PERFIL E DIFICULDADES DA AGRICULTURA FAMILIAR NA CIDADE DE GUARANIAÇU/PR



Marcos Rogério dos Reis Graduado em Administração pela Faculdade Ciências Aplicadas de Cascavel. MBA Gestão Estratégica;
Bolsista do Projeto de Extensão da UNIOESTE "Gestão das Unidades Artesanais" através do Programa Universidades Sem Fronteiras.
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Resumo: O presente artigo tem como objetivo identificar o perfil da agricultura familiar no município de Guaraniaçu, estado do Paraná, dando ênfase as famílias com pequenos empreendimentos não agrícolas, buscando identificar a realidade e as dificuldades dos mesmos. Teve como amostra 25 famílias de agricultores da cidade de Guaraniaçu, estado do Paraná, que estão participando do curso "Gestão das Unidades Artesanais" do Programa Universidades sem Fronteiras, desenvolvido nas salas de aula da UNIOESTE - Campus Cascavel. Os dados foram coletados através de visitas in loco, entrevistas nas propriedades e Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 aplicação de questionários. Observou-se que as famílias apesar de terem interesse em manter e ampliar os micro negócios não possuem perfil de gestores e pouco ou nenhum conhecimento de administração, dificultando o estabelecimento e o fortalecimento dessas unidades de produção familiar.
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Pequenos Empreendimentos, Administração.

1. INTRODUÇÃO A produção familiar é a principal atividade econômica de diversas regiões brasileiras e precisa ser fortalecida, pois o potencial dos agricultores familiares na geração de empregos e renda é muito importante. É preciso garantir a eles acesso ao crédito, condições e tecnologias para a produção e para o manejo sustentável de seus estabelecimentos, além de garantias para a comercialização dos seus produtos, agrícolas ou não (LIMA e WILKINSON, 2002).
Por isso, que se faz importante a identificação da realidade e das dificuldades dos agricultores. Através deste conhecimento é possível buscar alternativas de melhorias dos pontos fracos dos empreendimentos, para que os agricultores tenham condições de permanecer na agricultura, com qualidade de vida, proporcionando desta forma, o fortalecimento da agricultura familiar.
Este estudo apresenta os resultados da pesquisa que buscou identificar o perfil da agricultura familiar no município de Guaraniaçu/PR, a realidade e as dificuldades dos pequenos empreendimentos não-agrícolas. A pesquisa foi realizada entre fevereiro e maio de 2008.
2. OBJETIVOS O objetivo do presente trabalho é o levantamento do perfil da Agricultura familiar de Guaraniaçu/PR, levando em consideração os agricultores que exercem também atividades não agrícolas para complementar a renda da família, procurando identificar a realidade dos agricultores familiares e levantar os problemas e dificuldades dos mesmos. O conhecimento destes ítens é importante para saber como gerenciá-los.
3. AGRICULTURA FAMILIAR Definir a agricultura familiar como conceito de análise não é tarefa fácil. De acordo com estudo realizado pelo convênio FAO/INCRA(1996) os produtores familiares devem ter nenhum empregado permanente e ou menos de cinco trabalhadores temporários em algum mês do ano ( LOURENZANI, 2008).
Melo e Ribeiro (2008) afirmam que definí-la pelo tamanho de terra e número de trabalhadores contratados na unidade rural foi uma forma utilizada pelos órgãos de planejamento, reforma agrária e desenvolvimento rural do Brasil, principalmente para fins de estatísticas e financiamento. Porém, a agricultura familiar está relacionada a outros aspectos ligados à família, ao trabalho, à terra e ao ambiente, que extrapolam limites numéricos, são associados a matrizes culturais e dificultam uma definição precisa e ampla.
Segundo Lourenzani apud Guanziroli et al. (2001) a agricultura familiar não deve ser definida a partir do tamanho do estabelecimento, devendo a direção dos trabalhos ser exercida pelo produtor e o trabalho da família ser superior ao trabalho de terceiros, incluindo como agricultores familiares, os arrendatários, os parceiros e os posseiros. Segundo Lima e Wilkinson (2002) a agricultura familiar abriga um número importante de famílias que não Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 teriam outra opção de sobrevivência fora do mundo rural, apoiá-la evitará o agravamento de tensões sociais não apenas no campo, mas também na cidade.
Os agricultores familiares até a década de 70 produziam alimentos para o consumo e comercializavam apenas os excedentes, para aquisição de ítens não produzidos na propriedade, visando apenas a subsistência, sendo todo o trabalho na propriedade realizado pelos integrantes da família. Para garantir a reprodução do núcleo familiar, passaram a ter paralelamente com o trabalho da propriedade rural, algum tipo de indústria caseira para suprir as necessidades doméstica e/ou da comunidade (NAZZARI et al., 2007) A agricultura familiar apresenta sistemas de produção diversificados, garantindo melhores indicadores de sustentabilidade. Essa maior diversidade de cultivos se deve a diferentes fatores, entre eles, diversas fontes de renda, distribuídos ao longo do ano e à busca de redução de riscos (DESER/FETRAF-SUL/CUT, 2008).
Segundo Lima e Wilkinson (2002) a economia familiar costuma ser diversificada e pluriativa, proporcionando uma maior dinâmica ao mundo rural. A agricultura familiar brasileira apresenta também uma grande diversidade em relação ao meio ambiente, à situação dos produtores, à disponibilidade de infra-estrutura, etc., inclusive dentro de uma mesma região. As unidades familiares são produtivas, economicamente viáveis e asseguram melhor a preservação ambiental. Daí, a importância econômica e não apenas social dessa categoria de produtores.
Dados do último Censo Agropecuário de 1995/1996 indicaram que no Brasil existem 4.859.864 propriedades rurais, as quais ocupam uma área de 353,6 milhões de hectares, sendo que 4.139.369 são propriedades familiares e ocupam um área de 107,8 milhões de hectares.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (2.000), a Agricultura Familiar representa cerca de 40% da produção agrícola nacional (NAZARRI, 2007).
Dados da Secretaria de Agricultura familiar do Governo do Governo Federal mostram que do total de propriedades rurais do País, aproximadamente 85% pertencem a grupos familiares. Além disso mostram que cerca de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira e 37,8% do Valor Bruto da produção agropecuária são produzidos por agricultores familiares (NAZZARI e HEYSE, 2004).
Com relação ao perfil da agricultura familiar brasileira, no ano de 1.996, 39,8% dos estabelecimentos tinham menos de 5 hectares, 30% tinham entre 5 e 20 hectares e 17% estavam na faixa de 20 a 50 hectares. A área média dos estabelecimentos familiares era de 26 hectares. Com relação a renda 68,9% tinham renda no intervalo de zero a R$ 3.000,00 ao ano e outros 15,7% possuíam renda total entre R$ 3.000,00 e 8.000,00 e apenas 0,8% tinham renda superior a 27.500,00 ao ano. Essas informações confirmam que o universo dos agricultores familiares é muito diferenciado, e que enquanto parte dos estabelecimentos gera um nível de renda sustentável, outra enfrenta grandes dificuldades associadas à falta de recursos (LIMA E WILKINSON, 2002).
A área total dos estabelecimentos é um fator determinante na obtenção da Renda Total, apesar disso, com apenas 30,5% da área, os estabelecimentos familiares são responsáveis por 37,9% de toda a produção nacional. A Renda Total dos estabelecimentos familiares demonstram o potencial dos agricultores familiares, econômico e produtivo, obtendo renda através da produção agropecuária nos seus estabelecimentos. (INCRA/FAO, 2000).
Segundo o Censo Agropecuário de 1995/1996, apenas na Região Sul do País, existem 994 mil estabelecimentos agropecuários , sendo que, 904 mil são do tipo familiar, Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 representando 91% do total. Com relação a área ocupada com a agricultura, 44% da área da região sul é de propriedade de agricultores familiares, ou seja, 91% dos estabelecimentos ocupam apenas 44% da área agrícola (DESER/FETRAF-SUL/CUT, 2008).
Ainda segundo DESER/FETRAF-SUL/CUT (2008) na safra 1995/1996, o setor agrícola na região sul gerou um Valor Bruto de produção (VBP) equivalente a R$ 15 bilhões, onde, desse total, R$ 8,7 bilhões , ou 57%, foram gerados nos estabelecimentos familiares. As atividades agrícolas e rurais não agrícolas desempenham uma função determinante na dinâmica da maioria dos municípios do Sul do País, particularmente para aqueles com população inferior a 50 mil habitantes.
Conforme o Censo Agropecuário do IBGE (1996), o Estado do Paraná possuí cerca de 370 mil estabelecimentos agropecuários, sendo que, desse total, 42% possuíam menos de 10 hectares. Os estabelecimentos de caráter familiar concentram a maioria absoluta dos estabelecimentos agropecuários do Paraná (87%) e ocupam 41% das terras agrícolas. Cerca de um milhão de pessoas , ou seja, 78% do total de mão de obra ocupado nas agricultura, trabalha em estabelecimentos familiares. Portanto a agricultura familiar é a principal responsável pela geração e manutenção dos postos de trabalho no setor agrícola. (NAZZARI e HEYSE, 2004).
Segundo Nazzari (2007) na região Oeste do Paraná, o número total de propriedade de 29.166 e ocupam uma área de 1.090.018 hectares, das quais 25.678, ou seja, 88% são propriedade familiares ocupando uma área de 514.506 hectares.
Conforme o INCRA (2005) a agricultura familiar no Oeste do Paraná corresponde a 75,5% dos estabelecimentos agrícolas, estes dados demonstram o potencial que pode ser incentivado para ampliação da produtividade agrícola e para inserção na cadeia produtiva do agronegócio (NAZZARI, 2007).
Guaraniaçu está localizada no Oeste do Paraná, a 61 Km de Cascavel, conforme mostra a Figura 01. Possui área territorial de 1.226 km2, com população de 15.959 pessoas (IBGE, 2007). Em 2002 possuía 17.201 habitantes, sendo que 8.126 residiam na zona urbana e 9.075 residiam na zona rural, com um total de 2.316 domicílios ocupados na zona urbana e 2.405 na zona rural (IPARDES, 2008).
Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 Figura 01 - Mapa do Estado do Paraná, com identificação da cidade de Guaraniaçu, objeto de estudo, e Cascavel.
Fonte: Adaptado de PARANÁ STATE MUNICIPALITY MAP, BRAZIL (2008) Considerando estes dados, verifica-se que devido ao número de agricultores a agricultura familiar necessita de estratégias de desenvolvimento local e regional, ligadas ao aumento de rendas, através de competências não- agrícolas. Segundo Lima e Wilkinson (2002) novos conhecimentos são uma precondição para a permanência da agricultura familiar mesmo em mercados tradicionais e muito mais no caso da busca de novas formas de inserção econômica.
Além disso, a agricultura familiar, devido a sua importância social e econômica, possuí uma relevância estratégica quando se pensa em proposta de desenvolvimento para o País, necessitando ter um diagnóstico regional atualizado, levando-se em conta aspectos organizativos e produtivos (DESER/FETRAF-SUL/CUT, 2008).
4. EMPREENDIMENTOS FAMILARES NA AGRICULTURA As atividades agroindustriais artesanais têm tradicionalmente ocupado um espaço importante em linhas de produto básicas do sistema agroalimentar - como derivados lácteos, doces, geléias, bebidas, etc., destacando-se recentemente como alternativa para produtores com dificuldades para acompanhar a evolução dos mercados agrícolas. (LIMA E WILKINSON, 2002) Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 A pequena agroindústria artesanal apresenta-se como importante alternativa para geração de ocupação e renda na Agricultura familiar (IPARDES, 2008). Pettan, 2008 acrescenta que as agroindústrias familiares, de propriedade e gestão do agricultor familiar, vêm se caracterizando como forma de desenvolvimento sustentável para os agricultores familiares, traduzindo em possibilidades de agregação de valor aos produtos, gerando postos de trabalho e permitindo a obtenção de maior renda as famílias agricultoras (PETTAN, 2008).
Lima e Wilkinson (2002) afirmam que as agroindústrias de pequeno porte proporcionam meios efetivos de manutenção do homem no campo, além de aumentar a renda e gerar postos de trabalho, tem a capacidade de abastecer os mercados locais e próximos com produtos de qualidade e preços compatíveis.
Todos os fatores apresentados pelos autores acima contribuem para a dinamização local e a permanência dos agricultores no meio rural e com qualidade de vida.
Entretanto, segundo Lourenzani (2008) existe uma série de variáveis que afetam o desempenho dos empreendimentos rurais, sendo que, muitas delas fogem ao controle das unidades de produção, mas outras, como a gestão de produção, estão diretamente vinculados ao seu controle. Problemas relacionados à sua sustentabilidade revelam a forte deficiência na administração de estabelecimentos rurais em geral, e em particular na produção familiar.
Segundo Pettan (2008) a baixa capacidade administrativa dos gestores dos empreendimentos e um ambiente institucional desfavorável dificultam o estabelecimento de condições capazes de conferir maior competitividade às agroindústrias familiares.
As dificuldades para implantação e consolidação dessas unidades são enormes, principalmente, na obtenção de crédito, registros e legalização dos empreendimentos, comercialização dos produtos e assistência técnica. Existe uma série de problemas que interferem na produtividade e na qualidade da produção: qualidade da matéria-prima, racionalização dos processos, higiene e profissionalização das pessoas, uniformidade dos produtos e gestão dos empreendimentos, dentre outros. (LIMA E WILKINSON, 2002).
Segundo Azevedo (2000) diversos problemas interferem no êxito das agroindústrias familiares, existindo dificuldades relacionadas à produção, comercialização e financiamentos, bem como a pouca organização dos pequenos produtores para industrializar os produtos. E dificuldade no fornecimento de serviços, como transporte dos produtos não agrícolas produzidos na propriedade.
Apesar da sua importância, a pequena agroindústria artesanal, na maioria dos casos, apresenta problemas em alguma das etapas da cadeia produtiva. Sendo 42,9% dos problemas relacionados ao padrão de qualidade e comercialização e 13,1% relacionados a legislação e gestão nos pequenos empreendimentos.
Apesar de todas as dificuldades apresentadas acima, segundo Lima e Wilkinson (2002) a viabilidade econômica da família rural e sua sustentabilidade, dependem da diversificação das opções econômicas no meio rural, requerendo a promoção dos conhecimentos necessários ao desenvolvimento de atividades e serviços não agrícolas.
4. METODOLOGIA Os dados do presente artigo foram coletadas através de informações mediante entrevistas in loco nas propriedades e questionários aplicados aos agricultores familiares de Guaraniaçu, que estão participando do curso "Gestão das Unidades Artesanais" do Programa Universidades sem Fronteiras, desenvolvido nas salas de aula da UNIOESTE - Campus Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 Cascavel, por professores do curso de Administração. Foram visitadas 25 propriedades e aplicados 25 questionários.
As dificuldades foram detectadas através das visitas e entrevistas nas propriedades. Já o perfil dos agricultores foi detectado através de aplicação de um questionário com cinco questões fechadas, onde os entrevistados só podiam escolher uma das alternativas. Os dados foram tratados em porcentagem.
Para elaboração do desenvolvimento deste trabalho buscou-se um aprofundamento dos temas: agricultura familiar, empreendimentos familiares na agricultura e dificuldades relacionadas a estes empreendimentos.
5.1 DIFICULDADES DOS AGRICULTORES PESQUISADOS Os agricultores familiares deste estudo, 100%, produzem alimentos agrícolas apenas para o consumo da família, revendendo apenas o excedente, sendo que 96% desenvolvem atividades não agrícolas ou produtos alimentares artesanais, para conseguir uma renda mensal extra, para atender as demais necessidades da família.
Alguns exemplos de atividades paralelas as agrícolas, dos agricultores de Guaraniaçu, estado do Paraná, são: fabricação de queijos, embutidos, doces e compotas em geral, produtos de panificação, criação de bicho-da-seda, húmus de minhoca, comercialização de produtos de hortifruticultura. A figura 02 mostra fotos destes pequenos negócios, tiradas pelos bolsistas do Projeto "Gestão das Unidades Artesanais".
Figura 02 - Fotos dos pequenos negócios dos agricultores de Guaraniaçu.
Fonte: Elaborado pelos autores (2008) Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 Os agricultores enfrentam diversas dificuldades, desde as relacionadas a distância das propriedades até a cidade, e infra-estruturas das estradas, até as relacionadas com a gestão das propriedades e dos pequenos empreendimentos mantidos pelas famílias de agricultores, que são as mais complexas, pois, segundo Lima e Wilkinson (2002) uma série de estudos tem mostrado que a viabilidade da família rural depende de rendas, portanto, de competências não agrícolas.
Na maioria das famílias não há nenhum tipo de controle dos produtos comercializados, não sendo efetuados cálculos de custos e lucros dos produtos, apenas 20% das propriedades visitadas possui este tipo de controle devidamente registrado . Além disso não há separação dos custos de produção com as despesas da casa dos produtores, no caso de fabricação de pães e doces, por exemplo. Portanto, ao chegar ao final do mês, grande parte deles não sabe se obteve lucro ou prejuízo.
A partir disso entende-se que apesar dos agricultores terem sonhos e vontade de crescerem nas suas atividades de pequenos empreendedores, todos carecem de conhecimento voltados a gestão dos negócios.
Algumas medidas, estão sendo adotadas para a agricultura familiar em Guaraniaçu, tais como Casa Familiar Rural e Celeiro do Agricultor.
A prefeitura Municipal de Guaraniaçu adotou o projeto "Casa Familiar Rural".
Segundo Passador (2003) a idéia surgiu em 1988, no sudoeste do Paraná, devido a necessidade detectada pelos mesmos, de uma escola que formasse os jovens agricultores de acordo com a sua realidade e necessidade. Além disso, as dificuldades econômicas enfrentadas pelas pequenas propriedades rurais levaram trabalhadores e proprietários para os grandes centros urbanos, na busca de um padrão de vida que não encontravam no campo.
A Casa familiar Rural (CFR) tem por objetivo o ensino aliando teoria e prática, capacitando os jovens do campo imprimir qualidade e competitividade aos seus produtos, visando a renda necessária à qualidade de vida no campo. O projeto também visa tornar os jovens "novos agricultores", valorizados como responsáveis pela produção de alimentos e pela preservação do meio ambiente. (PASSADOR, 2003).
A CFR de Guaraniaçu iniciou-se no mês de abril, do ano de 2006, com uma turma de 5ª série. Hoje possui aproximadamente 70 alunos, distribuídos em 3 turmas (5ª, 6ª e 7ª série).
Os alunos da casa são selecionados pela Secretaria Municipal de Agricultura de Guaraniaçu entre filhos de agricultores que tenham concluído a 4ª Série do ensino fundamental. Os alunos ficam uma semana na CFR e uma semana na propriedade da família, alternadamente, possibilitando aos alunos a aplicação dos conhecimentos recebidos na escola e a transmissão dos conhecimentos aos integrantes da família.
Referente ao Projeto "Celeiro do Agricultor", desenvolvido em parceria entre o Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Guaraniaçu, foi construído um espaço onde os agricultores associados deixam seus produtos, alimentos e artesanatos, para exposição e comercialização. Os associados pagam uma porcentagem da venda para pagar os salários dos funcionários do Celeiro.
O projeto inciou-se em setembro de 2005, com 22 associados, hoje tem aproximadamente 100 produtores, os quais necessitam de apoio na área de gestão, relacionados a produção, cálculos, custos e vendas dos produtos, para que ofereçam produtos de qualidade, saibam agregar valor aos produtos, e com isso, consigam alavancar a renda e promover o fortalecimento da agricultura familiar de Guaraniaçu.
Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 5.2 PERFIL DOS AGRICULTORES PESQUISADOS A figura 03 destaca a faixa etária dos agricultores pesquisados. Dentre estes, 23,08% estão na faixa etária de 26 a 35 anos, 42,31% tem idade entre 36 e 45 anos e 15,% entre 46 e 55. Apenas 7,69% tem menos de 25 anos e 11,54% tem mais de 56 anos.
Figura 03 - Faixa etária dos agricultores pesquisados Fonte: Elaborado pelos autores (2008) Na análise da figura 04 observa-se o grau de escolaridade dos agricultores pesquisados. Sendo que, do total de participantes 52,38% não concluíram o ensino fundamental e apenas, 15,38% concluíram o ensino médio, demonstrando o baixo grau de escolaridade dos agricultores.
Figura 04 - Escolaridade dos agricultores pesquisados Fonte: Elaborado pelos autores (2008) 7,69% 23,08% 42,31% 15,38% 11,54% Até 25 anos De 26 a 35 anos De 36 a 45 anos De 46 a 55 anos Acima de 56 anos
0,00% 26,92% 15,38% 19,23% 15,38% 7,69% 15,38% Analfabeto 1ª a 4ª série do ensino fundamen -
tal incompleto 1ª a 4ª série do ensino fundamen -
tal completo 5ª a 8ª série do ensino fundamen -
tal incompleto 5ª a 8ª série do ensino fundamen -
tal completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 A figura 05 apresenta os tamanhos das propriedades dos agricultores. Da amostra, 15,38% das propriedades tem menos de 2 alqueires de área total, 30,77% tem entre 2 e 5 alqueires. Outros 30,77% tem propriedade com área entre 5 e 10 alqueires. Apenas, 15,38% entre 10 e 20 alqueires e 7,69% tem tamanho acima de 20 alqueires.
Figura 05 - Tamanho das propriedades dos agricultores pesquisados Fonte: Elaborado pelos autores (2008) Na figura 06 verifica-se a renda familiar mensal média dos agricultores pesquisados.
Sendo que, 30,77% tem renda de até 1 salário mínimo. 34,62% ganham em média por mês entre 1 e 3 salários mínimos e 30,77% entre 3 e 5 salários mínimos. Apenas 3,85% ganham acima de cinco salários mínimos,ou seja, apenas 1 família, demonstrando grande variabilidade no nível de renda da amostra.
Figura 06 - Renda mensal dos agricultores pesquisados Fonte: Elaborado pelos autores (2008) 15,38% 30,77% 30,77% 15,38% 7,69% Até 2 alqueires Acima de 2 até 5 alqueires Acima de 5 até 10 alqueires Acima de 10 até 20 alqueires Acima de 20 alqueires 30,77% 34,62% 30,77% 3,85% Até um salário mínimo De 1 a 3 salários mínimos De 3 a 5 salários mínimos Acima de 5 salários mínimos Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 Os perfis analisados nos gráficos anteriores, mostra grande diversidade em todos os aspectos: idade, escolaridade, tamanho da propriedade e renda. Essa diversidade se reflete nas condições de vida e estruturas da propriedades. Na figura 07 são apresentadas algumas fotos da realidade dos agricultores pesquisados.
Figura 07 - Fotos da realidade das propriedades dos agricultores pesquisados.
Fonte: Elaborado pelos Autores (2008)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com a pesquisa, os agricultores enfrentam uma série de dificuldades. Desde questões relacionadas a infraestrutura das estradas e distância das propriedades até a cidade, onde são comercializados os seus produtos, até questões relacionadas a créditos e financiamentos com bancos e Pronaf, os quais têm certas exigências que dificultam a liberação. Além disso eles necessitam de mais assistência técnica e outras relacionadas a questões de gestão dos pequenos negócios.
Neste estudo também foi identificado o perfil dos 25 agricultores familiares da cidade de Guaraniaçu, relacionados a: escolaridade, renda mensal, tamanho de área da propriedade e idade do agricultor.
É importante em uma pesquisa científica identificar o perfil dos agricultores para elaboração de ações de melhoria que visem ajudar nas dificuldades detectadas. Os cientistas, Cascavel - PR - 17 a 19 de junho de 2008 os pesquisadores ou aqueles que vão atuar com os agricultores, precisam conhecer quem são esses agricultores e o perfil ajuda muito para identificar possível melhoria em relação a que tipo de curso pode ser aplicado e que tipo de capacitação esses agricultores necessitam.
Os agricultores familiares apesar de terem interesse em manter e ampliar os micro negócios não possuem perfil de gestores e pouco conhecimento de administração, dificultando o estabelecimento e o fortalecimento dessas unidades de produção familiar.
Este estudo foi muito interessante para os pesquisadores, porque mostra a realidade de uma região que pode também ser refletida em outros lugares do estado, porque o Paraná é um estado que trabalha com a questão agrícola e o numero de agricultores é bastante expressivo.
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Autor: Marcos Rogério Dos Reis


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