A ESPIRITUALIDADE NO OCIDENTE MEDIEVAL
A apresentação do espiritual como independente da matéria conceituando a espiritualidade através de novos modelos que surgem no século XIX, o surgimento dessas novas espiritualidades a entendendo primordialmente por gestos e expressões, não sendo essa mais entendida como um sistema codificador das regras da vida interior.
Vauchez aborda como objetivo da obra a história da formação da espiritualidade em mutação constante e de sua coexistência no tempo, entendendo que ao apresentar a história da espiritualidade é possível enfatizar e entender as suas constantes mutações desde a Idade Média, época essa em que ainda não havia se estabelecido entre todos os domínios uma mesma noção do espiritual, ou seja, a separação de classes dando margem a diversas interpretações em viver a mensagem cristã. A definição da espiritualidade como algo vivido e definível historicamente através de personagens como Cister e Cluny que seguirá um segundo plano enquanto Cister prevalece no surgimento de uma espiritualidade nova. A evidência do impacto da mensagem cristã entre as massas, o significado da espiritualidade em cada século e a passagem como algo tardio e seguido das variações espirituais ao longo dos séculos.
A apresentação dos capítulos iniciais como "Gênese da Espiritualidade Medieval", o ponto de partida no século VIII, surgindo assim às primeiras tentativas de se construir no Ocidente uma sociedade cristã. De acordo com sua época as influências surgiam na alta Idade Média se atraiu ao Antigo Testamento, marcando a vida e a mentalidade religiosa e espiritual da época, marcando essa espiritualidade com a volta de práticas antes proibidas como a obrigatoriedade de fazer parte da igreja e penitências severas, a imposição da religião cristã como sendo essa principio fundamental para espiritualidade, até mesmo porque nessa época há um domínio do latim e um distanciamento entre o clero e os fiéis esses que por sua vez não participavam das missas e o latim acabava sendo censurado pelos fiéis.
No período carolíngio a religiosidade reduz toda religiosidade em puro ritual. Esse período que surge a partir do governo de Carlos Magno e seus descendentes produzem uma nova visão espiritual essa que por sua vez se apóia no materialismo como meio de elevar o nível religioso, nesse período às práticas frequentes com o resgate das penitências canônicas, surgindo uma nova relação entre o cristão e um Deus por meio da penitência tarifada, sendo assim o perdão estava subordinado a um sentimento de o homem dotado de esforços para reparar o pecado. No entanto, as diferenças de classes revelam uma dualidade entre a cultuação separando a elite das grandes massas, e o surgimento de crenças e outros elementos não sendo oficiais se torna crescente.
A essa espiritualidade está ligado o aparecimento de outras figuras santas,quando nasce a necessidade de recorrer a intermediários,nesse momento a religião é imposta aos fiéis por ritos impregnando a vida desses de algo que se apresentava por aquele século como mágico. Esse período pode se considerar como conturbado e de difícil definição, pois rituais pagãos se encontram cercados de formas litúrgicas.
O homem em contato com o sobrenatural por meio de fórmulas, gestos e significados das ações em evolução, a concepção de fé caracterizada pelo mistério desaparece entre os séculos VIII e X.
Ao final do século X a Igreja ainda é secular e dirigida por bispos, monges etc. Aqui a evolução nos mosteiros no sentido de crise que ameaçava a própria existência da Igreja pela confiança em abades e padres sem escrúpulos, abala a espiritualidade cristã que nesse período estava em construção, uma tendência em fazer do religioso uma categoria à parte. O nascimento de uma espiritualidade monástica e feudal, marcando a vida religiosa do Ocidente no começo do século XII ao fim da Idade Média, a liturgia ganha um caráter dramático com gestos que acentuam o drama que se fixou como "apelo" ao plano espiritual.
A procura por modelos morais perde um pouco a força, a tentativa de se igualar ao divino, os fieis como sendo inferiores por serem mais próximos da sexualidade, a elevação dos monges, fazem da espiritualidade algo frágil e mutável. Os castigos e altos flagelos essas tendências refletem bem a espiritualidade comum aquela época. A espiritualidade está centrada no combate do homem contra si mesmo, a assimilação de Deus com a justiça retribuindo cada um segundo suas obras.
A sociedade cristã considerou o uso da força como algo justificável quando usado beneficamente, a favor dela. É a partir dessa decisão a liberação da guerra por Alexandre II quando útil a Igreja, a fusão com o exercito, as cruzadas, são um forte testemunho histórico do aparecimento de uma nova religiosidade.
Essa fase conturbada oferece espaço ao surgimento de novos grupos sociais como burguesia que ainda era uma classe mal definida, nesse período se constitui uma mentalidade de lucratividade e mobilidade da mão de obra. Situação que só se agrava mais com a separação das classes com a expansão econômicas do Ocidente no século XII, a pobreza antes considerada como um estado de fragilidade possa a ser vista como decadência social.
Essas variações na espiritualidade se tornam visíveis com o retorno de fontes, redescoberta de algumas palavras existentes nas escrituras sagradas reflete na espiritualidade e na sociedade em mutação surgindo uma visão espiritual renovada de se entender e seguir o divino, dividido entre leigos e clero.
Seguir o evangelho rigorosamente significava viver como "pobres de cristo", um estilo de vida bem definido. O ideal apostólico como um estado de espírito que pode traduzir-se de maneiras diversificadas, a explicitação de uma sociedade da Idade Média como estática caracterizada por uma atonia espiritual e cultural, novas formas de vida consagrada fundadas sobre a espiritualidade original, antiga consagrada fundada sobre espiritualidade original, antigas práticas agora são questionadas em nome da fidelidade ao evangelho a vocação não era aguçada nem exigida. Durante o século XII com o surgimento do eremitismo a existência religiosa fixada na solidão e no nomadismo, sua espiritualidade sofre influencias do ideal da vida apostólica sendo então a maracá desse período da espiritualidade.
No Ocidente Medieval a espiritualidade é fortemente marcada pelo surgimento de ordens religiosas para identificação de vários grupos não havia presença de nenhum angelismo nessa espiritualidade, o mundo exterior não ficava ignorado. A proposta de uma nova corrente, mas não uma nova ordem religiosa um estreito contato com o mundo, a conservação da espiritualidade canônica e o estabelecimento de um curto laço entre o ideal sacerdotal e a prática da vida comum.
No decorrer da história a Igreja passa por transformações na busca por novos fieis assumindo um papel, mas social, a afirmação do evangelismo popular, a espiritualidade vista como algo sofrível e de difícil acesso aos leigos e principalmente as mulheres que tinham dificuldades complementares em relação aos leigos em encontrar a espiritualidade, com o sexo reprimido por ser vista como fonte do pecado as mulheres tinham dificuldades em realizarem seu destino espiritual.
A apresentação do homem medieval como um indivíduo em busca constante da sua espiritualidade, as suas ações como fontes deterministas e determinantes no seu destino espiritual constantemente mutável. A separação entre leigos clero e mulheres acaba se revelando como ponto principal nas transformações sociais e na mutação da espiritualidade.
Autor: Isabela Ferreira Dos Santos
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