DIZE AOS FILHOS DE ISRAEL QUE MARCHEM




[...] DIZE AOS FILHOS DE ISRAEL QUE MARCHEM
(Êxodo 14.15)

A passagem em relevo encontra-se no livro de Êxodo, no Antigo Testamento. A etimologia da palavra é derivada do idioma grego que significa "saída, retirada ou partida". Esse livro dá continuidade à narrativa histórica do povo hebreu iniciada no Gênesis, focado basicamente na poderosa libertação do povo israelita sob o jugo da escravidão egípcia.
Inicialmente começa com a descrição do sofrimento dos descendentes de Jacó no Egito, com predomínio de muita opressão, escravidão e infanticídio, finalizando com a presença do poder e da glória de Deus manifestado no Tabernáculo e no meio do povo liberto, mesmo estando ainda no deserto. Entre os vários assuntos tratados no livro, destacam-se de forma especial:

As circunstâncias históricas e culturais em torno do nascimento de Israel enquanto Nação.

Os Dez Mandamentos: ordenamento divino que destacava a lei moral de Deus e suas justas exigências para que fossem cumpridas por seu povo.

É o livro do Antigo Testamento que mais destaca a graça redentora e o poder de Deus em ação. Aqui está registrado o caráter sobrenatural da libertação efetuada por Deus ao seu povo.

O livro inteiro está repleto da revelação majestosa de Deus e de seus atributos, entre eles, por exemplo, misericordioso, fiel, santo, onipotente, justo, reto e veraz.

O livro enfatiza: O quê? Como? E por quê? No sentido de passar o aprendizado de como devemos adorar, exaltar, glorificar e seguir a Deus, para obtermos a redenção.

Antes de extrairmos ensinamentos acerca do versículo 15, do capítulo 14, de Êxodo, gostaria de voltar um pouco sobre a narrativa desse Manuscrito Sagrado para melhor aprofundamento de nossa meditação:

No capítulo 5.1,2, desse livro, está registrado a ida de Moisés e Arão até Faraó, para pedir que libertasse os Israelitas para adorarem a Deus no deserto, mas esta missão não teve muito êxito, pois, como o próprio Deus havia dito a eles, Faraó endureceria seu coração.

Êx 5.1,2. E, depois, foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto. Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei, para deixar ir Israel? Não conheço o Senhor, nem tampouco deixarei ir Israel

No capítulo 6.28,29, Deus re-anima Moisés a falar novamente com Faraó: "E aconteceu que, naquele dia, quando o Senhor falou a Moisés na terra do Egito, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Eu sou o Senhor, dize a Faraó, rei do Egito, tudo quanto eu te digo a ti". Moisés era da idade de oitenta anos, e Arão, da idade de oitenta e três anos, quando falaram a Faraó (Êxodo 7.7).

No capitulo 7 inicia-se o envio das pragas por Deus ao Egito. Começa com a transformação das águas correntes em sangue. "E Moisés e Arão fizeram assim como o Senhor tinha mandado; e levantou a vara e feriu as águas que estavam no rio, diante dos olhos de Faraó e diante dos olhos de seus servos; e todas as águas do rio se tornaram em sangue" (Êx 7.20).

No capítulo 8, registram-se o envio de três pragas: a praga das rãs (8.6); dos piolhos (8.17) e das moscas (8.24). Interessante destacar desse episódio, a fala descrita como sendo de Faraó, pedindo para que Moisés e Arão orassem por ele. Estando registrada no versículo 28:

Êx 8.28. Então, disse Faraó: Deixar-vos-ei ir, para que sacrifiqueis ao Senhor, vosso Deus, no deserto; somente que indo, não vades longe; orai também por mim.

Extrai-se da narrativa em relevo, a presunção de que Deus já estava trabalhando no coração de Faraó, através dos prodígios e maravilhas realizadas diante de seus olhos, usando como instrumentos seus dois servos, Moisés e Arão.

No capítulo 9, registram-se as pragas da pestilência nos animais (9.6); das úlceras nos homens e nos animais: "e tornar-se-á em pó sobre toda a terra do Egito, e se tornará em sarna, que arrebente em úlceras nos homens e no gado, por toda a terra do Egito" (9.8,9) e a praga da saraiva (9.23,26).

No capítulo 10, Deus envia a praga dos gafanhotos sobre toda a terra do Egito: "Então, estendeu Moisés sua vara sobre a terra do Egito, e o Senhor trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquele dia e toda aquela noite; e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos" (10.13). Diante desse acontecimento, Faraó apressou-se em mandar chamar Moisés e Arão, e confessou: "[...]: Pequei contra o Senhor, vosso Deus, e contra vós" (10.16). Nota-se que o agir de Deus continuava sendo operado no coração de Faraó.

No capítulo 11, Deus anuncia a Moisés e a Arão, que a meia-noite sairia o Anjo do Senhor (o próprio Deus) e mataria todo o primogênito da terra do Egito, tanto a homens como animais. Entretanto, tranqüiliza seu povo; dizendo: "mas contra todos os filhos de Israel nem ainda um cão moverá sua língua, desde os homens até aos animais, para que saibais que o Senhor fez diferença entre os egípcios e os israelitas" (11.7).

Êx 11.4,5. Disse mais Moisés: Assim o Senhor tem dito: A meia-noite eu sairei pelo meio do Egito; e todo primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta com ele sobre seu trono, até o primogênito da serva que está detrás da mó, e todo primogênito dos animais.

No capitulo 12, encontramos a orientação do Senhor sobre a instituição da Páscoa pelo povo Israelita. Vale lembrar que os israelitas foram salvos pela praga de mortandade no Egito, tendo em vista que o Senhor orientou-os a marcar com sangue as ombreiras e vergas da porta de suas casas. Assim, o Anjo do Senhor, passou por cima e não feriu um primogênito sequer dos homens israelitas e nem de seus animais (12.11-13).

Êx 12.11-13: Assim, pois, o comereis; os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés; e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a Páscoa do Senhor. E eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos. Eu Sou o Senhor. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito.

Após esse evento, Deus determina a Moisés e a Arão, que realizassem a primeira Páscoa, e, após isso, a instituíssem como Estatuo Perpétuo entre seu povo. Essa primeira refeição foi realizada em forma de sacrifício, reunindo os seguintes ingredientes: um cordeiro ou um cabrito assado ? servia para recordação do sacrifício do povo hebreu no Egito; Pães sem fermento ou Pães Asmos ? representavam a pureza e purificação; e, por fim, as Ervas amargas ? representando a amargura durante a servidão egípcia.
Estima-se que a origem etimológica da palavra Páscoa tenha sido extraída da expressão usada por Deus no versículo 12 em destaque: "passarei", haja vista que Páscoa em hebraico significa passagem. Talvez, quem sabe, em razão d?Ele ter orientado o povo a marcar com sangue as vergas das portas das casas, assim Ele passaria por sobre essas casas e não feriria os primogênitos de seu povo, mas, tão somente os dos egípcios e seus animais.
Com o avançar dos anos e a instituição da Igreja de Cristo na terra, a Páscoa dos povos Cristãos transformou-se na Santa Ceia do Senhor, celebrada mensalmente como uma ordenança e memorial, ou seja, uma lembrança de tudo que aconteceu com os cristãos primitivos no Egito e a morte Expiatória de Jesus Cristo na Cruz do Calvário, para redimir a humanidade (seus seguidores) da escravidão do pecado, aguardando a sua vinda para buscar sua Igreja.

Êx 12.14: E este dia vos será por memória e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.

Infelizmente, a modernidade e os prazeres do mundo deturparam totalmente o real sentido e significado do que vem a ser a celebração da Páscoa.

No capitulo 13, o Senhor continua a instruir seu servo Moisés para que transmita aos Israelitas suas ordenanças, principalmente a respeito da Santificação de todos os Primogênitos dos filhos dos Israelitas e de seus animais. Nesse capitulo, fica evidenciado que Deus salvou seu povo da escravidão egípcia, mediante a morte de muitas pessoas e animais. Deixando bem claro de que eles passariam a partir daquele dia a ser propriedade Sua.
Em obediência a esta ordenança anunciada no Antigo Testamento, José e Maria, apresentaram Jesus no Templo como sendo seu Primogênito, nos termos do Capítulo 2.22,23, do livro do Evangelista Lucas, do Novo Testamento.

Lc 2.22,23: E, cumprindo os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor. (segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo macho primogênito será consagrado ao Senhor).

O Senhor continua nesse capítulo do livro de Êxodo, a doutrinar seu povo sobre o ritual que deveria ser seguido na celebração da Páscoa. Esta teria a duração de uma semana e, durante esse período, não poderia em hipótese alguma, ter qualquer tipo de alimento fermentado na casa dos Israelitas. O ensino Bíblico para explicar o motivo principal dessa proibição seria que: o fermento e as coisas fermentadas simbolizavam a corrupção, a maldade e a impureza moral, registrado, entre outros, nos livros de Mateus 16.6 e 1 Co 5.6,7:

Mt 16.6: E Jesus disse-lhes: Adverti e acautelai-vos do fermento dos Fariseus e Saduceus.

1 Co 5.6,7: Não é boa a vossa jactância . Não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós.

Vale lembrar que o "fermento" nestas passagens, estava relacionado aos ensinamentos e tradições pelas quais os judeus buscavam cumprir de forma rigorosa. Nesse sentido, alertou Jesus aos seus seguidores que um pouco de fermento poderia levedar (fazer fermentar ou estragar) toda massa. No campo teológico e espiritual, significa dizer que uma falsa doutrina disseminada entre seu povo, poderia levá-los a corrupção moral e ao desvio da Fé genuína em Cristo Jesus.

Mc 8.14,5: E eles se esqueceram de levar pão e no barco não tinham consigo senão um pão. E ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes .

No capitulo 14, de Êxodo, entre tantos milagres e prodígios realizados por Deus no Antigo Testamento, encontra-se o registro de um dos maiores milagres promovidos em favor de seu povo ? a travessia do Mar Vermelho. Vale acentuar que muitas pessoas contestam a veracidade desse fato histórico-bíblico. Entretanto, coloca-se em relevo, um episódio interessante sobre o mesmo: certa vez uma pessoa indagou um cristão acerca da narrativa, com o seguinte argumento: - esse fato nunca aconteceu, tendo em vista que o Mar Vermelho, segundo consta nos registros históricos, tinha a profundidade menor que a de um metro. O servo do Senhor, respondeu imediatamente: - então, meu amigo, é mais um motivo para dimensionar o tamanho desse milagre operado por Deus, haja vista que todos os egípcios com seus cavalos morreram afogados (grifo nosso).

Êx 14.23, 27,28: E os egípcios seguiram-nos, e entraram atrás deles todos os cavalos de Faraó, os seus carros e os seus cavaleiros, até o meio do mar. [...]; e o Senhor derribou os egípcios no meio do mar, porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros [...], nem ainda um deles ficou.

Nesse capítulo, Deus anuncia acerca da destruição e morte dos egípcios. No entanto, existe toda uma simbologia relacionada diretamente com a travessia do Mar Vermelho. Nesse sentido, uma delas seria que: abandonar o Egito para dirigir-se à Terra Prometida implicava no perigo de atravessar o "mar de sangue" (marca de sofrimentos, das renúncias e dos sacrifícios). Assim, esse episódio tornou-se símbolo da evolução espiritual e também da morte, já que o Mar Vermelho funcionava aqui como uma "porta" ou "ponte" entre a vida humana e a vida espiritual, e que "o homem que sacrifica a si mesmo, num certo sentido, morre".

O povo israelita caminhou durante anos pelo deserto, sendo protegido do calor escaldante do dia no deserto por uma coluna de nuvem, e, durante a noite muito fria, por uma coluna de fogo para aquecer seus corpos e alumiar seus caminhos (13.21). Com a grande expectativa de ingressar na Terra Prometida (Canaã), se depararam com o grandioso Mar Vermelho. E, ali estando, avistaram de longe, os soldados egípcios vindo em seu encalço. Nesse momento, começaram a murmurar contra a pessoa de Moisés:

Êx 13.11. [...]: Não havia sepulcros no Egito, para nos tirares de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos fizeste isto, que nos tens tirado do Egito?

Moisés, impulsionado por sua fé no grandioso Deus, disse: "[...]: Não temais; estai quietos e vede o livramento do Senhor que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais vereis para sempre, O Senhor pelejará por vós, e vos calareis" (13.13,14).
Em se aproximando os egípcios, Moisés busca o socorro no Senhor. Ele simplesmente responde a seu servo: "[...]? Dize aos filhos de Israel que marchem. [...], levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco" (14.15,16).

Deve ser extraído como ensinamento dessa passagem bíblica que, por maior que seja o problema apresentado diante de nossas vidas, nós, cristãos, temos que continuar avançando pela fé em direção ao mar, ou seja, o alvo ou o caminho certo para alcançarmos nossa salvação ? Jesus Cristo.
Temos que ter a certeza e a convicção de que Deus (e seu Filho) é quem peleja por nós, mas, desde que andemos pela fé e obediência na sua Palavra, porque seu nome é "Varão de Guerra" (Êxodo 15.3).
Se estivermos no centro da vontade de Deus, ou seja, alinhados com seus mandamentos, poderemos clamar a Ele como rogou o rei Davi: "Pleiteia, Senhor, com aqueles que pleiteiam comigo; peleja contra os que pelejam contra mim" (Salmo 35.1).
Se os nossos problemas e dificuldades (o grande mar a ser atravessado) forem em razão de estarmos dando bom testemunho de Cristo, podemos ter a certeza de que Ele está falando aos nossos ouvidos: "Continue Marchando, pois Eu pelejarei por vós". Esta é a grande diferença entre os cristãos atuais (israelitas) e os ímpios (egípcios), pois Ele é o General de Guerra que nunca perdeu e nem perderá uma batalha.


EDUARDO VERONESE DA SILVA
Presbítero da Assembléia de Deus ? Cariacica/ES
Professor do IBADEP e da EBD
Licenciatura Plena em Educação Física - UFES
Bacharel em Direito ? FABAVI/ES
Especialista em Direito Militar ? UCB/RJ














Autor: Eduardo Veronese Da Silva


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