Retiros Espirituais



Retiros Espirituais


"Tudo que é definitivo nasce e amadurece no seio do silêncio..." (Larrañaga). É do silêncio que emergirão as mais concretas atitudes que plenificam o homem, porque são frutos de uma reflexão.

Se lançarmos um olhar sobre a vida da Igreja, principalmente em seus primórdios, veremos que silêncio e recolhimento em oração constituem marcas características da missão de ser Igreja. Os evangelhos, por exemplo, ao relatarem a vida de Jesus, narram a necessidade de afastar-se das multidões para entregar-se à contemplação. E que belo é a contemplação ao permitir a solidão com Deus! Como seria edificante se a humanidade despertasse para o desejo de encontra-se e confrontar-se com o transcendente numa atitude de confiança, depositando diante do Senhor todas as aspirações e empreendimentos, refletindo sobre elas e adquirindo discernimento. Assim o fez o Mestre antes de iniciar sua vida pública sendo provado ao recolher-se em deserto, mas não dominado.
Os evangelhos ensinam ainda que os discípulos retiravam-se também com o Mestre para orar. Os Apóstolos no Cenáculo a espera da manifestação do Espírito Santo lá permanecerem por nove dias no silêncio e na oração.
Há de fato uma necessidade sobre os homens de fé de recolhimento interior com fim de retroceder aos percalços da vida, nisso consiste a missão dos eremitas: fugir da concupiscência da carne, da soberba, buscando o deserto onde possam confrontar-se consigo mesmos e com Deus.
Não tem sido fácil calar a voz interior que grita escandalosamente as suas necessidades muitas vezes ate desnecessárias, mas grita e incomoda. E retiro espiritual exige essa atitude de encontro consigo mesmo, favorecendo ao indivíduo compreender-se e aceitar-se como ser limitado, vulnerável às fraquezas, porem fortalecido pela força da reflexão e do discernimento à luz da Palavra de Deus.

Ao refletir sobre retiro espiritual, de imediato reporta-se ao exame de consciência, à meditação e contemplação, à oração vocal ou mentalmente realizada que compõem os exercícios espirituais propostos por Santo Inácio de Loyola. È válido refletir que essa espiritualidade inaciana nasceu com base na própria experiência espiritual de Inácio de Loyola com fim de beneficiar o crescimento espiritual daqueles que pretendem aperfeiçoar suas relações com Deus através da oração e do discernimento
Inácio de Loyola foi um cavaleiro convertido a partir de uma enfermidade que o tornou um seguidor radical na imitação da vida austera dos santos. É ele o pai da espiritualidade do discernimento que numa atitude de humildade e despojamento entrega-se por completo à vontade de Deus, fazendo de sua vida um canteiro fértil de orações profundas numa atitude de total confiança.

Condições necessárias para entrar em oração
É imprescindível colocar-se na presença de Deus num ato consciente de fé que favoreça uma purificação ou contrição interior. Essa purificação exercita a humildade ao reconhecer-se pecador sob o compromisso de erradicar a semente do pecado do seu convívio, movido pela experiência da misericórdia divina, pois há um Deus que continua a amá-lo acima de suas fragilidades.
É necessário ainda "tirar as sandálias dos pés" oferecendo-se a Deus em oração, despojando-se de sua propriedade privada: o seu eu, e dedicando todas as moções ao Senhor; sejam estas, pensamentos, desejos,distrações,aborrecimentos, cansaço, fadiga recordações, etc. Orar ou rezar é despir-se diante de Deus permitindo que Ele visite os lugares mais escuros de seu coração. É também não envergonhar-se de sua lama interna já que Deus o conhece como ninguém e está sempre a guiá-lo por onde quer que vá.

Retiro em pleno século xxI

O mundo que nos circunda está recheado de solicitações perante as quais pouco tempo se tem para dedicar-se com exclusividade a qualquer atividade. São muitas e velozes as informações que acabam nos desviando e envolvendo numa cultura materialista. E se de fato desejamos superar o racionalismo quase absoluto é através do cultivo da fé, como conclui Sertillages: "É preciso meditar muitas vezes sobre Deus, conceber a unidade da vida e a sua exigência de progresso, ter uma visão simples de nossas relações e do nosso destino tão confusos pelo movimento habitual do mundo." É ainda através do retiro que adquirimos condições para realizar tal grandeza e para superar a negatividade que nos envolve. É possível ainda, mesmo com toda gama de tecnologias globalizadas encontrar pessoas sedentas de um encontro com o Transcendente que as faça perceber e acolher a íntima ação de Deus em suas vidas. Conclui-se que só o amor preenche de fato as lacunas insondáveis da criatura humana na relação como seu Criador. Não basta os avanços... Só Deus basta! Assim o fazem as congregações religiosas.
Para refletir
Quais as condições favoráveis para relacionar-se com Deus?
Nos tempos modernos, é possível retirar-se da agitação e entrar em sintonia com Deus?
O que você entende por discernimento?
Reflita sobre sua experiência com Deus.

Valdina Germano Soares (ex- noviça Irmãs Doroteias)
Licenciatura plena em Letras UFCG
Curso de Teologia para leigos (ITEPAS)
Especialista em Metodologia do Ensino (CESSF)
Professora de Língua Portuguesa na EEEFM Cristiano Cartaxo (Cajazeiras-PB)

Autor: Valdina Germano Soares


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