PERCEPÇÃO DAS USUÁRIAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A COLETA DE MATERIAL CITOPATOLÓGICO REALIZADO PELO PROFISSIONAL ENFERMEIRO



APARECIDA MARTA SILVA DIAS









PERCEPÇÃO DAS USUÁRIAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A COLETA DE MATERIAL CITOPATOLÓGICO REALIZADO PELO PROFISSIONAL ENFERMEIRO

















Itabira
2009
APARECIDA MARTA SILVA DIAS









PERCEPÇÃO DAS USUÁRIAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A COLETA DE MATERIAL CITOPATOLÓGICO REALIZADO PELO PROFISSIONAL ENFERMEIRO



Monografia apresentada ao curso de Enfermagem da Faculdade Itabirana de Saúde, Fisa, da Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira, Funcesi, como requisito para obtenção do título de bacharel em Enfermagem

Orientador: Jucileny Aparecida Duarte Zanon














Itabira
2009

FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA DE ENSINO SUPERIOR DE ITABIRA
FACULDADE ITABIRANA DE SAÚDE ? FISA



PERCEPÇÃO DAS USUÁRIAS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE A COLETA DE MATERIAL CITOPATOLÓGICO REALIZADO PELO PROFISSIONAL ENFERMEIRO



APARECIDA MARTA SILVA DIAS




Trabalho de Conclusão de Curso submetida à banca examinadora do Curso de Enfermagem da FISA/FUNCESI como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de bacharel em Enfermagem.




Banca examinadora:




Jucileny Aparecida Duarte Zanon



Enio Ferreira



Cibele Oliveira Rosa




Itabira
23/06/2009





















Dedico este trabalho a minha mãe e Geraldo, meu esposo, como forma de gratidão pelo apoio que me deram na realização deste; às minhas filhas, Tamiris e Thays, que são a razão da minha vida; aos irmãos que Deus me permitiu escolher, Marli e Pedrinho; a meu pai Helvecio (in memorian), que foi o alicerce das minhas construções. Por tão nobres lições meu eterno agradecimento. Sei que compartilham comigo a alegria de mais esta vitória em minha vida.





AGRADECIMENTOS














A Deus, por ter me capacitado para a realização deste trabalho.
A minha orientadora, Jucileny Aparecida Duarte Zanom, meus agradecimentos por seu apoio, compromisso e competência.
A meu esposo Geraldo, que nas adversidades me fez crer que era possível.
A minhas filhas, que são uma bênção em minha vida.
Agradeço a minha mãe, Geralda, a Marli e a Pedrinho, porque sem eles este sonho não se teria realizado.
Às usuárias do PSF Juca Rosa, pela atenção e disponibilidade para coleta de dados.
A Patrícia Funcionaria do laboratório de informática pela competência e disponibilidade.
A Luciana Martins, pela amizade e pelos momentos de descontração.
Enfim, a todos que cruzaram meu caminho e me mostraram ser possível.
MULHERES


Mulheres lutam dia a dia em busca do seu espaço que lhes foi invadido.
Mulheres guerreiras, abençoadas por Deus, usam sua força soberana para continuar sempre de olhos abertos diante das dificuldades.
Mulheres que acordam cedo para mais um dia de rotina e ainda têm tempo pra falar com Deus.
Mulheres que geram vidas, que doam sua própria vida por um filho seu.
Mulheres de personalidade forte, que não se deixam levar por idéias padronizadas de homens que lhes querem dominar.
Mulheres de fé inabalável, que buscam a cada dia caminhar no caminho da perfeição.
Mulheres que sonham, que buscam e querem transformações.
Mulheres corajosas que lutam por liberdade; levantam a bandeira da independência e continuam de cabeças erguidas.
Mulheres que não têm medo de errar, que a todo instante estão aprendendo com suas falhas.
Mulheres que buscam novos horizontes e estão sempre conquistando vitórias.
Mulheres de idéias próprias e mentes abertas ao conhecimento.
Mulheres que estão sempre renovando seus conceitos e deixando para trás aquilo que não lhes serve mais.
Mulheres que nos fascinam com seu talento e criatividade.
Mulheres que não medem esforços para ir ao encontro do que edifique sua vida.
Mulheres que nos carregam no seu ventre por nove meses, sem lamentar.
Mulheres que repousam nosso cansaço em seu colo.
Mulheres que contemplam nossos olhos com sua beleza inspiradora.
Mulheres alegram nossa alma com o brilho do seu semblante.
Mulheres que tanto nos surpreendem, que tanto nos encantam.
De que tanto precisamos.


Fábio Ferreira

RESUMO


O câncer de colo uterino constitui um problema de saúde pública em nosso país, tendo em vista que, esse tipo de câncer ocupa lugar de destaque nas taxas de morbi-mortalidade entre a população feminina. O exame citopatológico, ou teste papanicolau, é o exame considerado o mais eficiente a ser aplicado em programas de rastreamento do câncer cérvico uterino, isso se deve ao diagnostico precoce e custos reduzidos. Este estudo busca investigar e descrever a percepção das mulheres sobre a coleta de material para exame citopalógico, realizada pelo profissional enfermeiro na estratégia de saúde da família, sendo a coleta uma das atribuições do enfermeiro nas unidades básicas de saúde. Os dados foram coletados por uma pergunta norteadora, totalizando uma amostra de 21 mulheres que cursaram do ensino fundamental ao superior, que são atendidas na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Juca Rosa. Destaca que a assistência em enfermagem deve ser entendida como a arte e a ciência de cuidar do outra no processo saúde-doença, respeitando seu contexto cultural. Por isso, a importância de ouvir, buscando compreender, respeitar as crenças, mitos e toda bagagem cultural, para a partir daí reorientar os protocolos de assistência na consulta ginecológica, de forma individual, atendendo à necessidade específica de cada mulher.


Palavras-chave: Câncer Cérvico-Uterino, Enfermeiro, Material Citopatológico.











LISTA DE TABELAS


TABELA 1 - Classificação das usuárias por idade
TABELA 2 - Classificação das usuárias por escolaridade
TABELA 3 - Percepção das usuárias sobre o atendimento com enfermeiro



























SUMÁRIO


1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 9

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 11
2.1 Câncer cérvico-uterino .............................................................................................. 11
2.2 Saúde da mulher e coleta de material citopatológico ............................................. 14
2.3 Assistência do enfermeiro na prevenção no câncer uterino .................................. 16

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................ 18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 28

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 30

ANEXO 1 Questionário ................................................................................................... 32
ANEXO 2 Folha de aprovação ........................................................................................ 33
ANEXO 3 Termo de consentimento ............................................................................... 34
ANEXO 4 Respostas na íntegra ...................................................................................... 35











1 INTRODUÇÃO


O câncer de colo de útero é considerado uma das neoplasias malignas mais freqüentes. Dentre todos os tipos de câncer, é uma das raras moléstias malignas curáveis em 100% dos casos, quando diagnosticado precocemente. Estima-se que em 1990 ocorreram 371.200 casos novos de câncer invasivo de colo uterino em todo o mundo, representando quase 10% de todas as neoplasias malignas em mulheres. Do total de casos de câncer cervical, 78% ocorreram nos países em desenvolvimento (FONSECA, 2004).

Destacando-se que, quando o câncer de colo de útero é encontrado em estágios evoluídos, a média estimada de sobrevida é de aproximadamente cinco anos. De acordo com alguns estudos, estima-se que ocorram 230 mil óbitos anuais por câncer de colo uterino em todo o mundo. Entre estes, conforme Cruz e Loureiro (2007), os maiores coeficientes foram encontrados em países da África e da América Latina.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer - INCA (2002), o câncer cérvico uterino é a terceira causa de morte em mulheres nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil. Dentre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura somados à existência de um método de rastreamento sensível, seguro e de baixo custo, o exame citopatológico, tornando possível a detecção de lesões precursoras e de formas iniciais.

Dentre as condições facilitadoras à sua ocorrência está o baixo nível socioeconômico, representando os maiores números de casos novos, sendo 80%. A taxa de mortalidade por câncer do colo do útero teve um crescimento de 30% em 23 anos, passando de 3,44 casos por 100 mil mulheres, em 1979, para 5,03 em 2002. Em 2006, estima-se que a incidência de câncer do colo do útero tenha sido de 19.260 casos novos, com um risco estimado de vinte casos a cada 100 mil mulheres (CRUZ; LOUREIRO, 2007).

Estudos de Davim et al. (2005) mostram que a prevenção periódica por meio da coleta de material citopatológico é capaz de reduzir tanto a incidência como a mortalidade relacionada ao câncer de colo de útero.
Este estudo tem como objetivo conhecer a percepção das usuárias da Estratégia Saúde da Família (ESF) em relação à coleta de material citopatológico realizada pelo profissional enfermeiro.

O mesmo se justifica pela representatividade da assistência à mulher na Estratégia Saúde da Família, principalmente no que diz respeito à prevenção do câncer uterino. Além disso, vem destacar a visão das usuárias da atenção básica, no que tange à coleta de material citopatológico realizada por enfermeiro. Também tem importância pela necessidade constante de estudar e abordar esta temática.
























2 REFERENCIAL TEÓRICO


2.1 Câncer cérvico-uterino


O Câncer cérvico uterino é a doença crônico-degenerativa que mais preocupa, pelo seu alto grau de letalidade e morbidade, apesar de oferecer possibilidade de cura se for diagnosticada precocemente. É considerado um problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, uma vez que obtém altas taxas de morbimortalidade em mulheres de classe socioeconômica menos favorecida e em fase produtiva (DUAVY et al., apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

Ainda de acordo com os autores acima, o desenvolvimento do câncer de colo uterino acontece na maioria dos casos de forma progressiva, estendendo-se por etapas pré-clínicas tratáveis e curáveis, sendo considerada uma doença silenciosa. Dentre todos os tipos de câncer é o que apresenta uma das maiores potencialidade de cura pela prevenção.

Segundo Filho (2000), o colo uterino freqüentemente sofre processos inflamatórios, infecciosos, agudos ou crônicos. Após a menarca, quando o útero sofre variações hormonais cíclicas sob a influência particularmente dos estrógenos, cria-se um ambiente vaginal favorável à colonização de agentes biológicos que fazem parte da flora normal resistente. O câncer invasor do colo de útero incide preferencialmente em mulheres de 40 a 50 anos de idade, cujo aspecto clínico não apresenta sintomas específicos. Em geral, a paciente procura a Unidade Básica de Saúde (UBS) com queixa de corrimento, sangramento genital e dispareunia (dor durante a relação sexual), principalmente em casos avançados, em que pode ser detectada lesão que deforma ou destrói o colo uterino. A extensão do tumor no corpo do útero resulta na diminuição da mobilidade do órgão ou provoca aderência a estruturas anexas.

Para o surgimento do câncer de colo do útero, a condição necessária é a infecção pelo vírus papiloma humano (HPV), aproximadamente todos os casos são causados por um dos quinze tipos ontogênicos do HPV. Desses, os mais comuns são: HPV15 e HPV18. Outros fatores que contribuem para esse tumor são o tabagismo, a baixa ingestão de vitaminas, a multiplicidade de parceiros sexuais, a iniciação sexual precoce e o uso de contraceptivos orais. "O número de casos novos de câncer do útero no Brasil no ano de 2008 é de 18.682, com um risco estimado de 19 casos a cada 100 mil mulheres" (INCA, 2005).

A possibilidade de prevenção primária e secundária do câncer cérvico uterino tem crescido nas últimas décadas à medida que aumenta o conhecimento acerca dos fatores de riscos que envolvem a doença. O câncer pode ser decorrente de fatores internos e externos ao organismo, estando ambos inter-relacionados. Os fatores externos são ditos ambientais, correspondendo a 80 a 90% dos casos, e os internos são, em sua maioria, os tumores geneticamente predeterminados (DAVIM et al., 2005).

É importante acrescentar, com base em registros hospitalares de câncer, que 50% das mulheres portadoras da doença foram diagnosticadas em estádios III e IV. Isso provavelmente reflete a dificuldade de diagnóstico precoce, a falta de informação e a dificuldade de acesso da mulher à rede de saúde (ALMEIDA; FEITOSA, 2007).

O câncer do colo do útero inicia-se lentamente a partir de uma lesão pré-invasiva, que geralmente avança por anos, antes de atingir os estádios invasores da doença, sendo: Estádio I A1 (invasão do estroma, 3 mm e até 5 mm de profundidade e até 7mm de extensão).

O período médio em meio à detecção de uma displasia de pouco peso (HPV, NIC I) e o desenvolvimento de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para as displasias moderadas (NIC II) esse tempo é de 38 meses, e nas displasias graves (NIC III) de 12 meses. Em particular, estima-se que a grande maioria das lesões de baixo estado regredirá espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evoluirão para câncer invasor em um período médio de 10 anos. O Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos calcula que somente 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70% terão evoluído decorridos 10 a 12 anos, caso não seja oferecido tratamento (INCA/MS, 2000).

A formação de câncer, em geral dá-se lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa origine um tumor detectável. Esse processo passa por vários estágios antes de chegar ao tumor:

Estágio de iniciação: É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito de um agente carcinogênico (agente oncoiniciador) que provoca modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células encontram-se geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente (ALMEIDA et al., 2005).

Estágio de promoção: As células geneticamente alteradas sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato muitas vezes interrompe o processo nesse estágio (ALMEIDA et al., 2005).

Estágio de progressão: É o terceiro e último estágio e caracteriza-se pela multiplicação descontrolada, sendo um processo irreversível. O câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença (ALMEIDA et al., 2005).















2.2 Saúde da mulher e coleta de material citopatológico


Com intenção de aprovar as reivindicações do movimento das mulheres em 1984, o Ministério da Saúde elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), destacando-se uma ruptura conceitual com os princípios norteadores da política de saúde das mulheres e os critérios para eleição de prioridades nesse campo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Uma das estratégias deste programa é a oferta o exame citopatológico do colo do útero, ou papanicolau, também preconizado pela Organização Mundial de Saúde para rastreamento e prevenção do câncer cérvico uterino. Este procedimento consiste na coleta de material citológico do colo do útero, por meio de uma amostra da parte externa (ectocérvice) e outra da parte interna (endocérvice). Para realizar coleta do material, introduz-se o espéculo vaginal e procede-se à escamação ou esfoliação da superfície externa e interna do colo, utilizando uma espátula de Ayres e uma escovinha endocervical (BRASIL, 2008).

Para Ramos et al. (2006), a coleta do material citopatológico se caracteriza por ser um procedimento indolor e eficaz, além de sua simplicidade, relativo baixo custo, validade e aceitação. Tem merecido grande apoio dos profissionais da área de saúde devido a sua realização periódica contribuir para a redução em até 70% da mortalidade por câncer do colo do útero, na população de risco.

A descoberta precoce do câncer de colo uterino, mediante a coleta de material citopatológico, tem sido a estratégia mais segura e competente para minimizar as taxas de morbimortalidade do câncer uterino. Segundo Prado e Tavares (2006), quando o mesmo é realizado dentro dos padrões de qualidade, pode-se chegar a uma cobertura de 80% para o câncer invasor e, se as lesões primitivas forem tratadas, a diminuição da taxa de câncer cervical pode chegar a 90%. Por isso, a realização periódica de exames colpocitológicos deve ser implantada e priorizada nos serviços públicos de saúde

Eduardo et al. (2007) afirmam que a coleta de material citopatológico exige de quem a realiza, postura, técnica e ética, priorizando a privacidade da paciente, proporcionando à mesma a compreensão e participação no procedimento ao qual está sendo submetida.

Nesse contexto, cabe à mulher o poder de decisão em realizar ou não a prevenção do câncer do colo do útero. Motivos esses que em alguns casos estão acoplados a tabus, preconceito, vergonha, dentre outros valores culturais, e sua própria sexualidade (RAMOS et al., 2006).

A coleta citopatológica foi, estabelecida pelo Ministério da Saúde, em 1988, e recomendada pela Viva Mulher ? Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e Mama. Permanece atual e está em acordo com as recomendações dos principais programas internacionais (CAMPOS, 2009, p.13-14).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), após um resultado negativo, a realização trienal do exame é tão eficiente quanto a anual, no que diz respeito à diminuição das taxas de incidência por câncer de colo uterino. Além disso, a indicação de que a periodicidade seja de três em três anos, apenas após dois resultados consecutivos, obtidos em exames realizados com intervalo anual, permite identificar os casos nos quais possa ter ocorrido um resultado falso-negativo.

É importante ressaltar que o enfermeiro, integrante da equipe multiprofissional, é um dos agentes de educação para a saúde, objetivando integração em favor da promoção da saúde do paciente, da família e dos grupos sociais da comunidade. A sua ação deve ser total e participativa; e não perder oportunidades, em todo o momento e em todos os níveis de atuação da área de saúde, o enfermeiro deve orientar sobre os fatores de risco do câncer e sobre as medidas de prevenção. O enfermeiro, na sua rotina de trabalho, deve estar preparado para o desenvolvimento de ações de saúde e práticas educativas no sentido de prevenir o câncer.


2.3 Assistência do enfermeiro na prevenção no câncer uterino


Para Almeida e Rocha (2000), a enfermagem é uma profissão cuja essência é o cuidado ao ser humano, particularmente, na família ou na comunidade, desenvolvendo atividades de promoção, prevenção de doenças, recuperação e reabilitação da saúde, atuando em equipes.

Ou seja, prestando o cuidado, coordenando outros setores para a prestação da assistência e promovendo a autonomia dos pacientes por meio da educação em saúde, incluindo ações dirigidas à saúde da mulher, a enfermagem vem revisando seu conhecimento e prática, reconstruindo muitas teorias e modelos de intervenção. Essa profissão é descrita como um processo que pode integrar a relação entre esses componentes, tratamento e a reabilitação da mulher, ou evitando seus riscos e danos, além do controle dos sadios (ALMEIDA; ROCHA, 2000).

Andrade e Reis (2008) afirmam que o enfermeiro é o primeiro contato da mulher com o serviço de saúde, em todos os níveis. Em algumas ações, esse profissional trabalha com aspectos muito íntimos da mulher e deve estar preparado para um atendimento integral. No entanto, as fragmentações das práticas de enfermagem e das políticas públicas atingem de forma especial a assistência prestada à mulher, levando em consideração toda a história de inserção social, desvalorização e subordinação a que a mulher foi submetida.

O profissional de enfermagem, obrigatoriamente integrante da equipe mínima da Estratégia Saúde da Família (ESF), tem, segundo Ximenes Neto et al. (2007), entre as suas diversas atribuições, executar e avaliar as ações de assistência integral à mulher em todas as fases do ciclo de vida, destaca-se a coleta de material citopatológico, de acordo com protocolos estabelecidos nos Programas do Ministério da Saúde e disposições legais da profissão Dentre alguns desafios para se alcançar integralidade na assistência à saúde da mulher na Atenção Básica, e ações de controle dos cânceres de colo o útero.

Em todo o mundo, o papel do enfermeiro constitui uma das maiores forças de trabalho em cuidados à saúde, sendo um grupo de profissionais amplamente distribuídos em seus diversos papéis e responsabilidades. "Entretanto, pelo fato de sua essência ser o cuidado, não pode prescindir de seus aspectos afetivos, da sensibilidade e da intersubjetividade que se realiza na prática cotidiana" (ALMEIDA; ROCHA, 2005, p. 96).

O câncer se torna um problema para a enfermagem a partir do momento em que se transforma em um problema de saúde pública, devido à sua intensidade elevada, morbi-mortalidade, transcendência e alto custo social e econômico. A equipe multiprofissional deve estar preparada para lidar com essa modalidade de doença. Compete dessa forma ao enfermeiro orientar o pessoal de enfermagem, o indivíduo, a família e a comunidade sobre os fatores de risco do câncer e sobre as formas de prevenção, orientando sobre e adotando para si modelos de comportamento e hábitos saudáveis (BRASIL, 2002).

Portanto, o enfermeiro atuante em programas de prevenção e controle do câncer de colo de útero precisa trabalhar as ações que contribuam para a esperada violência sobre a morbimortalidade dessa patologia. Além disso, esse profissional deve se encontrar alerta para a captação de mulheres que pertencem ao grupo de risco e na faixa etária de maior incidência preconizada pelo MS (DAVIM et al., 2005).

Destaca-se que a abordagem mais eficaz para o controle do câncer do colo do útero é o rastreamento por meio do exame citopatológico. No entanto, cabe aos enfermeiros e equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF) orientar a população feminina quanto à importância da realização periódica do exame para o diagnóstico precoce da doença, pois isso possibilita o tratamento em fase inicial. Nesse contexto, cabe ao profissional enfermeiro realizar a ação terapêutica propriamente dita, além de contribuir para o enfrentamento da doença. Por isso, o enfermeiro deve orientar e acompanhar a paciente e respectiva família e manter em mente que as ações de enfermagem devem ser individualizadas, considerando-se suas características pessoais e sociais (FRIGATO; HOGA, 2003).

É importante destacar que o enfermeiro, dentro da equipe multiprofissional, é um dos agentes de educação para a saúde. Objetivando a promoção e prevenção da saúde do paciente, da família, grupos sociais e da comunidade, sua ação deve ser integral e participativa, na sua rotina, e deve estar voltada para as práticas educativas no sentido de prevenir o câncer. Deve ainda orientar quanto aos cuidados para a realização do exame, enfatizando a importância do mesmo (MINISTÉRIO DASAÚDE, 2002).



3 METODOLOGIA DA PESQUISA


Este estudo tem caráter qualitativo e semi-quantitativa na área da saúde. De acordo com Minayo (2007), a pesquisa qualitativa, responde a questões particulares, se ocupando, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser qualificado. Para Miller e Ogborn (1994), O raciocínio semi-quantitativa envolve a descrição de situações cotidianas onde a direção da mudança de uma parte de um sistema é conhecida, mas não o tamanho do efeito desta mudança sobre as demais partes.

Inicialmente, o projeto de pesquisa foi submetido à apreciação sendo aprovado pelo Núcleo de Ensino e Pesquisa e Comissão de Ética e Pesquisa (CEI) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC) protocolo número CAAE 0291.0213.000-08, procedendo então ao levantamento dos dados (ANEXO II).

Os dados do estudo foram coletados em uma unidade básica de saúde do município de Itabira, cidade esta situada no centro-leste de Minas Gerais, com população de aproximadamente 110 mil habitantes. Os sujeitos participantes da pesquisa foram 21 mulheres de níveis escolares variados, do ensino primário ao superior, que realizaram a coleta de material para exame citopatológico com o enfermeiro, pertencentes à área de abrangência da Unidade Básica de Saúde do bairro Juca Rosa, e que aceitaram fazer parte da pesquisa a partir de um convite feito a elas enquanto aguardavam atendimento.

A coleta dos dados foi realizada mediante a seguinte questão norteadora: "O que é para você realizar a coleta de material citopatológico com enfermeiro?" (ANEXO I). A princípio, foi realizado um pretexte, no qual se verificou o entendimento das mulheres em relação à pergunta. As respostas foram divididas entre as falas que foram de maior relevância, principalmente, as que respondiam aos objetivos do estudo.

Nos casos em que não houve entendimento da questão, a pergunta foi reelaborada com termos que as usuárias têm maior compreensão como: preventivo e exame ginecológico. Para preservar o anonimato dos sujeitos deste estudo, as entrevistas foram identificadas por letras e números sequenciais. As participantes do estudo receberam informações prévias quanto ao objetivo da pesquisa, à garantia de anonimato. As entrevistas foram realizadas somente após entendimento e assinatura do termo livre e esclarecido de que não havia despesas decorrentes do estudo (ANEXO III). Posteriormente à coleta de dados, o material foi selecionado e categorizado de acordo com o seu conteúdo, sendo realizada a transcrição das respostas, a análise crítica e a redação final. As respostas foram classificadas em relação à aceitação e não aceitação a partir das descrições presentes nas respostas das pacientes.


























4 RESULTADOS E DISCUSSÃO


O presente estudo buscou compreender a percepção das usuárias da ESF, buscando informações que respondam a finalidade do mesmo. Analisaram-se e classificaram-se e as entrevistas de acordo com o objetivo proposto. A amostra foi composta por 21 mulheres de 15 a 50 anos, com escolaridade de ensino fundamental a superior em curso, sendo a prevalência no ensino médio. A partir das entrevistas foram desenvolvidas as seguintes tabelas:
Ao analisar o conteúdo das entrevistas foi possível observar que a usuária que procura o serviço de saúde para realização do exame papanicolau/ citopatológico, é atendida e orientada por uma equipe multidisciplinar, desde sua chegada até sua saída da UBS. As mulheres foram identificadas com letras do alfabeto e números seqüenciais.

TABELA 1
Classificação das usuárias por idade e escolaridade
Idade Pacientes (%)
15-20 6 28
21-30 5 24
31-40 5 24
41-50 5 24
TOTAL 21 100
Fonte: Entrevistas realizadas para a execução deste trabalho


TABELA 2
Classificação das usuárias por escolaridade
Escolaridade Pacientes (%)
Ensino fundamental 5 24
Ensino Médio 15 71
Superior em curso 1 5
TOTAL 21 100
Fonte: Entrevistas realizadas para a execução deste trabalho

TABELA 3
Percepção das usuárias sobre o atendimento com enfermeiro
Percepção Pacientes (%)
Segurança / confiança 11 52
Indiferente 6 29
Não confiam 3 14
Não aceitam 1 5
TOTAL 21 100
Fonte: Entrevistas realizadas para a execução deste trabalho


Os achados da pesquisa nos revelam que as usuárias se sentem valorizadas e importantes durante a coleta de material citopatológico, apesar de 29% desconhecerem que quem a realiza é o profissional enfermeiro.

Além de um ato técnico e automatizado, convêm ao enfermeiro adquirir capacidade de compreender e entender o ser humano diante de suas complexidades, dimensões amplificadas, sabendo ouvir e intervir, fazê-lo com ações compreensivas e humanizadas. (ALMEIDA; MACHADO, 2005).

Dentre as falas das pacientes, foi possível compreender que a percepção da usuária em relação à coleta citopatológica é formada durante a anamnese, realizada antes da coleta de material citopatológico realizada pelo enfermeiro, correspondendo a 52% das usuárias que dizem sentir confiança e segurança. Ouvir e acolher o paciente antes de qualquer procedimento é de suma importância. Nesse momento ocorre influência mútua, a qual é cultivada por percepções e troca de informações verbais, criando-se vínculo entre a paciente e o profissional responsável pela coleta de material. As pacientes que não conseguiram se expressar com nitidez, mesmo assim participaram dando sua opinião sobre diferenças e similaridades entre a coleta feita pelo enfermeiro e a feita pelo médico. Com o enfermeiro é possível estabelecer uma relação mais próxima e individual. As pacientes, em sua maioria, dizem que se sentem à vontade para expressar assuntos relacionados à vida, o que é marcado pela naturalidade e flexibilidade, como pode ser observado nos relatos a seguir:
H 8- 36 anos, escolaridade: ensino médio.
"Pra mim é normal, pois já faz 5 anos que eu só faço com enfermeira, me sinto muito confortável, pois a enfermeira me deixa tranquila e à vontade para falar sobre os problemas relacionados a minha intimidade e transmite confiança na execução do procedimento".

N 13- 15 anos, escolaridade: ensino médio.
"Achei que foi bom, porque ela esclarece todas dúvidas, sempre pra deixar a gente à vontade".

P 15- 25 anos, escolaridade: ensino médio
"Para mim foi uma ótima experiência. O profissional me passou muita segurança, soube me explicar as perguntas que fiz".

L 11-32 anos : escolaridade: ensino médio
"Me sinto bem, ela me dá segurança, não só pra mim, mas para todas as pessoas".

Esses relatos vão ao encontro da fala de Araújo et al., que diz que "a participação de uma pessoa estranha à mulher lhe é imposta" (2004, p.328). Durante a consulta de enfermagem à mulher, acabamos invadindo a sua intimidade, muitas vezes buscamos por situações que vão além de suas queixas. Em compensação, quando ouvidas com atenção, revelam a necessidade de discutir inúmeras questões, tais como: auto-imagem, sexualidade, relação conjugal, violência doméstica e outras. Essa escuta sensível, portanto, constitui-se na primeira de nossas estratégias de redução da violência de gênero. Para tornar uma experiência agradável, pode-se facilitar a participação de outra pessoa que seja de confiança, quando assim a mulher desejar. Essa é uma estratégia de redução da violência de gênero. Pois o momento da coleta é um procedimento com expressão evidente de violência, sendo a introdução do espéculo seu ponto mais agressivo.

É possível entender também, através do conteúdo das entrevistas, que cada profissional se destaca pela forma de atender:

"A enfermeira me deixa tranquila e à vontade para falar sobre os problemas relacionados a minha intimidade e transmite confiança na execução do procedimento".
"Enfermeira tem conhecimento".
"Achei ótimo com a enfermeira".
"Não senti diferença nenhuma pelo fato de ser enfermeira, ela me tratou super bem".
"O enfermeiro entende".

A identidade profissional dos enfermeiros está ligada à palavra "conhecimento", significando para os sujeitos o conhecimento científico, provavelmente como consequência de um bom desempenho, considerado relevante para o aperfeiçoamento profissional, para o desenvolvimento da profissão e para a conquista do espaço profissional.

I 9- 27 anos, escolaridade: ensino médio.
"Pra mim, está avaliando do mesmo jeito, enfermeira tem conhecimento, se não tivesse, não poderia fazer".

P 15- 25 anos, escolaridade: ensino médio
"Para mim foi uma ótima experiência. O profissional me passou muita segurança, soube me explicar as perguntas que fiz".

Q 16- 48 anos, escolaridade: ensino fundamental
"Pra mim o enfermeiro foi ótimo, muito tranquilo na realização do procedimento".

V 21- 39 anos, escolaridade: superior em curso.
"Eu acho que o enfermeiro é tão capacitado a realizar o exame ginecológico como o médico, não vejo problema algum, até por uma questão de valorização profissional".

S 18- 31 anos , escolaridade: ensino fundamental.
"Segurança, acredito que os enfermeiros sabem o que estão fazendo".
T 19- 39 anos, escolaridade: ensino fundamental
"Achei ótimo, foi muito bom. Tive alívio na minha queixa do momento, fiz a prevenção e a enfermeira me passou segurança".

Dessa maneira, conforme Gomes e Oliveira (2005), o conhecimento científico e a construção explícita de um saber específico do enfermeiro constituem um dos alicerces da autonomia profissional.

Percebe-se também que a coleta citopatológica realizada pelos enfermeiros obteve um índice de 52% de aprovação pelas mulheres entrevistadas, que dizem sentir segurança e confiarem no procedimento realizado pelo profissional enfermeiro. Pode-se ainda ressaltar que a diferença é a forma com que os enfermeiros trabalham os aspectos técnicos da coleta, respeitando a intimidade da mulher, explicando o que será feito, e o porquê de se fazer o exame periodicamente. Foi observado que há diálogo entre enfermeiro e paciente.

D 4- 26 anos, escolaridade: ensino médio.
"Normal, desde que o enfermeiro me entenda".

O 14 - 42 anos, escolaridade: ensino médio.
"Normal, fui bem atendida, achei muito bom".

Outro ponto de destaque nos relatos das usuárias é o conhecimento sobre a necessidade da realização do exame, frisando a prevenção do câncer de colo uterino.

E 5- 45 anos, escolaridade: ensino médio.
"O fato de ter um profissional credenciado e confiável, que possa prestar esse serviço de forma mais ágil, sem que tenha de aguardar tanto tempo por um ginecologista no posto ou hospitais, faz com que possamos ter um atendimento que venha estar resolvendo as nossas necessidades com eficiência".

A mulher tem consciência da importância de se cuidar por meio do exame colpocitológico, a experiência de submeter-se a ele não lhe é agradável. E por ser um exame rotineiro não o torna menos desagradável ou constrangedor, como nos mostra os depoimentos.
Identifica-se que o aspecto cultural, relacionado a imagem do profissional médico, ainda é um fato relevante na vida dos pacientes. Estes reconhecem a figura médica como o único detentor de conhecimentos de saúde, não considerando a capacidade técnica de outros profissionais da área de saúde, em especial o enfermeiro.
A 1- 25 anos, escolaridade: ensino médio
"Fiquei super à vontade, não senti diferença nenhuma pelo fato de ser enfermeira, ela me tratou super bem".

M 12- 25 anos, escolaridade: ensino médio
"Acho com o médico mais prático. Com a enfermeira foi bom, acho que os enfermeiros têm dúvidas e o médico sabe mais sobre os assuntos que a gente pergunta".

C 3-39 anos, escolaridade: ensino primário.
"Sinceramente não acho certo, acho que elas não estão preparadas para esse tipo de coisa".

R 17- 28anos, escolaridade ensino médio.
"No meu ponto de vista, esse tipo de exame deveria ser realizado pelo profissional médico, mas pela falta, ou pela agenda talvez cheia, ou falta do próprio médico, eu particularmente faço, sim, exame com enfermeiro. Tendo-se que saber se ele é realmente treinado e especializado para fazer o exame".

É importante ressaltar que muitos dos usuários aceitam e elogiam o atendimento oferecido, e só após saberem que este não é um profissional médico, reclama do atendimento ou se recusam as novas agendamentos. Em alguns casos, o usuário aceita o atendimento, porém acham que este procedimento deveria ser realizado pelo profissional médico. Além disso, para alguns pacientes, para que o procedimento seja considerado "bom", "bem feito", este deve ser comparado ao procedimento médico.

G 7 ? 28 anos,escolaridade: ensino médio.
"Normal, acho que é o mesmo que fazer com o médico".

J 10- 20 anos, escolaridade: ensino médio
"Normal, como se fosse o médico mesmo".

Contradizendo o aspecto cultural, há alguns usuários que reconhecem a capacidade técnica do enfermeiro e até mesmo tem a preferência pelo atendimento por este profissional.
Destacando que o conhecimento que fundamenta o cuidado de enfermagem deve ser construído mediante a filosofia, que responde à questão existencial do homem, a conhecimento a técnica, tendo a lógica formal como responsável pela correção normativa e ética, isto é, uma abordagem efetivamente comprometida com o ser humano.

Destaca-se que dentre os relatos coletados vários continham informações vagas, do tipo "normal"; "não senti diferença"; "desde que seja um trabalho sério e me ajude"; "não sei". Esses trechos demonstram uma avaliação positiva das entrevistadas com relação ao procedimento realizado por enfermeiro.

F6 ? 50 anos, escolaridade: ensino fundamental.
"Achei bom porque o médico incomoda, prefiro profissional mulher, achei ótimo com a enfermeira, fazia com o médico porque não tinha opção".

U 20- 30 anos
" Achei bom, pra mim não faz diferença se é medico ou enfermeiro".

A pessoa que dizem não ter opinião percebe-se que acreditam no trabalho do enfermeiro que ao chegar a UBS, vão encontrar profissional capacitado.

B 2-19 anos, escolaridade: ensino médio.
"Não sei, não tenho opinião, desde que seja um trabalho sério, e me ajude nas minhas queixas".

Com relação ao nível de qualidade do serviço, considerando os dados coletados, pode-se observar que a coleta citopatológica realizada pelo profissional enfermeiro, na percepção da usuária, é vista de forma positiva. Nota-se também que a avaliação é classificada também pela percepção da paciente em relação à coleta de material citopatológico e à valorização dada por ela ao profissional. Pode-se ressaltar que as mulheres que acham que o enfermeiro não deveria fazer a coleta, e sim o médico, realizam o exame na Unidade Básica com o enfermeiro, e nem se informam quem é o profissional que está atendendo.

Pela análise das falas das participantes percebe-se a credibilidade do trabalho desempenhado pelo enfermeiro, as mesmas o reconhecem como um profissional capacitado, e descrevem que a diferença é o fato de o enfermeiro enxergá-las como um todo. Ou seja, além de realizar a coleta de material citopatológico, elas podem falar de seus medos, dúvidas, enfim, de tudo que não falariam com outro profissional. Pode-se dizer que este é um fator cultural, porque antes da Estratégia de Saúde da Família, a coleta era um procedimento realizado apenas pelo profissional médico, com especialidade em ginecologia. Hoje, nos ESF é realizado pelo enfermeiro ou médico generalista.



























5 CONSIDERAÇÕES FINAIS


O câncer de colo uterino é tido como afecção progressiva e caracterizado por alterações intra-epiteliais cervicais que podem se desenvolver para um estágio invasivo ao longo de uma a duas décadas. Possuindo etapas bem definidas e de evolução lenta, que pode ser interrompido a partir de um diagnóstico precoce e tratamento oportuno a custos reduzidos.
Este trabalho possibilitou compreender que a mulher, que busca o atendimento nos serviços de saúde, está aberta ao mundo da assistência. Não é apenas um colo uterino a ser explorado, mas um corpo que tem sentimentos, que pulsa e vibra e interage com o mundo, com o outro e consigo mesmo; que deixa transparecer por gestos, expressões, olhares, palavras e silêncio, como experiência desse momento.
Portanto, os resultados revelam que, apesar de culturalmente os pacientes priorizarem o atendimento médico, vários deles aceitam que a coleta seja feita por enfermeiros, demonstrando uma alteração do modelo biomédico, e tendo assim um índice de aprovação satisfatório.

Destacando que, a assistência em enfermagem deve ser entendida como a arte e a ciência de cuidar do outra no processo saúde-doença, respeitando seu contexto cultural, Por isso, a deve-se ouvir, buscando compreender, respeitar as crenças, mitos e toda bagagem cultural, para a partir daí reorientar os protocolos de assistência na consulta ginecológica, de forma individual, atendendo à necessidade específica de cada mulher.

Entende-se que, para alcançar um cuidado satisfatório no que se refere à prevenção do câncer de colo de útero, a enfermagem deve buscar propostas que valorizem a co-participação da paciente na ação desse cuidado. Porem os resultados deste estudo não são conclusivos, mas pode contribuir para um melhor entendimento acerca da prevenção do câncer de colo uterino, possibilitando não só ao enfermeiro, mas a todos os profissionais da área da saúde e, principalmente, às mulheres, o desenvolvimento de ações relacionadas à prevenção.

A valorização e o respeito do paciente durante a coleta de material para exame citopatológico são de suma importância para a prática da enfermagem, uma vez que aí se consolida o vínculo entre profissional e usuário.






























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ANEXO 1
Questionário































ANEXO 2
Folha de aprovação































ANEXO 3
Termo de consentimento































ANEXO 4
Respostas na íntegra


Autor: Aparecida Marta Silva Dias


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