DIAGNÓSTICOS E PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO PREMATURO



Por ser parte importante do processo de sistematização da assistência de enfermagem, e por ter o recém-nascido prematuro (RNPT) a necessidade de cuidados mais intensivos do que os recém-nascidos a termo(RNT), organizei, em conjunto com discentes de uma faculdade de enfermagem onde lecionei, esses diagnósticos e prescrições de enfermagem ao recém-nascido prematuro (RNPT).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (1961), o RNPT é toda a criança nascida antes da 37° semana gestacional. Sendo uma das principais causas do alto índice de morbimortalidade no período perinatal e de internações em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTINeo), segundo Gaíva e Gomes (2003).
A prematuridade pode ser classificada considerando-se principalmente idade gestacional, peso de nascimento e adequação de peso à idade gestacional (Calif, 1996).

  •  Prematuridade limítrofe: RNs nascidos entre 35-36 semanas de gestação, peso entre 2200 e 2800g, estatura entre 45-46 cm. É comum apresentarem debilidade de sucção, instabilidade térmica, icterícia e desconforte respiratório.
  •  Prematuridade moderada: RNs nascidos entre 30-34 semanas de gestação, peso entre 1600 e 2600g, estatura entre 39 e 44 cm. É comum apresentarem instabilidade térmica, asfixia, infecções e doença de membrana hialina.
  •  Prematuridade extrema: RNs nascidos antes da 30° semana de gestação, peso menor do que 1500g. É comum apresentarem as mesmas complicações da prematuridade moderada, mas com maior gravidade.

Devemos lembrar que o RNPT passa pelo período de transição, tanto quanto o RNT, entretanto com maiores dificuldades.

Segundo Whaley e Wong (1985) e Gaíva e Gomes (2003), ao exame físico o RNPT apresenta-se magro e pequeno; a pele fina, avermelhada; rede capilar superficial; escassez de tecido adiposo; vérnix e lanugem em grande quantidade. Cabeça proporcionalmente grande em relação ao corpo; fontanelas pequenas e suturas pouco salientes; olhos proeminentes; língua protusa; pavilhão auricular pequeno e sem pregas, cartilagem macia e pregueável. Tórax pouco desenvolvido; deficiência de musculatura intercostal; ausência de tumefação mamária. Abdome plano ou distendido; coto umbilical espesso. Membros com discreto edema. RNPT masculinos apresentam bolsa escrotal com poucas rugas; testículos fora da bolsa. Femininos apresentam clitóris extrofiados e grandes lábios poucos desenvolvidos.

Considerando estas características do RNPT, e utilizando o instrumento da NANDA (2006), proponho os seguintes possíveis diagnósticos de enfermagem:

  •  Integridade da pele prejudicada;
  •  Risco para déficit no volume de líquidos;
  •  Padrão respiratório alterado;
  •  Nutrição alterada: menos do que as necessidades corporais;
  •  Risco para infecção;
  •  Risco de crescimento desproporcional;
  •  Amamentação ineficaz;
  •  Risco de quedas;
  •  Risco de sufocação;
  •  Risco de desequilíbrio da temperatura corporal;
  •  Risco de traumas;
  •  Risco de aspiração;
  •  Proteção ineficaz;
  •  Risco de constipação;
  •  Risco de atraso no desenvolvimento.


Baseada nestes possíveis diagnósticos, sugiro os seguintes cuidados de enfermagem ao RNPT, que devem ser prescritos pelo enfermeiro responsável:

  •  Verificar e registrar Temperatura corporal e Frequência Respiratória a cada 3 horas;
  •  Curativo do coto umbilical com álcool 70% a cada 8 horas;
  •  Supervisão contínua da amamentação e eructação;
  •  Organização adequada do berço;
  •  Manter Decúbito Lateral Direito (DLD);
  •  Verificar e registrar peso diariamente;
  •  Verificar e registrar eliminações (mecônio e diurese);
  •  Observar manifestações de sinais flogísticos;
  •  Hidratar a pele a cada 12 horas;
  •  Comunicar qualquer alteração.


REFERÊNCIAS:
CALIF, VMLT. Caracterização do recém-nascido. In: LEONE, CR e TRONCHIN, DMR. Assistência integrada ao recém-nascido. São Paulo: Atheneu, 1996.
GAÍVA, MAM e GOMES, MMF. Cuidando do neonato: uma abordagem de enfermagem. Goiânia: AB, 2003.
NANDA. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2005-2006. Tradução: Cristina Correa. Porto Alegre: Artmed, 2006.
WHALEY, LF e WONG, DL. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1985.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Public health aspects of low birth weigth. (Technical report, series, 217). 1961.

*Graduada em Enfermagem e Filosofia, especialista em Bioética e Unidade de Terapia Intensiva, docente de Filosofia para o Estado de São Paulo e enfermagem em cursos técnicos.


Autor: Andressa S. Silva


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