Esse é o Homem



Esse é o Homem Diante da multidão enfurecida Pilatos apresenta Jesus, dizendo: "Eis o Homem". Aparentemente com a intenção de libertá-lo, no que foi preterido por Barrabas. De modo semelhante Nietzsche também se apresenta em "Ecce Hommo", dizendo que ao desafiar a humanidade "parece-me indispensável dizer quem sou" e preferia ser "um sátiro antes que um santo" Aqui, entretanto queremos mostrar não um homem à multidão, mas o ser humano a si mesmo: coloquemo-nos diante do espelho! Veremos não uma sonhada beleza, mas o extremo de nossa fealdade. Nossa apresentação não é mostrar um homem: "Eis o homem", mas, após algumas demonstrações do que está sendo feito pelo homem, dizer que isso o caracteriza: "esse é o homem", em sua singular pequenez. Então vejamos. No inicio do ano passado, procurando refletir sobre algumas catástrofes que atingiam o planeta, alguém me disse que estava sendo pessimista. Hoje, no inicio da segunda década do terceiro milênio cristão, nos defrontamos com algumas situações que pedem reflexão. Lembremo-nos de que algumas décadas atrás a América Latina se debatia e sacolejava para derrubar os ditadores do poder. Lentamente eles foram sendo derrubados se não pelos movimentos sociais organizados, pela própria história, pois caíram de podridão. A extrema direita cedia aos ventos da infiltração mais sutil do capitalismo com arremedos de democracia. O fato é que as ditaduras ruíram. Alguns países puseram uma pedra e sentaram em cima, negando-se a julgar os crimes desses ditadores (caso do Brasil); outros tiveram processos diferentes, como a Argentina, recolocando no banco dos réus generais ditadores já condenados> novo julgamento par antigos crimes: o sumiço de bebes. Releia a História! No filme "O Senhor das Armas", entre outras, duas cenas chamam a atenção: no inicio o personagem diz que até aquele momento existem 11 armas para cada 12 pessoas e diz que a grande questão é saber como colocar uma arma na mão da décima segunda pessoa. A outra cena é no final do filme. O traficante de armas, preso, ironiza o delegado que o prendeu, dizendo: "Daqui há alguns minutos o telefone vai tocar, você vai atender, dizer sim senhor, me pedir desculpas e me libertar". E ao ser libertado confidencia ao delegado: "muita gente grande ganha dinheiro com meus negócios". Ou seja, a indústria da guerra não pode parar. Assista ao filme! A lembrança do filme veio a propósito das manifestações contra a Ditadura de Kadhafi, na Líbia e das manifestações semelhantes ocorridas em outros países, como Omã; manifestações populares que derrubaram governos no Egito e na Tunísia, recentemente. Não esquecendo que manifestações populares dessa natureza, exigem armas e mobilizam exércitos. Tanto que, a respeito da Líbia, a posição de um dos maiores exportadores de armas do planeta já se evidenciou: os norte-americanos já mobilizam seus exércitos... Uns tiros e bombas a mais sempre são ocasião de lucros. "Quem quer dinheiro?" Em nível interno, algumas situações também merecem atenção: o governo federal acaba de anunciar redução em investimentos sociais... inclusive cancelando concursos e contratação de professores para universidades... e a educação é prioridade!!! Não esquecendo que todos os países que se desenvolveram econômica e socialmente investiram maciçamente em educação. E o povo? É só um detalhe! "E o salário, ó" Só para registrar, ao mesmo tempo em que esses elementos conjunturais estão ocorrendo pelo mundo a fora, num cantinho do Brasil (Rio Grande do Sul) um ser humano arremete um carro, em alta velocidade sobre um grupo de ciclistas. Mais de uma dezena de feridos. E o alto funcionário alega: "Legitima defesa!" Esse é o homem O que isso tudo significa? Nada mais nada menos do que uma evidenciação de como podemos caracterizar o ser humano: Não um ser altruísta e solidário, mas mesquinho e maldoso. Um ser maravilho, é o homem: pura engenhosidade, criatividade, capaz de fazer regiões semidesérticas se tornarem férteis e produtivas, mas ao mesmo tempo, capaz de usar seus engenhos e suas criações contra os semelhantes (avião, energia nuclear, pólvora); e se pode transformar áreas estéreis em zonas férteis também agride enormes regiões em nome do lucro desenfreado. Ser ambíguo, é o homem: se solidariza, mas tira proveito das catástrofes; procura medicamentos miraculosos, mas só quem tem dinheiro tem acesos aos milagres; escarafuncha o universo e o microcosmo, mas permanece incapaz de resolver questões básica de relacionamento entre visinhos. Enfim, esse é o homem. Ser que quanto mais evolui, quanto mais progride, quanto mai sabe... tanto mais se desumaniza, se animaliza, se destrói... E, sem ser pessimista, negativista ou alarmista, podemos constatar que esse é o homem: um brinquedo nas "mãos"das forças sociais. Neri de Paula Carneiro ? Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador. Leia mais: ; ; ; ;
Autor: Neri P. Carneiro


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