O abismo entre pobres e ricos



Edson Silva

Não subestimo jamais a sabedoria de nossa gente. Há alguns dias acompanhei, só ouvindo, sem intervir, o diálogo entre dois trabalhadores num coletivo, um deles de carregado sotaque carioca. Eles falavam que consideravam como mais grave na história da economia brasileira, o fato de poucas pessoas possuírem milhões ou bilhões de reais, enquanto grande quantidade da população não possuir nada.

Eles usaram a palavra contraste ao citar zonas ricas das capitais do Rio e São Paulo e compará-las com zonas paupérrimas das mesmas cidades. Na hora, lembrei de uma frase da música "Fazendo Escola", do GOG, que se denomina "rapper guerrilheiro". A música diz literalmente: "... olha o abismo que separa o rico do pobre..." Os dois filósofos informais urbanos citam que a pessoa honesta se dá por vencida pelas "facilidades" do crime ao tentar, tentar e nada conseguir para sua sobrevivência e da família.

A sentença deles, sem direito à apelação, é aterrorizadora: "O crime tomará conta e será tarde pra fazer alguma coisa..." Para os trabalhadores, o fazer alguma coisa é enxergar que sem justiça social, sem dar acesso à educação e ao trabalho, não se combate a criminalidade, com o que concordo em número, gênero e grau. Mas o que vemos no país é uma oposição demagógica, que faz bravata de Salário Mínimo mais alto (que não concederam quando estavam no poder), mas que não fala nada sobre ter ajudado aumentar em mais de 60% os próprios e altíssimos salários.

Este mesmo tipo de político chamou de "bolsa esmola" programas que visam diminuir desigualdades sociais, promovendo distribuição de renda ampla, mas procurando não incorrer em bravata e irresponsabilidade. É preciso se informar, expor idéias, debater, tirar conclusões e se decidir. Creio que isso só é possível em verdadeiras democracias, portanto não existe regime melhor que o democrático.

O que ocorre no mundo árabe hoje, com o povo lutando por liberdade é exemplo. Boa parte de ditaduras prestes a serem derrubadas tinha "apoio" da "democrática" América do Norte, que tem interesses naquela área. Este tipo de "apoio" houve aqui na América do Sul e na Central e o que se viu foram instalações de Ditaduras Militares. Portanto, estar atento é preciso para não engolir lemas como: "O preço da liberdade é a eterna vigilância"

Liberdade é o maior bem da humanidade e não se justifica perdê-la, seja para criminalidade, para interesses escusos de terceiros ou para situações em que tenhamos direitos cassados ou que nossos direitos (ou de quem queira nos governar) transgridam direitos de outras pessoas, entre eles liberdade, igualdade, justiça e responsabilidade.

Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré

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Autor: Edson Terto Da Silva


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