Eunice



Eunice, moça de família abastada, teve um único namorado, o namoro durou oito anos. Diziam as más línguas que Eunice ia fazer bodas de prata de namoro. Certo dia o namorado sumiu. Ele engravidou uma menina e casou obrigado na polícia. È, já teve disso também. O casamento na policio era rápido, não corriam os proclamas. No cartório era mais demorado. Eunice tinha um corpo escultural, era o que diziam; na praia, de maiô, chamava atenção. Era recatada e foi a primeira mulher de sua geração que saiu de casa para trabalhar em banco, bancária. Nos bancos mulher não tinha vez. Eunice foi e levou uma leva de moças seguindo suas pegadas. Ela deu tudo de si para ser a melhor e foi a primeira a assumir uma gerencia. Quando isso aconteceu Eunice já contava com trinta e cinco anos, e nunca mais namorou ninguém. Não teve tempo! Até que no banco apareceu um rapaz de sua idade que era dono de uma rede de hotéis. Eunice se enamorou, atualizou o enxoval e encomendou o vestido de noiva. Sua família estava radiante, festa encomendada, Eunice feliz e certo dia apareceu no banco uma jovem muito simples que trouxe consigo uma criança que apresentou como sendo filho do noivo de Eunice. A criança era a cara do pai. Eunice questionou o noivo que confessou ser o pai da criança; a moça trabalhou no hotel e como era maior de idade ele não foi obrigado a casar. Eunice devolveu a aliança, as cartas, só não devolveu o Neruda porque guardou para ler depois. Ela reuniu seus familiares e comunicou que não ia mais casar. Sua mãe se desesperou porque sua filha ia ficar falada e argumentou que a festa estava paga e o vestido de noiva pronto e que Eunice tinha uma reputação a zelar. O pai da noiva também concordou e chamou o noivo que veio prontamente. Ficou noivo novamente e no dia marcado, na hora marcada, a bela Eunice casou. Nunca mais tocou no assunto. Deixou de trabalhar e teve duas lindas filhas. Só que Eunice não podia olhar para suas meninas sem ver o rosto da outra criança que era meio irmão de suas filhas. Eunice resolver falar com o marido para proteger o filho dele. Nada foi feito. Dez anos depois a criança circulava pelas ruas, perdeu a mãe e vivia com sua madrinha que explorava o menino. Eunice certo dia estava com suas duas meninas no trânsito e viu o filho do marido vendendo doces feito pela madrinha. Eunice deu uma carona para o menino e comprou todos os doces. Se propôs ficar com o menino mas a madrinha não aceitou, foi a última vontade da mãe do menino. Eunice voltou para casa e não pode mais encarar o seu marido nem as suas filhas e cinco anos depois foi internada em um hospital psiquiátrico. Seu marido passou a beber e se descuidou de seus negócios que ficaram por conta de seu gerente. O menino de rua que era seu filho morreu por negligência médica. As duas filhas foram entregues para a família de Eunice e hoje quem paga as despesas e cuida com zelo do marido de Eunice é o seu gerente, que vendeu uma parte dos hotéis para um grupo internacional de hotelaria e emprega os maridos das herdeiras. As meninas estão criadas. Eunice faz tratamento até hoje e Anita, irmã de Eunice, uma vez por mês vai até o hotel para receber a pensão de Eunice. O casal não separou legalmente, porém o marido de Eunice encarregou o seu gerente de fazer o pagamento de uma quantia em dinheiro generosa para pagar o tratamento de Eunice, que vive mais no hospital do que em sua casa. Na última vez que Anita esteve no hotel, perguntou para o seu Adauto, o gerente, o porque de tantos anos de dedicação a uma família tão confusa e desnorteada. O Sr. Adauto começou a trabalhar no hotel aos dezoito anos. Dentro do hotel fez de tudo até assumir a gerência. O Sr. Adauto é português, chegou no Brasil ainda pequeno e sua família sempre teve o marido de Eunice em grande consideração. Sr, Adauto conheceu Eunice antes do seu patrão, ele era o encarregado de fazer os depósitos bancários, e Eunice era muito atenciosa. Ele era apaixonado e tinha uma esperança de ser correspondido, mas segundo ele foi culpa do destino, seu amor por Eunice era tanto que só a presença de sua amada lhe dava alento. Depois do casamento do seu patrão com Eunice, ele passou a sua amada com outros olhos, era amigo leal dos patrões, e quando viu que tudo ia a bancarrota, sua primeira preocupação foi informar o patrão da situação dos hotéis, e recebeu carta branca para contornar a situação. Ele acompanhou a educação das meninas, fez as vezes de padrinho na ausência do pai que foi internado para fazer desintoxicação, acompanhou o patrão nas reuniões do AAA ? Associação dos Alcoólatras Anônimos, enfim, dedicou a vida à família como se fosse a sua. É um amigo devotado.

Autor: Nadia Foes


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