Epopéia da Torta Alemã:



Aventura dos 45 para 27 em 15 ou Da Perspicácia dos atendentes de lojas de conveniência dos postos de combustível ou Epopéia da Torta Alemã:

Que loucura esse 15 para fazer feliz teus 45? tipo tudo conspirando para dar errado.

Passei a semana inteira ansiosa para buscar a Torta Alemã na única confeitaria Alemã que encontrei em BH.

Para garantir a segurança da torta e que de molhado ela só tivesse o recheio, trouxe sombrinha.

As 17:35 saio feito foguete do trabalho e pego o 4111 para garantir a pontualidade da minha chegada à confeitaria. Vejo que o ônibus vai rápido, o transito flue, respiro aliviada. Ao chegar na Afonso Pena, perto da João Pinheiro, pena: tudo agarrado como se fosse uma quinta-feira-véspera-de-feriado. Me desespero. Penso que só por isso o Olimon vai chegar mais cedo, vai dormir e tudo vai por água abaixo... Que bom pensar em água:

Começa a chuva. Uns 40 minutos depois chego à Praça da Savassi. Desço. Subo o tobogã da Contorno, feliz por serem apenas 19:10. Afundo o pe na p%$#^& de uma poça de água que não enxerguei. Xingo. Pés molhados, gelados, tudo frio,inclusive a (efemera) felicidade que se desenhara há pouco (comprovando que alegria de pobre, desprovidos de atenção e sapatos impermeáveis em dias chuvosos, dura pouco!). Chego à confeitaria. Sento, aguardo, vem a moça e a torta. Linda! (reparem: aqui o adjetivo concorda APENAS e tão somente com o último termo da oração). Saio apressada.

500 metros depois, com bolsa, sacolas, bolo, velas, fósforos e chapéu-de-aniversário-confeccionado-por-mim-mesmo-e-personalizado-com-o-símbolo-do-Werder (o termo é grande, o objeto nem tanto, mas pra quem se meteu a estudar alemão isso é praticamente um monossílabo), me dou conta de que esqueci a sombrinha na confeitaria ? ah fo___________se! Segui em frente, rezando uma Ave Maria, um Pai Nosso e o Salmo 23 para a chuva não aumentar. Funcionou.

Pensei em parar em Jever. Lembrei que a gracinha de Domingo no Agranas me deixou Semgranas. Desisto.

Uma lâmpada se acende em meu cérebro e ilumina o caminho para a loja de conveniência do posto de gasolina que fica ao lado da casa de Olimon. Entro, sento e me deparo com a interessante questão formulada pela perspicaz atendente: É um bolo de aniversário?

Fico em silencio durante alguns milésimos de segundo pensando se respondo: "não, de Natal" ou "não, de Páscoa" mas, instantaneamente reflito que talvez ela se ofenda com uma resposta tão inteligente (ou talvez não, considerando a natureza e a essência do questionamento). Enfim respondo o óbvio: "sim". E acabo por concordar com Olimon que Brasileiro é mesmo muito curioso porque a senhorita começa a perguntar de quem é o aniversario, quantas pessoas iriam à festa (o que prova ? mais uma vez? - a perspicácia dela que supôs uma festa inexistente), etc. etc. etc. e se a vela de ? era um 2 ou um 9... Olho o relógio. 19:55. Tem recarga TIM? Pergunto para abrandar o clima, mudar de assunto e ignorar, supostamente distraída (muito atenta na verdade), o interrogatório da moça. Diante dum "sim", faço a recarga de 12, dou 20 e espero ela fazer a conta dos 8 na calculadora. Novamente, lembro a sabedoria Olimonica sobre pessoas estúpidas e a utilização da máquina em cálculos de 1+1.

Alles gute! Sento, na esperança de entre um cliente e distraia a atendente. Chove lá fora ("e aqui, faz tanto frio, me da vontade de" mandar sms para Olimon). "Quando chegar em casa me avise. Beijo". A bomba foi instantânea: "BR-acidente-saimos bacana amanha" (resumi em tópicos porque a msg foi um pouco maior em 2 ou 3 palavras). Putz, putz, putz, pupupu(TA-QUE...%$#)tz...
A lampadazinha, não a do Alladim que eu tanto precisava num momento como esse, se acende novamente. Quem sabe hoje é dia daquele porteiro bacana que sempre faz a gentileza de abrir o portão pra mim, para poupar o meu trabalho de usar a chave (que na verdade eu não tenho)... Arrisco.

Não, hoje e dia do outro que não vai muito com a minha cara e mesmo que esteja nevando ou chovendo (canivetes) ele consulta o " Senhor-Olimon" sobre meu ingresso ao recinto. Bem, lembro sempre das pérolas Claudionescas: "que são gases pra quem já tá..." solidificado. E depois de todas essas adversidades (amenas) abro aquele sorriso de quem acertou os seis-numeros-da-Mega, na esperança de conquistar a simpatia do nosso amigo, Portier (=porteiro em Alemão. O que prova minha ?tentativa de- simpatia por ele diante do reconhecimento de sua profissão em outro idioma, diga-se de passagem neste idioma especifico, didático e fácil). Ele olha para o meu crachá: a Torta Alemã. Sorri e corresponde meu boa noite e ao perceber que para encontrar a chave-que-eu-não-tenho-mas-ele-não-sabe seria muito trabalhoso com tudo aquilo nas mãos, ele gentilmente questionador me guia ate o Hall do prédio. Vitória, não fosse ter de revelar que alguém fazia aniversario (lembro de FDP... é mesmo?) e esse alguém era o "Senhor-Olimon". Ele abriu um sorriso tão brilhante e disse: " quantos aninhos o Senhor-Olimon esta fazendo" (Lembrei de Denis, O Pimentinha: Senhor Wiiiilsoooooom). Tamanha a meiguice da pergunta, me passou pela cabeça que talvez o senhor Portier tenha uma quedinha pelo senhor (MEIN!!!!)Olimon. Embora tensa, respondi leve e sorridente. Subi.

6 andares que antecedem o Olimonàpartmement pelas escadas, a fim de gastar tempo e evitar esperar muito mais do que uma (tediosa) hora. Cheguei. Sentei. E com bolo e etc. no colo ali fiquei. (Do ap tenho chave, mas não entro sem ter combinado previamente que faria isso).

Fiquei ali, dando tchauzinho pro sensor da luz que insistia em ficar acesa somente por 3 segundos. Desejei ter trazido um dorflex para mais tarde. 3 em 3 segundos durante as quase duas horas em que permaneci ali são uns 400 "tchauzinhos". Isso sem contar que a cada movimento ascendente do elevador eu corria para o sexto andar para esconder a surpresa. 4 apartamentos por andar (vamos imaginar apenas um morador em cada) vezes 7 andares = 28 (menos a uma pessoa que eu esperava) = 27 pessoas... digamos que mais da metade delas chegaram antes do Senhor aniversariante, o que rendeu mais de dez "visitas" ao sexto andar.

E para resumir: quando finalmente era mesmo ele: sexto andar la vou eu! Abro a tampa do recipiente onde o bolo estava deliciosamente armazenado (um bolo e e um semi-bolo, que dia farto!). Quase babando sobre este: fósforo acende velas. Subo.

Olimon ainda completando o ato de girar a chave. Começo um parabéns pra você, com o chapéu-de-aniversário-confeccionado-por-mim-mesmo-e-personalizado-com-o-símbolo-do-Werder, meio de lado, quase caindo (tipo boina) - sehr chic!

=

valeu o "tudo de bom" que passei até ali pela carinha de surpresa alegre que ele fez (em estilo alemão, claro, o que em certos casos pode ser confundido com expressão de susto/raiva ou brasileiros!). Entramos.

A vela acesa derretendo sobre o bolo, repito 4 vezes: assopra!, assopra!, assopra!, assopra!. Ai lembro das nossas incompatibilidades vocabulares e decido trocar significado por significante: a vela!, a vela!, a vela!, a vela!. Ele (ahhhhh)sopra e simultaneamente o(oooopsss) chapéu-de-aniversário-confeccionado-por-mim-mesmo-e-personalizado-com-o-símbolo-do-Werder cai sobre o bolo. Ufa, acidentes sem grandes proporções. "Sentamos".

A torta e eu, sobre a pia da cozinha aguardando o Olibanho terminar. E eis que ouço um germânico e familiar:
- "Anne Gessner pronta para sair?"
- "Jaaa".

Antes, um abraço, um obrigada e sem chuva (%$#^&@) partimos.

para... Outback???? Pátio Savassi???? (chopp a 7,50... prato ? individual mais barato 39,00 ?aff)

aff... mas isso, isso e outra história...

E ai, foi ou num foi uma loucura?

PS: E finalmente desenha-se uma bela e duradoura amizade entre Portier e eu, baseada no livre-transito entre portaria e Hall (depois que eu levei um pedaço da torta pra ele). Fim de esperas e banhos de chuva. Até que Maio nos separe....

PS: E nem precisei usar HP para as contas deste post.

Autor: Anne Gessner


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