A LÓGICA DESENGONÇADA



As soluções do poder público são de admirar. Mas com certeza não pela inteligência. Vejamos alguns exemplos:

1. Apenas de janeiro a março de 2010 foram licenciados 646 mil novos veículos no Brasil. 511 mil eram automóveis. Pois bem, uma caminhonetezinha dessas que estão na moda mede 1,664m. de largura por 2,650m. de comprimento. Não precisa da gente ficar fazendo contas. Está claro que esses carros todos que as fábricas despejam todo mês não vão caber nas ruas, até porque o Estado está longe de arranjar dinheiro para criar novos espaços para a circulação dos veículos.

Poderia ser um pouco mais simples: taxar nos píncaros os veículos maiores e incentivar a produção de veículos menores, com imposto zero. Quer ir sozinho para o trabalho num carro de 5 lugares e bagageiro, levando somente o seu notebook? Então paga. Optou por um carrinho parecido com esses Mercedinhos modernos de 2 lugares, só que mais simples e muito mais barato? Isenção total.

O Estado segue na contramão. Elimina os estacionamentos para que o trânsito flua melhor, ou "menos pior". Aí o sujeito sai de carro e não sabe o que vai fazer com ele. Se achar um estacionamento pago, custa os olhos da cara. Se não achar, pára em qualquer lugar e se contenta em ser transgressor de uma lei que não tem nem pé nem cabeça.

2. No Rio de Janeiro, disseram que iam disciplinar a ocupação das mesinhas dos bares nas calçadas. O Jobi, lá no Leblon, criou uma solução interessante: fez um tablado e avançou por cima da calçada com o apetite de um glutão. Botou o tablado, cercou, decorou, climatizou. Pronto, tomou conta inapelavelmente do espaço público. Não contente com isso, colocou mesas do lado de fora do tablado, reduzindo a passagem dos pedestres a um quase nada. E o poder público fez o que? Nada. Agora, no auge do paradoxo, quem vier da praia e entrar no tablado, que é público, tem que vestir a camisa. "Normas da casa".

3. E vem essa história dos mijões. Diz aí, de quanto em quanto tempo um ser humano precisa fazer xixi se estiver bebendo cerveja em doses generosas? Agora, me responde, de quantos banheiros químicos mil pessoas, num bloco pequeno, ou uma multidão incalculável, como a do Cordão do Bola Preta, precisariam para aliviar suas necessidades?
Está mais do que claro que os banheiros químicos não são e jamais serão suficientes. Essa matemática jamais vai fechar. Também não dá pra proibir os blocos, pelo simples fato de que não dá pra proibir a alegria. A grande solução do poder público: prendam-se os mijões, ou seja, eles que explodam seus rins, quem mandou beber?
Na falta de melhor idéia, acho melhor passar a Comlurb lavando as ruas depois dos blocos.

Autor: Marcelo Diniz


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