MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA ADOLESCÊNCIA



ADAIL OLIVEIRA DOS SANTOS
ELIÉDNA SOUZA SEABRA
GEISIANE M. DA S. DOS SANTOS




MÉTODOS CONTRACEPTIVOS NA ADOLESCÊNCIA



BARREIRAS
2010

INTRODUÇÃO

A contracepção na adolescência é um tema de muita importância onde os profissionais de saúde devem estar preparados em relação à sexualidade para respeitar o direito de livre escolha, garantindo informações e acompanhamento adequado, oferecendo uma assistência de qualidade. Sabendo-se que a idade não deve constituir restrições ao uso do método contraceptivo na adolescência após a menarca (VIEIRA et. al 2006).
Os adolescentes por muitas vezes não utilizam os contraceptivos, mesmo estes sendo oferecidos pela rede pública de saúde, tornando-se de fácil acesso. A falta de diálogo com a família juntamente com o nível de escolaridade, podem contribuir para esse não uso.
O objetivo geral do trabalho é demonstrar a importância da informação, da educação, da família e dos profissionais de saúde na vida dos adolescentes, relacionado a sexualidade e o uso dos métodos contraceptivos.
Os profissionais da saúde, da educação e a maioria da população em idade reprodutiva conhecem os diferentes métodos contraceptivos, mais nem sempre são utilizados de maneira correta, principalmente pelos adolescentes, onde estes vem iniciando cada vez mais precoce as atividades sexuais não buscando informações sobre a contracepção (VIEIRA et. al 2006).
A contracepção é de grande importância na vida dos jovens, atuando na prevenção de DST/AIDS e a gravidez indesejada, fazendo que o adolescente possa planejar melhor o seu futuro, investir mais na educação.
A metodologia realizada é de natureza bibliográfica e exploratória, de acordo com os estudos realizados a cerca do tema abordado.
Justifica-se a importância desse estudo através da percepção da falta de informação entre os adolescentes sobre os métodos contraceptivos, devendo aproximar esses jovens a família, ao profissional de saúde para um melhor diálogo e esclarecimento das dúvidas que vão surgindo.


METODOS CONTRACEPTIVOS NA ADOLESCÊNCIA

A adolescência durante o seculo XIX passou a ser reconhecida como um período crítico, estando vinculados a vulnerabilidade e ao risco, relacionados as mudanças e transformações que ocorrem nessa faixa etária, tornando assim fundamental o enfoque de prevenção (SAITO e LEAL 2007).
Durante a adolescência tanto o profissional de saúde como a família desses jovens devem estar atentos ao exercício inadvertido ou impensado da sexualidade, tendo como conseqüência a gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, entre as quais HPV e AIDS, aborto, podendo ser estas uma interrupção do projeto e/ou qualidade de vida (SAITO e LEAL 2007).
A adolescência é marcada por modificações físicas e comportamentais sendo a etapa fundamental do processo de crescimento e desenvolvimento humano, influenciadas por fatores socioculturais e familiares. Podendo ser considerada como um fenômeno de passagem, caracterizada pelo abandono da auto-imagem infantil e projeção de vida no mundo adulto (SOARES et. al 2008).
A Adolescência é o período de transição entre a infância e a idade adulta, ocorrendo entre os 10 e os 20 anos de idade. É uma fase dinâmica e complexa caracterizada por profundas transformações somáticas e psíquicas. Enquanto a puberdade refere-se ao conjunto de alterações biológicas que possibilitam o completo crescimento, desenvolvimento e maturação do indivíduo, assegurando a capacidade de reprodução e preservação da espécie (COELHO; EISENSTEIN 2008).
Na puberdade que o adolescente está sendo formado para desempenhar o seu papel sóciossexual na sociedade. Assim acontecimentos específicos marcam o início da puberdade: nos meninos, ocorrem a primeira ejaculação, ou polução; nas meninas, a menstruação. Estas mudanças que começam a ocorrer no corpo tornam-se experiências que provocam intensas emoções, muitas vezes carregadas de angústia e culpa, mas, ao mesmo tempo, tudo isso é muito desejado e motivo de orgulho, porque é marcos que indicam a saída da infância (FIGUEIREDO, VIANA e MACHADO 2009).
Nesse período há descobertas das próprias limitações, de curiosidade por novas experiências, tendo como característica a necessidade de integração social, pela busca da independência individual, do desenvolvimento da personalidade e definição da identidade sexual (SOARES et. al 2008).
Os vínculos afetivos se criam e se desfazem com intensidade e rapidez entre os adolescentes. Com isso a sexualidade na adolescência manifesta-se com muita intensidade, as alterações biologicas, fisiologicas, provocam estados de excitação difíceis de serem controlados ela adquire uma direção pela tendência erótica, que envolve o desejo sexual, fantasias sexuais e atração pelo mesmo sexo e do sexo oposto (BRANDÃO 2007).
Na atualidade os adolescentes têm a iniciação sexual precoce, isso preocupa os profissionais de saúde pela falta de conhecimentos sobre a concepção e uso de contraceptivos sendo evidenciado pela grande ocorrência de gravidez indesejada tornado um problema de saúde pública (GOMES et. Al 2000).
O exercício da sexualidade irresponsável e inconsequente, pode acarretar conflitos e trazer alterações nos projetos futuros de cada adolescente, podendo resultar no abandono escolar e delinquência que interferirão em sua saúde integral (SOARES et. al 2008).
A falta de informação, fatores sociais, falta de acesso a serviços específicos para atender essa faixa etária, iniciando precocemente as experiências sexuais são os diversos motivos aos quais as adolescentes engravidam, tendo também uma insegurança em relação aos métodos contraceptivos (VIEIRA et. al 2006).
Segundo Vieira et. al 2006 :
O conhecimento sobre os métodos contraceptivos e os riscos advindos de relações sexuais desprotegidas são fundamentais para que os adolescentes possam vivenciar o sexo de maneira adequada e saudável, assegurando a prevenção da gravidez indesejada e das DST/AIDS, além de ser um direito que possibilita cada vez mais, ao ser humano, o exercício da sexualidade desvinculado da procriação.


A gravidez na adolescência em sua maioria é resultante da falta de informação sobre os métodos contraceptivos, por isso deve haver uma boa passagem de informações sobre o uso correto dos métodos contraceptivos bem como a garantia de acesso aos mesmos. Há uma correlação entre escolaridade e contracepção, onde o nível de escolaridade do jovem pode aumentar as chances de utilização de algum método (CABRAL 2003).
Na prática clínica ou no contato com jovens no ambiente escolar, raramente o adolescente relata não ter recebido informações sobre os variados contraceptivos, porém alguns estudos revelam o uso inadequado, como relações sexuais desprotegidas e a falta de atendimento e acompanhamento desses jovens pelos serviços de saúde (VIEIRA et. al 2006).
Os adolescentes podem usar a maioria dos métodos anticoncepcionais disponíveis, no entanto, alguns contraceptivos enquadram-se melhor nessa etapa da vida, a escolha do método contraceptivo deve ser livre e informada, levando-se em conta fatores como idade, a eficácia, modo de uso e suas limitações. Os métodos contraceptivos podem ser divididos em: comportamentais, de barreira, dispositivo intra-uterino (DIU), métodos hormonais e cirúrgicos (DÍAZ 1999).
Os métodos comportamentais são pouco recomendados, têm uma eficácia média/baixa, porque exigem do adolescente disciplina e planejamento e as relações sexuais nessa fase, em geral, não são planejadas. Os mais conhecidos são a tabelinha, temperatura basal e coito interrompido (SAÚDE 2006).
Os métodos de barreira o preservativo masculino e feminino são os dois únicos métodos que oferecem dupla proteção, contra a gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e a AIDS deve ser usado em todas as relações sexuais, independentemente do uso de outro método anticoncepcional. Sua eficácia ta relacionada à maneira como são usados (SAÚDE 2006)
O dispositivo intra-uterino (DIU) pode ser usado pelas adolescentes, entretanto as que nunca tiveram filhos correm mais risco de expulsá-lo. Não é indicado para as adolescentes que têm mais de um parceiro sexual ou cujos parceiros têm outros parceiros/parceiras e não usam camisinha em todas as relações sexuais, pois, nessas situações, existe risco maior de contrair doenças sexualmente transmissíveis (SAÚDE 2006).
Os métodos hormonais as pílulas combinadas e a injeção mensal podem ser usadas na adolescência, desde a primeira menstruação. Não há, em geral, restrições ao uso dos anticoncepcionais hormonais na adolescência. Respeitando o direito de escolha livre e informada, as adolescentes podem utilizar estes métodos desde a menarca, porém a minipílula e a injeção trimestral não devem ser usadas antes dos 16 anos.
Métodos cirúrgicos a ligadura das trompas e a vasectomia não são indicadas para os adolescentes. Eles são de uso raro na adolescência só estariam justificados em casos de existência de condições clínicas ou genéticas que façam com que seja imperativo evitar a gravidez (DÍAZ 1999).
O uso inadequado dos métodos contraceptivos pelos adolescentes, decorrentes de fatores socioeconômicos e culturais, pode trazer consequências para essa faixa etária, como também para a sociedade (VIEIRA et. al 2006).
Os motivos mais mencionados pelos adolescentes pelo não uso da anticoncepção está a dificuldade de diálogo com o parceiro, a má informação a respeito da contracepção e reprodução, bem como o uso correto dos métodos anticoncepcionais (VIEIRA et. al 2006).
Todo adolescente tem o direito a educação sexual, aos contraceptivos e a maneira correta do uso, ao sigilo sobre a sua atividade sexual e a prescrição dos métodos anticoncepcional, respeitadas as ressalvas do Art. 103, Código de Ética Médica. Os profissionais devem seguir dessa forma, tendo ética profissional, assim não devendo nenhuma penalidade legal (SAITO e LEAL 2003).
Para os adolescentes menores de 14 anos também tem direito a prescrição de anticoncepcionais, quando a questão do estupro deixa de existir a partir da informação colhida pelo profissional confirmando a não existência desse ato, considerando todas as medidas cabíveis para a proteção da saúde do adolescente, retirando assim qualquer possibilidade de penalidade legal (SAITO e LEAL 2003).
O adolescente tem o direito de privacidade, sendo atendido sozinho independentemente da idade, a consulta deve ocorrer em um espaço privado incluindo o exame físico, onde são recomendados sua autonomia e individualidade (SAITO e LEAL 2003).
O enfermeiro tem como função orientar os adolescentes sobre a utilização adequada e correta dos métodos contraceptivos, com a finalidade de evitar uma gravidez indesejada e a propagação das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), e também o vírus da AIDS.



CONCLUSÃO

A orientação sexual de adolescentes é um assunto bastante abordado na atualidade, o problema é que eles adquirem as informações sobre sexo através de revistas com ilustrações provocantes, com os amigos e os seus respectivos pares, consequentemente essas informações sobre sexo e incorreta, cheia de valores morais e culturais não tendo uma utilidade.
Assim a equipe de Enfermagem, deve disseminar educação diretamente ao adolescente, no sentido de prevenir doenças e situações indesejadas através dos métodos contraceptivos as informações devem ser passadas de maneira clara, objetiva e verdadeira utilizando a terminologia correta.
Portanto, é importante ressaltar que apenas a informação não é suficiente para favorecer a adoção de comportamentos preventivos, sendo necessário também promover a reflexão e conscientização dos adolescentes em relação a essas questões, gerando mudanças de comportamento e respeitando a capacidade individual em receber e processar as informações para utilizá-las corretamente.


REFERÊNCIA

CABRAL, Cristiane S. / Contracepção e gravidez na adolescência na perspectiva de jovens pais de uma comunidade favelada do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública vol.19 suppl.2 Rio de Janeiro 2003, acesso em: 08/09/2010.

SAITO, Maria Ignez e LEAL, Marta Miranda / Adolescência e contracepção de emergência: Fórum 2005 - Rev. paul. pediatr. vol.25 no.2 São Paulo 2007, acesso em: 14/09/2010.
SAITO, Maria Ignez e LEAL, Marta Miranda / Aspectos éticos da contracepção na adolescência Rev. Assoc. Med. Bras. vol.49 no.3 São Paulo July/Sept. 2003, acesso em: 14/09/2010.

SOARES, Sônia Maria; AMARAL, Marta Araújo; SILVA, Líliam Barbosa e SILVA, Patrícia Aparecida Barbosa / Oficinas sobre sexualidade na adolescência: revelando vozes, desvelando olhares de estudantes do ensino médio. Esc. Anna Nery vol.12 no.3 Rio de Janeiro, 2008. Acesso em: 08/09/2010.

VIEIRA, Leila Maria; SAES, Sandra de Oliveira; DÓRIA, Adriana Aparecida Bini; GOLDBERG, Tamara Beres Lederer / Reflexões sobre a anticoncepção na adolescência no Brasil - Rev. Bras. Saúde Mater. Infant. vol.6 no.1 Recife Jan./Mar. 2006, Disponível no acesso em: 08/09/2010.
COELHO, Karla; Eisentein, Evelyn/ Crescimento e Desenvolvimento Puberal/ A saúde de adolescentes e jovens: competências e habilidades, 2007, Disponível no http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/multimedia/adolescente acesso em: 08/09/2010.

FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida, Viana, DIRCE Laplaca, MACHADO, Wiliam César Alves/ Tratado prático de enfermagem, volume 2 / 2ª. Ed. ? São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2009.

DÍAZ, Juan, DÍAZ Margarita/ Contracepção na adolescência Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Cadernos, Juventude e desenvolvimento, v.1. Brasília, DF, agosto, 1999. 303p. Disponível no www.adolescencia.org.br/portal.../anticoncepcao_adolescencia.pdf acesso em: 08/09/2010



Saúde, Ministério / Direitos sexuais, direitos reprodutivos e métodos anticoncepcionais, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. Disponível no http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/cartilha_direitos_sexuais_2006.pdf Acesso em: 08/09/2010
GUIMARÃES, Alzira Maria d?Ávila Nery; VIEIRA Maria Jésia; PALMEIRA José Arnaldo/ Informações dos adolescentes sobre métodos anticoncepcionais. Rev Latino-am Enfermagem 2003 maio-junho; disponível no site: www.scielo.br/pdf/rlae/v11n3/16537.pdf Acesso: 07/09/2010

Autor: Geisiane Geisiane M. Da S. Dos Santos


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