Quase nada faz sentido
Não faz sentido ter.
Ter é uma ilusão material que se perde ao fim da vida.
Não faz sentido ser.
Ser é apenas uma convicção abstrata.
Não faz sentido ter um ser, seria apenas satisfazer um sentimento de posse e de domínio.
Não faz sentido ser o ter, seria apenas posse sem nenhum sentimento.
Não faz sentido um gesto se ele não tiver nenhum significado de compreensão.
Não faz sentido um sentimento que não se possa expressar por um gesto.
Não faz sentido uma vida material, se não considerarmos que seja apenas uma passagem.
Não faz sentido uma vida espiritual, quando a matéria do corpo mal se mantém de pé, vítima da fome.
Não faz sentido a descrença, sem imaginar a existência da fé.
Não faz sentido a fé, se não houver aqueles que duvidem do seu poder.
Só é capaz de reconhecer a ira, aquele que algum dia, conheceu algum tipo de amor.
Não faz sentido o homem imaginar que tudo se criou sozinho. Que luta em aceitar seu criador.
Não faz sentido ler se a cabeça se fecha ao conhecimento.
Quase nada tem sentido ou quase tudo tem um sentido acima da nossa capacidade humana de entendimento, o pouco que nos faz algum sentido é que o bem é como uma vela que se apaga com o vento e o mal é o próprio vento que apaga a chama da vela, ele vai e volta, some por algum tempo, mas sempre volta. Cabe a cada um de nós protegermos nossa vela do vento do mal.
Autor: Cesar Gonçalves
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