Resenha: O leitor criativo



Resenha: O leitor Criativo
Simone Fabiana Pedrosa Ramos¹


José Gabriel Perissé Madureira é bacharel em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985), mestrado em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (1989) e doutorado em Filosofia da Educação pela Universidade de São Paulo (2003). Atualmente, está realizando o pós-doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de Campinas. É professor titular da Universidade Nove de Julho (SP), no Programa de Mestrado e Doutorado em Educação. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Filosofia da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: leitura, linguagem, estética, escrita criativa, didática e formação de professore e tem 26 livros publicados/organizados ou edições. Neste livro "O leitor Criativo", segundo Pessissé, aprender a ler com arte e criatividade, significa exercitar o fascínio de descobrir a palavra que nos comunica as verdadeiras notícias da vida. A parte I tem como pergunta, Quem é o leitor Criativo? O leitor Criativo é a peça-chave para a solução da crise da leitura, da palavra, e de muitos problemas educativos e culturais. A existência dos problemas é uma benção porque nos obriga a ser melhores. Uma das primeiras descobertas do leitor criativo é a descoberta da lentidão... O pior analfabeto é aquele que sabe ler, mas não tem paciência para ler. Falta-lhe tempo. Ou será que lhe falta a lentidão da leitura atemporal e, no sentido positivo? A leitura nos dá um tempo que nunca teremos. Na pag. 13 tem um depoimento de um leitor não-criativo que não compra livros, e mata o seu tempo em frente à uma TV para poder esquecer que não tem nenhum objetivo na vida. Ainda na parte I o autor nos fala sobre o cheiro das palavras , na sociedade desmoralizada, a primeira coisa que começa a cheirar mal são as palavras. Sim a linguagem apodrece, e é fácil detectar o mau odor que se desprende de alguns livros, cartas discursos, conversas, letras de músicas, contratos, monografias, roteiros de TV, relatórios, palestras, e até singelos cartões de Natal! Falar e escrever melhor pressupõem a observação lúcida da realidade, a leitura de bons autores, o diálogo com pessoas inteligente e o cultivo de opiniões vivas. Uma sociedade que deseja recompor-se precisa construir uma linguagem nova em folha. Perissé também descreve sobre cartas, ou seja, um dos modos de tornar-se um leitor criativo é ler ( e escrever) cartas criativas. É bem verdade que muita gente não escreve mais ( ou nunca escreveu) cartas, elas são como que o momento literário na vida de pessoas comuns, intelectuais, prisioneiros, loucos, burocratas, amantes, filhos magoados, gênios e ... de escritores. Saborear cartas abertas é um dos maiores prazeres do leitor. O leitor se sente destinatário privilegiado daquelas palavras. Palavras que o tempo e o vento não levam. Segundo Perissé o Leitor vive de experiências significativas quando jamais esquece o que viveu de especial ao conhecer um livro. Na pag. 23 o autor escreve "Quem lê vê". Quem lê torna-se uma televisão dentro de si mesmo, mais rica e divertida do que a nossa sala de estar, com todos os canais hoje disponíveis e sua programação massificante. Quem lê e compreende o que lê descobre a realidade, por mais torpe ou lamentável que seja. E ainda pode dar boas risadas. Quem lê vê até demais, e rir melhor. Perissé descreve várias vezes sobre as trevas da Idade Mídia, que são as trevas do nosso vazio comunicativo. Fala-se muito e diz-se pouco. Transmite-se muito e orienta-se pouco. Informa-se muito e ensina-se pouco. Basta ligar a TV para ouvir ratinhos, e ouras, pagodes, pacotes, e pegadinhas, gugus e xuxas disputando nossa falta do que fazer e do que pensar. Basta entrar numa livraria para sentir-se necessitado de ajuda, e ter como única sida: a auto-ajuda. Mas dentro da Idade Mídia existe um Renascimento que, como sempre, já nasceu antes mesmo do fim da era que, o mal ou bem, o gerou. Um renascimento da palavra que é urgente também perceber. Perceber e propiciar. O leitor criativo é o protagonista desse Renascimento. Este Renascimento nos fará ler melhor. Ver melhor. Se o analfabetismo é preocupante, pelo menos tem uma vantagem: sabemos por que é preocupante, conhecemos os males que os provocam, e, portanto, os modos de erradicá-lo. O pior analfabeto é aquele que sabe ler...mas não sabe ler o que lê. É aquele que lê...mas não entende o que está escrito. É aquele que lê...mas não sabe dizer por que leu, se é que realmente leu aquilo que leu. O superalfabetizado nascerá entre n´s sem que ninguém perceba a sua força. O superalfabetizado é o leitor criativo. Na pag. 35, parte II , o autor interroga "De que um Leitor Criativo é capaz?", o Leitor Criativo é capaz de, mais do que decifrar, compreender a fundo e com amplidão o que esta acontecendo. Ser um leitor criativo é encontrar tempo pra ler. Na pag. 61 " Leitura e Terapia", leitor criativo pode até mesmo descobrir uma voz que o ajude a vencer problemas de ordem psicológica. Pag. 81, " O leitor criativo deve ter a coragem de ler tudo? Perissé diz que o leitor criativo deve ter a coragem de ler o que tiver de ler com a liberdade de quem ao mesmo tempo de aprofunda na obra e a sobrevoa. Mantendo-se distante e próximo, evita ser engolido pelo que lê ou, por outro lado, esquecer o que está lendo. O autor também nos descreve que, perguntar é um excelente exercício intelectual e condição para ser criativo. Quem não pergunta não sabe ler, quem começa a fazer pergunta ao livro e ao mundo, começa a ler melhor, um leitor vazio de pergunta sai vazio da leitura. Parte IV, "O Leitor-escritor Criativo, A arte de reler", uma das mais gratificante e significativas descobertas do leitor criativo é que ele pode tornar-se um escritor criativo, e isso no momento em que, ludicamente, reescreve o que leu por ter lido de um modo pessoal e dialógico, nós somos aquilo que lemos e elmos aquilo que somos. A releitura é ler de novo o que já é velho, encontrando novidades que só podem estar ocultas no que todo mundo viu, mas não percebeu. O leitor criativo é único, não só pela sua condição de ser humano único que cada um não pode deixar de ser, mas sobretudo porque constrói um único trajeto de leitura, um único quebra cabeça que monta sua personalidade, o seu modo de ver o mundo, a sua forma de falar e de escrever. O autor ao escrever este livro foi muito criativo, usou exemplos de vários livros , inclusive indicou mais 50 livros para que um leitor criativo possa enriquecer-se de conhecimentos e adquirir o hábito de ler e interpretar o que se lê. Alguns assuntos chamou-me atenção como o depoimento de um leitor não-criativo, Dona Etimologia, Que coisa e outros. Em algumas partes do livro o autor foi um tanto ?engraçado? ao referir-se à leitura, talvez tenha exagerado um pouco com relação aos que não têm o costume de ler diariamente, também viajou um pouco em seus pensamentos mas, enfim, é um livro interessante muito bom de se ler, e orienta quem busca algo interessante para ler.





¹Aluna do Curso de Pedagogia da Faculdade Atenas Maranhense-Fama. Ano:2010

Autor: Simone F. P. Ramos


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