Contraponto de finalidades: o Coordenador pedagógico



Contraponto de finalidades: o Coordenador pedagógico

Iza Aparecida Saliés


O mundo exige da educação transformações imediatas na sua forma de lidar com o ensino com a aprendizagem e com o conhecimento. Inovação, mudança e reforma passou a ser busca constante nas instituições educacionais, exigências que geram instabilidades no cotidiano escolar.

Essas mutações provindas desse aligeirado mundo das informações em rede provocam na gestão educacional uma profunda necessidade de estabelecer Políticas Educacionais que fortaleçam o currículo de ensino da Educação Básica e que instaure uma gestão escolar capaz de gerir as questões pedagógicas, a administrativa e a financeira da instituição.

Apesar da ampla abordagem que demanda a discussão sobre a Gestão Educacional pretendo neste artigo delimitar os questionamentos, pontuando como prioridade discorrer sobre os aspectos pedagógica estabelecendo um diálogo bem próximo com a figura do Coordenador Pedagógico da escola enquanto gestor do ensino e da aprendizagem.

Historicamente a escola contava com um quadro de pedagogos com habilitação especificas, para gerir as questões pedagógicas, conhecidamente como os antigos Orientadores Pedagógicos, Supervisores, Coordenadores Pedagógicos e Administradores Escolares. Com o advento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que institui o magistério de nível superior alguns Sistemas de Ensino, Estado, deixou de contemplar esses cargos em suas devidas carreiras.

Com a extinção de alguns desses cargos, porém o de Coordenador Pedagógico ainda permanece no quadro das escolas. Esta função passou por sérias mudanças de finalidade, com sobrecarga de atribuições, absorveu as funções do Supervisor e do Orientador sem que estivesse preparado para resolver questões complexas do dia a dia da escola, e ainda, age como se fosse o Diretor que foi aculturando no cotidiano das escolas.

Diante dessa realidade, aos pouco o Coordenador foi sendo tomada conta da burocracia administrativa escolar, ou seja, responsável pela administração da escola, pelo atendimento social da escola, pelo atendimento ao aluno, no atendimento à orientação pedagógica, deixando de lado sua real tarefa, que é acompanhar, orientar e subsidiar as ações pedagógicas do professor do aluno.

Não quero aqui responsabilizar o Coordenador pela condição que se encontra as funções e as reais finalidades, mas, é visível o hiato existente entre o que é competência de um Coordenador e o que ele executa na realidade, encontramos Coordenador na função de gestor, atendendo a tudo, menos o pedagógico, isso, fica para quanto der tempo.

Estamos falando do Coordenador Pedagógico, aquele profissional que deve deter conhecimento teórico e prático das ações pedagógicas, que seja capaz de gerenciar a equipe pedagógica da escola, além disso, o Coordenador precisa deter alguma qualidade que são exigências contemporâneas que são: proativo, responsável, dinâmico, inteligente, com habilidades para resolver problemas e competentes para tomar decisões.

Respaldados nessa perspectiva compreendemos o Coordenador como uma pessoa que desempenha a função de fazer a interface com as ações pedagógicas que precisam ser desenvolvidas na escola, enquanto prática escolar, conduzindo suas funções pedagógicas democraticamente, participativa, abrindo espaço para que professores e alunos estabeleçam uma relação dialógica de modo a protagonizar o ensino compormetido com as necessidades e demandas da geração tecnologia que transborda informações e que precisa transformá-las em conhecimentos sistematizados.

A função precípua do Coordenador Pedagógico é atender as necessidades pedagógicas do professor, é organizar grupos de estudo, selecionar textos, buscar fonte bibliográfica, pesquisar aportes metodológicos diferenciados para apoiar na sua prática pedagógica na sala de aula, fortalecendo-os de bases teóricas conceituais que possam melhorar o processo de ensino ? aprendizagem diante das proposições postas no currículo de ensino e respaldadas no Projeto Político Pedagógico da escola.

É doloroso constatar a fragilidade das escolas, temos coordenadores que não possuem profundidade nos conceitos e concepções de currículo, avaliação de seleção de conteúdos de análise do livro didático, ou seja, não conduzem o processo de elaboração do Projeto Político Pedagógico, muito menos estão atentos aos processos de aprendizagem e de desenvolvimento dos alunos.

Segundo Ramalho (2003,pg.30): "O CP deverá contar com obstáculos para realização de suas atividade, deve prever que será atropelado pelas emergências e necessidades do cotidiano escolar.Deve ter consciência de que suas funções ainda são mal compreendidas e mal delineadas".[...]

Conforme diz o autor o Coordenador sofre pressão por parte da gestão, que promovem o desvio de suas atividades na escola extendendo suas tarefas para ações corriqueiras sem tempo para desenvolver o que de fato é de sua atribuição profissional.

Além de não cumprir suas finalidades evidenciamos muitas limitações na formação do Coordenador pedagógico, havendo necessidade de atualização especifica que possa fortalecer a gestão do ensino na escola, podendo oferecer cursos sobre, concepções teóricas sobre currículo , avaliação, metodologia, formação de professores e outros.

Como em qualquer profissão, estamos sempre dispostos a rever nossas práticas, na educação não é diferente, o Coordenador Pedagógico é constantemente induzido a retomar trajetórias, agir com flexibilidade aprofundar nosso conhecimento, estudar, pesquisar e mais, refletir sobre a nossa prática pedagógica enquanto profissional responsável pela formação de pessoas.

REFERÊNCIAS

FALCÃO FILHO, José Leão M. Supervisão: Uma análise crítica das críticas. Coletânea vida na escola: os caminhos e o saber coletivo. Belo Horizonte, p 42-49, mai/94.

HYPOLITO, Álvaro Moreira. Trabalho Docente, Classe Social e Relações de Gênero. Campinas, SP: Papirus, 1997. Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico.

LÜDKE, Menga & ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo, EPU, 1986.

SANTOS, ODER José dos. Organização do Processo de Trabalho Docente: Uma análise Crítica. Texto apresentado no V encontro de Didática e Prática de Ensino. 1989.

ABREU,Luci C. de, BRUNO,Eliane B.G.O coordenador pedagógico e a questão do fracasso escolar.In.: ALMEIDA,Laurinda R.,PLACCO,Vera Mª N. de S.OCoordenador Pedagógico e questões da contemporaneidade.São Paulo:Edições Loyola,2006.




Autor: Iza Aparecida Saliés


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