A representação sócio-econômica do mangue do rio Cocó



Resumo:
Como as representações sociais possibilitam às pessoas a percepção de seus próprios pensamentos, suas idéias, sua visão de mundo, suas atitudes em relação à vida cotidiana, construindo e reconstruindo novas representações, chegou o momento de entendermos como os diversos segmentos da sociedade de Fortaleza que habitam as proximidades das áreas representadas, verem a complexidade deste ecossistema para o desenvolvimento da economia, da cidadania e da liberdade e para isso é necessário uma posição crítica contra a banalização das imagens, que são transmitidas pelos principalmente pelos veículos de comunicação. Precisamos não somente ver as imagens, mas interpretá-las, criticá-las e modificá-las. Necessitamos mudar os paradigmas, por uma perspectiva radical de pensamento e de postura.
Fortaleza, em sua área metropolitana dispõe de pelo menos cinco grandes mangues, a saber: O Cocó; Barra do Ceará; Abreulândia, Caucaia; Aquiraz além de outros menores. O manguezal do Rio Cocó, que nasce na Serra da Aratanha em Pacatuba e possui 45 km de extensão, corresponde a 1,72% dos manguezais de todo o Estado do Ceará, dos quais 24 km correm dentro do município de Fortaleza. Da foz até as redondezas da rodovia BR-116, o rio possui, aproximadamente, 375 hectares de área de manguezal, sendo o mesmo histórico, econômico e socialmente importante para a capital cearense. (SILVA, 1988).
Existem fortes indicações de depredação das áreas de mangues tais como poluição, aterros diversos para construção civil, pesca predatória, repercussões dos fluxos das marés sobre o porto, construções civis e públicas e privadas da orla marítima. (SILVA, 1992).
Este plano de trabalho pretende fundamentar a utilização da análise das representações sociais da natureza como instrumento para uma percepção e entendimento formal e informal das áreas de mangues em particular o do rio Cocó. O critério da representação social qualitativo depende de nossas relações culturais, afetivas, sociais e religiosas, trata-se de um processo contínuo de mudanças. As representações sociais têm um movimento, uma dinâmica muito rápida, diferente dos conceitos científicos, principalmente devido à difusão pelos veículos de comunicação de massa. (SILVA, 1992).
A Representação Social do meio ambiente vem sendo construída recentemente, principalmente em relação à implantação de temática ambiental nas escolas. Dessa forma, se faz necessário entender como esses atores sociais captam e interpretam as questões ambientais, e de que forma pensam e agem em sua realidade próxima, daí a necessidade de identificar as representações, qual é a posição ideológica, social, política em relação ao meio em que vivemos. (SILVA, 1992).
Como a Teoria das Representações Sociais tem como referência o indivíduo situado em seu contexto histórico, no qual ocorrem constantemente à apropriação e a reconstrução dos sentidos atribuídos aos objetos, a partir das experiências e práticas cotidianas, as representações essas estão relacionadas com as pessoas que atuam fora da comunidade científica, embora possam estar manifestas neste meio. Segundo Moscovici (1976), citado por Reigota (1995), a representação social é o senso comum que se tem sobre um determinado tema, onde se incluem também os preconceitos, ideologias e características específicas das atividades cotidianas, sociais e profissionais das pessoas.
A utilização dessa abordagem como instrumento para análise do mangues do Cocó objetiva identificar valores, ideologias, interesses e motivações que permeiam a construção das representações sociais de natureza (informações, imagens, atitudes e comportamentos), desses grupos, para verificar como essas representações se articulam na produção e reprodução do meio ambiente em que vivem esses atores sociais, criando, assim, um espaço de conhecimento para a ação teórica e prática da gestão e da educação e vivencia ambiental.
Assim sendo, o presente trabalho se propõe fazer uma análise popular do ponto de vista geo-ambiental delimitando o ambiente flúvio-marítmo da porção oriental (Mangue do Cocó) localizado no perímetro urbano de Fortaleza, objetivando de modo específico o conhecimento e avaliação do potencial do mangue do Cocó a partir do entendimento da relação homem-natureza; das condições de uso e das potencialidades da área em questão; do cenario das perspectivas da evolução ambiental em função de impactos que tem sido produzida; da análise das possíveis causas de atração e repulsão populacional ligadas as potencialidades desse mangue.
Sabemos que várias outras publicações exploraram o assunto em questão, ou seja, o estudo deste ou daquele manguezal. Porém o nosso plano será respaldado e retratado com profundidade, examinando e revelando as mais variadas idéias de representações sócias da área estudada.
Cabe salientar que a metodologia da interpretação das imagens permite avançar nas discussões de vários temas e assuntos. O fundamental é a possibilidade de análise e dialogicidade acerca das diferentes representações sobre os mesmos temas, sobre os discursos que escondem os equilíbrios que evidenciam as críticas, alternativas e soluções propostas por pessoas e grupos sociais em diferentes locais do planeta. Como educadores, não devemos impor a nossa verdade, mas estimular e dirigir as discussões. Agindo assim, estaremos certamente formando cidadãos mais justos, conscientes e críticos.


Autor: Franzé Filgueiras Russo


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