TRABALHANDO COM EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE BIOLOGIA



Introdução

Os cursos de formação continuada que abordam a temática ambiental não são disponibilizados para todos os docentes, sendo acessíveis, principalmente, aos educadores das disciplinas Biologia e Ciências, o que reforça a reprodução de concepções reducionistas de meio ambiente. Esse fato não condiz com o que está previsto em documentos oficiais e leis, ao ser preconizado que a educação ambiental deva ser tratada transversalmente e interdisciplinarmente pelos educadores/professores. Muitos desses profissionais, com mais de dez anos de serviços, jamais participaram de um curso para discutirem as questões ambientais (LIMA, 2008).

PEDRINI (2000) aborda a educação ambiental de uma maneira que incorpore um desenvolvimento que considere a qualidade humana, em vez da quantidade econômica. Em sua abordagem educativa, propõe ainda a incorporação de três grandes domínios: (i) o cognitivo, favorecendo a aquisição de experiência e conhecimentos na área ambiental e seus problemas correlatos (educação sobre o ambiente); (ii) o afetivo, despertando valores e motivações que considerem um ambiente mais adequado (educação no ambiente); e (iii) o participativo, promovendo a aquisição de habilidades e competências para agir e resolver os problemas ambientais (educação para o ambiente).

O IV Congresso Iberoamericano de Educação Ambiental consolidou-se em um momento de reflexão acerca do estado atual da educação ambiental em escolas, empresas, nas comunidades, nas instituições científicas culturas, nas áreas protegidas de ecossistemas que precisam ser monitorados, bem como a importância da formação dos professores. Também foi discutida a relevância das novas tecnologias no processo da educação ambiental e a necessidade de investir em trabalhos científicos possibilitando a evolução do estado da arte de educação ambiental para construção de aporte teórico capaz de orientar e facilitar a prática dos educadores ambientais (CUBA, 2010).

Formas de trabalhar o conceito de ecologia ? "APRENDA FAZENDO"

Horta escolar

Para TONINI e TECCHIO (2003) no espaço da horta escolar compara-se às características físicas e a vida do solo através de observações da diversidade e número de insetos, ácaros e minhocas, umidade, diversidade de plantas espontâneas e estimulando a equipe da escola a perceberem quantos elementos poderão serem introduzidos naquele pequeno espaço. Em seguida, cada grupo constrói o canteiro, colocando o esterco sobre a vegetação roçada. Sobre o esterco é colocado jornal e, por cima deste, uma camada de palha triturada ou serragem. O procedimento propicia a compostagem direta no canteiro.

Nas visitas seguintes, a equipe técnica e a equipe da escola fazem o transplante das mudas, observam o desenvolvimento das culturas consorciadas, aparecimento de insetos, plantas espontâneas e aspectos dos canteiros, como cheiro, cor e forma. A proposta é que se tenha um acompanhamento até o momento que a equipe da escola sejam autônomos para introduzirem elementos e métodos novos de trabalhos próprios e, assim, seja possível utilizar as idéias dos estudantes e os recursos do próprio local (TONINI e TECCHIO, 2003).

Essa proposta de se trabalhar com horta escolar tem por objetivo promover a exposição dos conteúdos de ecologia, além de contribuir de forma positiva para o fortalecimento e manutenção das relações professor/ aluno, escola/ comunidade e homem/ meio ambiente, tornando nesse sentido a escola um espaço democrático, comprometida com o resgate e construção de valores fundamentais para a conquista do cidadão participativo.

Promoção de aulas de reciclagem de lixo

O lixo urbano, descartado em residências ou no trabalho, pode muitas vezes servir como verdadeira fonte de riqueza. Grande parte do que é jogado fora poderia e deveria ser reciclada. Plástico, vidro, metal e muitas outras coisas podem ser facilmente reutilizados depois de um tratamento adequado. Com isso, não somente a quantidade de lixo é reduzida, como também é possível recuperar produtos, economizar materiais para fabricar outros e até recriar no homem os bons hábitos de preservar os bens e a natureza (UNSANTA, 2010).

De acordo com SETOR RECICLAGEM (2010) os adolescentes ampliam seus conhecimentos sobre as relações ecológicas e exploração racional dos recursos naturais em aulas de reciclagem .Os alunos dos cursos de aceleração da 5ª à 8ª série do ensino fundamental aprendem muito mais do que os conteúdos tradicionais de sala de aula. Uma parceria firmada pelas secretarias de educação do município e do Estado do Acre , com a Escola de Meio Ambiente do município de Rio Branco permite que os adolescentes ampliem seus conhecimentos sobre as relações ecológicas e exploração racional dos recursos naturais. Juracy Pacheco, coordenadora da Escola, informou que aulas de reciclagem e artesanato em papel são a porta de entrada para a formação de uma consciência ecológica nas novas gerações. Além dos alunos, pessoas da comunidade também têm acesso às técnicas de transformar papel usado em folhas novas, prontas para uso. "Estas pessoas recebem o treinamento e passam a funcionar como multiplicadores destas técnicas e de uma nova forma do ser humano se relacionar com o meio onde vive" .

A professora Aline de Oliveira informou que a turma é formada por 32 alunos da escola estadual João Aguiar e que as atividades de educação ambiental vão encerrar os módulos sobre Língua Portuguesa e Ciências. "O principal é garantir aulas para aqueles alunos que, por motivos de repetência, evasão escolar ou outros, ficaram atrasados em relação à faixa etária por série. Mas a educação ambiental é uma forma de trabalhar a auto-estima de fazer com que todos eles tomem gosto pelos estudos e possam superar as deficiências que apresentaram". Os conhecimentos referentes às quatro séries são ministrados de forma modular em 11 meses, garantindo a conclusão do ensino fundamental aos participantes da sala de aula "acelerada" (SETOR RECICLAGEM, 2010).

Trabalhando com a questão da degradação ambiental

Bioma Mata Atlântica

LEEF (1999) relata sua experiência em educação ambiental no Bioma Mata Atlântica. Na primeira parte do projeto Bioma Mata Atlântica , foi fornecida ao aluno uma visão geral do Universo com breves informações sobre sua origem e evolução, sobre o sistema solar e o planeta Terra. Este sofreu uma abordagem ecológica em que foram discutidos seus principais ecossistemas. Depois, na segunda parte, o trabalho foi direcionado às várias regiões naturais brasileiras com enforque especial no estudo e reflexão do bioma Mata Atlântica, por ele abrigar o conjunto de ecossistemas: manguezal, restinga e floresta ? ou pelo menos, o que restou deles ? que ocorre na Cidade do Rio de Janeiro. Na parte seguinte, foram feitas a leitura e discussão de questões sobre degradação ambiental e seus reflexos no ar, água e solo, especialmente relacionadas aos grandes centros urbanos. E na quarta e última parte, foram apresentados e discutidos exemplos de ações populares em favor do desenvolvimento sustentável.

Implantando a Agenda 21 com os alunos

A Agenda 21 é um documento gerado a partir da Rio Eco-92 para implantação global, prevendo, em mais de 40 tópicos, as possibilidades de desenvolvimento sustentável para o planeta, onde se possa gerar desenvolvimento sem prejuízos à qualidade de vida do ser humano e às condições ambientais. Pode-se resumir essa filosofia no encaminhamento das condições de vida do planeta para um ambiente justo e saudável, com o equilíbrio perfeito entre o ser humano, a natureza e a economia, sem prejudicar o desenvolvimento e a qualidade de vida, e sem degradar o ambiente planetário.Esse mesmo documento prevê a implantação da Agenda 21 nacional, que deverá ser implementada, em cada país, observando-se suas características peculiares e, ainda, a Agenda 21 local que, em tese, deve ser implementada em cada cidade ou localidade onde exista um núcleo humano com necessidades de crescimento e de sustentabilidade ambiental e econômica, sem prejuízo da qualidade de vida e da degradação dos ecossistemas (ROMANELLI, 2010).

De acordo com SILVA (2006) para se construir a Agenda 21 na escola,pode ser adotada a árvore construída na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, durante a Eco -92. Uma das formas de fazer os alunos refletirem sobre a sua realidade, são as oficinas ambientais. Na sala de aula, o professor desenha uma arvore numa cartolina ou lousa e pede para que os alunos em pequenos grupos, respondam as seguintes perguntas:

a)Como é a escola dos nossos sonhos?

b)Como é o bairro dos nossos sonhos?

c)Quais as dificuldades encontradas para realizar os nossos sonhos?

d)Quais os principais problemas de nossa comunidade?

e)Como viviam as pessoas antigamente?

Depois de respondidas, o professor cola na arvore para que os colegas visualizem e compararem a respostas dos outros. Esse tipo de oficina pode ser feito na sala de aula, na reunião de Pais e Mestres, na reunião do Conselho de Escola, ou em outras organizações da instituição escolar.

Outra experiência interessante é a do jornal mural, onde os alunos, através de pesquisas com os pais e na comunidade discutem os principais problemas e soluções para o seu bairro. Depois colam o resultado de suas pesquisas no jornal mural (ROMANELLI, 2010). Esse tipo de atividade contribui para a divulgação e a compreensão dos problemas da sua região.

Como é possível notar, através desses exemplos, construir a Agenda 21 na Escola é um processo contínuo, daí, portanto ser necessário que a problemática ambiental, esteja institucionalizada na escola, que não seja apenas um tema a ser trabalhado durante um determinado período, mas, permanente.

Instituição que promove a educação ambiental

O caso Embrapa Meio Ambiente ? Jaguariúna

A primeira etapa do projeto de educação ambiental implementado pela Embrapa Meio Ambiente, ocorrida no período de 1997 a 2001, contou com as parcerias da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral ? vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo - e de Delegacias Estaduais de Ensino dessa mesma unidade da federação. Teve por propósito contribuir na capacitação de educadores (do ensino formal e não formal) em métodos participativos de educação ambiental, contando com a assessoria de especialistas nas áreas de educação, da agricultura e do meio ambiente. Nesse período os trabalhos destinados ao público-fim, constituído por estudantes e agricultores, foram realizados em municípios-piloto paulistas das regiões de Campinas e de Bragança Paulista, com enfoque nas atividades pedagógicas de formação de multiplicadores em métodos de educação ambiental, contando com a participação de delegados de ensino, diretores de escolas, professores e extensionistas rurais. Nesses eventos, realizados em salas de aulas e ao ar livre, foram escolhidos democraticamente os temas geradores mais adequados às realidades locais, visando o estudo do contexto e a mobilização social voltada à conservação dos recursos naturais, tais como a água, o solo, a recomposição de matas ciliares e o uso indiscriminado de agrotóxicos (EMBRAPA MEIO AMBIENTE, 2010).

No exercício da responsabilidade social, a Embrapa Meio Ambiente, a Motorola e as Prefeituras Municipais de Jaguariúna, Santo Antonio de Posse, Holambra, Pedreira, Amparo, Artur Nogueira e Mogi Mirim lançaram a Campanha "Meio Ambiente e a Escola" . As escolas da rede pública municipal e estadual ? educação infantil, ensino fundamental e médio, educação para jovens e adultos e escola técnica ? foram convidadas a desenvolver projetos de educação ambiental. Para viabilizar tais projetos, a Campanha lançou e disponibilizou para todas as escolas, o livro "Educação Ambiental - Capacitação de agentes multiplicadores e desenvolvimento de projetos", contendo registros de projetos de escolares e material de apoio a capacitação, além da premiação dos melhores projetos, ou seja, aqueles que melhor contribuam para melhorar a qualidade de vida da população local, promovendo intervenções positivas nos diversos níveis que compõem o patrimônio ambiental. Os projetos concorrem a três prêmios por categoria. Além do trabalho de educação ambiental nas escolas, foram realizadas, também, atividades com agricultores dos municípios paulistas de Holambra, Jaguariúna, Santo Antonio de Posse e Valinhos. Para esse público específico foi aplicado o método de Diagnóstico Rápido Rural Participativo. Levantamentos dos meios físico e social, realizados em visitas a propriedades rurais de microbacias hidrográficas selecionadas, foram complementados pela realização de reuniões com os agricultores. Possibilitou-se, assim, definir os temas prioritários a serem abordados nesse componente do projeto. Resultaram em ações coletivas voltadas a promover o desenvolvimento rural em bases sustentáveis, tais como palestras, dias de campo e mutirões (EMBRAPA MEIO AMBIENTE, 2010).

A partir de 2002, a Embrapa Meio Ambiente iniciou uma nova frente de ação no âmbito da educação ambiental . Com o intuito de "fazer o que se diz", enfatiza sua atuação no âmbito interno e no exercício da responsabilidade social da instituição, cuja estratégia é a internalização da temática ambiental na própria Embrapa, enfatizando-se três linhas de trabalho: a) no âmbito interno, a consolidação de uma cultura institucional de desenvolvimento tecnológico em sintonia com os preceitos da sustentabilidade; b) junto à comunidade próxima, assegurando o exercício pleno da responsabilidade social, segundo sua competência institucional; c) na interface Embrapa/sociedade - promovendo valores e práticas dialógicas com o público-alvo da pesquisa, sensibilizando-o para as novas oportunidades de inserção em um mercado exigente em qualidade, assegurando a potencialização dos impactos positivos dos resultados das pesquisas por adoção de tecnologias apropriadas à gestão ambiental do agronegócio (EMBRAPA MEIO AMBIENTE, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação ambiental se mostra uma temática importante para ser inserida dentro da disciplina de biologia, pois ela mostra ao aluno como preservar o meio ambiente e ter uma vida saudável.

Levando em consideração os fatores citados acima há uma necessidade de uma movimentação tanto por parte de professores, alunos e governo para estarem auxiliando na educação ambiental no ensino de biologia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CUBA. Acesso em 30 out /2010.

EMBRAPA MEIO AMBIENTE. Princípios da Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Disponível em . Acesso em: 29 nov. 2010.

LEFF, Enrique. Educação Ambiental e desenvolvimento sustentável. In: Reigota,Marcos (org.). Verde Cotidiano ? o meio ambiente em discussão. São Paulo: DP e A, 1999.

PEDRINI, A. de G. (org.). Educação Ambiental: Reflexões e Práticas Contemporâneas, 3a edição. Petrópolis: Vozes, 2000.

PENTEADO, H. D. Meio ambiente e formação de professores. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2000 (Coleção Questões da Nossa Época; vol. 38).

ROMANELLI, Francisco Antonio. Agenda 21 Escolar - Implantação. Disponívelem:. Acesso em: 28 out. 2010

SETOR RECICLAGEM. Alunos aprendem reciclagem de papel. Disponível em:. Acesso em: 29 nov. 2010.

SILVA, José Edmilson Cazé da. Implantando a Agenda 21 na escola. 2006. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) - Curso de Especialização em Educação Ambiental, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (senac), Rio de Janeiro, 2006

TONINI, Fabia; TECCHIO, Andréia. Trabalhos com hortas escolares no município de Dionísio Cerqueira, SC. Disponível em: . Acesso em: 28 out. 2010.

UNISANTA. Reciclagem contribui para uma vida saudável. Disponível em: . Acesso em: 29 nov. 2010.


Autor: Artur Batista De Oliveira Rocha


Artigos Relacionados


EducaÇÃo Ambiental Dentro Da Escola

I Olimpíada Ambiental

A ImportÂncia Da EducaÇÃo Ambiental No Ensino Da Geografia

Discutindo Educação Ambiental E Cidadania Na Escola Centro Educacional De Aracatu

A ContribuiÇÃo Da EducaÇÃo Ambiental Para A EducaÇÃo Do Campo

A Importância Da Educação Ambiental Nas Escolas Do Município De Sidrolândia-ms

Gerenciamento E EducaÇÃo Ambiental Dos ResÍduos SÓlidos Da 7ª Expoiespes/ SantarÉm-pa