INFLUÊNCIA DE DIFERENTES DOSAGENS DE CALCÁRIO NO TEOR DE Ca, Mg E Al EM SOLO ARGILOSO E ARENOSO¹



O cálcio (Ca) e o magnésio (Mg) são considerados macronutrientes secundários. Contudo, são tão importantes para a nutrição das plantas quanto os nutrientes primários, apesar das plantas, de modo geral não os exigirem em grandes quantidades. O alumínio não é um elemento nutricional às plantas, homens e animais. Os efeitos fitotóxicos do Al3+ atuam principalmente nas raízes, onde ocasiona inibição da divisão celular, diminuição da taxa de respiração entre outros. A fonte mais utilizada para suprir necessidades de Ca e Mg é o calcário. A calagem também reduz o teor de Al no solo. O presente trabalho foi realizado no laboratório de solos do campus de Agronomia ? UNIR, município de Rolim de Moura- RO, em 2009, e objetivou analisar o efeito de diferentes dosagens de calcário nos teores de Ca, Mg e Al. As dosagens utilizadas foram: 0, 2, 4 e 8 ton . há-1. Verificou-se que conforme se aumentou as doses de calcário aumentaram também os teores tanto de Ca como Mg e reduziu-se o teor de Al a 0,0 cmolc . dm-3 de solo nas amostras de solo arenoso. O pH elevou-se em resposta a calagem praticada. Também verificou-se aumento da CTC, visto que Ca e Mg tiveram seus teores elevados, bem como o teor de potássio (K) nas amostra de solo argiloso.


Termos de indexação: saturação de bases, pH, teor de K


INTRODUÇÃO

O cálcio e o magnésio são conhecidos como macronutrientes, pois são de grande importância para o desenvolvimento das plantas. O Ca é essencial na germinação do grão de pólen e no crescimento do tubo polínico; ativa as enzimas relacionadas ao metabolismo do fósforo e atua na manutenção da integridade funcional da membrana e da parede celular e como ativador de enzimas relacionadas ao metabolismo do fósforo. O magnésio, átomo central da molécula de clorofila, correspondendo a 2,7% do seu peso, fazendo parte da sua composição química (estrutura) e sendo fundamental nos processos da fotossíntese. É um ativador de várias enzimas relacionadas à síntese de carboidratos e de ácidos nucléicos.( Sfredo, G. J. et al. 2006).
A aplicação de corretivos que fornecem relações inadequadas de cálcio e magnésio resulta em desbalanços nutricionais, podendo induzir deficiências nas plantas e comprometendo o crescimento (Rosolem et al., 1984).
A principal entrada de Ca e Mg no solo é dada pela pratica da calagem, feita com calcário calcítico, magnesiano e dolomítico. A aplicação de calcário para o suprimento de cálcio e/ou magnésio influi no equilíbrio nutricional no solo e na planta (Siqueira et al, 1975). Alem do papel relevante que é exercido pela pratica da calagem através do fornecimento de cálcio e magnésio como nutrientes e elevação do pH, ela tem como efeito principal a neutralização do alumínio em suas formas tóxicas, Um dos principais fatores limitantes à produção vegetal em solos ácidos é o predomínio do alumínio na forma trocável (Al3+) (RITCHIE, 1995; VON UEXKÜLL & MUTERT, 1995), sendo que a parte compreendida entre a região meristemática e de elongação das raízes é que parece ser a mais sensível a ação desse íon (SUVAGURU & HORST, 1998). Na célula, o Al3+ altera as propriedades da parede e da plasmalema, pois afeta o sistema de carregadores de nutrientes, problemas que resultam na inibição da elongação celular do eixo principal, tornando as raízes mais grossas e pouco funcionais (RYAN et al., 1993;KOCHIAN, 1995).
A calagem também aumenta a disponibilidade de fósforo (P), a valores de pH mais elevados, ocorre predominância de HPO42- na solução do solo, sendo esta a forma preferencialmente adsorvida (Novais e Smyth, 1999), A disponibilidade de fósforo é aumentada, havendo estímulo para aumento da extensão do sistema radicular favorecendo o aproveitamento da água e dos nutrientes existentes no solo (Van Raij, 1991).
A calagem atua de uma forma ampla nas reações ocorridas no solo, melhorando o rendimento das culturas, pois alem dos benefícios já comentados ela aumenta a atividade microbiana e a liberação de nutrientes, tais como Nitrogênio, fósforo e boro, pela decomposição da matéria orgânica, em utilização simultânea com fertilizantes aumenta a eficiência dos mesmos, aumenta a disponibilidade de nitrogênio, potássio, enxofre e Molibdênio no solo.
Com isso o estudos de dosagens adequadas de calcário para um maior fertilidade em um solo a ser cultivado se torna tão importante.
O objetivo do presente trabalho foi analisar a disponibilidade de bases em diferentes tratamentos com calcário, a redução de toxidez de alumínio e o comportamento dos demais nutrientes expostos aos tratamentos, as analises foram feitas em solos de texturas diferentes (argiloso e arenoso).


MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada a coletada de 1 amostras de um solo argiloso no campus de Agronomia - UNIR, localizada na linha 184, Km 15 norte no município de Rolim de Moura (RO), e 1 amostras de um solos arenoso, coletado no município de Pimenta Bueno (RO) linha 15, lote 7, gleba 9, setor tatu, ambos coletados em uma profundidade de 0-20 cm, as amostras foram coletadas com o auxilio de uma pá de corte e uma régua para aferir a profundidade.
Cada amostra homogeneizada foi peneirada em peneira de malha de 2mm e dividida em 4 sub-amostras, totalizando 8 sub-amostras, que receberam doses de 0, 1, 2 e 4 mg.kg-1 de calcário (esses valores correspondentes a valores reais de 0,2,4 e 8 t.ha-1), posteriormente armazenadas por 80 dias em sacos plásticos, com devida identificação, do tipo de solo e a dosagem de calcário, contendo 1L de solo de cada sub-amostra, o calcário utilizado foi o dolomítico com PRNT de 68% e a secagem das amostras foi feita à sombra.
Após o prazo de espera para a reação do calcário no solo, foram realizadas as analises no laboratório de Solos do Departamento de Agronomia da Universidade Federal de Rondônia, município de Rolim de Moura, localizado na região centro-sul do Estado de Rondônia, na rodovia RO 184, Km 15, a 17°27?16,14? de latitude sul e 52°36?9,85? de longitude oeste, a 240 metros de altitude em relação ao nível do mar. Segundo a classificação de Köppen o clima desta região é classificado como Aw, definido como tropical quente e úmido com estação chuvosa no verão e seca no inverno. A temperatura média anual fica em torno de 28 °C e a precipitação pluviométrica média anual é de 2250 mm.
A metodologia utilizada para analise dos teores de Ca, Mg e Al foi o da EMBRAPA.

RESULTADOS E DISCUÇÕES

A adubação com Ca e Mg não se constitui, geralmente, de grande preocupação nos programas de adubação, sendo que a calagem ainda é a maneira mais usual e barata de fornecimento desses nutrientes. Nota-se que com a aplicação de calcário obteve-se variações crescentes dos teores de Ca + Mg nas amostras (figura 1).
Segundo Raij (1991), é importante que haja um teor adequado de Ca no solo e de forma mais uniforme quanto possível, já que as plantas não translocam o nutriente pelo floema até as raízes, elas precisam encontrar o nutriente à medida que crescem e exploram o perfil do solo.


Figura 1. Efeito de dosagens de calcário na concentração de Ca + Mg em amostras de solo argiloso e arenoso


Com a prática da calagem elevou-se o pH, que inicialmente era de 5,1 e 4,3 para as amostras arenosa e argilosa, respectivamente (figura 2). Essa mudança no pH das amostras de solo, implica em dizer que os teores de Al foram afetadas. À medida que se aumentou as dosagens de calcário, os teores de Al foram reduzidos até serem totalmente neutralizados nas amostras de solo arenoso. Já nas amostras de solo argiloso, já não havia presença de Al.

Figura 2. Efeito de dosagens de calcário no pH de amostras de solo arenoso e argiloso

Malavolta e Kliemann (1985) afirmam que quanto maior o grau de saturação de Al menor será os teores de K, Ca e Mg.
Isso implica diretamente na CTC, visto que K, Ca e Mg representam grande parte no cálculo da CTC.

Figura 3. Efeito de dosagens de calcário no teor de Al de amostras de solo arenoso e argiloso.

O teor de K nas amostras de solo argiloso foi afetado com o aumento da dosagem de calcário, já para as amostras de solo arenoso, as variações foram insignificantes (figura 4).
Figura 4. Influência de diferentes doses de calcário no teor de K em amostras de solo argiloso.



CONCLUSÃO

Os teores de Ca e Mg elevaram-se à medida em que aumentou-se as doses de calcário. E o teor de Al foi reduzido a 0,0 cmolc.dm-3 de solo nas amostras de solo arenoso.
O pH elevou-se, em resposta à calagem praticada.
A CTC foi aumentada em todas as amostras como consequência do aumento no teor de Ca e Mg, e de K nas amostras de solo argiloso.



REFERÊNCIAS

GUEKEZIAN, M.; GALBEUR, I.; GARCIA, S. Desenvolvimento de Metodologia para Determinação de Alumínio em Solos Fluidos de Diálise e Alimentos. Disponível em: . Acessado em: 05/07/2009.

KOCHIAN, L.V. Cellular mechanisms of aluminium toxicity
and resistance in plants. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, Palo Alto, v.46, p.237-260, 1995.

LOPES; A.S. Manual Internacional de Fertilidade do Solo. Piracicaba. POTAFOS. 1998. 80-82p.

MALAVOLTA, E.; KLIEMANN, H.J. Desordens Nutricionais no Cerrado. Piracicaba, POTAFOS. 1985. 23-26p, 34p.

NOVAIS, R. F.; SMYTH, T. J. Fósforo em solo e planta em condições tropicais. Viçosa, UFV, DPS, 1999. 399p RITCHIE, G.S.P. Soluble aluminium in acid soils: principles and practicalities. Plant and Soil, Dordrecht, v.171, p.17-27, 1995.

ROSOLEM, C.A.; MACHADO, J.K.; BRINHOLI, O. Efeito das relações Ca/Mg, Ca/K e Mg/K do solo na produção de sorgo sacarino. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.19, n.12, p.1443-1448, dez. 198

RYAN, P.R.; DITOMASE, J.M.; KOCHIAN, L.V. Aluminium
toxicity in roots: an investigation of spatial sensitivity and the role of the root cap. Journal of Experimental Botany, Oxford, v.44, p.437-446, 1993
.
Sfredo G. J., Borkert1 C. M. , Klepker D., Álvares de Oliveira F. Níveis De Ca E Mg E Sua Relação Com O Rendimento De Grãos DeSoja, Em Solos De Cerrados

SILVA, F.C; Manual de Análises Químicas de Solos, Plantas e Fertilizantes. EMBRAPA, Brasília, 1999, 93p.

SIQUEIRA, O.J.F.; BORKERT, C.M.; KOCHANN, R.A.; BARTZ, H.R.; RAMOS, M. Resposta do trigo à calagem, cultivado em sucessão com soja, em solos ácidos com diferentes teores de alumínio trocável em altos níveis de fertilidade. In: REUNIÃO ANUAL DE PESQUISA DE TRIGO, 7., Passo Fundo, 1975. Anais. Passo Fundo: EMBRAPA/CNPT, 1975. p.18-50.4.

SUVAGURU, M.; HORST, W.J. The distal part of the transition zone is the most aluminium-sensitive apical root zone of maize. Plant Physiology, Rockville, v.116, p.155-163, 1998.

VAN RAIJ, B fertilidade do solo e adubação. São Paulo: Agronomia Ceres; Piracicaba: POTAFOS. 1991. 343p.

VON UEXKÜLL, H.R.; MUTERT, E. Global extent,development and economic impact of acid soils. Plant and Soil, Dordrecht, v.171, p.1-15, 1995.








Autor: Nathália Luzia Cardoso Marcelino


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