CUIDADO! SUA LIBERDADE ESTÁ EM RISCO!



Eu sou publicitário. Outro dia fui interpelado por uma senhora, dizendo que fazer publicidade para crianças é um absurdo, porque elas começam a cobrar dos pais o que estes nem sempre podem comprar.

Fiquei me lembrando da minha infância. Meus pais eram pobres e não havia televisão lá em casa. Mas os meus amigos brincavam com revólveres de espoleta, matando índios no velho oeste ou fosse lá o que fosse. E eu sonhava com um revólver daqueles. Então, escrevi uma carta para o Papai Noel e fiz o pedido. No dia de Natal, ganhei uma bola de borracha e uma carta do bom velhinho dizendo que eram muitas crianças para presentear, não foi possível atender todo mundo. Obviamente, tive que encarar a minha frustração. Por outro lado, não me consta que nenhum dos meus amigos tenha se tornado assassino porque brincou com revólveres de espoleta.

Mais tarde, na pré-adolescência, eu queria porque queria ganhar uma bicicleta. Todos os meus amigos tinham... e o meu pai deu um jeito de me arranjar uma. Nas primeiras voltas a corrente se desprendeu e um garoto que ajudou no conserto sentenciou:
__ Essa bicicleta é de segunda mão.
Fui aprendendo a lidar com as minhas carências. Hoje em dia, gostaria de ter uma Ferrari, mas ando de Metrô, gostaria de passar todas as férias na Europa, às vezes nem tiro férias. A vida real é assim ou não é? Será que as crianças modernas deverão viver numa redoma de vidro, sem informação alguma, sem estímulo algum, porque não podem aprender a lidar com carências? E os pais delas, não podem dizer não, pura e simplesmente, quando não quiserem atender aos seus pedidos?

Interessante notar que as carências acontecem pelo convívio social. A publicidade é apenas mais um estímulo que nem todos assistem. E poucos são os produtos que têm verbas para anunciar. Outros nem podem: se apenas da publicidade vivessem as vendas, o crack não seria consumido.

Agora vem esse movimento da comida saudável. Estamos engordando, então fora com os doces, as gorduras, os refrigerantes etc. etc. Ou seja, daqui a pouco eu vou chegar em Minas Gerais e não vou encontrar nem torresmo, nem linguiça, vou à Bahia mas não poderei comer uma moqueca com dendê, com leite de côco no Espírito Santo também vão proibir, não vai ter bala no avião da TAM, meu neto não vai ter o supremo prazer de saborear uma barra de chocolate, o mundo vai virar uma grande folha de alface ? bem lavada, por favor!

E tudo isso por que? Porque os amantes da folha de alface querem interferir na liberdade de quem acha que prazer também é saúde. Se fosse uma ONG, ou uma campanha educativa pela alimentação x ou y, tudo bem. Cada um adere ao que lhe interessa. O problema é quando essas idéias castradoras passam ao âmbito do Estado. E os agentes do Estado, em nome do "bom mocismo", querem tutelar a vida de todos.

Tem gente que acha que criança não deve assistir TV; outros acham que os videogames são nocivos. Mas há quem ache que essas mídias ajudam a desenvolver o intelecto. É um direito de opinião. Tem contra, tem a favor, nada é conclusivo.

O que não podemos deixar é que nos tirem a liberdade de escolha. Não quero ser um indivíduo idiotizado pela burocracia estatal. Quero ter o direito de comer o que quiser e puder, assistir o que quiser, educar meus filhos como quiser. E quem pensar diferente, que faça diferente. Mas não interfira na minha vida, por favor.

Autor: Marcelo Diniz


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