Kohler


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