O TRABALHO ARTICULADO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO E O ENSINO DA GEOGRAFIA NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL



RESUMO Este trabalho apresenta uma abordagem histórica do pensamento geográfico, destacando que a Geografia é um dos conhecimentos mais antigos, porém, só foi reconhecida como ciência no final do Século XIX. Sua presença como disciplina obrigatória na matriz curricular da Base Nacional Comum se evidencia legalmente no ensino brasileiro desde a 1° LDBEN- Lei n° 4024/61 até a LDBEN atual em toda a educação básica Nesse contexto, o trabalho destaca a formação dos docentes e coordenadores que atuam nas séries iniciais, analisando autores que pesquisaram e apontaram caminhos o que possibilitou uma análise mais profunda sobre os fatos estudados, existindo a possibilidade da maioria dos professores e técnicos que saem dos cursos de formação de professores para atuarem nas series iniciais de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental, não estarem preparados para a função, carecendo de ajustes nas matrizes curriculares dos cursos superiores que formam esses profissionais., Palavras chaves: Escola, coordenador pedagógico, disciplina Geografia, prática docente e aprendizagem. INTRODUÇÃO A Geografia surgiu no século XIX, porém o homem já domina esse conhecimento há milhares de anos. Os ?descobrimentos, ? tanto do Brasil quanto da América nos séculos XV e XVI são exemplos do domínio desse tipo de conhecimento, mesmo não sabendo que era conhecimento geográfico. Por abranger várias ciências, a geografia é uma disciplina que só existe no contexto das outras disciplinas. Para o autor Francisco Mendonça (2001) a geografia tem um caráter particularmente heterogêneo, já que se alinha às várias ciências, tanto as naturais, quantos as exatas e humanas. Talvez seja esse o grande desafio para os professores que atuam nesse segmento. O autor Castrogiovanni (2000) afirma que existe a possibilidade de os currículo dos cursos de formação desses profissionais não atenderem as necessidades dos docentes, trazendo prejuízos para os estudantes, pois os conhecimento adquiridos nas universidades são bases para o aprimoramento de uma vida profissional equilibrada com a qualidade necessária para o desenvolvimento eficaz do conhecimento dos educandos. Dentro desse contexto, a presente pesquisa visa contribuir para uma reflexão sobre o trabalho do coordenador pedagógico, na elaboração e acompanhamento das atividades desenvolvidas dentro das instituições de ensino, como também analisar conteúdos trabalhados em sala de aula e a forma de como são trabalhados os temas nas séries iniciais, pois muitos professores por não terem tido uma formação adequada acabam tolindo os educandos por não conseguirem desenvolver um trabalho de qualidade no que diz respeito aos conteúdos, principalmente com relação à geografia física que carece de uma formação mais específica, portanto existe a necessidade de uma discussão dentro desse contexto que seja capaz de amenizar as disparidades existentes nas matrizes curriculares atuais. A GEOGRAFIA E SUA TRAJETÓRIA A geografia é um saber tão antigo quanto a própria história dos homens, dirão freqüentemente seus historiógrafos. No seu termo mais remoto, a geografia, nasceu entre os gregos, junto com o nascimento da filosofia, da história, do teatro. Por quê? Porque não entre os povos seus contemporâneos ou anteriores a eles? Porque foi na Grécia onde as lutas pela democracia mais ganharam profundidade e duração entre os povos da antiguidade. E também porque a base econômica da Grécia era o comercio (MOREIRA, 1994, P. 15) A geografia tornou-se conhecida como ciência no século XIX, porém os conhecimentos geográficos têm sua origem na, antiguidade, onde seu objeto de estudo era principalmente a cartografia e a astronomia, ou seja, os conhecimentos geográficos eram utilizados apenas para explicar os fenômenos naturais como os mapas e as questões climáticas por exemplo. "Nesse período, a geografia não se envolvia com as questões sociais, chegando ao ponto da casa ser mais importante do que seu morador" afirma o autor Antonio Carlos Robert de Morais em sua obra a Geografia pequena História Crítica (2005,p 40) Na idade moderna, a geografia procurou explicar as profundas relações entre a terra e os astros, as condições climáticas, naturais e as sociedades. Observa-se nesse momento que a geografia toma um novo rumo, pois já há um pequeno envolvimento com a sociedade, isso mostra que o conhecimento geográfico acompanha o desenvolvimento das sociedades. Esse é um momento importante, pois em se tratando de idade moderna é um avanço considerável para a humanidade, que até então estava, de certa forma, à margem dos estudos geográficos. Na idade contemporânea, a geografia surgiu como um ramo autônomo das ciências e passou a explicar os fenômenos físicos regionais, porém muito comprometida com as posições políticas de seus fundadores, o alemão Ratzel, (1994) cuja ideologia inspirava a construção de um império colonial para a Alemanha e o francês Élisée Reclus, (1994) com uma ideologia imbuída por teorias libertárias e anarquistas militante, condenava a expansão do processo de colonização defendida pela geografia alemã. Nesse contexto tem-se uma geografia comprometida com idéias voltadas para a satisfação de grupos que de certa forma pretendiam se apoderar dos recursos naturais para seu próprio crescimento econômico e usaram a geografia como pano de fundo para seus projetos, pois na verdade o imperialismo naquele momento determinava aquele interesse, algo que ainda hoje são utilizados para a busca de ganhos econômicos por grupos que dominam determinadas regiões As décadas finais do século XIX marcam a passagem do capitalismo à sua fase superior: o imperialismo. E o nascimento do imperialismo traduzir-se-á, no plano da política internacional como divisão intensa de luta entre as potencias imperialistas pela divisão dos continentes em zonas de influencia. (MOREIRA, 1994 p. 7) No período pós-guerras foram definidas novas concepções de geografia, tornando-a uma matemática espacial em nome do desenvolvimento tecnológico e das políticas de planejamento do Estado. Nesse período o mundo vivia a chamada Guerra Fria que iniciou com o final da Segunda Guerra mundial, onde as duas potencias vencedoras da mesma (Estados Unidos e a União das Republicas Socialistas Soviéticas) dividiram o mundo entre o sistema Capitalista e Socialista. A geografia por ser uma ciência que abrange as áreas sociais, naturais, humanas e exatas foi usada por essas potências com o intuito de buscar implementar fórmulas de expansão de suas ideologias, foi o que aconteceu com os Estado Unidos com a corrida espacial na década de 1960 e com a União das Repúblicas Socialistas Soviética que buscaram implementar sua tecnologia militar absorvendo mão-de-obra voltada para a geografia. A partir de mudanças estruturais no cenário mundial, como a crise econômica, um índice elevado de desemprego e recessão, deixando aflorar o grande quadro de miséria e pobreza mundial, a organização dos movimentos populares e questões ambientais, faz surgir uma nova concepção de geografia. A proposta firmou-se no método dialético de origem marxista denunciando as injustiças e as desigualdades entre as classes sociais, e ficou conhecida como geografia crítica. A RELAÇÃO DA GEOGRAFIA COM AS OUTRAS CIÊNCIAS As ciências sociais compõem na verdade um só quadro científico, que ao especializarem-se aprofundando o estudo tornam-se subdivididas. Devido a este fato é que o limite entre uma ciência e outra se torna estreito. Na geografia a questão é mais séria, pois se encontra na área de domínio das ciências sociais, naturais e exatas. Para compreender melhor o trabalho geográfico no contexto de sua interdisciplinaridade, observando os seguintes passos: Usa-se a Sociologia analisando a ação da sociedade para entendê-la produzindo e reproduzindo formas espaciais, a Antropologia, faz entender a superação das formas anteriores, e choques de culturas, em geologia mostra-se aspectos físicos da superfície terrestre, elementos utilizados e explorados pela sociedade como recurso renovável e não renovável, a Mineralogia para mostrar a formação das rochas e minerais, como também a Hidrologia para entender os ciclos da água e sua ação modeladora do relevo. Nesse sentido de análise, a geografia encontra- se inserida dentro das ciências naturais, buscando um equilíbrio entre as forças que compõem a natureza A meteorologia, também é estudada para caracterizar o tempo, o clima e a poluição ambiental. A astronomia para caracterizar as estações do ano associadas ao movimento da terra no universo. A oceanografia para entender a formação dos mares e oceanos A cartografia utilizada como técnica interligada a Estatística (análise quantitativa de dados) e a Informática (representação gráfica de dados quantitativos) O fato de a Geografia fundir os resultados e, por vezes, os métodos de um sem-numero de outras ciências, faz dela uma ciência de relações, não somente da já celebre relação entre o homem e o meio, a sociedade e a natureza, mas uma ciência de estreita relação entre inúmeras outras ciências de forma particularmente muito mais acentuada. Esta é uma das características particulares da geografia. (MENDONÇA, 2001 p. 15) O DESENVOLVIMENTO DA GEOGRAFIA NO BRASIL Antes mesmo de institucionalizada, a geografia já desenvolvia formas de organização dentro do território brasileiro, começando por volta do século XV com a chegada dos portugueses a essas terras. O autor Manoel Correia de Andrade (1999) mostra que a geografia brasileira desenvolve sua trajetória em três grandes períodos, iniciando pelo Brasil colônia onde se destacam os cronistas coloniais e dentre esses, o mais importante foi Pero Vaz de Caminha com sua famosa carta ao rei de Portugal D. Manoel em 1500 onde ele descreve as belezas naturais da terra descoberta. Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo dos mares em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa. (Textos literários em meio eletrônico www.cienciasecognicao.org A Carta, de Pero Vaz de Caminha Edição de base. São Paulo,1963) Neste momento a geografia é apenas descritiva, fato que vai durar por muitos anos e a mudança só vai acontecer com o advento da geografia crítica no final do século XIX, devido a mudanças ocorridas no cenário nacional e internacional. No período imperial e também da primeira república, o Brasil é agraciado pelo trabalho dos naturalistas que basearam seus estudos sobre a população existente, para de certa forma levar cidadania para uma parcela da população que era formada também por negros que em sua maioria eram escravos. Dentre os autores dessa época se destacam Joaquim Nabuco, Rui Barbosa entre outros que defendiam seus pontos de vista através de suas obras e uma das principais temáticas discutidas foi a questão fundiária, já que o país passava por um processo de reconhecimento de sua área iniciado com a lei de terras no final do século XVIII. Essa lei buscou legalizar as terras brasileiras, como afirma o texto: A Lei de Terras de 1850 foi o ponto alto de toda uma política de terras discutida e elaborada durante os primeiros 50 anos do século XIX. O início da reestruturação do código de terras no Brasil começou a ser pensado junto com a política de integração das diferentes províncias em um todo - o Estado brasileiro esforçava-se em conjugar na tentativa de criar a "nação brasileira (A lei de Terras no Brasil WWW.klepsida.net) No período moderno aconteceram mudanças no cenário internacional, onde questões ambientais e o próprio advento das duas grandes guerras trouxeram mudanças consideráveis para a geografia brasileira, pois a própria Revolução de 1930, apesar de frustrada em grande parte de seus objetivos, trouxe uma notável renovação, provocando o crescimento da leitura e da reflexão sobre o Brasil e com ela iniciaram os estudos superiores de geografia nas universidades da Capital Federal, no Rio de Janeiro e também em São Paulo.(ANDRADE, 1999) Assim como aconteceu no século XIX com o surgimento da geografia onde o imperialismo predominou, principalmente na Europa com as grandes potencias dentre elas a Alemanha, no Brasil atual, a geografia de certa forma vem sendo utilizada para alimentar grupos que buscam desenvolver grandes lucros sem pensar no futuro das gerações e infelizmente a política ainda é utilizada assim como no século XIX como afirma o texto a seguir: O pragmatismo político tem provocado verdadeiros desastres na área ambiental, isso se torna evidente quando percebemos que os órgãos ambientais da esfera federal, estadual e municipal, estão sendo administrados por pessoas que não tem nada a ver com o meio ambiente, são os aliados de campanha política, que de alguma forma querem estar no governo. No entanto, as secretarias ou órgãos ligados a área ambiental, dispõem de poucos recursos para atuar de forma eficaz, o que não acontece nos órgãos mais ?importantes? que são ocupados por gestores do próprio partido do governo. Dessa forma, fica quase impossível trabalhar a questão ambiental com a atenção que ela merece, uma vez que os órgãos dispõem de poucos recursos financeiros e não conseguem manter profissionais em número e qualidade para atuarem no setor (MELO. E, BARROS, 2002[?] ) A GEOGRAFIA, O ESPAÇO E O ENSINO NA ESCOLA: A FORMAÇÃO E O TRABALHO DOCENTE DOS PROFESSORES SOB A VISÃO DOS GEÓGRAFOS O estudo da geografia, por se tratar de uma ciência que está inserida nas demais ciências e tem como um dos objetos de estudo, o espaço, sendo de fundamental importância na vida cotidiana, pois passeia tanto nas ciências sociais, quanto nas exatas e naturais. Santos (1988), destaca o grau de importância do espaço junto às outras categorias de análise da Geografia, como paisagem, território, região e etc, sendo uma forma de contato e experiência que o aluno tem com a realidade presente, trazendo informações que vão acompanhar o aluno durante toda a sua vida. O autor remete a idéia destacando que o espaço é o mais interdisciplinar dos objetos da geografia, para ele o espaço está no centro das preocupações dos mais variados profissionais, onde cada indivíduo tem um conceito diferente para essa categoria. Pergunta-se para um físico como ele classificaria o espaço, com certeza seria diferente do conceito desenvolvido por um filósofo, ainda segundo o autor essa categoria é uma das grandes preocupações dos autores e motivos de muitas publicações, sendo para alguns objeto de conhecimento, para outros simples meio de trabalho, pois "há desde os que o vêem como um produto histórico, até como um processo histórico. Poderíamos dizer que o espaço é o mais interdisciplinar dos objetos concretos (SANTOS, 1996) A ciência geografica é um conhecimento muito importante na formação das futuras gerações, visto que é através dela que o educando tem a possibilidade de conhecer o espaço para poder nele se organizar e criar soluções viáveis para a sua sobrevivência, porém, é um conhecimento que sendo utilizado de forma incorreta, causa prejuízo para a sociedade. Lacoste, (apud Moreira, 1994) afirma que a geografia serve antes de mais nada pra fazer a guerra numa clara demostração de que a geografia nos dá conhecimento de espaço e afirma que "quem tem conhecimento tem poder e quem tem poder domina",(MOREIRA P 13) portanto a geografia não é um saber inútil como pensam boa parte dos estudantes. Uma formação mais coerente para os professores, possivelmente seria o ideal para mostrarem a seus alunos a importância dessa ciência que está presente em quase todos os momento da nossa vida, um exemplo prático é a questão ambiental que está sendo muito discutido devido o ?aquecimento global? o que vem a ser o aumento da temperatura média do planeta Terra devido a poluição causada pelo desenvolvimento da industrialização. A escola não é o único lugar onde a educação acontece, pois cada um de nós conhece, aprende, aplica e ensina o que presencia na realização do trabalho e nas relações sociais, existindo a necessidade de se comprovar o conhecimento na prática do dia-a-dia, produzindo-o, nos termos e limites da sobrevivência. Esta é a própria dinâmica do conhecimento humano que se expressa pelas faculdades cognitivas dos sujeitos e suas dimensões sensoriais e motoras. O indivíduo compreende, trabalha e ensina o que sabe e o que vem a saber por todo um processo histórico de interação entre sua espécie, o meio ambiente e os objetos de trabalho. O aprendizado sistematizado do trabalho e do conhecimento deu origem à ciência enquanto aplicação prática desse aprendizado. Por educação, trata-se do ato de educar, orientar, acompanhar, nortear, mas também o de trazer de dentro para fora as potencialidades humanas, embora essa nobre tarefa seja levada em frente quase sempre em casa, algumas vezes no trabalho, muitas vezes entre amigos. Na verdade essa prática é uma fração do modo de vida de grupos sociais, ou seja, a vivência cotidiana contribui bastante para a formação do ser humano afirma o autor Carlos Rodrigues Brandão (2007) e acrescenta que a educação ajuda a pensar tipos de homens e mais do que isso ajuda a criá-los através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e os legitima. O fortalecimento e o aprimoramento da formação e do desenvolvimento profissional do trabalhador constitui tema recorrente na literatura especializada. A cada dia mais instituições públicas e também as corporações privadas de diversos setores adotam programas de formação específica para seus servidores, e os professores, os quais trabalham com o conhecimento e com o desenvolvimento de habilidades, precisam receber uma atenção especial, pois lidam com a formação de valores dentro da sociedade . "A formação do profissional docente representa papel preponderante no que tange à qualidade da educação, pois uma boa educação depende, em primeiro lugar, de professores qualificados" (DEMO, 2002, p. 72) Nas escolas brasileiras, do século XXI, observa-se que as metodologias desenvolvidas em sala de aula ainda apresentam aspectos tradicionais, prevalecendo aula baseada na exposição oral, pelos professores que em grande parte, utilizam de poucos recursos, incluindo como principal a utilização de livros didáticos. Em fevereiro de 2005 a Revista Veja trouxe como matéria de capa a educação na Coréia do Sul e mostrou algumas formas que podem ser adotadas no Brasil. A Coréia do Sul é uma nação subdesenvolvido, nos moldes do nosso país, pois esses países já foram bastante parecidos. Em 1960 eram típicas nações do mundo subdesenvolvido atolados em índices socioeconômicos calamitosos e com taxas de analfabetismo que beiravam os 35%. Na época, a renda per capita (divisão do PIB Produto Interno Bruto pela população) coreana equivalia a do Sudão (país africano): patinava em torno de 900 dólares por ano. Nesse aspecto o Brasil levava vantagem sua renda per capita era o dobro da coreana. A Coréia amargava ainda o trauma de uma guerra civil que deixou mais de um milhão de mortos e a economia em ruínas. Hoje passados quarenta anos um abismo separa as duas economias. A Coréia exibe um desenvolvimento fervilhante, capaz de triplicar sua economia a cada década. Sua renda per capita cresceu dezenove vezes desde os anos 60 e a sociedade atingiu um patamar de bem estar invejável. Os Coreanos praticamente erradicaram o analfabetismo e colocaram 82% dos jovens na universidade. Já o Brasil mantém 13% de sua população analfabeta e tem apenas 18%dos seus jovens nas universidades (Revista Veja 2005). Sua renda per capita é menos da metade da renda per capita Coreana. Em suma o Brasil ficou para trás e a Coréia largou em disparada devido aos investimentos maciço em educação. A diferença está no crescimento econômico, justamente pelo investimento em educação e o grande incentivo das famílias com seus educandos. Os investimento aplicados de forma correta na educação surgem efeitos e a seguir, alguns itens sugeridos ao Brasil, por esse país asiático que cresce e redistribui renda com investimento em educação: ? Premiar os melhores alunos com bolsas e aulas extras para que desenvolva seus talentos. ? Racionalizar os recursos para dar melhores salários aos professores. ? Investir em Pólos Universitários voltado para a área tecnológica. ? Atrair dinheiro das empresas para a universidade para produzir pesquisas afinadas com as demandas do mercado. ? Estudar mais. Os brasileiros dedicam cinco horas por dia aos estudos, menos da metade do tempo dos coreanos. Os autores da matéria, publicada pela Revista Veja afirmam que o atual cenário educacional no Brasil vem sendo apontado como um dos grandes problemas que emperram o desenvolvimento econômico do país e o corpo docente das instituições, sejam elas publicas ou privadas, têm responsabilidade dentro desse processo. A formação continuada é um fator preponderante para um bom desempenho dos professores e o coordenador pedagógico é um dos pilares para um bom desenvolvimento da educação dentro das instituições que atuam, de forma a minimizar os efeitos de uma falta de organização dentro das instituições de ensino que formam esses profissionais para o mercado. A formação continuada pode ser um caminho para que a educação avance, já que alguns professores precisam buscar novos conhecimentos para lidar com as novas gerações, principalmente com relação a tecnologia. Libâneo (2006) faz uma reflexão sobre esse tema afirmando que o novo professor precisaria no mínimo, de uma cultura geral mais ampliada, capaz de buscar novos conhecimentos, desenvolver competências para saber agir na sala de aula, com habilidades comunicativas, domínio da linguagem informacional, sabendo usar os meios de comunicação e articular as aulas com as mídias e multimídias. Partindo do princípio de que os professores das séries iniciais não estão saindo das Universidades com formação adequada para um bom desenvolvimento das atividades, o autor Castrogiovanni (2000 ) enfatiza que o estudo do espaço requer um empenho por parte dos educadores das séries do primeiro e segundo ciclo, segundo ele, para uma compreensão do espaço pela criança, faz-se necessário a compreensão de três etapas que precisam ser compreendidas pelos mestres que são: espaço vivido, espaço percebido e espaço concebido, ou seja o espaço vivido é o espaço físico, onde a criança vai perceber a partir dos primeiros movimentos desenvolvidos por ela, a partir daí ela percebe o espaço sem experimentá-lo biologicamente e posteriormente ela descobre não só o aqui, mas o ali e o lá, ou seja e o espaço concebido Para dominar os assuntos, principalmente da geografia física, faz-se necessário um redimensionamento das matrizes curriculares dos cursos de pedagogia. Para Castrogeovanni (2000), em sua obra O ensino da geografia, professores e coordenadores pedagógicos que atuam nas séries iniciais não foram alfabetizados em geografia, causando problemas para os educandos e um dos maus visíveis é com relação ao estudo do espaço para ele os educandos chegam à quinta série sem conhecimento dessa categoria de estudo da geografia. Por alfabetização espacial ainda segundo o autor devem ser entendidas as construções de noções básicas de localização, organização, representação e compreensão da estrutura do espaço elaborado dinamicamente pelas sociedades. Para ele o ensino da geografia deve preocupar-se com o espaço nas suas multidimensões, ou seja, o espaço é tudo e todos, compreende todas as estruturas e formas de organizações e interações. E, portanto compreende a formação dos grupos sociais, a diversidade cultural, assim como a apropriação da natureza por parte dos homens. Tudo isso deve fazer parte dessa alfabetização dos professores que irão atuar no primeiro e segundo ciclo do ensino fundamental, para não correr o risco de uma formação frágil dos educandos. O TRABALHO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO Ferraz (2007) destaca a Coordenação Pedagógica no âmbito escolar e mostra a importância da mudança cotidiana que esses profissionais precisam lidar no dia-a-dia e acrescenta que alguns autores, dentre eles Heráclito de Éfeso a quinhentos anos antes de Cristo já mencionavam tais assuntos em suas obras. Dentro da discussão, Ferraz trabalha a questão da globalização, mostrando uma adequação de novas tecnologias para tornar o processo educacional como um todo atualizado. Segundo ele, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional menciona que a escola deve formar indivíduos preparados para ingressar no mundo do trabalho, porém ele adverte que esse processo não é o único compromisso da Escola, ou seja, o compromisso maior de qualquer instituição é com a formação para a vida. É destacado ainda os novos paradigmas da educação, mostrando as formas de mudanças e os rumos que ele deve seguir, como por exemplo, no passado o conhecimento era transferido e hoje devido a essas mudanças de paradigmas, esse conhecimento é construído. Dentro de uma análise crítica Freire (1980) destaca a confiança nas pessoas afirmando que esta é condição necessária indispensável para uma mudança revolucionária e o Coordenador Pedagógico é parte da equipe escolar e precisa ter conhecimentos pedagógicos para direcionar os trabalhos,tendo importância fundamental dentro das instituições que atuam, pois é ele o elo entre a direção e os docentes, porém esse profissional precisa se despir de arrogância e se tornar igual aos demais do grupo e sendo um profundo conhecedor das leis que regem a educação além de um incentivador das práticas pedagógicas, Para o autor Vasconcelos (2002 P 20) "o autoritarismo está impregnado em nossas relações, e o que é pior, não nos damos conta", para ele foi devido a influência da colonização de exploração e não de povoamento como aconteceu em sociedades desenvolvidas e o coordenador precisa estar atento a estes fatos, buscando ser dinâmico, nos momentos de reflexões para que os docentes sintam-se acolhidos e participem de forma completa e não seja preciso listas de freqüências para marcar a presença dos colaboradores. Mesmo que alguns coordenadores digam que pelo menos os docentes estando presente ouvem alguma coisa, ilusão afirma Vasconcelos(2002), pois a epistemologia deixa claro que sem o desejo não há construção do conhecimento e adverte, deve haver um clima de confiança entre o coordenador e a equipe de professores e destaca algumas práticas que precisam estar no desenvolvimento do trabalho da coordenação: apoiar as iniciativas dos professores e procurar reduzir a burocracia, para que o trabalho possa ser desenvolvido. Apoiar os professores é uma das práticas essenciais do coordenador, já que o professor precisa de suporte para desenvolver sua prática pedagógica, outro fator importante é reduzir a burocracia, tornando mais ágil o trabalho dos professores que terão mais tempo para planejamento e desenvolvimento de seu trabalho CONSIDERAÇÕES FINAIS. O presente trabalho objetiva desvendar os desafios e questionar possíveis soluções, para um aprimoramento do ensino de geografia nas séries iniciais, pois o sistema que rege as matrizes curriculares dos cursos de formação de professores, carecem com urgência de uma reformulação capaz de mudar a realidade dentro de um sistema educacional, nesse sentido houve um desencadeamento de certa forma negativa para o desenvolvimento do trabalho de qualidade dos docentes das séries iniciais. No caso da geografia a situação é bem mais difícil por ser uma ciência relativamente nova, exige dos professores conhecimentos na área de exatas, como é o caso do ensino da cartografia no estudo do espaço e os docentes muitas vezes não dominam os assuntos e os problemas só aumentam. A importância da educação, com as experiências evidenciadas pelos autores, contribuiu para a realização deste trabalho na medida em que buscou analisar os fatos de forma crítica, mas sem perder de vista os avanços que a educação desenvolveu, principalmente no Brasil diante das tecnologias empregadas. O mundo está globalizado, portanto existe um longo caminho a ser percorrido para que os frutos desse processo de integração possam ser colhidos e estes passos vão depender de cada um ao assumir de fato a importância da educação no cotidiano, sem perder de vista a valorização das pessoas e seus conhecimentos, sejam eles brasileiros ou de outros países, com culturas e costumes diferentes, unidos pelo processo de globalização que muitas vezes contribui para o desenvolvimento quando é bem administrado pela sociedade, porém pode trazer malefícios sociais na medida em que quebra barreiras e despreza o conhecimento próprio. Paulo Freire (1996) em sua obra A pedagogia da Libertação, afirma que o importante é utilizar o conhecimento prévio do aluno aperfeiçoando-o para a produção de um conhecimento maior. No intuito de vislumbrar possíveis caminhos na relação coordenadores pedagógico-professor, pensou-se algumas ações que poderão aperfeiçoar e ressignificar a participação dos técnicos na dinâmica escolar com a participação dos docentes, não só sobre a geografia, mas todos os professores que compõem o quadro da Escola. -Reunir com grupos de professores para discutir os temas que vão ser trabalhados ao longo do ano. -A cada mês verificar se os conteúdos estão sendo trabalhados como combinado para evitar distorções. -Observar se os professores dominam os temas abordados e procurar orientar dando sugestões e quem sabe trazendo alguém da área para tirar as dúvidas -Procurar nas reuniões serem objetivos com horas para início e término para evitar cansaço e fadiga dos professores, pois assim evita-se que os professores participem das reuniões com pouco entusiasmo. REFERÊNCIAS A lei de Terras no Brasil WWW.klepsida.net ANDRADE, Manoel Correia de et al A federação Brasileira. 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Autor: Jose Erisvaldo Barros


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