A PRÓXIMA CURMA
Meu Deus eu quero acordar
Desse cruel pesadelo
Que me envolve a alma
Insana nas sombras
Sempre a vagar.
Mas o destino carrasco
Chicoteia minhas costas
Ordenando-me que levante
E siga em frente,
Pois o caminho é longo
E é preciso caminhar
Mesmo que tenhamos nos pés
Mil chagas a sangrar.
Então recolho em mim
Um restinho de força
E me arrasto passo a passo
Entre gemidos a soluçar:
"Quem sabe na próxima curva
Dessa estrada sem fim
Eu tenha mais sorte
E lá esteja a morte
Sorrindo a me esperar."
Mas a cada curva
Uma gargalhada ao longe
Em outra curva se escutava,
Era a morte que sorria
Zombando da minha dor.
Autor: Abner Bueno Ribeiro
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